Enquanto a maior parte das companhias aéreas enfrenta pesados prejuízos, chegando aos bilhões de dólares de perdas nas maiores empresas do mundo, a Atlas Air Worldwide Holdings anunciou na última quinta-feira, 6 de agosto, um lucro líquido de US$ 78,9 milhões no 2º trimestre de 2020.
O valor quase se iguala ao lucro líquido de US$ 86,9 milhões do 2º trimestre de 2019, mostrando que o grupo especializado em transporte de cargas vai muito bem em meio à crise, como consequência de sua grande frota de Boeings 747 cargueiros, a maior de Jumbos no mundo conforme mostramos aqui no Aeroin (clique aqui para rever a matéria).
Mas enquanto o lucro líquido mostra apenas que a Atlas Air manteve o mesmo patamar entre os 2ºs trimestres dos dois anos, os demais indicadores revelam que a companhia voou muito alto em seus resultados financeiros.
Em uma base ajustada, o EBITDA (Lucros Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) subiu quase 3 vezes, totalizando US$ 247,0 milhões no 2º trimestre deste ano em comparação com US$ 84,1 milhões no 2º trimestre de 2019. O lucro líquido ajustado no 2º trimestre de 2020, por sua vez, totalizou US$ 123,2 milhões, ou 27 vezes mais em comparação com os singelos US$ 4,5 milhões no 2º trimestre anterior.
“A receita e os lucros no segundo trimestre continuaram a exceder nossas expectativas”, disse o CEO John W. Dietrich. “Esses resultados positivos foram impulsionados principalmente pela equipe capitalizando sobre a forte demanda, e pelos maiores rendimentos em nossos negócios de fretamento comercial e na América do Sul. Também continuamos a fornecer aos militares dos Estados Unidos serviços essenciais e nossos clientes ACMI voaram bem acima de suas garantias mínimas.”
Nota editorial: ACMI significa, na sigla em inglês, Aeronave, Tripulação, Manutenção e Seguro, ou seja, os serviços padrões em que a Atlas Air é contratada para disponibilizar toda a logística da operação.
Para atender a essa demanda crescente, no 2º trimestre a Atlas Air reativou três de seus cargueiros 747-400 convertidos e operacionalizou um cargueiro 777 no modelo de Dry Leasing (ao contrário do ACMI, no Dry Leasing a empresa apenas aluga o avião, e o contratante se encarrega dos demais aspectos da operação).
A empresa destaca que o crescimento da frota ativa permitiu atender à forte e lucrativa demanda de curto prazo e, ao mesmo tempo, ingressar em vários novos programas de fretamento de longo prazo com rendimentos atraentes. Os fretamentos de longo prazo incluem novos contratos com fabricantes, como a HP Inc., e grandes agentes de carga, como DHL Global Forwarding, APEX Logistics, DB Schenker, Flexport e Geodis, que buscaram garantir aviões disponíveis para sua demanda.
Resultados do 2º trimestre
Os volumes da Atlas Air no 2º trimestre de 2020 aumentaram para 84.966 block hours em comparação com 80.282 no 2º trimestre de 2019, com a receita aumentando para US$ 825,3 milhões em comparação com US$ 663,9 milhões no trimestre do ano anterior (Horas-bloco, ou de bloqueio, medem o tempo a partir do momento em que as portas da aeronave são fechadas na partida de um voo até o momento em que as portas são abertas na chegada).
A receita do segmento ACMI durante o período refletiu menos horas-bloco, principalmente por consequência da redistribuição de aeronaves 747-400 para o segmento Charter, para apoiar novos programas de fretamento de longo prazo com clientes que buscam garantir capacidade de carga comprometida. Isso foi parcialmente compensado por um aumento nos voos de cada Boeing 777, 737 e 747-400 que permaneceram no segmento ACMI.
A contribuição do segmento ACMI nas receitas também diminuiu durante o trimestre principalmente devido ao aumento da manutenção pesada, incluindo revisões adicionais do motor e outras manutenções realizadas para aproveitar a disponibilidade de slots e oportunidades para descontos de preços de fornecedores.
Além disso, a menor contribuição do segmento ACMI reflete custos mais altos com pilotos, relacionados a um aumento de 10% nas taxas de pagamento resultantes de um acordo provisório, e pagamento de prêmio para pilotos operando em certas áreas fora dos Estados Unidos, significativamente impactadas pela COVID-19.
O crescimento do volume da hora de bloqueio foi impulsionado principalmente pelo aumento da demanda por aeronaves de carga, refletindo uma combinação de aumento da demanda por carga, bem como a redução da capacidade de carga disponível no mercado, a interrupção das cadeias de abastecimento globais devido à pandemia e à capacidade da Atlas Air em aumentar a utilização das aeronaves.
Previsão para 2020
Refletindo os resultados do primeiro semestre e as expectativas atuais de mercado para o balanço do ano, e ainda sujeito a quaisquer desenvolvimentos da COVID-19, a Atlas Air espera voar mais de 330.000 horas-bloco em 2020, com cerca de 70% das horas em ACMI e o restante em voos Charter.
A empresa também prevê receita de pouco mais de US$ 3 bilhões e EBITDA ajustado de aproximadamente US$ 750 milhões, e espera que aproximadamente 50% do lucro líquido ajustado para todo o ano de 2020 ocorra na segunda metade do ano. Isso resultaria em um lucro líquido ajustado para 2020 mais do que o dobro de 2019.
Historicamente, a companhia cargueira obtém a maior parte de seus ganhos no 2º semestre do ano. Este ano, no entanto, devido à força do 1º semestre, o lucro líquido ajustado para todo o ano deve ser dividido de forma mais uniforme entre os dois semestres.
Para o 3º trimestre de 2020, a Atlas espera que os rendimentos de fretamento comercial comecem a ser mais moderados em relação ao 2º trimestre, mas ainda permaneçam elevados em comparação com os rendimentos típicos para esta época do ano.
A Atlas Air opera regularmente entre Miami e as cidades brasileiras de Manaus e Campinas, e passou a fazer voos adicionais para Guarulhos em função da alta demanda deste período. Veja mais detalhes na matéria abaixo (ou clicando aqui).
Informações oficias da Atlas Air
Nenhum comentário:
Postar um comentário