terça-feira, 5 de agosto de 2025

Caça chinês J-10C demonstra capacidade de abater aeronaves furtivas em simulação de combate realista

 

Nova geração do J-10C incorpora tecnologia de guerra em rede e é capaz de enfrentar caças stealth com apoio tático avançado.

Um episódio recente da série documental “Gong Jian” (Avançando), exibido pela rede estatal chinesa CCTV, revelou que o caça multifuncional J-10C da Força Aérea do Exército de Libertação Popular da China (PLAAF) demonstrou capacidade de neutralizar uma aeronave stealth durante um exercício aéreo simulado. A informação vem ganhando destaque na imprensa internacional e aponta para os avanços chineses em guerra centrada em rede, sensores integrados e armamentos de longo alcance.

Durante o exercício, descrito pelo piloto major Xiao Nan, seu J-10C inicialmente falhou em detectar uma ameaça de perfil furtivo, o que sugeria tratar-se de um caça stealth inimigo, na simulação um J-20. Um míssil ar-ar foi disparado, mas não conseguiu atingir o alvo. No entanto, o sistema de guerra em rede, que envolvia outros caças J-10C e aeronaves de alerta antecipado (como os KJ-500 AEW&C), forneceu dados de rastreamento em tempo real, permitindo que o alvo fosse travado novamente e o acerto simulado foi realizado com sucesso.

A manobra foi considerada uma vitória simbólica sobre caças de quinta geração, e ressalta a doutrina militar chinesa de integração total entre sensores, plataformas e sistemas de comando e controle. “Foi a primeira vez que os pilotos do J-10C conseguiram derrotar uma aeronave furtiva em exercício. Com o apoio da guerra em rede, o potencial do J-10C vai muito além do que aparenta”, afirmou o piloto no documentário.

Embora a China frequentemente utilize a mídia estatal para exibir capacidades militares de forma estratégica, há sinais de que os avanços não se limitam ao campo simbólico. Em maio de 2025, durante um confronto entre Índia e Paquistão, caças J-10C paquistaneses equipados com mísseis PL-15 derrubaram ao menos um jato indiano Dassault Rafale — um episódio que, segundo analistas da Reuters, marcou a primeira aplicação real de combate do J-10C e de armamento ar-ar de longo alcance de origem chinesa.

Aeronave AWACS KJ-500 da PLAAF.

Os mísseis PL-15, com propulsão ramjet e alcance estimado entre 200 km e 300 km (embora a versão de exportação, PL-15E, seja mais limitada), são guiados por radar ativo e foram projetados para competir com o AIM-120D americano e o Meteor europeu. Integrado ao radar AESA do J-10C, esse sistema permite à aeronave detectar e engajar alvos além do alcance visual com alta taxa de letalidade.

Desenvolvido pela estatal Aviation Industry Corporation of China (AVIC), o J-10C é a variante mais moderna da família J-10. É equipado com motor WS-10B, radar AESA, sistemas ECM (contramedidas eletrônicas) e uso extensivo de materiais compostos para redução de RCS. Com velocidade máxima estimada em Mach 1.8, teto de 18.000 metros e alcance de combate de 1.200 km, o J-10C é classificado como uma aeronave de geração 4.5, embora seu desempenho em rede o aproxime de plataformas mais avançadas.

A versão de exportação, J-10CE, já está em operação pela Força Aérea do Paquistão, o que fortalece a presença da indústria de defesa chinesa em mercados estratégicos e cria novos parâmetros de comparação com caças ocidentais.

Especialistas do Royal United Services Institute (RUSI) e da The War Zone observam que, embora o J-10C não seja um caça furtivo, sua eficácia reside na integração com uma arquitetura de sensores e comunicações que transforma o campo de batalha aéreo em um ambiente colaborativo de alta consciência situacional. A capacidade de engajar alvos stealth, mesmo que simuladamente, aponta para uma evolução doutrinária na PLAAF: a substituição da superioridade tecnológica por superioridade de rede e informação.

Enquanto os Estados Unidos e aliados priorizam caças stealth de quinta geração, como o F-22 e o F-35, a China aposta no fortalecimento de plataformas “não furtivas” com inteligência artificial, comando descentralizado, e link de dados tático — elevando o papel do J-10C de mero caça leve para vetor estratégico em missões complexas.

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