HISTORIA DA AVIAÇÃO: Bell P-39 Airacobra

Bell P-39 Airacobra

. .				. O Bell P-39 Airacobra era um dos principais aviões de caça americano ao serviço da USAAF quando os EUA entraram na Segunda Guerra Mundial, no entanto foi ao serviço da VVS (Força Aérea Soviética) que foi utilizado com maior sucesso. Concebido pela Bell Aircraft , tinha um layout inovador, construído em redor da sua arma principal, um canhão Oldsmobile M4 de 37mm, o motor instalado na fuselagem central, atrás do piloto, movimentando a hélice através de um longo eixo que passava por baixo do assento do piloto. Foi também o primeiro caça equipado com um trem de pouso triciclo . Apesar de inovador o desempenho do P-39 foi prejudicado pela ausência de um eficiente turbo-compressor, que limitava a sua operação a baixas altitudes e por isso, foi rejeitada pela RAF para uso na Europa Ocidental, sendo enviado para a URSS, onde o desempenho em altitude era menos importante.
. . . .		Ano				1939
		Pais de Origem				EUA
		Função				Caça
		Variante				P-39D
		Tripulação				1
		Motor				1 x Allison V-1710-35
		Peso (Kg)	Vazio			2642
			Máximo			3765
		Dimensões (m)			Comprimento	9,19
					Envergadura	10,36
					Altura	3,78
		Performance (Km)			Velocidade Máxima	585
					Teto Máximo	9600
					Raio de ação	1046
		Armamento			1 canhão M1 de 20 mm ou M4 de 37mm 4 metralhadoras de 12,7 milímetros, 1 bomba de 227 kg
Países operadores	Australia, França, Itália, Polónia, Portugal, Reino Unido, URSS, EUA
Fontes	Airwar.ru e Flugzeuginfo.net

GALERIA

P-39, Moresby, Nova Guine, 1942

P-39Q, Califórnia (USA), 1943

P-39, USAAF

P-39, Austrália, 1941

P-39 na URSS

P-63 Kingcobra

HISTÓRIA

O Bell P-39 Airacobra foi um caça monomotor norte americano, produzido sob encomenda pela Bell Aircraft Corporation, para o United States Army Air Forces (USAAF) no início da Segunda Guerra Mundial.

Protótipos

Em geral, os aviões da época tinham seu design baseado no motor porém o Airacobra tinha seu desenho totalmente criado com base na sua arma primária, um canhão Oldsmobile M4 de 37mm (designado por T9 durante o desenvolvimento), instalado no nariz, como forma de aumentar a precisão dos disparos e evitar que o seu forte coice desviasse a mira do piloto.

O motor V-12 Allison V-1710 foi montado no meio da fuselagem, logo atrás da carlinga, e foi ligado ao eixo da hélice por uma transmissão que passava por baixo dos pés do piloto. A singular posição do motor alterava radicalmente o centro de gravidade do aparelho, o que obrigou a Bell a usar uma configuração inovadora de trem de aterragem triciclo. O Airacobra foi o primeiro caça do mundo com essa configuração (o P-38 algum tempo depois adotaria também essa configuração).

A cobertura do cockpit foi desenhada para permitir a máxima visibilidade ao piloto e por isso ao invés de se colocar uma porta corrediça no alto do canópia, colocou-se uma portinhola lateral à esquerda do cockpit.

O XP-39 fez seu vôo inaugural em 6 de Abril de 1938 alcançando 630 km/h a 6100m atingindo a altitude em apenas cinco minutos. Na sua conceção original o projeto previa um turbo compressor com admissão de ar através de uma “colher” no lado esquerdo da fuselagem porém verificou-se que a admissão de ar no turbo compressor provocava problemas de atrito que tinha um impacto significativo no desempenho da aeronave.

Linha de montagem da Bell

As conclusões dos testes realizados pela NACA e Bell demonstraram "ser imperativo que se coloque o compressor dentro do avião com um sistema de dutos eficiente para arrefecimento do rotor e descarregar os gases de escape de ar de arrefecimento". Porém a fuselagem não dispunha de espaço para a instalação do turbo compressor nos moldes propostos. Testes subsequentes determinaram que a aeronave seria capaz de atingir a velocidade máxima apenas com as melhorias aerodinâmicas resultantes da eliminação do turbo compressor. O prototipo XP-39B foi desenvolvido tendo em conta as conclusões e as alterações propostas pela NACA, a eliminação do turbocompressor e a colocação do tubo de aspiração do carburador na parte superior da fuselagem logo a seguir à canópia. Como consequência a aeronave passou a ter uma altitude crítica acima da qual o desempenho caia significativamente ( cerca de 3.660 m).

Como resultado da eliminação do turbo compressor, a aeronave tornou-se mais simples de produzir e manter, no entanto foi eliminada a possibilidade de utilizar os P-39 como caça em altitudes médias e altas. Quando as limitações foram observadas em 1940 e 1941, a falta do turbo compressor tornou quase impossível aperfeiçoar o desempenho do Airacobra. A decisão de eliminar o turbo compressor tornou o P-39 vitima de uma “doença incurável” que seria responsável pelo seu fraco desempenho nas frentes da guerra onde foi envolvido e que ditaria em ultima instância a sua curta vida operacional.

O armamento padrão do Airacobra consistia em num canhão M4 de 37mm no nariz, duas metralhadoras Browning M2 de 12,7mm colocadas atrás da hélice e duas metralhadoras Browning de 7,62 mm nas asas. Embora devastador o canhão M4 tinha munições muito limitadas, uma baixa taxa de fogo, e estava propenso a avarias. Podia transportar , em casos especiais, uma bomba de 250 Kg sob a fuselagem, ou um tanque extra de combustível. A blindagem da aeronave podia chegar a pesar 91 kg, o que conferia ao P-39 uma grande resistência, fator que compensava a falta de manobrabilidade.

Entrega dos P-400 a RAF

Em 1940, o Reino Unido encomendou 675 P-39 da versão de exportação da Bell (P-400). Esta versão destinguia-se fundamentalmente pelo armamento composto por duas metralhadoras Browning de 12.7mm no nariz, quatro metralhadoras Browning de 7,7mm nas asas e o canhão M4 substituído por um canhão Hispano de 20 mm.

Porém as aeronaves recebidas não correspondiam as expetativas criadas aos Britânicos que verificaram que os P-39 tinham um desempenhos inferior aos seus Hurricanes e Spitfires, e eram incapazes de enfrentar com sucesso o Bf109 alemão. Consequentemente as aeronaves foram recusadas pela RAF e enviadas para a União Soviética.

Teste noturno das armas de um P-39

Foi na Frente Oriental que o uso do P-39 principalmente como aeronave de ataque ao solo e apoio próximo foi mais bem sucedido. Os numerosos da P-39 da Força Aérea da URSS (Voenno-Vozdushnye Sily , VVS ), os modelos melhorados consideravelmente N e Q, foram recebidos através da rota Alaska-Sibéria . O ambiente tático da Frente Oriental não exigia o desempenho em elevada altitude, uma vez que os combates mais frequentes eram realizados a uma relativa baixa velocidade e baixa altitude, características adequadas aos pontos fortes do P-39: construção resistente, engrenagem de rádio confiável e poder de fogo adequado.

Os soviéticos desenvolveram com sucesso táticas de combate aéreo para os caças Bell com as quais obtiveram um número surpreendente de vitórias aéreas sobre uma variedade de aviões alemães, nomeadamente os Junkers Ju 87 Stuka, e bombardeiros bimotores como os Junkers Ju 88, conseguindo mesmo algumas vitorias sobre os Messerschmitt Bf 109.

Um total de 4.719 P-39 foram enviados para a União Soviética, que representam mais de um terço de todos os aviões de caça fornecido pelos EUA e Reino Unido à União Sovietica, e quase metade de todos os P-39 produzidos. As perdas Soviéticas de Airacobra de 1941 a 1945 foram cerca de 1.030 aeronaves e agumas unidades sobreviventes continuaram em uso pela VVS até 1949.

Após o ataque surpresa a Pearl Harbor em Dezembro de 1941 os P-39 foram destacado para aquele teatro ao serviço do U.S. Army Air Forces . Rapidamente se verificou que a aeronave tinha um bom desempenho a baixas altitudes mas, a grandes altitudes, tinha uma performance sofrível, principalmente devido à falta do turbocompressor. A velocidade máxima era boa, mas ele era incapaz de superar a agilidade dos A6M Zero e dos Ki-43 Oscar, seus principais inimigos na frente do Pacifico.

P-39 do US Army Air Forces na Austrália

Apesar de todos os problemas, a Marinha os manteve o P-39 em operação até 1942/1943, principalmente por falta de um substituto. Mesmo com o advento dos caças embarcados classe F (como o F4F Wildcat, o F4U Corsair e o F6F Hellcat), o P-39 ainda foi muito usado, principalmente em Guadalcanal.

Ainda apresentava boa performance na escolta de bombardeiros, e até obteve alguns sucessos contra os Ki-43 que enfrentava. A partir de 1943, finalmente surgiu um substituto: o caça bimotor Lockheed P 38 Lightning. Em 1944, o último esquadrão formado por Airacobras substituiu-os pelo P 38.

Quando a produção do P-39 terminou, em agosto de 1944, a Bell tinha construído 9558 Airacobras, dos quais 4.773 tinham sido enviados para a União Soviética. Durante o período de produção houve numerosas pequenas variações de motor, hélice, e armamento, mas a aeronave não teve grandes mudanças estruturais nas versões produzidas

Além disso a Bell ainda construiu um Airacobra redesenhado, que ficou conhecido como P-63 Kingcobra do qual foram produzidas 3.303 aeronaves em duas versões. Estas aeronaves foram na sua quase totalidade enviadas para a União Soviética.

EM PORTUGAL

P-400 da esquadrilha OK, da AM Portuguesa

Devido a vários problemas, dois grupos de caça da USAAF em deslocação para o norte de Africa em Dezembro de 1942 e em Fevereiro de 1943 como parte da Operação Torch, foram obrigados a aterrar no Aeroporto da Portela de Sacavém, tendo um total de 17 aviões Airacobra (P-400) sido internados. Embora não sendo necessário, o Governo Português pagou aos Estados Unidos US $ 20.000 para cada uma das aeronaves internadas, bem como por um Lockheed P-38 Lightning também internado. Os Estados Unidos aceitaram o pagamento, e forneceram adicionalmente quatro caixas adicionais de aeronaves, dois dos quais não estavam danificadas, porém não forneceu nem peças de reposição, nem manuais de voo ou manuais de serviço. Em Junho de 1943 foi registada a distribuição de 19 aviões à Esquadrilha OK, sendo 14 aviões do modelo P-400, 4 do modelo P-39L e 1 do modelo P-38G. Sem treino adequado para adaptação as suas especificidades a incorporação da aeronave em serviço foi atormentado com problemas nunca totalmente resolvidos.

O periodo de operação destes aviões não foi muito longo, tendo o auge da sua actividade sido a participação nas manobras de Maio de 1944 na OTA, quando voaram 14 Aircobras, divididos em duas esquadrilhas de sete aviões.

Depois de vários acidentes, em que os aviões eram considerados sem reparação, acabaram por ser abatidos ao efectivo em 1946.

DESENHOS