Há duas décadas um caça da China colidia em pleno ar com uma aeronave da Marinha dos EUA.
No dia 1.º de abril de 2001, um Lockheed EP-3E Aries II da Marinha dos EUA sobrevoava o Mar da China Meridional a 102 km da costa chinesa e a 160 km de uma instalação militar da China nas ilhas Paracel. O EP-3 estava em uma missão de vigilância eletrônica. Na ilha de Hainan, o alarme soou e dois caças F-8 Finback (uma versão local baseada no MiG-21 e desenvolvida pela Shenyang) decolaram para interceptar o aparelho norte-americano.
Pouco menos de 20 min e os interceptores chineses alcançaram o EP-3. Conta-se que os norte-americanos fotografaram os F-8 (também chamados de J-8) armados com mísseis ar-ar Python, de fabricação israelense.
Para os norte-americanos era só mais uma interceptação. Semanas antes um F-8 havia sido fotografado a 6 metros. Os pilotos deixavam o EP-3 no modo piloto automático e pouco se importavam com os caças. A rotina a bordo seguia seu fluxo normal.
Logo os pilotos chineses começaram a assediar violentamente o turboélice, realizando passes cada vez mais próximos. A tripulação norte-americana fez gestos de alerta, tentando em vão avisar que estavam próximos demais. Foi quando um dos F-8 iniciou um passe, mas – conforme relatos – o piloto teria percebido tarde demais que estava muito rápido e para evitar a colisão, puxou para a esquerda. As lâminas do motor atingiram o caça, e ambas as aeronaves acabaram colidindo. O EP-3 teve o domo do nariz arrancado.
O F-8, sem controle, mergulhou em direção ao mar. O piloto conseguiu se ejetar, mas o seu ala não viu nenhum paraquedas. Acredita-se que o paraquedas do piloto – Wang Wei, 33 anos – tenha falhado. O corpo de Wang nunca foi recuperado.
O EP-3, cambaleante, iniciou uma desesperada descida em direção à pista mais próxima: a base aérea de Hainan, em solo chinês. O comandante da aeronave decidira não evacuar a tripulação sobre o mar.
O piloto norte-americano emitiu várias vezes o pedido de socorro enquanto se dirigia para a pista, mas foi solenemente ignorado pelos controladores chineses de terra. Ao chegar, o piloto realizou uma volta sobre a pista num padrão que indicava que estava sem contato com a torre. Quando o avião pousou os 24 tripulantes a bordo se puseram a destruir o equipamento interno, enquanto a segurança da base cercava o aparelho.
Os norte-americanos foram detidos e interrogados pelo governo chinês, enquanto nos bastidores a diplomacia entrava em campo. No dia 12 de abril a China libertou os tripulantes.
A morte do piloto foi amplamente explorada na mídia internacional pelo governo comunista chinês. O foco era mostrar a hegemonia da China da região. Foi uma campanha anti-EUA muito mais forte que a de 1999, quando bombardeios da OTAN atingiram a embaixada chinesa na Iugoslávia. Pequim culpou os pilotos norte-americanos, alegando que eles manobraram bruscamente para cima dos jatos, bem como diminuindo a velocidade para dificultar a interceptação.
O incidente é visto como uma mola impulsionadora no rearmamento chinês. Depois de 2001 o governo chinês injetou bilhões de dólares na modernização de suas forças
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