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terça-feira, 30 de março de 2021

A Aviação de Caça

Após o final da II Guerra Mundial, a FAB dispunha de dois tipos de caças em seu acervo: o Republic P-47D Thunderbolt e o Curtiss P-40.

O 1º Grupo de Aviação de Caça (1º GAVCA) retornou ao Brasil, em 1945, trazendo Republic P-47D novos e foi baseado na Base Aérea de Santa Cruz – BASC, Rio de Janeiro. Um segundo esquadrão foi formado (2º/1º GAVCA) para dar instrução, utilizando aviões P-47D veteranos da Campanha na Itália.

P-47D do 1º Grupo de Aviação de Caça, usado no pós-guerra (via N.L. Senandes).

O outro avião de caça que a FAB dispunha em quantidade era o Curtiss P-40, em cinco versões diferentes: E, K-10, K-15, M e N. A partir de 1946, os 32 P-40 pertencentes à FAB foram concentrados na Base Aérea de Canoas – BACO, equipando os 3º Grupo de Caça e 4º Grupo de Caça do 3º Regimento de Aviação. Em 1947, com a reorganização da FAB, esses dois grupos foram extintos e o 1º/14º GAV foi criado. Prosseguiu-se com a instrução de combate nos P-40 até que em 1954, após um desses aviões ter perdido uma asa em voo (com o falecimento do piloto em consequência), todos os trinta aviões remanescentes foram desativados.

Um P-40N da FAB.

No entanto, ao final dos anos 40 os aviões de caça com motor a pistão eram obsoletos e procurou-se adquirir caças a jato norte-americanos. Os EUA objetaram à venda de tal equipamento ao Brasil, alegando que isso provocaria um desequilíbrio entre as forças aéreas do continente sul-americano. Procurando por alternativas no mercado mundial, surgiu a oportunidade de se adquirir aviões Gloster Meteor, produzidos na Grã-Bretanha. Assim, em 1952, 71 daqueles aviões (61 Meteor F.Mk 8 e 10 Meteor T.Mk 7) foram trocados por algodão brasileiro, passando a equipar os 1º GAVCA e o 1º/14º GAV (a partir de setembro de 1954). Em dezembro de 1966, eles foram desativados devido a fadiga mecânica da longarina da asa.

Gloster TF-7 Meteor.
Gloster F-8 do 1º/1º Grupo de Aviação de Caça.

Em 1956, o primeiro de 58 caças Lockheed AT-33 foi entregue, tendo esses aviões equipado os 1º GAVCA, 1º/4º GAV, 2º/5º GAV e 1º/14º GAV. Em maio de 1958 foram recebidos alguns Lockheed F-80C Shooting Star, os quais foram operados exclusivamente pelo 1º/4º GAV. O AT-33 (ou TF-33 na designação da FAB) não era armado suficientemente e não tinha a capacidade de interceptação necessária a um país de dimensões continentais como o Brasil. Os F-80C e TF-33 tinham acabamento natural e foram utilizados até a metade da década de 70.

F-80C 4202 do 1º/4º Grupo de Aviação (via N.L. Senandes).
AT-33 4336, 1º/14º Grupo de Aviação (foto Rudnei Dias da Cunha).

Em 1970, a empresa aeronáutica brasileira, EMBRAER, assinou um contrato com a empresa italiana Aermacchi para produzir sob licença o treinador a jato MB-326, denominado pela FAB de AT-26 Xavante. Os AT-26 tem acabamento semelhante ao padrão de camuflagem “Southeast Asia” da USAF, em dois tons de verde e um em pardo.

AT-26 4530, 1º/4º Grupo de Aviação (foto Rudnei Dias da Cunha).

O ano de 1972 viu a chegada de 13 Dassault-Bréguet Mirage IIIEBR (foto à direita) e 3 Mirage IIIDBR, os quais foram baseados na Base Aérea de Anápolis – BAAN, próximo à Brasília. Outros 10 aviões foram recebidos nos anos de 1977-78 e 1988-89. Designados por F-103 na FAB, eles sofreram um processo de modernização ao final da década de 1980, com a instalação de canards localizados sobre a parte dianteira das tomadas de ar, de forma a melhorar sua manobrabilidade. Inicialmente, os F-103 tinham acabamento em metal natural, mas a partir de meados dos anos 80 eles foram pintados em um tom de cinza escuro, de supremacia aérea.

F-103E 4924 (via N.L. Senandes).
F-103E 4914 (foto Rudnei Dias da Cunha).

O primeiro de 42 caças Northrop F-5E/B chegaram em 1975, equipando os 1º GAVCA e 1º/14º GAV, os quais eram pintados no padrão “Southeast Asia”. Em 1988 os EUA desativaram os seus esquadrões de treinamento dissimilar (“Agressor”), os quais utilizavam os F-5; foram adquiridos então 22 F-5E e 4 F-5F. Esses foram entregues à FAB ainda nas cores dos esquadrões “Agressor” (seis tipos diferentes de camuflagem), mas agora são todos pintados em um tom claro de cinza, de supremacia aérea. Em 1996, os F-5B foram desativados.

F-5E 4842, 1º Grupo de Aviação de Caça (foto A. Camazano A.)

Em 2005, a FAB adquiriu dez Mirage 2000C e dois Mirage 2000B, em substituição aos F-103, desativados no mesmo ano. Denominados F-2000B e F-2000C, eles foram utilizados na FAB até 2013.

F-2000C 4943, 1º Grupo de Defesa Aérea (foto Rudnei Dias da Cunha).

Também em 2005, a FAB recebeu o primeiro exemplar dos F-5 modernizados. Denominados F-5EM e F-5FM, eles continuam em uso até os dias de hoje, sendo empregados por cinco esquadrões.

F-5EM 4820, 1º/14º Grupo de Aviação (foto Rudnei Dias da Cunha).

Em 2020, foi recebido o primeiro de 36 caças Saab JAS39 Gripen E/F, para iniciar a campanha de ensaios em voo no Brasil.

F-39E 4100 (foto Sgt Johnson / Força Aérea Brasileira).

Bibliografia:

  1. D. Hagedorn, “Republic P-47 Thunderbolt – The final chapter – Latin American Air Forces service”, Phalanx, St. Paul.
  2. C. Lorch, “A Caça Brasileira – nascida em combate”, Action Editora, Rio de Janeiro, 1993.
  3. J. Flores Jr., “Aeronaves Militares Brasileiras – 1916 – 2015”, Action Editora, Rio de Janeiro, 2015.
  4. C. Lorch e J. Flores Jr., “Aviação Brasileira – sua história através da arte”, Action Editora, Rio de Janeiro, 1994.
  5. J.E. Magalhães Motta, “Força Aérea Brasileira 1941-1961 – Como eu a vi…”, INCAER, Rio de Janeiro, 1992.
  6. Tecnologia e Defesa, Ano 11, Nº 60. 1994.
  7. “Modernização do F-5 é necessidade imediata”. In: Segurança e Defesa, Ano 11, Nº 54. Contec Ed. Ltda., Rio de Janeiro. Agosto 1996.
  8. C. Lorch, “Vida nova para os Tigers – A modernização dos F-5E/F da FAB”. In: Revista Força Aérea, Ano 1 Nº 3. Action Editora, Rio de Janeiro. Junho 1996.

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