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quinta-feira, 29 de maio de 2025

AF-1 Falcão: O velho guerreiro da marinha do brasil

 Skyhawks Marinha do Brasil

A história dos Skyhawks brasileiros teve seu primeiro passo com a assinatura do Decreto Presidencial nº 2538, de 8 de abril de 1998, conhecido como “Lei da Asa Fixa”, que permitiu à Marinha do Brasil operar depois de quase 50 anos de restrições, aeronaves de asa fixa.

A Marinha estipulou rapidamente os requerimentos para a aeronave: capacidade de ataque marítimo, boa autonomia e possibilidade de operação em bases terrestres e porta-aviões. A competição contou com quatro jatos: os estadunidenses Vought A-7 Corsair II e McDonnell Douglas A-4 Skyhawk, o britânico British Aerospace Harrier e o francês Dassault Super Étendard.

Apesar do Super Étendard ser o preferido pela Marinha, devido a experiência prévia das forças armadas com a manutenção e operação dos aviões Dassault – a época, a FAB operava os Mirage III – e a enorme capacidade dessas aeronaves (provada na Guerra das Malvinas), o valor pedido pelas aeronaves foi considerado alto demais para os minguados recursos a disposição.

O mesmo fator contribuiu para que o BAE Harrier também saísse do páreo, enquanto o A-7 Corsair II, apesar do preço atrativo e boa capacidade, se demonstrava pesado e grande demais para operar a bordo do antigo porta-aviões brasileiro NAeL Minas Gerais.

Assim, a escolha recaiu sobre os pequenos e capazes A-4 Skyhawk. Os modelos mais atrativos disponíveis no mercado eram um lote de 23 unidades, fabricadas entre 1977 e 1978, e que estavam entre os últimos A-4 produzidos pela McDonnell-Douglas.

Os modelos pertenciam à família A-4M Skyhawk II, sendo uma versão especial de exportação para a Força Aérea do Kuwait, sob a designação A-4KU. As diferenças entre os dois modelos eram a simplificação dos aviônicos, além da remoção da capacidade de uso de armas nucleares e táticas, como os mísseis anti-radiação Shrike e a bomba inteligente Walleye.

Skyhawks
Por um breve período de tempo, os AF-1 brasileiros mantiveram a camuflagem padrão-deserto, uma herança dos seus ex-donos. Créditos: Desconhecido

Apesar de considerados “semi-novos”, os A-4KU haviam tido uma vida agitada, aguentando durante duas décadas as condições climáticas adversas do deserto das arábias. Além disso, essas aeronaves participaram ativamente de combates pela Força Aérea Kuwaitiana, especialmente durante a Guerra do Golfo, antes de chegarem às mãos dos militares brasileiros.

A transação entre Brasil e Kuwait foi intermediada pelos Estados Unidos, com o negócio sendo avaliado em US$70 milhões à época. No pacote, foram fornecidos 20 monopostos A-4KU e três modelos bipostos do tipo TA-4KU.

INTRODUÇÃO EM SERVIÇO

As aeronaves chegaram encaixotadas no Brasil no dia 5 de setembro de 1998, sendo desembarcadas em Arraial do Cabo, litoral do estado do Rio de Janeiro. Assim que os trâmites aduaneiros foram resolvidos, as aeronaves foram transferidas para a Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia (BAeNSPA), o centro nervoso das unidades aéreas da força naval.

O recebimento dos modelos seria apenas a primeira etapa no processo, que culminaria com a formalização da criação do 1º Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque (EsqdVF-1), designado como “Esquadrão Falcão”, em outubro de 1998.

Outros fatores alheios corriam em paralelo com o recebimento das aeronaves, tais como a montagem de toda a infraestrutura necessária para a chegada e operação dos aviões, incluindo adequações na própria estrutura física da BAeNSPA, construção do hangar, prédio administrativo, reforma e ampliação da pista de pousos e decolagens, aquisição de equipamentos de apoio e a escolha e treinamento das Praças e Oficiais da nova Unidade Aérea.

Junto com a base, as aeronaves passariam por um enorme processo de remontagem e checagem de todos os componentes, que seria completado somente no começo de 2000. Além disso, as ex-aeronaves Kuwaitianas passaram por outras mudanças, para se adaptarem aos seus novos donos. A primeira delas foi sua redenominação: os A-4KU receberam a designação AF-1 “Falcão”, enquanto os TA-4KU viraram os AF-1A.

A seguir, foi a vez de uma mudança cosmética. Devido a seus donos anteriores, os A-4 chegaram ao Brasil com uma camuflagem adaptada ao deserto, com padrões marrom e areia, que obviamente não atendia aos padrões e exigências da Marinha do Brasil. Assim, uma boa camada de tinta em três tons de cinza e a colocação da insígnia tricolor verde-amarelo-azul sobre o motor deram os toques finais no modelo, antes dos testes iniciais de voo.

Por falta de pessoal especializado na pilotagem do modelo no Brasil, a Marinha subcontratou pilotos americanos para realizar os primeiros testes, enquanto a primeira turma de pilotos do VF-1 passava por treinamentos no Brasil, Argentina e nos EUA. O primeiro voo do rebatizado AF-1 “Falcão” aconteceu em 27 de março de 2000, sob o comando do Tenente-Coronel (USMC) James Edwin Rogers.

Em maio foi a vez dos pilotos da Marinha do Brasil ganharem os céus, com o Capitão-Tenente Aviador-Naval José Vicente de Alvarenga Filho tornando-se o primeiro Piloto da MB a voar o A-4/AF-1 sobre território nacional.

OPERANDO DE PORTA-AVIÕES

À medida que o esquadrão VF-1 ganhava experiência e volume em operações na BAeNSPA, atestando a sua capacidade operacional máxima em fins de 2000, era chegada a hora do próximo passo na evolução da unidade: a adaptação do esquadrão para seu fim originário, que era a operação a partir de sua “base flutuante”, ou seja, do porta-aviões NAeL Minas Gerais (A-11).

Incorporado a esquadra em 1960, a embarcação havia passado por uma extensa reforma em 1999 para acomodar as esperadas operações dos AF-1, visto que, anteriormente, as aeronaves mais potentes a operar na belonave haviam sido os Grumman S-2 Tracker (P-16A) turboélices.

Principalmente, as modificações no porta-aviões tinham foco no sistema de comunicações, com a introdução da Estação Móvel Naval de Comunicações por Satélite (EMN) integrada ao Sistema de Comunicações Militares por Satélite (SISCOMIS), além de atualizações nos sistemas de decolagem (catapultas) e pousos (vetoração e ganchos).

Skyhawks
A extensão do poderio aéreo da MB com operações em porta-aviões sempre foi um dos grandes objetivos do projeto AF-1. Créditos: Rob Schleiffer via Flickr

O refit estava pronto para testes reais em setembro de 2000, quando pousos simulados, conhecidos como toque e arremetida (touch-and-go), sem uso de ganchos para parada, começaram a ser feitos pelos AF-1/A-4. O primeiro pouso enganchado reconhecido de um AF-1 a bordo do Minas Gerais ocorreu na missão CATRAPO (operações de decolagem com auxílio de catapulta e pouso com aparelho de parada) no dia 13 de janeiro de 2001, pelo Comandante (USN) Daniel G. Canin, um dos adidos militares americanos ao projeto AF-1.

No mesmo dia, foi a vez do Capitão-Tenente Aviador-Naval Fernando Sousa Vilela repetir o feito, tornando-se o primeiro piloto da Marinha Brasileira a pousar um A-4 no porta-aviões.

Outro marco importante foi a primeira operação de lançamento auxiliada por catapulta, que aconteceu em 18 de janeiro, novamente com Daniel Canin. A partir deste momento, o esquadrão VF-1 começaria a obter as últimas certificações necessárias para se tornar elemento integrante da ala aérea da Marinha, atuando de forma embarcada ou da base terrestre de Arraial do Cabo.

Um fato importante da história desses primeiros testes é que a Marinha optou por não operar com os aviões bipostos a bordo do “Minas Gerais” ou qualquer outro porta-aviões futuro, como forma de evitar o desgaste excessivo precoce destas valiosas células.

Assim, apesar do consequente aprimoramento dos pilotos brasileiros na arte de operações em “bases flutuantes”, o aprendizado para os pilotos do VF-1 não havia terminado. Depois dos treinamentos de pouso e decolagem no A-11, se aproximava o momento das operações da unidade se transferirem para NAeL São Paulo (A-12), o mais novo porta-aviões da esquadra, que fora incorporado no serviço ativo da MB ainda no ano de 2000.

Isso significava a necessidade do esquadrão de se adaptar a sua nova casa, bem mais espaçosa e complexa que o antigo Minas Gerais. No entanto, a notícia foi extremamente bem recebida pelos pilotos, que sabiam das limitações do antigo porta-aviões – e que também já haviam compreendido que com o A-11, a unidade jamais teria um efetivo razoável baseado além-mar.

Isso se devia a alguns fatores, entre os quais alguns de ordem logística, visto que o próprio planejamento de treinamento embarcado no NAeL Minas Gerais não previa um programa de qualificação para guarnecimento das funções no Departamento de Aviação, mas apenas um adestramento de embarque, com a experiência de operação dos AF-1; em outras palavras, não havia previsão para se manter uma composição fixa de Skyhawks no Minas Gerais.

Skyhawks A-12
Uma das grandes vantagens do A-12 frente ao Minas Gerais era sua catapulta angular, que tinha capacidade de lançamento de 15 toneladas. Créditos: Rob Schleiffer via Flickr

Segundo, existiam os problemas mais tangíveis, como as próprias limitações mecânicas do A-11, como sua baixa velocidade, que era um problema para os pousos e decolagens dos AF-1, que necessitavam de ventos contrários próximos dos 30 nós para poderem decolar com uma carga de armamentos razoável, além do pouco espaço de armazenamento interno do porta-aviões.

A introdução do São Paulo em serviço prometia sanar todos esses problemas, abrigando um suposto grupo embarcado, que contaria em sua composição, com algo com entre 10-16 AF-1 “Falcões”. No entanto, como viria a ser comprovado nos próximos anos, a expectativa de operação tanto dos AF-1 quanto do NAeL São Paulo ficou bem abaixo do esperado.

ADEUS AO MAR

Pode se dizer que as operações dos AF-1/A-4 no NAeL São Paulo foram marcadas por muitos altos e baixos, que tiveram como baliza inicial o dia 30 de julho de 2001 (operação CATRAPO I), quando o primeiro pouso de um AF-1 se deu no convés da belonave. No dia seguinte, foi a vez da realização do primeiro lançamento de um “Falcão” por catapulta do A-12, também realizado com êxito.

Ao longo dos próximos três anos, as operações dos AF-1 no navio ocorreram com normalidade, sendo gradativamente reduzida a cooperação externa no mantenimento das aeronaves até que todo o processo passasse para mãos brasileiras. Além disso, o período foi de extrema valia para os pilotos do VF-1, que puderam operar ao lado de seus semelhantes de outras nações em exercícios militares conjuntos, tais como as operações Brasil-Argentina-Uruguai (ARAEX VI/ URUEX I, 2002) e Brasil-EUA (PASSEX, 2004).

No entanto, esse período prolífico no desenvolvimento da aviação naval brasileira teria um fim brusco em 2005: em 17 de maio, enquanto o navio saia da Baía da Guanabara para exercícios ao longo da costa do Rio de Janeiro, vapor superaquecido do sistema de catapulta vazou, causando um curto-circuito no navio e ferindo dez tripulantes gravemente, além de causar a morte de um marinheiro.

Tal acidente deu a primeira indicação clara ao público de um período turbulento que viria a acometer a arma aérea da Marinha nos próximos anos. No entanto, tais sinais já vinham se materializando desde fins de 2004, quando as próprias promessas sobre os AF-1 e suas operações se demonstravam fora do que antes havia sido estipulado.

Skyhawks A-12
Apesar de seu inestimável serviço nos seus primeiros anos pela MB, o A-12 se revelou posteriormente uma grande dor de cabeça, tanto para a Marinha, quanto para o VF-1. Créditos: S. Odair

Devido ao reduzido número de AF-1/A-4 e sua já nítida obsolescência frente aos modelos de aeronaves operadas por outras marinhas, não é de se surpreender que a taxa de atrito tenha reduzido gradativamente o número de AF-1 sediados no NAeL São Paulo, que quase sempre estavam abaixo da dotação nominal mínima de 10 aeronaves. A rotação dos AF-1 na estação tinha que ser alta, visto o desgaste que as operações em porta-aviões causavam nos valiosos modelos.

Atento a isso, o Alto-Comando da Marinha já havia iniciado estudos para a implementação do Programa de Atualização de Meia-Vida (conhecida pela sigla MLU) para as aeronaves adquiridas entre 1997/98. O projeto inicial previa que doze AF-1 monopostos fossem elevados para o padrão AF-1M, com novos aviônicos e uma revitalização completa da nacele e superfícies de voo.

No entanto, os problemas com o NAeL São Paulo a partir de 2005, e que se estenderam ao longo do resto da vida útil da belonave, engavetaram os projetos iniciais de reforma dos AF-1. A desculpa final residia no fato de que sem um porta-aviões, não haviam razões para a utilização de fundos para a modernização das aeronaves.

Assim, sem sua base marítima e sem modernizações, os AF-1 foram restringidos a voltar a operar somente da BAeNSPA, em São Pedro da Aldeia, em meados de 2005.

UM NOVO FALCÃO RECOBRA OS CÉUS

Os anos de operação do esquadrão VF-1 com os AF-1/1A Falcão demonstraram todas as capacidades do avião no cumprimento de suas missões, que exigiam o máximo das aeronaves. Entretanto, a constante evolução tecnológica dos sensores eletrônicos, armamentos e das táticas reduziu progressivamente a capacidade dos modelos, que se encontravam, no final dos anos 2000, reduzidos a um papel meramente ilustrativo na lista de ativos da Marinha.

Mesmo que pertencentes a um dos últimos lotes A-4 produzidos, os AF-1 eram aeronaves de segunda geração, equipadas com sistemas analógicos de ataque e navegação. Isso contrastava enormemente com outras forças aeronavais, que já tinham em seus arsenais modelos de quarta e até mesmo quinta geração.

Skyhawks A-4
A modernização dos Skyhawks tomou contornos dramáticos no fim dos anos 2000, quando a Aviação Naval urgia por uma imediata atualização dos sistemas de voo dos A-4. Créditos: Marinha do Brasil

Assim, em meados de 2009, a Marinha resgatou a ideia de modernização dos AF-1, inicialmente planejando submeter 12 células ao processo. O contrato para a total reconstrução dos modelos foi assinado com a Embraer, que ofereceu uma proposta semelhante àquela realizada nos F-5M da FAB.

Orçado em US$106 milhões, o acordo entre a Marinha do Brasil e a Embraer Defesa e Segurança extrapolou os valores iniciais orçados pela MB, e, por conta disso, o número de aeronaves modernizadas saiu das 12 originárias para apenas sete.

Os trabalhos se iniciaram em 2010, com a expectativa de conclusão do programa em 2015. No entanto, seria apenas em 2022 que o último modelo modernizado seria entregue à Força Aérea Naval.

O programa “AF-1M” envolveu a instalação de um novo sistema Head-Up Display (HUD) integrado a dois displays multifunção (CMFD), com sistema de navegação inercial e data link, controle de voo tipo alavanca do acelerador e no manche de controle de voo (HOTAS), adoção de um moderno radar pulso-doppler ELTA Systems EL/M-2032, rádios Rohde & Schwarz, receptor de alerta de radar (RWR) da Elbit Systems, além da completa revisão de todos os demais componentes estruturais da aeronave.

Além disso, foi efetuada a retirada dos dois canhões de 20 mm da aeronave, localizados à frente das entradas de ar do modelo, devido a problemas de funcionamento e otimização de peso. Apesar disso, a capacidade de rápida reinstalação dos canhões foi mantida, em caso de necessidade.

Skyhawks A-4
O crepúsculo do Falcão: com a exceção do Brasil, apenas a Argentina continua a operar o A-4, uma aeronave que completa em 2025 74 anos de serviço operativo. Créditos: Marinha do Brasil

Devido a extensiva modernização das fuselagens, os “novos” aviões passaram a receber as seguintes designações: AF-1B para os monopostos e AF-1C para as bipostos. No total, o programa contemplou sete aeronaves, sendo cinco atualizadas para o padrão AF-1B e duas para o AF-1C.

Em 2025, a composição do VF-1, que se encontra sediado na base de São Pedro da Aldeia, está constituída em seis aeronaves: quatro AF-1B e dois AF-1C. Um dos AF-1B fora perdido em um acidente aéreo em julho de 2016, um grande prejuízo para a já reduzida unidade aérea.

Apesar disso, a unidade se encontra atualmente em plena atividade operacional, participando ativamente de manobras como a CRUZEX e a Operação Formosa. Sem um substituto imediato à vista, a Marinha espera que os AF-1 continuem voando até 2030, ou seja, mais de 50 anos desde a entrada dos A-4KU originais em serviço, e 30 como elementos onipresentes da Arma Aeronaval Brasileira.

FAB mostra força da sua frota de KC-390 em exercício operacional

 

Jatos KC-390 da FAB durante treinamento em Goiás

Fotos de uma esquadrilha tática de quatro cargueiros multimissão KC-390 Millenium da Força Aérea Brasileira (FAB) chamaram a atenção por demonstrarem o poder da aviação de transporte do Brasil. As imagens, captadas por Müller Marin, ocorreram durante o exercício operacional AIRLIFT-COMAO 2025, que ocorre até o dia 6 de junho a partir da Base Aérea de Anápolis (BAAN).

O exercício reúne mais de 400 militares da FAB e 600 do Exército Brasileiro (EB) em um cenário simulado de guerra regular, com foco em ações conjuntas e de alta complexidade. Coordenado pelo Comando de Preparo (COMPREP), o treinamento busca consolidar a doutrina da Aviação de Transporte e adestrar as tripulações em missões aéreas compostas, em um ambiente que simula um conflito armado real. As operações envolvem aeronaves de Transporte, Caça, Reconhecimento e Asas Rotativas, além de tropas de infantaria, forças especiais e defesa antiaérea.

Além dos KC-390, participam caças F-39 Gripen, A-1M e F-5EM, além de helicópteros H-60 Black Hawk, avião-radar E-99M cargueiros C-105 Amazonas, além de meios de defesa antiaérea. O Exército Brasileiro contribui com tropas paraquedistas e forças especiais. O destaque fica para uso intensivo de óculos de visão noturna (NVG do inglês – Night Vision Goggles), sistemas de autodefesa e a realização de missões compostas (COMAO), que exigem elevada coordenação tática entre diferentes plataformas.

Exercício AIRLIFT-COMAO 2025

Frota numerosa, mas poderia ser maior

Desenvolvido no Brasil com a expectativa de revolucionar o mercado de aviação de transporte tática ao oferecer soluções mais avançadas que às do tradicional C-130 Hércules, o KC-390 Millenium começou com uma ampla encomenda de 28 aeronaves para a FAB, realizada em 2014. Porém,  em 2022, a encomenda original de 28 KC-390 foi reduzida pelo então Governo Federal, sendo definido o número de 19 unidades. 

Em Nota Oficial publicada em maio de 2021, a FAB informou que o número previsto de 28 aeronaves estava acima da sua realidade orçamentária e que as análises para o corte começaram em 2019, quando houve mudança no Palácio do Planalto. Houve estudos para um corte ainda maior, que reduziria a encomenda para apenas 15 unidades.

Recebimento de KC-390 na sede da Embraer em Gavião Peixoto (SP)

O ritmo de entrega também caiu: foram dois aviões recebidos em 2019 (4 de setembro e 13 de dezembro), duas em 2020 (27 de junho e 19 de dezembro), nenhuma em 2021, uma em 2022 (16 de fevereiro), uma em 2023 (16 de junho) e uma em 2024. A previsão é a de que as últimas sejam entregues em 2034. A frota atual, de sete unidades, é operada pelos Esquadrões Zeus e Gordo, sediados em Anápolis (GO) e Rio de Janeiro (RJ).

Apesar dos cortes, a FAB ainda detém a maior expectativa de frota de KC-390 do mundo. Há vendas confirmadas para Hungria (2), Portugal (5), Países Baixos (5), Áustria (4), República Tcheca (2) e Suécia (4). A Coreia do Sul e um país não identificado já selecionaram o KC-390, sendo que os coreanos ainda não definiram a quantidade e a outra encomenda é de um par.

quarta-feira, 28 de maio de 2025

Acesso aos códigos-fonte e ToT: o acerto estratégico do Brasil ao escolher o Gripen

 



Recentemente, conforme a mídia indiana tem publicado com destaque, a francesa Dassault Aviation rejeitou firmemente o pedido da Índia de acesso aos códigos-fonte dos 62 caças Rafale que adquiriu, como será mostrado na reportagem reproduzida no final desta matéria. A Índia busca esses códigos - que controlam sistemas críticos como o radar AESA (Thales RBE2) e o computador de missão modular (MMC) - para integrar armas e sistemas aviônicos desenvolvidos localmente, como o míssil Astra e o Rudram, e alcançar maior autonomia operacional sob a iniciativa "Atmanirbhar Bharat" (Índia Autossuficiente).

Com base nesse fato e em diversas outras considerações, esta Consultoria acredita que a decisão brasileira de escolher o caça sueco Saab JAS 39 Gripen E/F no âmbito do programa F-X2 (iniciado em 2008 e concluído com a assinatura do contrato em 2014) foi um grande acerto estratégico, especialmente quando analisada sob a perspectiva do acesso aos códigos-fonte e da transferência de tecnologia (ToT), haja vista que reflete uma combinação de fatores técnicos, econômicos, políticos e estratégicos que posicionam o Brasil de maneira vantajosa no cenário aeroespacial e de defesa.

A seguir, são abordados os principais pontos que sustentam essa afirmação, com base nas informações disponíveis e em uma análise crítica.

Acesso aos códigos-fonte: autonomia e flexibilidade tecnológica e operacional
Um dos pilares centrais da escolha do Gripen foi o compromisso da Saab em oferecer acesso irrestrito aos códigos-fonte do caça, algo que os concorrentes (Boeing F/A-18 Super Hornet e Dassault Rafale) não conseguiram igualar de forma tão abrangente. O acesso aos códigos-fonte permite à Força Aérea Brasileira (FAB) e à indústria nacional, como a Embraer, realizar atualizações, integrações de novos sistemas e armamentos, além de manutenções de forma autônoma.

Isso é crucial para:

- Independência operacional: o Brasil pode integrar armamentos e sensores de origem diversa, bem como modificar o software dos sistemas de missão, radares e armamentos sem necessidade de autorização estrangeira, adaptando o Gripen às suas necessidades específicas, como o sistema de comunicação Link BR2, desenvolvido localmente. Essa flexibilidade reduz a dependência de fornecedores estrangeiros, um fator estratégico em um cenário geopolítico onde sanções ou restrições de exportação podem limitar o acesso a tecnologias sensíveis.

- Maior segurança cibernética e operacional: o Gripen permite ao operador instalar sistemas de criptografia nacionais, o que impede a interceptação ou espionagem por países terceiros. Outros caças frequentemente impõem a adoção de sistemas proprietários e controlados externamente.

O Gripen também não depende de  redes externas que centralizam dados de manutenção e operação (como o sistema ALIS/ODIN dos EUA), evitando riscos de bloqueio remoto ou coleta de dados sensíveis por terceiros.

- Sustentabilidade a longo prazo: com uma arquitetura de software aberta, o Gripen pode ser atualizado ao longo de sua vida útil (estimada em 40 anos), incorporando tecnologias emergentes, como capacidades furtivas ou integração com drones, sem a necessidade de aprovações externas.

- Segurança nacional: o controle sobre os códigos-fonte minimiza riscos de vulnerabilidades ou interferências externas, especialmente em um contexto de tensões geopolíticas, como as mencionadas em postagens recentes que alertam para possíveis pressões dos EUA devido à aproximação do Brasil com países como Rússia e China.

Esse nível de controle é raro em contratos internacionais de defesa e representa um salto qualitativo para a Força Aérea Brasileira (FAB) em termos de soberania militar.

Transferência de Tecnologia: um salto para a indústria nacional
O programa de ToT associado ao Gripen é descrito como o maior da história da Suécia e o mais extenso em curso no Brasil. Ele envolve mais de 600 mil horas de treinamento e 62 projetos, abrangendo áreas como sistemas de comunicação, integração de armamentos, ensaios em voo, aviônicos, aerodinâmica e produção de componentes estruturais.

Os principais benefícios incluem:

- Capacitação da indústria brasileira: cerca de 350 profissionais brasileiros, incluindo engenheiros e técnicos, foram treinados na Suécia, participando de atividades práticas (on-the-job training) em Linköping. Esses profissionais retornam ao Brasil para multiplicar o conhecimento, fortalecendo empresas como Embraer, AEL Sistemas, Akaer, Kryptus e Atech, além do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA/FAB), resultando na participação direta da indústria nacional no desenvolvimento, montagem e produção de partes significativas das aeronaves, assim como no estabelecimento de um centro de desenvolvimento em Gavião Peixoto (SP), permitindo a capacitação de engenheiros e técnicos brasileiros.

- Integração na cadeia global de suprimentos: empresas brasileiras, como a AEL Sistemas, tornaram-se fornecedoras globais da Saab, produzindo displays avançados (WAD, HUD e HMD) para todos os Gripen E/F, o que posiciona o Brasil como um potencial centro de exportação de componentes de alta tecnologia.

- Desenvolvimento local: a linha de produção do Gripen E em Gavião Peixoto (SP), inaugurada em 2023, é a única fora da Suécia. Das 36 aeronaves contratadas, 15 estão sendo produzidas no Brasil, com a primeira já em fase de montagem final. Isso consolida o Brasil como um polo de desenvolvimento, produção e testes, com o Centro de Ensaios em Voo (GFTC) e o Centro de Projetos (GDDN).

- Inovações exclusivas: o desenvolvimento do Gripen F (biposto), liderado por engenheiros brasileiros, é um exemplo de como a ToT vai além da simples absorção de conhecimento, permitindo ao Brasil contribuir ativamente com inovações, como a integração de uma segunda estação de pilotagem e o sistema Link BR2.

Custo-benefício e sustentabilidade econômica
O Gripen foi a opção mais econômica entre os concorrentes do F-X2, tanto em termos de aquisição quanto de custos operacionais. O contrato de 2014, avaliado em cerca de R$ 21 bilhões (atualizado), inclui 36 aeronaves, treinamento, suporte logístico e ToT. Comparado ao Rafale e ao F/A-18, o Gripen oferece:

- Menor custo operacional: por ser um caça leve, com um único motor (General Electric F414-GE-39E), consome até 30% menos combustível e exige manutenção mais barata.

- Flexibilidade operacional: o Gripen pode operar em pistas curtas (600 metros) e até em estradas, o que o torna ideal para as necessidades da FAB.

- Escalabilidade: a adição de quatro aeronaves ao contrato original (totalizando 40) e a possibilidade de um segundo lote de 26 caças indicam a viabilidade de expandir a frota sem comprometer o orçamento, embora desafios fiscais possam atrasar entregas até a década de 2030.

- Tecnologias de ponta: Apesar de ser uma aeronave monomotor, ela incorpora tecnologias de ponta como:
- Radar AESA;
- Sistemas avançados de guerra eletrônica;
- Data links seguros e sensor fusion.

Além disso, sua natureza modular facilita futuras atualizações e adaptações a necessidades específicas do Brasil.

Capacitação e geração de empregos
O projeto contribui diretamente para o desenvolvimento do complexo industrial de defesa nacional, com:
- Geração de milhares de empregos qualificados;
- Capacitação técnica e tecnológica da mão de obra brasileira;
- Estímulo à inovação e à pesquisa em áreas estratégicas.

Contexto geopolítico e estratégico
A escolha do Gripen reflete uma decisão geopolítica astuta. A Suécia, como então nação neutra, oferecia menor risco de imposição de restrições políticas ou embargos, ao contrário dos EUA, cuja relação com o Brasil foi abalada pelo escândalo de espionagem da NSA em 2013. Mesmo com sua adesão plena à OTAN em março de 2024,  o país ainda oferece poucos riscos de adotar políticas restritivas. Além disso:

- Parceria estratégica Brasil-Suécia: a colaboração vai além dos caças, envolvendo negociações para a venda do Embraer KC-390 à Suécia, bem como do Gripen a países latino-americanos, o que fortalece laços bilaterais e abre mercado para a indústria brasileira.

- Posicionamento regional: o Gripen E/F é o caça mais avançado da América Latina, superando em tecnologia os concorrentes regionais. Isso reforça a liderança do Brasil na região, com potencial para exportar caças Gripen para outros países da América Latina, como foi o recente caso de sua escolha pela Colômbia.

- Resiliência a pressões externas: apesar de especulações sobre possíveis interferências dos EUA (como a investigação do Departamento de Justiça em 2024), a ToT e o acesso aos códigos-fonte garantem que o Brasil mantenha controle sobre o programa, reduzindo vulnerabilidades a pressões externas.

Desafios e Críticas
Apesar dos méritos, a decisão enfrenta críticas e desafios:
- Atrasos no cronograma: limitações orçamentárias brasileiras podem adiar a entrega completa das aeronaves para a década de 2030, o que pode impactar a prontidão operacional da FAB.

- Escalabilidade limitada: críticos apontam que a ToT pode ter utilidade reduzida se o Gripen não conquistar mercado na América Latina, limitando o retorno econômico do investimento. No entanto, o primeiro passo já foi dado, com a Colômbia selecionando a aeronave.

- Riscos geopolíticos: a aproximação do Brasil com Rússia e China pode levar a tensões com os EUA, potencialmente afetando componentes americanos do Gripen (como o motor GE F414). No entanto, o acesso aos códigos-fonte e a ToT mitiga esses riscos, garantindo maior autonomia.

Embraer: a grande empresa beneficiada
A Embraer é a grande beneficiada pela escolha do caça Saab Gripen pelo Brasil devido aos seguintes fatores:

- Transferência de tecnologia: o contrato com a Saab incluiu um amplo programa de transferência de tecnologia, permitindo à Embraer adquirir ou incrementar conhecimentos avançados em engenharia, sistemas aeronáuticos (como aviônica, integração de sistemas e testes de voo) e sistemas de combate ligados à fabricação de aeronaves supersônicas, setores nos quais ela não atuava diretamente. Além disso, a Embraer se tornou responsável por partes significativas da produção, montagem e desenvolvimento de versões específicas do Gripen, inclusive para exportação. Isso fortalece sua capacidade tecnológica, amplia seu portfólio militar e abre portas para novos mercados e contratos internacionais.

- Produção local: a Embraer coordena a produção de 15 dos 36 caças Gripen E/F em sua fábrica em Gavião Peixoto (SP), consolidando sua posição como um polo industrial de defesa e gerando empregos qualificados.

- Parceria estratégica: a colaboração com a Saab posiciona a Embraer como parceira estratégica em um projeto global, aumentando sua relevância no mercado internacional de defesa e abrindo oportunidades para exportações, como, por exemplo, para a Colômbia e, possivelmente, para o Peru.

- Fortalecimento do KC-390: a parceria inclui suporte da Saab para promover o cargueiro KC-390 da Embraer no mercado internacional, como na Suécia, ampliando seu alcance comercial.

- Infraestrutura e capacitação: a Embraer ganhou infraestrutura avançada, como o Centro de Projetos e Desenvolvimento do Gripen (GDDN) e o Centro de Ensaios em Voo (GFTC), além de treinamento para mais de 350 profissionais, elevando sua expertise.

- Hub conjunto C-390 / Gripen para produção em outros países: a experiência da Embraer em transferência de tecnologia (como no programa Gripen no Brasil) poderá ser replicada em outros países, desde que a escala do mercado justifique investimentos como, por exemplo, na Índia, onde a  Embraer propôs um hub regional para montagem e exportação do C-390, caso o país selecione a aeronave para seu programa de Aeronaves de Transporte Médio (MTA), que prevê a aquisição de 40 a 80 unidades.

A Índia é o mercado mais promissor para esse cenário, devido à demanda por caças (MMRCA 2.0 - 114 caças) e à política de produção local. Caso vença a concorrência com o seu C-390, a Embraer e a Saab podem propor uma linha de montagem conjunta, aproveitando o hub a ser estabelecido para esta aeronave.

No entanto, além da Índia, há outros países para onde, atualmente, a Embraer pretende se expandir e, talvez, estabelecer um hub de montagem ou fabricação do C-390, como Arábia Saudita, Polônia e Marrocos, caso também receba encomendas de porte que justifiquem o investimento, ficando a questão de uma produção conjunta do Gripen como uma possibilidade em aberto.

Caso Portugal desista formalmente do F-35 e venha a optar pelo Gripen, como defendem alguns setores da Força Aérea Portuguesa, as instalações da Embraer/OGMA nesse país estão em condições de, em prazo relativamente curto, serem adaptadas para colaborar na fabricação ou montagem da aeronave.

Um acerto estratégico para o Brasil e para sua base industrial de defesa
Num cenário geopolítico marcado por incertezas e por restrições impostas por países fornecedores de armamentos (como, por exemplo, no atual impasse entre Índia e França em relação ao caça Rafale, descrito na matéria a seguir), a decisão brasileira de escolher o Saab Gripen se mostra prudente, visionária e soberana.

Assim, é forçoso concluir que a escolha do Gripen foi um acerto estratégico para o Brasil, equilibrando custo, desempenho e autonomia. O acesso aos códigos-fonte assegura independência operacional e flexibilidade para integrar sistemas nacionais, enquanto o extenso programa de ToT fortalece a Base Industrial de Defesa, posicionando o Brasil como um player relevante no mercado aeroespacial global. Ela não apenas atende às necessidades operacionais da FAB, mas também promove um desenvolvimento autônomo e sustentável da capacidade aeroespacial e de defesa do Brasil — um passo fundamental para qualquer nação que almeje protagonismo estratégico no século XXI.

Por fim, a parceria com a Saab - e, por extensão, com a Suécia - aliada à produção local e à maior capacitação da Embraer como um player global em defesa, gera ganhos tecnológicos, industriais e comerciais para todo o ecossistema industrial brasileiro envolvido, direta ou indiretamente, no desenvolvimento e na produção do Gripen, que inclui empresas como Atech, Akaer, Kryptus e AEL Sistemas, além de diversas outras, criando um legado duradouro que transcende a aquisição de 36 (ou potencialmente 40) caças. 

Apesar de desafios orçamentários e geopolíticos, a decisão reforça a soberania tecnológica e a capacidade de defesa do Brasil, alinhando-se à Estratégia Nacional de Defesa.

Azorra adquire 49 aeronaves Embraer E-Jet da Dubai Aerospace Enterprise (DAE)

 

A encomenda é avaliada em US $3,9 bilhões. (Imagem: Embraer) 

A empresa de leasing Azorra, com sede na Flórida, Estados Unidos. Assinou contrato com a Embraer para adquirir 20 novas aeronaves da família E2, além de mais 30 direitos de compra. Este acordo flexível permite que a Azorra adquira aeronaves E190-E2 ou E195-E2. A preços de tabela, a encomenda é avaliada em US $3,9 bilhões. A Azorra é uma empresa especializada em aeronaves executivas, regionais e comerciais. As entregas terão início em 2023, adicionando mais 20 aeronaves da Embraer às 21 que constam no portfólio.

“Nossa equipe tem uma longa e produtiva história com a Embraer. Na Jetscape, fomos a primeira empresa de leasing independente a se comprometer com o programa E-Jet da Embraer em dezembro de 2007 e depois os E-Jets estabeleceram uma base global de clientes, com mais de 80 operadores. A primeira aeronave nova da Azorra foi um Phenom 300, adquirido da Embraer em dezembro de 2016. Estamos entusiasmados com este novo capítulo em nossa parceria de longa data com a Embraer”, disse John Evans, CEO da Azorra. “Esse compromisso reforça nossa crença no E2; uma família de aeronaves modernas com desempenho econômico e ambiental superior, proporcionando à Azorra uma excelente oportunidade para estabelecer uma posição de liderança nos mercados em que servimos”.

Arjan Meijer, CEO da Embraer Aviação Comercial, disse: “Agradecemos novamente à Azorra pela escolha do E2, depois de concluir recentemente uma transação de revenda com a Porter Airlines para cinco novas aeronaves E195-E2. A Azorra oferece uma abordagem inovadora e empolgante ao mercado, com foco intenso nas necessidades de seus clientes e que está totalmente em linha com a merecida reputação da Embraer de atendimento excepcional ao cliente. Com esta encomenda de 20 aeronaves E2, a Azorra endossou ainda mais o valor excepcional que a próxima geração da família E2 traz para o mercado como a aeronave mais silenciosa e eficiente do segmento”.

Com informações da assessoria de imprensa da Embraer.

Akaer define primeiras etapas para produção do avião sustentável D328eco no Brasil

 


A Akaer, empresa brasileira líder em inovação no setor aeroespacial, anunciou as primeiras etapas do cronograma de produção do D328eco, avião sustentável desenvolvido pela Deutsche Aircraft, da Alemanha. A fuselagem dianteira da aeronave turboélice, projetada para usos civis e militares, será fabricada no Brasil, na unidade da Akaer, em São José dos Campos (SP).

Segundo Cesar Silva, CEO da empresa, a montagem da linha de produção do D328eco terá início no primeiro semestre de 2025. A data foi confirmada durante visita de executivos da Deutsche Aircraft para alinhar as próximas etapas do projeto.

Durante a reunião, realizada no final de setembro, foram abordados aspectos críticos para o desenvolvimento da fuselagem dianteira do turboélice, projetado para atender o mercado de aviação regional com foco em eficiência e sustentabilidade. A visita incluiu uma análise detalhada das instalações, que foram consideradas adequadas para o início da produção.

A empresa está concluindo o projeto de toda a linha de produção, incluindo os ferramentais e os equipamentos necessários para a fabricação da aeronave. No início de 2025, começa a construção das 21 estações de montagem necessárias na planta de São José dos Campos.

O começo da produção envolverá uma cadeia de fornecedores para peças da aeronave, moldes e ferramentais, contribuindo positivamente para o desenvolvimento do setor.

O programa segue conforme o cronograma, com a primeira entrega da fuselagem prevista para início de 2026. Já a entrada em operação comercial do D328eco está planejada para o final de 2027.

Cesar Silva destacou que o sucesso da parceria é resultado do comprometimento e da alta performance de toda a equipe envolvida no projeto. “Estamos cumprindo cada etapa com excelência, garantindo que os rigorosos requisitos técnicos e de gestão sejam atendidos. A visita dos executivos da Deutsche Aircraft foi uma oportunidade de reafirmar a confiança mútua e alinhar as próximas fases do projeto”, afirmou o executivo.

Parceria estratégica

Durante a visita, os executivos realizaram uma revisão detalhada dos processos de gestão do projeto, conhecido como PPR (Program Process Review), que marca um ponto decisivo para o prosseguimento das próximas fases.

“Foi uma agenda intensa, com revisões técnicas detalhadas, que nos deu a certeza de que estamos no caminho certo. O cliente ficou satisfeito com os resultados apresentados e com a nossa capacidade de cumprir os prazos e metas estabelecidos”, afirmou Michele Berni, da equipe de gestão do programa na Akaer.

A colaboração entre a Akaer e a Deutsche Aircraft tem se mostrado estratégica para o sucesso do D328eco.

Desde o início do programa, em abril de 2023, a Akaer superou desafios técnicos complexos, como a adequação do projeto aos requisitos e processos produtivos atuais, sem perder a aderência à certificação original do produto.

“Esta visita foi essencial para demonstrar nossa capacidade de gestão e progresso no programa. O alinhamento que fizemos trará ainda mais eficiência e segurança para as próximas fases”, afirmou Cesar Silva, CEO da Akaer.

O Projeto

O D328eco, desenvolvido pela Deutsche Aircraft em parceria com a Akaer, é um turboélice com capacidade para 40 passageiros, projetado para operar com combustível sustentável de aviação (SAF). Essa tecnologia visa reduzir significativamente as emissões de carbono, oferecendo uma alternativa mais ecológica para o mercado de aviação regional.

Além da sustentabilidade, a versatilidade é um de seus principais diferenciais. Projetado para múltiplas funções, o D328eco pode ser adaptado para transporte de passageiros, missões de resgate, operações militares e combate a incêndios.

Sua capacidade de operar em pistas curtas e não pavimentadas torna a aeronave ideal para regiões remotas e de difícil acesso, oferecendo uma solução eficiente para diversas operações.

O convite para participar do desenvolvimento desse projeto transformou a Akaer na primeira empresa brasileira do setor aeroespacial a conquistar o status de Fornecedora Global de Nível 1 (Tier 1). Essa conquista destaca a capacidade técnica da empresa de desenvolver e fornecer sistemas e estruturas completas e altamente complexas para fabricantes globais.

Excelência Aeroespacial

Com mais de 32 anos de experiência, a Akaer acumulou um portfólio de mais de 9 milhões de horas de engenharia dedicadas ao desenvolvimento de sistemas e estruturas aeronáuticas. Ao longo de sua trajetória, a empresa esteve envolvida em mais de 50 projetos de destaque no cenário mundial.

A Akaer desempenhou um papel essencial em grandes programas aeroespaciais, incluindo a colaboração com a Embraer na família de E-Jets, no cargueiro militar KC-390, e com a Saab no desenvolvimento dos caças Gripen E para a Força Aérea Brasileira. Também esteve envolvida no projeto do caça supersônico Hürjet, em parceria com a Turkish Aerospace Industries (TAI).

Nos últimos anos, a Akaer expandiu sua atuação, abrindo escritórios comerciais em Portugal e na Turquia, além de anunciar a futura instalação de uma nova unidade produtiva no Parque Tecnológico Aeroespacial da Bahia, em Salvador.

“A Akaer se consolidou como uma empresa de vanguarda, sempre à frente das inovações e do desenvolvimento tecnológico no setor aeroespacial brasileiro e internacional. Sua trajetória é marcada pelo comprometimento com a excelência e a inovação contínua, fatores que a levaram à posição de destaque que ocupa hoje”, afirmou Cesar Silva.

Brasileira Akaer vai à apresentação do avião sustentável D328eco na Alemanha e consolida parceria no projeto

 


Imagem: Divulgação – Deutsche Aircraft

A Akaer, empresa brasileira do setor aeroespacial, informa que marcou presença na primeira apresentação da aeronave de testes D328eco. O rollout, como é conhecido o evento em inglês, ocorreu nesta quarta-feira (28), no Aeródromo de Oberpfaffenhoven, Alemanha.

rollout representa um avanço para o programa da aeronave turboélice sustentável de 40 lugares, na qual a Akaer desempenha um papel fundamental como responsável pela fabricação em série da fuselagem dianteira — incluindo industrialização, ferramental, protótipos e estudos associados.

A apresentação do primeiro avião de testes, com a incorporação de novas tecnologias — entre elas, motores e aviônicos atualizados — teve como objetivo validar as características de voo antes do primeiro voo oficial.

Este marco antecede o início da produção da fuselagem dianteira na fábrica da Akaer, em São José dos Campos (SP).

“O rollout do D328eco é um avanço para um projeto significativo na aviação regional, com foco em sustentabilidade e eficiência. Para a Akaer, participar deste momento e ser responsável por um componente crítico, como a fuselagem dianteira, reforça nossa posição como a primeira empresa brasileira do setor aeroespacial reconhecida como Fornecedora Global de Nível 1 (Tier 1). Estamos prontos e ansiosos para iniciar a produção e contribuir para o sucesso desta aeronave inovadora”, afirma Cesar Silva, CEO da Akaer, presente no evento ao lado do Senior Advisor, Marco Tulio Pellegrini.

CEO da Akaer, Cesar Silva, ao lado do Senior Advisor, Marco Tulio Pellegrini – Imagem: Divulgação – Akaer

O D328eco foi projetado pela Deutsche Aircraft para operar com até 100% de Combustível Sustentável de Aviação (SAF), visando à redução das emissões de carbono e estabelecendo um novo padrão para a aviação regional.

Com capacidade para 40 passageiros, aviônicos de última geração e apto a operar em pistas curtas e não pavimentadas, o modelo combina eficiência operacional com versatilidade, podendo ser adaptado para transporte de passageiros, missões de resgate, operações militares e combate a incêndios.

A parceria estratégica com a Deutsche Aircraft, iniciada em 2023, consolida a expertise da Akaer no desenvolvimento e fornecimento de sistemas e aeroestruturas complexas para o mercado global.

Com mais de 33 anos de atuação, a Akaer acumulou um portfólio de mais de 10 milhões de horas de engenharia dedicadas ao desenvolvimento de sistemas e estruturas aeronáuticas. Ao longo de sua trajetória, esteve envolvida em mais de 50 projetos de destaque no cenário mundial.

A empresa desempenhou papel essencial em grandes programas aeroespaciais, incluindo a colaboração com a Embraer na família de E-Jets, no cargueiro militar KC-390 e com a Saab, no desenvolvimento dos caças Gripen E para a Força Aérea Brasileira. Também participou do projeto do caça supersônico Hürjet, em parceria com a Turkish Aerospace Industries (TAI).

Com sede em São José dos Campos (SP), a Akaer mantém escritórios em Portugal e na Turquia.

Informações da Akaer