Verdadeiros monstros, que dormem e se alimentam em terra, capazes de transportar toneladas e mais toneladas de carga em pleno ar. Pode-se dizer, sumariamente, que os aviões cargueiros impressionam não só nos quesitos dimensões e capacidade de transporte; estes colossos voadores desafiam as leis da física e se constituem como máquinas dignas de admiração.
Atualmente, várias aeronaves prestam serviços de transporte; falaremos, nesta matéria, sobre os “All Cargo” ou “Full Cargo”, um dos três tipos de voadores especializado no transporte de cargas (os aviões do tipo “Full Pax”, por sua vez, são destinados a passageiros; os do tipo “Combi” configuram-se como uma espécie de misto, pois podem transportar passageiros e cargas).
Acima, cargueiros militares C-17 Globemaster III. (Fonte da imagem: Reprodução/Defesabr)
O espaço destinado ao armazenamento de cargas está localizado nos decks superior ou inferior destes tipos de aviões. O uso destas aeronaves é feito por civis e militares, e a produção delas não conta com tiragens massivas – isto é, poucos cargueiros são montados de tempos em tempos. Acompanhe a lista a seguir e fique por dentro desses gigantes com asas.

O maior do mundo é ucraniano

Sim, apesar de ouvirmos – e sabermos – que o poderio bélico e tecnológico norte-americano é o mais temeroso do planeta, o maior avião cargueiro do mundo é ucraniano. O Antonov An-225 Mriya (mais conhecido como An-225 Mriya) foi desenvolvido para transportar outros aviões dentro de si (como Jumbos e Boeings sem asas – até o ônibus espacial russo já “pegou uma carona” em cima desse monstro).
Especificações:
  • Propulsão: 6 turbinas ZMKB Progress Lotarev D-18T (com 229,50 kN de empuxo cada);
  • Peso máximo de carga suportado: 253 toneladas;
  • Envergadura de asa: 88,4 m;
  • Comprimento: 84 m;
  • Velocidade: 865 km/h;
  • Altura do cargueiro: 18,1 metros (excluindo o trem de pouso);
  • Dimensões de cargas suportadas: 35,97 m de comprimento; 6,4 m de largura e 4,39 m de altura;
  • Autonomia de voo com carga máxima: 4.500 km; e
  • Tripulação: 7 pessoas.
É possível carregar até um ônibus espacial no "teto" do gigante. (Fonte da imagem: Reprodução/arnaldotemporal)
Para se ter uma noção da dimensão do compartimento de carga... (Fonte da imagem: Reprodução/Arnaldotemporal)
    Dizem que o piloto escolhido para operar este colosso duvidou das capacidades de voo do avião monstruoso. “Isso não pode voar. Um troço desses não tem como sair do chão!”, fora a suposta fala do comandante.
    "Esse troço não tem como sair do chão!", disse o primeiro piloto. (Fonte da imagem: Reprodução/Arnaldotemporal)
    Há, no mundo todo, apenas dois Antonovs. Eles foram construídos no final da década de 1980 como parte do programa espacial russo. O An-225 utiliza mais de 95.000 litros de combustível para percorrer uma distância de pouco mais de 4 mil quilômetros; o local de armazenamento de carga fica localizado no nariz da aeronave.

    Grandes volumes e “pouco” peso

    O Airbus A300-600st, conhecido como Beluga, não possui tanto poder de suporte de carga como o An-255. A especialidade deste outro gigante é volumétrica: mesmo suportando até 47 toneladas em seu interior, esta aeronave é usada no transporte de peças e de fuselagem de aviões. A construção do Beluga foi feita em três anos, e seu primeiro voo foi feito em 1994.
    Especificações:
    • Propulsão: 2 motores GE CF6-80C2A8, com empuxo de até 120 kN;
    • Peso máximo de carga suportado: 47 toneladas;
    • Área de asa: 122,4 m²;
    • Distância entre os eixos: 11,05 m;
    • Autonomia de voo (com carga total): 1.666 km;
    • Comprimento da cabine: 37,7 m; e
    • Diâmetro de fuselagem: 7,31 m.
    Uma rampa especial é usada durante o carregamento. (Fonte da imagem: Reprodução/WikimediaCommons)
    O cargueiro em pleno voo que suporta até 47 toneladas. (Fonte da imagem: Reprodução/WikimediaCommons)
    A iluminação do compartimento de carga é feita por lâmpadas cravadas no chão do Beluga. Para que este gigante possa ser totalmente carregado, rampas especiais precisam ser usadas. A arquitetura dele é baseada na do A300-600 – a principal mudança é na fuselagem, que ganhou uma porta “clamshell” na parte frontal.

    Um cargueiro militar robusto

    Criado para a Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), o Boeing C-17 Globemaster III ficou em desenvolvimento durante cerca de dez anos (entre meados da década de 1980 até o início da de 1990). As funções desta aeronave se concentram em desempenhar serviços militares, tais como transporte aéreo tático de tropas e de cargas, evacuação médica e lançamentos aéreos.
    Especificações:
    • Comprimento: 53 m;
    • Envergadura de asas: 52 m;
    • Propulsão: quatro motores Pratt & Whitney F117-PW-100 turbofan com cerca de 180 kN de empuxo;
    • Tripulação de operadores: 3 pessoas (piloto, copiloto e loadmaster);
    • Peso de carga máximo suportado: 77,5 toneladas;
    • Medidas do compartimento de carga: 26,82 m de comprimento por 5,49 m de largura e 3,76 m de altura; e
    • Velocidade aproximada: 833 km/h.
    Cargueiros prestando serviços militares. (Fonte da imagem: Reprodução/Defesabr)
    Depois de dez anos de desenvolvimento, o militar opera normalmente. (Fonte da imagem: Reprodução/Jetairlinezz)
    Evacuações e transporte de soldados são também funções deste avião. (Fonte da imagem: Reprodução/Antarcticsun)
    Para que a entrada de objetos ou entulhos estranhos seja evitada durante o pouso do C-17, os motores contam com um escape reverso para cima e para frente (como um “superexaustor). Este ameaçador monstro militar é capaz de carregar até 120 paraquedistas.

    Uso exclusivo no transporte de peças

    Devido à demora no transporte de peças via terra e mar para a construção do Boeing 787, a Boeing Commercial Airplanes decidiu montar, em 2003, um cargueiro capaz de carregar boa parte do esqueleto do 787. Surgiu assim o Boeing 747 Dreamlifter (ou Large Cargo Freighter), capaz de levar as partes do avião comercial pelo globo todo.
    Especificações:
    • Propulsão: quatro motores PW 4062;
    • Tripulação suportada: 2 pessoas;
    • Comprimento: 71,68 m;
    • Envergadura de asas: 64,4 m;
    • Peso máximo suportado: cerca de 18 toneladas;
    • Capacidade máxima do tanque de combustível: 199.550 litros; e
    • Altura do cargueiro: 21,54 m.
    Construído para ajudar a construir outros Boeing 787. (Fonte da imagem: Reprodução/Flightglobal)
    O interior: desenvolvido para o tranporte de peças e fuselagem. (Fonte da imagem: Reprodução/Boeing)
    Durante três anos de montagem, o Boeing 747 Dreamlifter ficou pronto em 2006. Depois de realizar mais de 400 horas de voo de testes e passar cerca de 650 horas em terra também sob avaliação, o cargueiro foi finalmente certificado em 2007.
    ....
    A maioria das aeronaves existentes é comercial (do tipo “Full Pax”, conforme mencionado nos parágrafos iniciais deste texto). A altitude média atingida pelos aviões comuns (e não militares) é de 11.000 m (ou 32.000 pés) – tudo a prezar pelo gasto econômico de combustível e desempenho pleno das funções objetivadas.
    Os cargueiros, todavia, apresentam especificações e missões distintas das convencionais. Eles são naturalmente mais lentos, “desengonçados” e bastante maiores quando comparados aos comerciais. Mas, ainda assim, parece que os colossos voadores são – e continuarão sendo por algum tempo – um dos meios de transporte mais rápidos e robustos do planeta.