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domingo, 15 de dezembro de 2024

‘Um pequeno gigante contra a frota’: O FMA IA-58 Pucará em ação nas Malvinas e sua história

 

Por Luiz Reis*

Do “AX-2” para o “IA 58 Pucará”:

Na década de 1960 a Guerra do Vietnã demonstrou que os rápidos, mas barulhentos e pouco manobráveis, aviões de ataque ao solo convencionais a reação não eram eficientes no combate aos guerrilheiros vietcongs, muito bem escondidos na densa mata de selva da região. Assim, as indústrias de aeronaves militares pelo mundo começaram a desenvolver diversos projetos para atender essa demanda.

Em 1966, a Dirección Nacional de Fabricación e Investigación Aeronáutica (“Direção Nacional de Fabricação e Investigação Aeronáutica”) – DINFIA, da Argentina, estabeleceu parâmetros para a criação de uma aeronave de ataque leve, o que resultou no projeto “AX-2” (ou “A-X2” em algumas fontes), uma aeronave especificamente projetada para a missão de contra-insurgência (COIN). Para acelerar o processo, utilizou-se como base o desenho do bimotor de transporte de fabricação nacional IA 50 Guaraní II.

O primeiro voo do protótipo do AX-2 ocorreu em 20 de agosto de 1969. Naquele momento a aeronave tinha sido renomeada para FMA IA 58 “Delfín” (“Golfinho”), logo depois redenominado como “Pucará” (palavra do idioma quechua indígena que significa “Fortaleza”). A aeronave seria fabricada pela então “Fabrica Militar de Aviones – FMA” (atualmente “Fabrica Argentina de Aviones – FAdeA”). Propulsionado por dois motores turboélices Garrett TPE331, de 575 HP, não obteve o desempenho esperado. Para corrigir a falha, o segundo protótipo foi equipado pelos mais potentes propulsores Turbomeca Astazou, de 965 HP, com o primeiro voo da aeronave com os novos motores no dia 6 de setembro de 1970. Os resultados foram satisfatórios com esse novo propulsor, o primeiro protótipo foi repotencializado com o Astazou e o motor foi escolhido para produção, cuja primeira aeronave de série voou em meados de 1974. Recebeu o indicativo A, de Ataque e foram matriculados de A-501 a A-607.

O Pucará é de construção convencional, toda em metal (principalmente duralumínio). As asas têm sete graus de diédrico nos painéis externos e são equipadas com abas com fenda no bordo de fuga. O IA 58 tem fuselagem esbelta, a cauda em “T” e uma cabine em tandem (assentos um atrás do outro); a tripulação usa os assentos ejetáveis Martin-Baker Mk 6AP6A zero/zero e são fornecidos com controles duplos e boa visibilidade da cabine. O design aerodinâmico bastante limpo permite ao Pucará atingir velocidades relativamente altas e uma boa estabilidade de voo, parâmetros superiores às do norte-americano Rockwell OV-10 Bronco, outra aeronave da mesma categoria. Por outro lado, o IA 58 não possui compartimento de carga dentro da fuselagem como solicitado para a aeronave dos EUA.

O Pucará foi projetado para operações em pistas curtas e acidentadas. O trem de pouso triciclo retrátil, com uma roda de nariz única e duas rodas principais retraídas nas naceles do motor, era equipado com pneus de baixa pressão para se adequar às operações em terreno acidentado, enquanto as pernas do trem de pouso são altas para poder ser equipado com uma boa carga de armas. Três foguetes JATO poderiam ser instalados sob a fuselagem para permitir decolagens extra-curtas (até 80 metros, menos do que um campo de futebol). O combustível é alimentado por dois tanques de fuselagem com capacidade combinada de 800 litros e dois tanques autovedantes de 460 litros nas asas.

Os canhões e as metralhadoras do Pucará lembravam as aeronaves da época da Segunda Guerra Mundial, consistindo em dois canhões Hispano 804 de 20 mm montados sob a cabine com 270 tiros cada e quatro metralhadoras de 7,62 mm Browning FN montadas nas laterais da fuselagem com 900 tiros cada. Três pontos duros eram equipados para transportar uma variedade de armas como bombas, foguetes ou tanques de combustível externos, com um ponto duro de 1.000 kg de capacidade montado sob a fuselagem e os dois pontos duros restantes com capacidade de 500 kg sob as asas. A carga máxima de armas externas era de 1.620 kg. Os armamentos da aeronave eram orientados por uma mira bastante simples.

As primeiras unidades foram entregues em maio de 1975 a Força Aérea Argentina (FAA), equipando o 2° Escuadrón de Exploración y Ataque, parte da III Brigada Aérea, na BAM (Base Aérea Militar) Reconquista, situada ao norte da província de Santa Fé. As novas aeronaves tiveram sua estreia operacional no final de 1975, quando vários Pucarás realizaram ataques de contra-insurgência de Córdoba contra guerrilheiros comunistas do ERP na província de Tucumán como parte da “Operação Independência”, com destaque a um ataque de um elemento (duas aeronaves) realizado com bombas e napalm (bombas incendiárias de gasolina gelatinosa) contra posições guerrilheiras no Montes Tucumanos. Durante o Conflito de Beagle (uma “quase guerra” da Argentina contra o Chile, no final de 1978, pela disputa pela posse no Canal de Beagle, na fronteira sul do país) dois esquadrões de Pucarás, com dez aeronaves cada, foram destacados para a Patagônia e colocados em prontidão de combate.

Em ação na Guerra das Malvinas (1982)

Durante o conflito no Atlântico Sul, cerca de 60 IA 58 haviam sido entregues, mas cerca de 34 a 45 aeronaves (segundo as diferentes fontes) estavam operacionais. Inicialmente doze Pucarás foram revisados e enviados para o Teatro de Operações Malvinas (TOM), todos eles, assim como todas as aeronaves da FAA, subordinadas a “Força Aérea Sul” (FAS – Fuerza Aérea Sur), sediada em BAM Comodoro Rivadavia, que coordenava as operações aéreas da Força Aérea Argentina na região durante a guerra.

Voando inicialmente em esquadrilhas de quatro aeronaves, faziam voos diretos do continente para a BAM Malvinas em Puerto Argentino (como foi redenominada Port Stanley, a capital das Ilhas Malvinas, após a “Operação Rosário” realizada no dia 2 de abril de 1982). Voavam a baixíssima altura para evitar radares inimigos e eram orientados por aeronaves do “Esquadrão Fênix”, pois os Pucarás não possuíam radar e seus instrumentos de navegação eram bastante simples. Como podiam voar a mais de 3.500 Km de distância em configuração de translado, com tanques externos, faziam o trajeto com relativa facilidade, apesar do voo durar quase três horas de voo sobre um gelado mar.

Pucarás na BAM Malvinas

Como o Pucará podia operar em pistas curtas e não pavimentadas, as aeronaves foram destacadas para outros lugares que não apenas o aeroporto de Stanley, agora transformado em base aérea, a BAM Cóndor (situado em Pradera del Ganso, ou Goose Green) e o Aeroporto de Puerto Calderón (Pista de Pouso da Ilha Borbón, ou Pebble). Durante o mês de abril de 1982 os Pucarás efetuaram missões de patrulha e reconhecimento, além de treinar exaustivamente para combaterem os ingleses que já estavam se aproximando das ilhas em uma grande e poderosa Força-Tarefa.

No dia 1º de maio de 1982, um ataque aéreo britânico realizado por um revolucionário caça de decolagem curta/pouso vertical British Aerospace (BAe) Sea Harrier FRS.1 na BAM Cóndor destruiu um Pucará que estava na pista preparada para decolar, matando seu piloto e o pessoal de terra que estava próximo a ele. No ataque dos comandos ingleses do SAS (Serviço Aéreo Especial – Special Air Service) em Puerto Calderón, no dia 15 de maio, mais dois Pucarás foram destruídos e outros quatro severamente danificados e não reparados, encerrando as operações aéreas nesse aeródromo.

No dia 21 de maio, mais dois Pucarás foram perdidos, um abatido por um míssil terra-ar portátil (MANPADS) FIM-92A Stinger e outro derrubado por um Sea Harrier. No dia 24 de maio, mais um Pucará é danificado por um ataque aéreo inglês e fica fora de serviço. Para repor as perdas dos Pucarás, mais aeronaves foram enviadas do continente para as ilhas, com a última esquadrilha com oito aeronaves, tendo chegado à BAM Malvinas no dia 29 de maio.

Pucará em voo rasante nas Malvinas

Dois Pucarás participaram do abate de um helicóptero Westland Scout dos Royal Marines com tiros de canhões e metralhadoras no dia 28 de maio, enquanto ele estava em uma missão de evacuação de vítimas durante a Batalha de Pradera del Ganso (Goose Green). Esta foi a única vitória ar-ar argentina confirmada na guerra.

Um desses Pucarás colidiu com uma colina no voo de retorno a Port Stanley e foi destruído, com os restos mortais do piloto (Tenente Miguel Gimenez, segundo fontes, o responsável pelo abate do Scout) tendo sido encontrado apenas em 1986, sendo enterrado com todas as honras militares no cemitério argentino em Port Darwin por sua família, os primeiros argentinos a visitaram as ilhas desde o fim da guerra.

No mesmo dia 28 de maio, um Pucará foi abatido por tiros de armas leves após este lançar foguetes contra as tropas britânicas (sem causar vítimas), durante a Batalha de Pradera del Ganso. O piloto ejetou e foi capturado pelos ingleses, tornando-se prisioneiro de guerra.

Pucara nas Malvinas – Carlos A Garcia
Dois Pucarás participaram do abate de um helicóptero Westland Scout dos Royal Marines no dia 28 de maio, enquanto ele estava em uma missão de evacuação de vítimas durante a Batalha de Pradera del Ganso (Goose Green). Esta foi a única vitória ar-ar argentina confirmada na guerra

No dia 1º de junho, dois Pucarás foram perdidos em uma colisão durante a decolagem na congelada pista da BAM Malvinas, sem vítimas fatais. Mesmo com as perdas, os argentinos continuaram efetuando missões de apoio as tropas terrestres até o final das hostilidades, no dia 14 de junho.

Na manhã desse mesmo dia os argentinos planejaram um ataque (que seria no dia 13 de junho, mas por causa do mau tempo, foi adiado para o dia seguinte) contra as tropas inglesas com os últimos quatro Pucarás em condições de voo, que depois fugiriam para o continente, decolando de Puerto Argentino (que já estava sendo cercada pelos ingleses) com munições, bombas, foguetes e combustível extra, mas a missão foi abortada por conta do anúncio do final da guerra, quando as aeronaves estavam prestes a decolar.

Aeródromo de Port Stanley nas Falklands/Malvinas, em 1985, com restos de Pucarás argentinos ainda visíveis
Pucará destruído em ataque de Sea Harrier
O A-523, um dos Pucarás colocados fora de ação no ataque do SAS a Puerto Calderón (Ilha Pebble), no dia 15 de maio de 1982. A camuflagem em dois tons (feita grosseiramente com tinta automotiva) foi aplicada às pressas antes da aeronave ter sido enviada para as ilhas. Fotografia tirada após o conflito

Perdas dos IA 58 Pucará na Guerra das Malvinas

No total a Força Aérea Argentina perdeu 14 Pucarás em situações de combate, com a morte de dois pilotos mais sete operadores de solo da FAA, além de quatro feridos, num total de 13 baixas. Os Pucarás de matrícula A-514, A-523, A-528, A-529, A-532, e A-536 sofreram acidentes menores e incidentes diversos, alguns foram reparados, outros foram canibalizados para manter a frota voando e suas fuselagens usadas como chamariz para os ataques aéreos ingleses. Já os Pucarás de matrícula A-515, A-522, A-533 e A-549 eram as únicas aeronaves em condições de voo, ainda que precárias, e que iriam realizar o ataque abortado do dia 13/14 de junho. Nenhum Pucará que saiu da Argentina para as ilhas retornou para o continente, pois foram capturados pelos ingleses como “prêmios de guerra” (“war prize”). Algumas células foram enviadas para museus na Inglaterra ou testadas em voo pela Real Força Aérea Britânica (RAF – Royal Air Force).

Além dessas 24 aeronaves perdidas nas ilhas, outros dois Pucarás (A-526 e A-540) foram perdidos em acidentes quando realizavam patrulhas aéreas de observação no litoral da Argentina continental durante a guerra, com a perda dos respectivos pilotos, os Aspirantes (Alférez) Valko e Marchesini.

Em maio de 1982, no auge da guerra, a Força Aérea Argentina, em colaboração com a Marinha Argentina, equipou um protótipo (AX-04) com pilones para montar torpedos Mark 13. O objetivo era seu possível uso como aeronave torpedeira para aprimorar as capacidades antinavio das forças aéreas argentinas na guerra. Vários testes foram realizados, mas a guerra terminou antes que os técnicos pudessem avaliar a viabilidade do projeto.

Após a Guerra

Com 26 aeronaves perdidas durante a época da Guerra das Malvinas, além do embargo de armas endurecido pela Inglaterra, a Argentina teve muitas dificuldades para produzir e equipar mais Pucarás, principalmente com armas modernas, mesmo assim a produção continuou até 1986, com a FAA tendo recebido ao todo 108 aeronaves. Cerca de 50-60 aeronaves estavam operacionais no final da década de 1980.

A Argentina, em meados dos anos 1980, considerou equipar o Pucará com o míssil antinavio de fabricação nacional Martin Pescador MP-1000, então em desenvolvimento pelo CITEFA (Instituto de Investigaciones Científicas y Técnicas de las FFAA = Instituto de Pesquisa Científica e Técnica das Forças Armadas), mas devido a profunda crise econômica que se abateu sobre o país, o desenvolvimento do míssil foi cancelado na década de 1990.

Mesmo com as claras limitações do Pucará demonstradas nas Malvinas, como a fragilidade do seu conjunto do trem de pouso, a falta de sofisticados aviônicos e sistemas de navegação por instrumentos, o baixo desempenho dos motores, por exemplo, a aeronave foi desejada por vários países, principalmente pelo seu baixo preço de aquisição, e exportada para a Colômbia, o Uruguai e o Sri Lanka.

Pucará do Uruguai

A Força Aérea Colombiana (FAC) utilizou três Pucarás ex-FAA entre 1989 e 1998, com as células sendo vendidas em 2003 para o Uruguai, cuja Força Aérea Uruguaia (FAU) já operava Pucarás desde 1981, desativando suas aeronaves, no total de oito aeronaves, em 2017. A Força Aérea do Sri Lanka (SLAF) operou quatro aeronaves também ex-FAA entre 1993 e 1997, com as aeronaves participando ativamente na guerra civil do país. Duas aeronaves foram abatidas pelos rebeldes e uma foi perdida devido a uma explosão prematura de uma de suas bombas. A única aeronave sobrevivente foi retirada de serviço e preservada.

Pucarás do Sri-Lanka

Vários países tentaram adquirir o Pucará, mas devido a vários fatores, as vendas não foram efetuadas. Dentre essas propostas fracassadas está a do Brasil. Em 1990 a Força Aérea Brasileira (FAB) anunciou a compra de 30 IA-58A como parte do Projeto SIVAM, de implantação de radares de vigilância aérea e o estabelecimento de esquadrões de caça e ataque leve na Amazônia brasileira, mas com o desenvolvimento do Embraer EMB 314 (A-29) Super Tucano, o pedido foi cancelado.

Na Argentina, durante a década de 2000, diversos projetos de atualizar e modernizar as veteranas aeronaves ainda em operação foram estudadas, mas sem sucesso. Em 2019, a Força Aérea Argentina foi obrigada a retirar de serviço, principalmente por falta de peças de reposição dos motores turboélice Turbomeca Astazou (que já não eram produzidas há anos) os últimos Pucarás (cerca de 30-40 aeronaves) de operação.

Mesmo assim, existe um projeto de “ressucitar” a veterana aeronave de ataque e contra-insurgência, agora no papel de uma aeronave de vigilância e patrulha de fronteira, com o projeto sendo chamado de “Pucará Fênix” (“Pucará Fénix”), com as células sendo revisadas e repotencializadas com os motores Pratt & Whitney Canada PT-6A-62 aprimorados, novas hélices de quatro pás, um módulo eletro-óptico Fixview e um sensor infravermelho (EO/IR) e datalink. A atualização inicialmente foi autorizada pelo governo argentino em 2021, mas no momento está paralisada, com a intenção da FAA de atualizar cerca de 20 a 25 aeronaves, que poderiam voar por mais 15 a 20 anos.

Conclusões

O FMA IA 58 Pucará foi mais uma inovadora aeronave fabricada pela Argentina, que produziu uma aeronave de baixo custo operacional e bastante eficiente, que foi capaz de enfrentar uma moderna força como a da Inglaterra na Guerra das Malvinas em 1982. Mesmo com as limitações do projeto, como descrito acima, o Pucará conseguiu preocupar os ingleses durante o conflito, principalmente pelo fato de estarem baseados nas ilhas durante a guerra.

A robustez de sua fuselagem e a facilidade de operação pelas equipes de terra, além de operar uma grande variedade de armas simples, eram os pontos positivos do projeto, mas a falta de uma versão com aviônicos mais avançados e motores mais potentes foi determinante para o relativo fracasso de exportação da aeronave para diversos países, bem diferente da moderna e mais dinâmica aeronave brasileira Embraer EMB 314 Super Tucano, um grande sucesso de exportação mundial.

Em 2024 não há nenhum país operando o Pucará até o momento, apesar do “Projeto Fênix” da Argentina, que pretende continuar a história de uma guerreira aeronave que, apesar do projeto ter mais de 50 anos, ainda pode continuar sua impressionante história.

AGRADECIMENTO: Ao Senhor Victor Hugo Martinón (VGM = Veterano da Guerra das Malvinas), que colaborou com relatos pessoais sobre o translado do Pucará do continente até as ilhas.

Marinha do Paquistão esperar iniciar em 2026 o uso do Embraer Lineage 1000 de patrulha marítima

 



A Marinha do Paquistão está pronta para fortalecer suas capacidades marítimas com a futura incorporação das aeronaves Embraer Lineage 1000 modificadas, prevista para 2026, de acordo com um vídeo do canal Defense 360°.

Como parte do projeto Sea Sultan, esses jatos estão sendo convertidos pelas empresas Leonardo e Paramount Aerospace Systems para desempenhar funções de patrulha marítima de longo alcance.

Equipadas com recursos de ponta, como medidas de suporte eletrônico (ESM), radar AESA, capacidade de lançamento de torpedos e comunicações via satélite, essas aeronaves substituirão a antiga frota de P-3C Orion.

O Almirante Naveed Ashraf destacou o impacto estratégico dessas modernas aeronaves de patrulha, que irão complementar plataformas existentes como o ATR 72. Um aspecto crítico do projeto é a colaboração com empresas sul-africanas, incluindo as contribuições da Aerosud para interiores especializados, transformando esses jatos comerciais em potentes ativos marítimos.

Essa modernização faz parte dos esforços contínuos do Paquistão para reforçar a segurança marítima no Mar da Arábia, como parte de uma série de atualizações em sua defesa.

A introdução dessas aeronaves representa um avanço tecnológico significativo e demonstra o compromisso do Paquistão em manter uma forte presença marítima na região. Importante também para a Embraer, que passa a contar com um modelo de aplicação prática para seus jatos executivos configurados para patrulha marítima.



sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Portugal investe €200 Milhões na aquisição de 12 aeronaves A-29N Super Tucano

 

A-29N Super Tucano

Após as discussões técnicas e negociais decorridas desde a autorização dada pela Resolução do Conselho de Ministros aprovada em 4 de julho de 2024, aprovou uma Resolução do Conselho de Ministros que investe cerca de 200 milhões de euros na aquisição de doze aeronaves A-29N Super Tucano, simulador de voo e bens e serviços de sustentação logística, à Embraer, S.A., e ainda a plena concretização do programa de aquisição e sustentação das aeronaves.




O projeto envolverá uma forte participação da indústria portuguesa em áreas altamente tecnológicas, tendo em vista a reconfiguração das aeronaves para os padrões e especificações NATO.


Cockpit do A-29 Super Tucano

FONTE: Comunicado do Conselho de Ministros de 12 de dezembro de 2024

quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

F-14A Tomcat no Iran Airshow 2024

 

Nas imagens, o F-14A Tomcat da Força Aérea da República Islâmica do Irã, no Iran Air Show 2024. Talvez essa seja a última apresentação pública dos F-14 iranianos, que deverão ser substituídos por caças Sukhoi Su-35SE.

O Iran Airshow é um dos principais eventos dedicados à aviação e tecnologia aeroespacial no Irã, realizado na Ilha de Kish, um destino estratégico no Golfo Pérsico. Este evento bienal reúne empresas, especialistas e entusiastas de todo o mundo para apresentar as inovações mais recentes no setor aeronáutico, militar e comercial, além de promover parcerias e colaborações internacionais.

O Grumman F-14A Tomcat, um dos caças mais icônicos da história da aviação militar, desempenhou um papel essencial na defesa aérea do Irã desde que foi adquirido pela Força Aérea Iraniana (IRIAF) na década de 1970. Antes da Revolução Islâmica de 1979, o Irã era um dos principais aliados dos Estados Unidos no Oriente Médio, o que levou à compra de 79 unidades do F-14A Tomcat em 1976. Essas aeronaves, combinadas com os mísseis AIM-54 Phoenix de longo alcance, foram concebidas para proteger o espaço aéreo iraniano contra ameaças, particularmente da União Soviética, e rapidamente se tornaram a espinha dorsal da defesa aérea do país.

Com a Revolução Islâmica e o rompimento das relações diplomáticas com os Estados Unidos, o fornecimento de peças de reposição e suporte técnico foi interrompido, colocando desafios significativos para a manutenção da frota. Apesar disso, os engenheiros iranianos desenvolveram notáveis capacidades de manutenção local, garantindo a operacionalidade do Tomcat. Durante a guerra Irã-Iraque (1980-1988), o F-14A desempenhou um papel fundamental, abatendo aeronaves iraquianas e estabelecendo uma forte dissuasão aérea. Relatos indicam que o Tomcat foi responsável por derrubar dezenas de aeronaves inimigas, incluindo caças MiG-21, MiG-23 e Mirage F1.

A capacidade única do F-14A de operar o sofisticado radar AN/AWG-9 e os mísseis AIM-54 Phoenix permitiu que ele desempenhasse missões de interceptação além do alcance visual, algo inédito na região na época. Essa combinação tecnológica fez do Tomcat uma arma formidável contra formações aéreas adversárias. Mesmo enfrentando limitações logísticas, a IRIAF conseguiu adaptar as táticas de combate para maximizar o potencial da aeronave, frequentemente empregando-a como uma plataforma de comando e controle para outras unidades aéreas.

Nos anos subsequentes, o Irã investiu significativamente na modernização da frota de F-14A. Utilizando uma combinação de engenharia reversa, tecnologia nacional e componentes adquiridos no mercado clandestino, o país conseguiu não apenas manter a frota operacional, mas também atualizá-la. Isso incluiu melhorias nos sistemas eletrônicos, integração de armamentos de fabricação local e a substituição de peças críticas. Essas atualizações permitiram que o F-14A continuasse relevante, mesmo décadas após sua introdução.

Hoje, o F-14A Tomcat permanece um símbolo do poder aéreo iraniano e da resiliência de sua força aérea.


terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Conheça os principais caças utilizados por Israel na guerra contra o Hamas

 

Aviões de combate israelenses de última geração têm bombardeado a Faixa de Gaza, muitas vezes com armas guiadas

Caças F-15I, F-15C e F-16C, da Força Aérea Israelense, e F-15E, dos Estados Unidos

Caças F-15I, F-15C e F-16C, da Força Aérea Israelense, e F-15E, dos Estados Unidos

Desde o último dia 7, as Forças de Defesa de Israel (IDF) lideram a Operação Espadas de Ferro em resposta aos intensos ataques do grupo fundamentalista Hamas. O país oficialmente declarou guerra contra os militantes na Faixa de Gaza, algo que não ocorria havia 50 anos. O mundo voltou sua atenção para o conflito no Oriente Médio, desviando o foco do confronto entre a Ucrânia e a Rússia.

Nesse cenário, as redes sociais foram inundadas com imagens da guerra, incluindo as ações da Força Aérea Israelense (IAF), que bombardeia Gaza com seus aviões de combate. Um artigo do jornalista Gabriel Centeno, da Aaeroflap, destaca os principais caças usados pelo país nos conflitos recentes.

Reconhecida por ser uma das Forças Aéreas mais experientes em combate, a IAF também está entre as mais bem equipadas da região. A maior parte de sua frota de caças é composta de F-15 e F-16, de vários modelos. O destaque fica por conta do Stealth F-35, que recebe o nome de Adir no país.

Esses três modelos foram amplamente utilizados no combate contra os jihadistas, contando com o apoio de outras aeronaves de inteligência, transporte e carga, bem como helicópteros de ataque.

O F-16I Sufa, da Força Aérea Israelense, possui tanques de combustível conformados montados na fuselagem
O F-16I Sufa, da Força Aérea Israelense, possui tanques de combustível conformados montados na fuselagem

F-16 – O mais numeroso

Historicamente, Israel é um dos maiores operadores do F-16, tendo adquirido 362 unidades do modelo desde sua primeira compra, em 1978. Desde então, o F-16 tornou-se uma peça fundamental, sendo empregado tanto em combates aéreos quanto em operações de ataque ao solo.

Nas mãos de Israel, a aeronave americana foi protagonista de uma das operações mais audaciosas da história: o ataque ao reator de Osirak.

Os israelenses são conhecidos por customizar seus equipamentos, e com o F-16 não é diferente. Nas operações contra o Hamas, destacam-se o F-16C/D Barak e o F-16I Sufa. Essas variantes receberam uma série de atualizações em eletrônicos de fabricação local, incluindo computadores de missão e sistemas de guerra eletrônicos.

Além disso, foram incorporadas armas produzidas no país, como mísseis Python e Derby, sistemas de interferência Elta e bombas Spice, utilizadas em conjunto com armamentos dos Estados Unidos.

A Força de Defesa/Força Aérea de Israel encomendou um total de 362 F-16, desde os primeiros F-16A/B até os mais recentes F-16I. Dentre essas aeronaves, 50 eram excedentes da Força Aérea dos Estados Unidos (Usaf) e foram concedidas a Israel pelos EUA como parte de um acordo de compensação por seu papel durante a Guerra do Golfo, de 1991, apesar dos ataques com mísseis Scud.

Todas as aeronaves F-16 israelenses estão equipadas com sistemas eletrônicos personalizados desenvolvidos em Israel.

Os F-16 israelenses têm um extenso histórico de uso em combates, tendo realizado 47 missões até o momento. Além disso, desempenharam um papel crucial no ataque ao reator nuclear iraquiano em Osirak.

Atualmente, a Força Aérea Israelense (IAF) mantém cerca de 224 F-16 Sufa e Barak em operação.

Caça-bombardeiro F-15I Ra'aam, da Força Aérea Israelense
Caça-bombardeiro F-15I Ra'aam, da Força Aérea Israelense

F-15 – Caça-bombardeiro pesado

Israel foi o primeiro cliente de exportação a operar o lendário F-15 Eagle e utiliza o modelo desde 1977. Localmente chamado de Baz (Eagle), foi nas mãos dos pilotos da IAF que o caça alcançou sua primeira das 104 vitórias em combate.

A IAF é a única operadora das versões legadas (A, B, C e D) do F-15 empregadas em missões de ataque ao solo, enquanto outros países utilizam essas versões principalmente para combates aéreos.

Além disso, no fim da década de 1990, Israel adquiriu o F-15E Strike Eagle, conhecido como Ra'am (trovão). Assim como o F-16, o F-15 também passou por integração de armamentos e sistemas eletrônicos produzidos localmente.

Atualmente, a IAF mantém 84 aeronaves em serviço, distribuídas entre três esquadrões: Spearhead, Hammers e Twin-Tail Knights, além do Centro de Testes de Voo. Em 2020, a IAF assinou um contrato para a compra de 25 jatos F-15EX, uma versão mais recente do Eagle, e também planeja modernizar seus F-15I para o novo padrão.

Em janeiro deste ano, Israel enviou um pedido oficial aos Estados Unidos para a compra de 25 caças avançados F-15EX para reforçar sua capacidade de ataque ao Irã, como divulgado pelo site de notícias Breaking Defense. O Ministério da Defesa enviou uma carta de solicitação oficial aos EUA, marcando o primeiro passo no processo de aquisição das aeronaves de combate fabricadas pela Boeing.

F-35IAdir taxia em Nevatim
F-35IAdir taxia em Nevatim

F-35 – Estado da arte

O caça mais moderno e capacitado de todo o Oriente Médio está em serviço na Força Aérea Israelense desde 2017. Israel é parceiro do programa F-35 há 20 anos e, em 2018, tornou-se o primeiro país a utilizar o polêmico jato americano em combate.

Assim como nos modelos mencionados anteriormente, a IAF também realizou personalizações no F-35. Além disso, é a única operadora fora dos Estados Unidos a ter recebido um modelo de teste, devido à sua tradição em adaptar aeronaves. Os 36 F-35I Adir são baseados na instalação aérea de Nevatim e operados pelo 117º Esquadrão.

A partir de 2019, um novo esquadrão, composto de 19 jatos F-35, foi incorporado à Força Aérea Israelense, após a confirmação da decisão de adquirir outro lote de aeronaves, de acordo com a IAF e funcionários do governo.

Essas aeronaves recentemente projetadas representam um avanço em relação ao F-16I, especialmente com a inclusão de nova tecnologia furtiva e sistemas eletrônicos de última geração.

O Lockheed Martin F-35 é considerado uma das aeronaves mais avançadas e capazes em produção. Ele se tornou a primeira aeronave com baixa assinatura de radar em serviço na IAF, o que significa que utiliza tanto sua fuselagem quanto seus componentes eletrônicos para se tornar praticamente invisível aos radares inimigos e a outros dispositivos de detecção.

Em muitos aspectos, o F-35 é visto como uma versão moderna do F-16, que já estava em uso pela IAF. Ele foi projetado como uma pequena aeronave monomotor. O Ha-Adir é extremamente versátil, sendo capaz de realizar qualquer tipo de missão, desde apoio aéreo aproximado até operações em qualquer condição climática, além de combates aéreos dentro e fora do alcance visual.

Por que ele é chamado de caça de quinta geração? Isso se deve a duas razões principais: tecnologia furtiva e sistemas eletrônicos avançados. A tecnologia stealth permite que a aeronave voe praticamente indetectável por qualquer inimigo. Durante vários anos, esses sistemas foram considerados muito caros para ser usados em aeronaves menores, sendo empregados apenas em bombardeiros maiores e mais caros, como o B-2 ou o F-117.

O F-35 recém-desenvolvido permite a incorporação dessas características com um custo de manutenção relativamente baixo, de acordo com a própria IAF.

Helicóptero AH-64D Apache
Helicóptero AH-64D Apache

AH-64D Apache

O AH-64 Apache, da Boeing IDS, dos Estados Unidos, é amplamente reconhecido como um dos melhores helicópteros de ataque do mundo, com um histórico de sucesso em operações realizadas em ambientes hostis.

No Exército dos Estados Unidos, destacam-se dois modelos do AH-64: o AH-64A e o AH-64D. Variantes B e C foram produzidas, mas não foram adotadas para serviço ativo. Além disso, outras variantes foram desenvolvidas a partir dos modelos A e D para exportação. O modelo britânico Westland WAH-64 é tem como base o AH-64D e incorpora várias melhorias.

No entanto, em Israel, o modelo enfrentou problemas técnicos que levaram à proibição de voos em maio deste ano. O chefe da Força Aérea Israelense, Tomer Bar, decidiu manter a frota de Boeing AH-64D Apaches — conhecidos em Israel como Seraph — em terra até que uma inspeção técnica minuciosa fosse realizada.

Em junho passado, as autoridades militares aprovaram o retorno do modelo às operações, embora sem entrar em detalhes sobre as falhas técnicas.

O AH-64 Apache foi projetado para operar em ambientes hostis nas linhas de frente, permitindo operações tanto durante o dia quanto à noite e em condições atmosféricas adversas. Ele possui um sistema de capacete integrado e tela que permite a operação noturna.

Além disso, o Apache está equipado com tecnologia avançada em aviônica e eletrônica, incluindo o Sistema de Designação e Aquisição de Alvos (TADS/PNVS, na sigla em inglês), que fornece visão noturna ao piloto, contramedidas passivas de infravermelhos, como o "Black Hole", e outros recursos, como GPS.

Soldado da IAF verifica um JDAM GBU-31
Soldado da IAF verifica um JDAM GBU-31

Bombas JDAM 

Munições Conjuntas de Ataque Direto, ou JDAM, é o nome que representa uma das principais armas utilizadas pelos jatos israelenses em sua contraofensiva contra o Hamas. Desenvolvido pela McDonnell Douglas, o JDAM é um kit que transforma uma bomba convencional em uma arma inteligente, guiada por GPS.

O JDAM pode ser adaptado a todas as bombas da série Mk.80, sendo a maior delas a Mk.84. Quando equipada com o JDAM, a Mk.84 se torna a GBU-31. Este é o modelo utilizado pela Força Aérea Israelense (IAF) para demolir edifícios em Gaza.