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terça-feira, 10 de dezembro de 2024

O que restou da Força Aérea Síria?

 

Após o fim da Guerra de Independência de Israel, a Síria montou sua força aérea, especialmente com a inclusão de aviões de caça. Como não havia a possibilidade de compra de aeronaves dos Estados Unidos, cada vez mais pró-israelenses, os sírios tiveram que recorrer a outros fornecedores, uma fonte totalmente improvável: a Itália.

A economia italiana, devastada pelos efeitos da Segunda Guerra, precisava se restabelecer no cenário econômico, voltando-se então à exportação de armas. A Itália forneceu seus próprios sistemas de treinamento G46, além do G55, indiscutivelmente o mais eficiente caça italiano da Segunda Guerra Mundial. Apesar da Itália fornecer uma experiência valiosa em aeronaves de alto desempenho para uma força aérea tão jovem, era algo temporário, sendo obviamente os jatos o caminho do futuro.

Da criação de uma nova força aérea, inicialmente com aeronaves de observação e treinamento fornecidas gratuitamente pelos EUA, causando uma controvérsia na imprensa americana da época, a Síria conseguiu um número excessivo de aeronaves, contudo com uma escassa tecnologia.

Entretanto, em 2015 o número total de aeronaves parece ter diminuído, embora a Força Aérea Síria ainda esteja em operação. Em geral, a Síria perdeu metade do seu inventário de 550 aeronaves de combate entre 2011 e 2014. No entanto, a precisão de dados é difícil de avaliar, devido à guerra civil em curso, onde vários veículos são adquiridos e perdidos durante uma batalha.


Estimativas

Durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967, a Síria mudou completamente. Possuía um governo instável, fazendo com que a Síria fizesse parte da confederação de alguns países. Nessa altura do campeonato, sua força aérea tinha-se expandido para cerca de 120 aviões de combate, incluindo MiG-15, MiG-17 e na época o mais recente MiG-21. Em geral, a Força Aérea da Síria era a segunda mais forte das forças aéreas árabes, embora carecesse do braço de bombardeiro Il-28 e do Tu-16 da Força Aérea Egípcia.

Depois de 1967, as forças armadas da Síria reconstruíram meticulosamente sua Força Aérea, com o apoio da ex-União Soviética. O MiG-17 foi substituído por vários MiG-21 e suas variantes, retirado para o papel de caça-bombardeiro enquanto outras aeronaves foram sendo adicionadas ao inventário.

Até a primeira fase da guerra civil síria, o poderio aéreo continuou bastante limitado em tecnologia, mas o ostentava em números que aumentaram significativamente desde 2012, quando a eficácia da força aérea síria atingiu seu ápice. Porém, durante a guerra civil, diversas bases, incluindo nomes, foram perdidas para facções rebeldes, muitas vezes incluindo dezenas de destroços ou mesmo aviões completos, embora nenhum rebelde tenha tentado (nem mesmo conseguiriam) restaurá-las para uso operacional.

Nos anos 80, a Síria recebeu vários aviões modernos fabricados pelos soviéticos, principalmente caças MiG-29 e os caças-bombardeiros Su-24. No entanto, devido à natureza secreta dos militares sírios, é difícil estabelecer números com exatidão. Antes do conflito, o inventário sírio era dificilmente preciso, considerando as perdas, especialmente com os tipos mais antigos devido ao abandono de aeronaves inutilizáveis. Os sírios muitas vezes deixaram essas aeronaves em campo aberto como chamarizes, ou mesmo abandonadas devido à falta de fundos para mantê-las operando.


Mas o que resta da Força Aérea Síria?

Os números que compõem esta tabela não refletem com precisão, devido ao atrito de combate mantido durante uma guerra civil em curso. A recente guerra civil síria causou e causa inúmeras perdas à força aérea do país.

O ataque americano a uma base aérea síria – no dia 07 de abril deste ano, em resposta pelo uso de armas químicas sobre uma população pelo regime sírio – destruiu cerca de 20% das aeronaves militares do presidente Bashar al-Assad. De localização favorável, o aeródromo de Shayrat, que foi destruído no bombardeio, era usado para estocar armas químicas até meados de 2013, quando um acordo entre Rússia e EUA impôs ao governo que se desfizesse do arsenal. A base ainda possui a pista extensa, capaz de ser utilizada por todos os tipos de aeronaves, desde caças a aviões de transporte.

O Pentágono alega que o ataque, que agora parece ser punitivo, causou danos significativos à base aérea síria, resultando em danos em postos de combustíveis, radares e munições, fazendo com que o governo sírio perdesse a capacidade de reabastecer ou rearmar aeronaves na própria base, além da destruição da defesa aérea operacional local, usada ativamente pela Força Aérea de Assad desde o início da guerra civil.

Este número, se fizermos as contas, é presumivelmente com referência às aeronaves de asas fixas, que compõem a espinha dorsal da Força Aérea Síria. Estimativas ocidentais anteriores colocaram o estoque total de aeronaves de asa fixas sírias em, aproximadamente, 200 a 275 aeronaves. Evidentemente, o desgaste devido a perdas em combate, a falta de manutenção adequadas e peças sobressalentes foi significativamente pior que a estimativa.

Apesar das afirmações do Pentágono, tem sido relatado que a Força Aérea da Síria está voando ativamente fora da base, mesmo sendo inútil para o Departamento de Defesa. A pista da base aérea nunca foi alvejada, ou seja, permanece intacta. A base aérea de Shayat mantinha dois esquadrões de bombardeiros Su-22M3 / M4 e um esquadrão de Mig-23ML / MLD, e um bom número desses jatos sobreviveram.

Estes esquadrões foram distribuídos em três diferentes partes base, e os mísseis atingiram dois dos três setores. Como consequência, eles receberam 5 Su-22M3s, 1 Su-22M4 e 3 Mig-23ML para um total de 9 aeronaves destruídas. O Pentágono afirmou que 20% do poder aéreo sírio foi destruído. Se a avaliação do Pentágono estiver de acordo, podemos supor que o regime de Assad tenha um déficit de 45 aeronaves de combate operacionais deixadas em seu inventário.

Isso significa que os anos de guerra tomaram um tributo severo da força aérea síria, que tinha 461 aeronaves de combate de asa fixa e 76 aeronaves de treinamento em seu catálogo de 2011. Mas isso é uma avaliação de danos do Pentágono e associações de levantamento de Dados. Pode ser inflada, mas é difícil de avaliar sem ver seus registros.


SAAF atualmente

Com a intervenção russa na Guerra Civil Síria, a SAAF tomou um papel de coadjuvante. Embora tenha sido um fator constante na guerra civil, não foi capaz de travar os reveses que o Exército Árabe Sírio sofreu em 2013, e novamente com a emergência do Estado Islâmico em 2014.

Com ataques aéreos russos cada vez mais freqüentes, é provável que a Força Aérea da Síria aproveite o tempo para restaurar suas capacidades de combate – e com uma ajudinha russa, mesmo não havendo suposição se aeronaves sírias e russas integram os mesmos confrontos, ou se ambas lutam em missões aéreas separadas.

O futuro da Força Aérea da Síria, incluindo sua composição, dependerá em grande parte do resultado do conflito mais amplo. No entanto, é improvável que a Força Aérea da Síria venha a receber reforços relevantes, enquanto o conflito estiver em curso. A integração de novos tipos de aeronaves em uma força aérea que perdeu uma parte considerável de sua infra-estrutura, mesmo lutando contra um civil, é quase impossível.


segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Caça Mirage 2000C da Força Aérea Brasileira homenageia Ayrton Senna: ícone da Fórmula 1 com as cores do capacete, inspirado no voo supersônico de Mach 1.4 realizado no Mirage lll

 

FAB celebra Ayrton Senna com o caça Mirage 2000C, pintado especialmente em homenagem ao ícone da Fórmula 1. Relembre o dia em que ele rompeu a barreira do som e marcou a história da aviação!


A velocidade sempre foi sinônimo de Ayrton Senna, mas poucos sabem que o ídolo da Fórmula 1 também desafiou os limites nos céus. Em 1989, o campeão mundial viveu um momento inesquecível ao pilotar um caça Mirage III da Força Aérea Brasileira (FAB), rompendo a barreira do som a impressionantes 1.728 km/h. Essa experiência, tão única quanto sua trajetória nas pistas, marcou a história da aviação militar brasileira e o legado de um dos maiores esportistas de todos os tempos.



Para eternizar essa conexão entre Senna e a FAB, um Mirage 2000C foi estilizado com as cores de seu icônico capacete. Hoje, essa aeronave é um símbolo de sua paixão pela velocidade e pode ser admirada na Base Aérea de Anápolis.

Voo supersônico de Senna: quando o automobilismo encontrou os céus na Força Aérea do Brasil

Antes de decolar para o voo supersônico, Senna foi interceptado pelo próprio Mirage III enquanto pilotava um King Air (PT-ASN) em direção à Base Aérea de Anápolis. Após pousar, teve a oportunidade de sentir a diferença entre pilotar um caça e um carro de Fórmula 1. “Ele queria sentir a velocidade de uma aeronave supersônica”, recorda o então coronel da reserva Paiva Cortes.



Este voo na Força Aérea Brasileira, realizado enquanto Senna vivia a rivalidade histórica com Alain Prost na temporada de 1989, reforçou ainda mais sua imagem como símbolo de velocidade e precisão. Além disso, mostrou o quanto o piloto era fascinado por desafios que iam além do automobilismo, incluindo o comando de aviões e helicópteros.

Mirage 2000C ganha cores especiais em homenagem ao ídolo Ayrton Senna

Trinta anos depois desse feito, a Força Aérea Brasileira imortalizou o voo de Ayrton Senna com a pintura de um Mirage 2000C (FAB 4940). Em maio de 2019, durante um evento comemorativo, a aeronave ganhou uma pintura especial criada pelo designer Raí Caldato. A arte combinou as cores icônicas do capacete do piloto com a figura de um jaguar, em alusão ao Esquadrão Jaguar, unidade à qual o Mirage pertence.

A celebração contou com a presença de Leonardo Senna, irmão do piloto, que sobrevoou os céus de Anápolis em um F-5 da Força Aérea Brasileira, revivendo a memória do momento histórico. Hoje, o Mirage 2000C pode ser visto pelo público durante o evento Portões Abertos da Base Aérea de Anápolis, realizado anualmente em setembro.

Aeronaves do passado e o presente da homenagem na Força Aérea Brasileira

Embora muitos associem o Mirage 2000C, da Força Aérea Brasileira à aeronave pilotada por Ayrton Senna, o caça original do voo de 1989 foi, na verdade, um Mirage III (FAB 4904), que atualmente está exposto no Museu Aeroespacial (Musal), no Rio de Janeiro. Já o FAB 4908, outra aeronave histórica, chegou recentemente ao museu Asas de Um Sonho, em Itu, São Paulo, destacando a trajetória supersônica do piloto.

A homenagem ao legado de Ayrton Senna é uma celebração à sua paixão pela velocidade e uma demonstração de como o ídolo transcendeu o esporte, inspirando diferentes áreas da tecnologia e da aviação. O Mirage 2000C com pintura especial é um lembrete de que a conexão entre homem e máquina pode alcançar níveis extraordinários, seja nas pistas ou nos céus

sábado, 7 de dezembro de 2024

FAB realiza o primeiro voo oficial do T-25 Universal Modernizado

 FAB realiza o primeiro voo oficial do T-25 Universal Modernizado

Aeronave foi utilizada na formação de todos os aviadores da ativa da Força Aérea Brasileira

Agência Força Aérea, por Tenente Scarlet

A Força Aérea Brasileira (FAB) celebra, nesta quinta-feira (05/12), um marco histórico com a realização do primeiro voo oficial do protótipo modernizado da aeronave T-25 Universal. O feito, realizado pelo Parque de Material Aeronáutico de Lagoa Santa (PAMA LS), sob supervisão da Diretoria de Material Aeronáutico e Bélico (DIMAB), em parceria com o Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI) e o Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo (IPEV), representa a concretização de um trabalho visionário e dedicado.

O Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno, participou da solenidade, juntamente com demais membros do Alto-Comando, entre outros militares. 

Em seu discurso, o Comandante da Aeronáutica destacou as vantagens da modernização da aeronave. “O voo inaugural do T-25M, agora equipado com novas tecnologias, simboliza o compromisso da Força Aérea com a inovação, a eficiência e, acima de tudo, com a formação de excelência dos nossos futuros pilotos. Por mais de cinco décadas, o T-25 Universal tem sido responsável pelas primeiras horas de voo de milhares de Aviadores, indo além da missão inicialmente a ele destinada. O início da modernização dessa frota demonstra a capacidade de se reinventar, utilizando recursos próprios para garantir que nossa missão de bem servir ao país seja cumprida com a mais alta qualidade. Com a modernização, proporcionaremos aos nossos Cadetes a oportunidade de voar com ainda mais segurança. Parabéns a todos os profissionais envolvidos que, com dedicação e competência, tornaram essa modernização possível”, pontuou o Oficial-General.

A modernização do T-25 Universal visa fortalecer a capacidade nacional de desenvolvimento e produção aeronáutica, proporcionando à FAB uma aeronave de treinamento de última geração para a formação das próximas turmas de aviadores, especialmente na Academia da Força Aérea (AFA).

O voo

O protótipo T-25M FAB 1880, comandado pelo Major Aviador Peixoto, do IPEV, e pelo Comandante do Segundo Esquadrão de Instrução Aérea da AFA, Major Aviador Fernandes, realizou passagens aéreas sobre o local da solenidade antes de retornar ao solo.

“Realizar o primeiro voo do T-25 Modernizado foi uma grande honra e privilégio. Ficou evidente o excelente trabalho do PAMA-LS, que, com dedicação e competência, entregou uma aeronave que combina tradição e inovação. A modernização da aviônica trouxe maior eficiência, confiabilidade e segurança, atendendo às exigências da formação dos futuros Oficiais Aviadores da Força Aérea. O sucesso desse projeto também é fruto da colaboração fundamental entre o IPEV e o IFI, que garantiram excelência nas atividades realizadas. Participar dessa modernização, que terá um impacto direto na capacitação dos nossos Aviadores, é motivo de imenso orgulho”, disse o Major Aviador Peixoto.

A aeronave foi acompanhada pelo T-25A FAB 1833, tripulada por outros membros da equipe técnica. O voo validou as melhorias tecnológicas incorporadas, incluindo novos sistemas de navegação e um design modernizado.

Além disso, foi revelada a nova pintura externa da frota modernizada, desenvolvida por um Cadete da AFA, em um processo de votação entre os cadetes, reforçando a participação da nova geração de militares da FAB. O evento também contou com a presença de autoridades militares, que participaram do batismo oficial da aeronave, marcando o início de uma nova fase para o T-25 Universal.

Equipe técnica e liderança no projeto de modernização

Sob a liderança do Tenente-Coronel Engenheiro Nelson Muta Hotta, o projeto foi executado com grande eficiência, garantindo que todas as melhorias tecnológicas fossem integradas com precisão à aeronave. A equipe trabalhou incansavelmente para oferecer à FAB uma plataforma de treinamento atualizada, que atenda aos mais altos padrões de segurança e eficiência.

Modernização: a atualização dos sistemas e o impacto na formação dos pilotos

O processo de modernização do T-25 Universal, que agora passa a ser chamado de T-25M, inclui diversas melhorias em sua estrutura e tecnologia. O objetivo central foi aumentar a operacionalidade da aeronave, trazendo-a para os padrões tecnológicos mais avançados, ao mesmo tempo em que se mantém acessível para o treinamento de Cadetes. Dentre as atualizações mais significativas, destacam-se a substituição dos sistemas elétricos e eletrônicos, que receberam equipamentos de última geração, e a renovação total das cablagens.

A modificação estrutural no painel de instrumentos da aeronave foi outro ponto importante. A nova configuração reduz a vibração e facilita a instalação dos novos componentes, o que resulta em uma aeronave 50 kg mais leve e, consequentemente, com maior capacidade de carga útil. Essa atualização não só melhora o desempenho da aeronave, mas também contribui para a economia operacional, um fator crucial em tempos de orçamentos apertados.

Tecnologias Inovadoras: um novo patamar para a navegação e a segurança

O projeto de modernização incorporou diversas tecnologias de ponta, como o Sistema de Navegação Global por Satélite (GNSS), que garante uma navegação precisa, o Sistema de Aviso e Percepção de Terreno (TAWS), que aumenta a segurança durante o voo, e o STORMSCOPE, que permite a identificação de tempestades e outras condições meteorológicas adversas. O sistema ADS-B, que transmite a posição e outros parâmetros de voo em tempo real, também foi integrado, proporcionando maior segurança e comunicação eficiente com o Controle de Tráfego Aéreo.

Além disso, a comunicação interna e externa da aeronave foi aprimorada com a instalação de novos sistemas digitais, oferecendo clareza e intensidade de sinal superiores. O sistema digital de monitoramento de parâmetros do motor, com alertas audiovisuais de velocidade, também contribui para a segurança e a  eficiência das operações de voo.

Extensão da vida útil e redução de custos operacionais

O processo de modernização também teve como objetivo estender a vida útil do T-25. O PAMA-LS agora possui total domínio sobre o projeto e pode realizar manutenções e atualizações de forma interna, sem depender de apoio externo. Essa autonomia reduz custos operacionais e garante que a FAB tenha maior controle sobre a logística de manutenção da aeronave.

O Diretor do PAMA-LS, Coronel Aviador Valter Faria Junior, falou sobre o projeto. “Esse primeiro voo é o início de uma campanha de desenvolvimento que vai ocorrer ao longo de 2025, apoiada pelo IPEV e pelo IFI. É uma enorme satisfação participar desse momento e contribuir diretamente com a atividade de desenvolvimento, utilizando a junção da minha bagagem logística com os meus conhecimentos como piloto de prova e equipagem de ensaio”, destacou o Oficial.

A unificação dos modelos T-25A e T-25C em uma única configuração T-25M simplifica ainda mais a cadeia de suprimentos e a manutenção, gerando uma economia significativa. A modernização também permite que os sistemas da aeronave atendam aos padrões mais elevados de segurança, garantindo a continuidade da formação de pilotos com a melhor tecnologia disponível.

Perspectivas e desafios futuros

Apesar dos desafios encontrados durante o desenvolvimento, como a integração de engenharia 100% interna e a gestão da cadeia de suprimentos, o projeto avançou rapidamente. Em apenas 10 meses, o protótipo T-25M estava pronto para os ensaios em voo, com a campanha de testes programada para durar até 2026. Durante esse período, a aeronave passará por cerca de 60 horas de voo, com testes de desempenho e certificações finais que garantirão sua total adequação para operações em espaço aéreo.

A equipe do PAMA-LS, composta por militares especializados em diversas áreas, foi fundamental para a realização desse projeto. A experiência adquirida durante o processo não só contribui para a autonomia da FAB em relação à manutenção e atualização de sua frota, mas também estabelece um novo padrão para os futuros programas de modernização de aeronaves da Força Aérea.

O legado do T-25 e a continuidade do treinamento militar

A modernização do T-25 Universal, agora na versão T-25M, representa um marco na história da aviação de treinamento da Força Aérea Brasileira. A aeronave, que já desempenha um papel fundamental na formação de pilotos desde a década de 1960, agora está equipada com tecnologia de ponta, pronta para continuar sua trajetória de sucesso no treinamento de Cadetes e no fortalecimento da capacidade operacional da FAB.

T-25 Universal: um marco na Aviação Militar Brasileira

O T-25 Universal é um ícone da aviação militar brasileira, desenvolvida pela Neiva (posteriormente adquirida pela Embraer) nos anos 60. Com capacidade para dois tripulantes e um design simplificado, a aeronave se destacou pela confiabilidade, robustez e facilidade de manutenção, essenciais para a formação de pilotos.

Seu motor oferece desempenho adequado para missões de instrução básica e avançada. Versátil, a T-25 tem sido usada para treinamento de navegação e manobras táticas, além de outras missões de apoio. Desde 1972, o Parque de Material Aeronáutico de Lagoa Santa assume a responsabilidade pela manutenção e suporte das aeronaves T-25, incluindo o gerenciamento de peças e logística.

Com um legado de formação de pilotos e uma modernização que garante sua relevância, o T-25 Universal permanece como um pilar fundamental na aviação de treinamento da FAB, refletindo o compromisso da Força Aérea com a inovação e a autonomia operacional.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

FAB vai avaliar o C-390 Millennium como aeronave de patrulhamento marítimo

 Embraer assinou acordo com serviço para aprofundar estudos de versão para Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (IVR) visando substituir os velhos P-3 Orion

C-390 com configuração de patrulhamento marítimo
C-390 com configuração de patrulhamento marítimo



A Embraer e a Força Aérea Brasileira (FAB) assinaram um acordo nesta terça-feira, 3, para aprofundar os estudos para uma variante IVR do C-390 Millennium.

O objetivo é avaliar o uso do cargueiro como plataforma para missões de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (IVR), com foco em missões de Patrulhamento Marítimo, conhecido pela sigla MPA em inglês.

A Embraer já vem propondo um C-390 tanto para IVR quanto MPA para alguns potenciais clientes, entre eles a Índia.

Brigadeiro Marcelo Kanitz e Bosco da Costa Júnior
Brigadeiro Marcelo Kanitz e Bosco da Costa Júnior

Com uma fuselagem espaçosa, desempenho elevado e aviônicos de última geração, a aeronave poderia assumir esse papel na Força Aérea Brasileira, que hoje depende de antigos turboélices P-3 Orion para patrulhamento marítimo.


“Os estudos para adaptação da plataforma C-390 Millennium às missões de IVR têm evoluído de forma estruturada, analisando a aderência e flexibilidade da aeronave às necessidades atuais e futuras da Força Aérea Brasileira, principalmente em relação ao Patrulhamento Marítimo”, aponta o Tenente Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno, Comandante da Aeronáutica.

“Temos a honra de avançar com a FAB nos estudos de expansão das capacidades operacionais do C-390 Millennium. Esse acordo reforça nosso compromisso de sempre oferecer aos nossos clientes uma aeronave capaz de realizar as missões mais desafiadoras com eficiência inigualável”, disse Bosco da Costa Junior, presidente e CEO da Embraer Defesa & Segurança. “Este é mais um passo importante no relacionamento de longo prazo construído com a FAB”.

Nem a Aeronáutica nem a Embraer revelaram um cronograma sobre os estudos. A FAB tem atualmente quatro P-3 Orion em sua frota, além de oito defasados EMB-111 Bandeirante Patrulha em serviço.

P-3 Orion da FAB sobre o mar
P-3 Orion da FAB sobre o mar

terça-feira, 3 de dezembro de 2024

Caça da Guerra Fria, MiG-21 deixa de patrulhar os céus da Europa

Croácia, que era o último país a operar antigo jato supersônico da era soviética, aposentou suas aeronaves em 1º de dezembro enquanto aguarda formação de esquadrão de caças Dassault Rafale
MiG-21 croata
MiG-21 croata (Gojanovic123456789)


 O icônico caça russo MiG-21 já não é mais usado em patrulhas aéreas na Europa. A Força Aérea da Croácia, sua última operadora no continente, aposentou os jatos supersônicos da era soviética no domingo, 1º de dezembro.

Embora os quatro MiG-21 remanescentes permaneçam no inventário por algumas próximas semanas, eles não serão mais acionados para defender o país, tarefa que caberá aos Eurofighter Typhoon da Itália e Saab Gripen da Hungria até o final de 2025.

É o tempo necessário para que a Força Aérea Croata possa concluir o treinamento de seus pilotos para voar os 12 caças Dassault Rafale adquiridos, dos quais sete já foram entregues.

Um dos seis caças Rafale da Croácia
Um dos doze caças Rafale da Croácia

Como membro da OTAN, a Croácia pode se beneficiar da ajuda de seus vizinhos aliados para manter a defesa aérea de seu território.

A previsão é que os caças Rafale assumam a tarefa entre o final de 2025 e o começo de 2026.

Presença massiva na Cortina de Ferro

MiG-21 é talvez o mais popular caça desenvolvido pela União Soviética e foi empregado em vários cenários durante décadas.

Monomotor de asas delta com sua característica entrada de ar no nariz, o jato teve cerca de 11.500 unidades produzidas entre 1959 e 1986 – a China, no entanto, fabricou a versão local da aeronave até 2017.

Durante a Guerra Fria, o caça era operado por quase todos os países da Cortina de Ferro e foi um oponente potencial de aeronaves ocidentais.

O último MiG-21 é na verdade o GAIC JJ-7A, versão chinesa do famoso caça soviético
O chinês J-7 encerrou a longa dinastia do MiG-21

O colapso da União Soviética na década de 1990, no entanto, iniciou um movimento intenso de substituição de aviões por similares mais modernos do Ocidente.

Mas alguns países seguiram com seus MiG-21 ativos como a Romênia, que aposentou seus últimos caças em 2023, substituídos por F-16 e futuramente pelo F-35.

Ainda restam outros aviões de caça russos como o MiG-29, que está ativo na Polônia, Bulgária, Sérvia e Ucrânia, mas que também estão em processo de desativação.

domingo, 1 de dezembro de 2024

Canadá treinará pilotos militares com rival do Super Tucano

 Empresa terceirizada contratada pela Real Força Aérea Canadense adquiriu 19 velozes turboélices Pilatus PC-21

O Pilatus PC-21: dois aviões em um
O Pilatus PC-21: dois aviões em um


A Real Força Aérea do Canadá (RCAF) encontrou uma forma diferente de prover treinamento para seus pilotos. Em vez de ter um esquadrão próprio para isso, o comando da força decidiu terceirizar o serviço.

Por meio do programa “Future Aircrew Training” (Treinamento Futuro de Tripulação), o governo canadense contratou duas empresas privadas, a SkyAlyne e a KF Aerospace, para fornecer a infraestrutura para esse fim.

As duas empresas estão formando uma frota de aeronaves de treinamento que já conta com o monomotor Grob G 120TP e helicópteros H135, além de simuladores.

Nesta semana, as duas parceiras anunciaram a aquisição de 19 turboélices de treinamento avançado Pilatus PC-21, rival do Embraer EMB-314 Super Tucano.

A Força Aérea do Canadá terceirizou a tarefa de treinamento de pilotos
A Força Aérea do Canadá terceirizou a tarefa de treinamento de pilotos

As aeronaves serão entregues a partir de 2026 e ficarão baseadas em Moose Jaw, Saskatchewan, no sul do país.

“A SkyAlyne está animada por trabalhar com a Pilatus neste importante projeto. O PC-21 oferece inúmeros benefícios em relação às aeronaves de treinamento convencionais e é equipado com aviônicos de ponta para garantir uma transição perfeita para jatos de linha de frente”, disse o executivo sênior da SkyAlyne, Kevin Lemke.

“Este contrato é mais uma prova das capacidades do nosso sistema de treinamento PC-21. O Canadá está entre as forças aéreas mais renomadas e profissionais do mundo, e estamos muito orgulhosos de fazer parte deste projeto inovador”, disse Markus Bucher, CEO da Pilatus.

Cockpit do PC-21
Cockpit do PC-21

Turboélice com desempenho de jato

O PC-21 surgiu no início dos anos 2000 com a proposta de oferecer um desempenho de um jato de treinamento em um turboélice simples e acessível.

A ideia era que as forças aéreas pudessem substituir duas aeronaves por uma já que ele é apropriado tanto para instrução básica quanto avançada.

Para obter esse desempenho, o PC-21 possui uma aerodinâmica refinada e pode voar a 624 km/h em velocidade de cruzeiro.

Embora utilize um motor PT-6 similar ao do Super Tucano, o Pilatus é mais veloz, tem razão de subida superior, opera em pistas menores e é mais ágil que o avião da Embraer.

Turboélice A-29 Super Tucano (Sgt. Müller Marin/FAB)
O Super Tucano fica atrás do PC-21 em desempenho, mas responde com uma vasta capacidade de missões militares (Sgt. Müller Marin/FAB)

A aeronave da Pilatus, de fato, tem substituído jatos em algumas forças aéreas como na Suíça (no lugar dos BAe Hawk) e Espanha (aposentando os CASA C-101).

Até aqui, quase 250 aeronaves foram entregues para dez clientes, mas o PC-21 perde para o Super Tucano em versatilidade.

O turboélice brasileiro pode ser empregado em diversas missões, o que o torna uma opção mais apropriada para mais forças aéreas.