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Governo francês pretende diminuir a quantidade final de caças Rafale a ser adquirida, passando de 286 a 225 aeronaves, conforme fontes entrevistadas pelo jornal La Tribune em meio a discussões do Conselho de Defesa
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Primeiro, eram 320, depois 294, caindo para 286 e, agora 225 caças Rafale. Esta é a encomenda total que no momento é considerada pelo Ministério da Defesa, de acordo com várias fontes entrevistadas pelo jornal francês La Tribune em meio a discussões realizadas no Conselho de Defesa na manhã desta sexta-feira. Porém, essa reunião não foi decisiva, e outra será realizada em abril.
Caso essa redução se confirme, serão 61 caças Rafale a menos para a Força Aérea Francesa receber e a Dassault Aviation, Thales, Safran e 500 outras companhias (empregando mais de 7.000 pessoas) produzirem. Também será um desafio para as Forças Armadas, pois o Livro Branco previa que, somando aeronaves da Força Aérea e da Aviação Naval, haveria 300 aviões de combate (Rafale somado aos Mirage 2000D modernizados).
Outro número que circulou foi de 250 caças, mas esse tem menos credibilidade, conforme as fontes diversas que o jornal contactou. Neste período de incertezas gerado pelo rascunho do Livro Branco, há quinze dias alguns chegaram a considerar a possibilidade de parar a linha de produção do Rafale, o que seria um desastre para o setor de aviação militar. A ideia foi abandonada.
Bilhões em economia no longo prazo
O custo total do programa, atualizado para preços de 2011, é de 43,56 bilhões de euros para o Estado, incluindo o custo de desenvolvimento já pago (5,3 bilhões de euros, de acordo com relatório do Ministério da Defesa publicado em maio de 1996), e industrialização (1,1 bilhão), chegando-se a 152 milhões TTC de custo unitário (ou 127 milhões HT), de acordo com relatório do Senado. O Ministério da Defesa estimou em 2010, em resposta a um relatório da Corte de Auditores sobre programas de armamentos, que o custo de produção do Rafale era de 101,1 milhões de euros. Com 61 caças Rafale a menos para adquirir, a economia seria de aproximadamente 6 bilhões de euros, embora se perdesse ao mesmo tempo 1 bilhão de euros de retorno em VAT (19.6%).
Essas economias seriam no longo prazo, após o quinquênio do presidente François Hollande. Quando essa época chegar, quem sabe quais serão as condições econômicas e financeiras da França e as ameaças ao país? Porém, o Governo Francês está considerando reduzir a cadência de produção do Rafale para a França. Como? Substituindo cada Rafale francês por um exportado. Só que, para isso, é preciso primeiro encontrar um contrato de exportação. Este seria o papel da possível venda à Índia.
A ideia de substituir um por um não é nova, servindo para ganhar tempo no médio prazo. Os que esperam com isso aliviar restrições orçamentárias no curto prazo têm que se conformar que isso só virá a partir de 2017. A cadência de produção precisa ser mantida contratualmente num mínimo de 11 aeronaves anuais, do contrário há uma exposição a pesadas penalidades. Com essa cadência reduzida, as entregas do caça têm sido lentas. O Rafale número 137 deveria ser entregue no final de 2000 na cadência inicial, mas só será no final de 2014, segundo o La Tribune (nota do editor: a aeronave número 137 já foi entregue pela fábrica, sendo a primeira com radar AESA, mas talvez o jornal se refira à sua entrega a uma unidade de caça – o avião foi para um esquadrão de testes)
Encomendas de 180 caças Rafale
Até hoje, 180 jatos Rafale já foram encomendados pelo Governo Francês, dentro de uma necessidade expressa pelas Forças Armadas de 286 unidades (228 para a Força Aérea e 58 para a Marinha). No final de dezembro de 2012, 115 aviões de combate haviam sido entregues pela Dassault Aviation e, atualmente, somam 118. Os 180 encomendados consistem em 132 para a Força Aérea (69 monopostos e 63 bipostos) e 48 para a Marinha (todos monopostos). Os primeiros modelos navais do Rafale entraram em serviço em 2004, e os da Força Aérea em 2006. O caça deverá substituir 7 tipos de aviões no total: Mirage IV, Jaguar, Mirage F1, Mirage 2000, Crusader, Etendard IVP, Super-Etendard (nota do editor: vários dos modelos citados já deram baixa nas Forças Armadas da França, alguns há um tempo considerável. O Mirage F1 deverá ser o próximo).
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