O EMB 312 Tucano é um avião de treinamento e ataque leve, assento duplo e turboélice, desenvolvido no Brasil pela EMBRAER. Designado pela FAB como T-27, possuía características inovadoras e um design avançado para a época que se tornaram referência para aeronaves de treinamento. Desenvolvido e produzido como turboélice, possuía características operacionais de aviões a jato. Além disso possuía assentos na configuração em tandem escalonados - onde instrutor e aluno se sentavam no eixo longitudinal da aeronave, sendo o assento traseiro mais elevado, o que permitia ao instrutor a visão frontal, permitindo uma melhor adaptação do cadete ao ambiente de um caça.
No início dos anos 60, a FAB Força Aérea Brasileira usou o clássico norte-americano “T-6 Texan” como o principal avião de treinamento, tendo sida construída sob licença no Brasil pela Fábrica de Aviões de Lagoa Santa. Em 1965, o Ministério da Aeronáutica do Brasil encomendou estudos ao Centro Técnico Aeroespacial para desenvolver uma aeronave com motor turboélice. Embora esse trabalho tenha chegado aos testes do túnel de vento, a ideia de um avião de treinamento movido a turboélice foi abandonada, sendo a Indústria Aeronáutica Neiva de São José dos Campos, encarregada de desenvolver um novo modelo de treinamento com assentos lado a lado. O "Neiva T-25 Universal", realizou seu voo inicial em 29 de abril de 1966. Era uma aeronave convencional de pequeno porte, com trem de pouso em triciclo. Um total de 150 aviões foram permanecendo em serviço como principal avião instrutor da FAB. A Sociedade Neiva propôs uma série de derivados do T-25 movidos a turboélice, mas nenhum deles voou. Embora o trabalho da CTA no "Turbo Texan" não tenha dado certo, a organização também realizou estudos de projeto em um transporte turboélice bimotor, com o protótipo inicial do que era então conhecido como "YC-95" realizando seu voo inicial em 1968. No ano seguinte 1969, o CTA e várias outras organizações aeronáuticas brasileiras foram incorporadas a uma nova empresa estatal, a Empresa Brasileira de Aeronáutica (EMBRAER), também em São José dos Campos. A EMBRAER colocou o YC-95 em produção como o muito bem-sucedido “EMB-110 Bandeirante”. Em meados da década de 1970, a FAB estava novamente procurando uma aeronave para treinamento.
Na época, o Brasil estava sob um governo militar tornando atraente uma solução desenvolvida no país. Na primavera de 1977, o Ministério da Aeronáutica emitiu um requisito para uma aeronave de treinamento e ataque leve. A EMBRAER apresentou duas propostas, incluindo o "EMB-301" a pistão e a aeronave de ataque leve "EMB-311" a turboélice. A Sociedad Neiva também propôs uma aeronave de treinamento e ataque leve "YT-25B Universal II" baseada no modelo T-25; a empresa construiu um protótipo de voo. Esses projetos não eram o que a FAB estava pensando e, no verão de 1977, o Ministério da Aeronáutica emitiu outro requisito, desta vez para um treinador turboélice e uma aeronave de ataque leve. A EMBRAER atualizou o EMB-311 em uma aeronave de treinamento / ataque leve designada "EMB-312"; ainda não era exatamente o que se queria, mas parecia estar no caminho certo; assim, no início de 1978, os engenheiros da EMBRAER reformularam o projeto para atender aos requisitos da FAB. Em setembro de 1978, a EMBRAER foi autorizada a iniciar o desenvolvimento completo, com o trabalho em quatro protótipos - dois protótipos de voo e dois protótipos de teste estático.
O voo inicial do primeiro protótipo do EMB-312 foi em 16 de agosto de 1980, com o coronel aposentado da FAB Luiz Fernando Cabral nos controles e o engenheiro Gilberto Hideo Otaka no banco de trás. Os ensaios foram bem, com o modelo recebendo o nome "Tucano" em outubro de 1981; a versão pura do treinador era o "T-27", enquanto a variante treinador / ataque leve era o "A-27". Um dos protótipos foi perdido em um acidente em 10 de agosto de 1982, mas um terceiro protótipo havia sido autorizado e construído nessa época, com essa máquina realizando seu primeiro voo seis dias depois. A FAB já havia feito uma ordem de produção inicial, com a primeira aeronave sendo entregue em 29 de setembro de 1983. Ao todo 133 aviões foram obtidos pela FAB, com o Tucano se tornando a aeronave utilizada na equipe de exibição acrobática da FAB, o Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA). No Brasil, sua principal base de operações e no 1º EIA - Esquadrão de Instrução Aérea, o Esquadrão Cometa de cadetes aviadores do 4º ano da Academia da Força Aérea Brasileira, em Pirassununga, estado de São Paulo. A alta capacidade de manobra, estabilidade em baixas velocidades e quatro pods nas asa que fornecem até 1.000 kg (2.200 lb) de material bélico permitem que a aeronave de treinamento participe de campanhas de bombardeio tático em ambientes de conflito ou contra insurgência de baixa intensidade e em interceptações antinarcóticos. A aeronave pode transportar internamente até 694 litros (183 US gal) de combustível e além disso, dois tanques de combustível de 660 litros (170 US gal) podem ser instalados nos pods de armas nas asa para maior autonomia, permitindo até nove horas de vôo.
A partir da década de 1990, o governo brasileiro começou a melhorar a segurança nas regiões selvagens do interior da bacia amazônica, onde traficantes de drogas e afins há muito tempo operavam impunemente. O resultado foi o estabelecimento formal, em 1997, da "Escola de Vigilância da Amazônia (SIVAM)", como um exercício colaborativo entre a FAB e outras organizações governamentais brasileiras. Os Tucanos foram colocados sob o SIVAM como "pistoleiros", realizando ataques aéreos a assentamentos ilegais na selva e interceptando aeronaves suspeitas que poderiam estar carregando drogas.
O EMB 312 Tucano foi um sucesso no mercado internacional de aeronaves de treinamento turboélice, com os instrumentos da cabine dispostos de modo a facilitar a transição para os modernos caças a jato, mostrando-se econômico em sua operação. Mais de 800 unidades já foram vendidas e equipam hoje, as forças aéreas da Argentina, Egito, França, Iraque, Paraguai, Peru, Venezuela e, na versão fabricada sob licença da Shorts Bros., é utilizada pelo Reino Unido, Kuwait e Quênia. O Egito fabricou o Tucano sob licença e também o exportou para o Iraque
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