Há pouco mais de 50 anos o caça F-5E Tiger II voava pela primeira vez. Reconhecido por sua capacidade de manobra e enorme popularidade (o F-5E/F foi exportado para 26 países), este avião foi o primeiro de quase 1400 produzidos pela Northrop Corporation. Mas apesar de ter essa idade, este F-5 segue operando.
O F-5 mais antigo do mundo está no Brasil, mais especificamente no Rio de Janeiro. Mas antes de entrar nesses detalhes, vamos contar como ele chegou e segue por aqui.
Freedom Fighter e Tiger II
O projeto do F-5 não começa em 1972, mas sim ainda na década de 1950, quando a Northrop fez o desenho N-156.
Inicialmente chamado de Tally-Ho (uma expressão usada por pilotos militares para indicar a visualização de um alvo), o N-156 deu origem a um caça leve supersônico (F-5A Freedom Fighter) e uma versão de dois lugares para treinamento (T-38 Talon), sendo que apenas esta última chamou atenção da Força Aérea dos EUA (USAF).
Posteriormente, o N-156F/F-5A gerou interesse no Pentágono para o Programa de Assistência Militar, onde jatos supersônicos mais simples seriam fornecidos à países aliados. O F-5A Freedom Fighter voou pela primeira vez em 30/07/1959.
Em 1968, o governo dos EUA apresentou o projeto Improved International Fighter Aircraft, onde a aeronave escolhida seria vendida para nações amigas. A Northrop apresentou seu projeto F-5-21A, onde a principal diferença estava nos novos motores General Electric J85-GE-21, mais potentes que os J85-GE-13 usados nos F-5A/B.
Dois anos depois, a Northrop foi escolhida como vencedora do projeto. Do Freedom Fighter nascia o F-5 F-5E/F Tiger II, acompanhado de uma série de refinamentos no desenho e atualizações nos aviônicos e armamentos.
A Northrop não construiu um protótipo formal para o F-5E, mas sim uma aeronave de pré-produção. Com a matrícula 71-1417 e sob os comandos de um piloto da própria companhia, o primeiro F-5E do mundo voava pela primeira vez. Ninguém poderia imaginar que menos de 20 anos depois, esse avião respiraria os ares sul-americanos.
2º lote da FAB
A história do F-5 na Força Aérea Brasileira começa em 1973, quando o Comando da Aeronáutica selecionou o (então) novo F-5E Tiger II para substituir os antigos F-80 Shooting Star e T-33 Thunderbird e dar prosseguimento em sua ampla modernização.
Um primeiro lote de 36 F-5E e seis F-5B foi adquirido em 1974. Em março de 1975 chegava ao Rio de Janeiro a primeira esquadrilha de quatro aeronaves.
Saiba mais: Um F-5 da FAB que pode ter voado com MiGs nos EUA
Mas não foi nessa compra que o 71-1417 chegou ao Brasil. Na verdade, isso só aconteceu em 1988, quando a FAB assinou a compra de um 2º lote de F-5, dessa vez composto por 26 aeronaves usadas (22 F-5E e quatro F-5F de dois assentos). Esse lote comumente é chamado de aggressor, pois era formado por aeronaves usadas em esquadrões agressor da USAF, cuja função era representar o inimigo em voos de treinamento de combate aéreo.
Neste 2º lote, estava não só o primeiro, mas também o segundo e o quarto F-5E de produção, matrículas 71-1418 e 1420. Agora com matrículas brasileiras FAB 4856, 57 e 58, os três F-5 mais antigos, e os outros 23 aviões, foram destinados ao sul do Brasil, mais especificamente a Base Aérea de Canoas (RS), sede do 1º Esquadrão do 14º Grupo de Aviação, o Esquadrão Pampa, onde ficou por bastante tempo.
Atualizado
No final da década de 1990, o Comando da Aeronáutica decidiu comprar caças novos e modernizar sua frota de F-5E e F-5F Tiger II. Ao passo que a aquisição de novos vetores só aconteceu em 2014 com a assinatura do contrato de compra dos 36 Saab Gripen, a atualização dos veteranos F-5 começou em seguida.
Conduzida pela Embraer ao lado da Aeroeletrônica (atual AEL Sistemas), subsidiária da Elbit Systems de Israel, a modernização tornou o F-5 quase um caça de 4ª geração, com radar doppler moderno, mísseis BVR e WVR all-aspect, telas coloridas multifuncionais e até mesmo capacete com display integrado. Esta é considerada a mais ampla modernização já realizada em um caça F-5 em serviço militar.
No dia 21 de setembro de 2005, a Força Aérea recebia oficialmente, em Canoas, o seu primeiro caça modernizado: o F-5EM Tiger II FAB 4856. Sim, o primeiro F-5 do mundo foi também o primeiro F-5 atualizado recebido pelo Comando da Aeronáutica, 33 anos depois de seu primeiro voo e 17 anos depois que foi adquirido pela FAB.
Onde ele está
Com 50 anos de operação, o FAB 4856 passou por pelo menos quatro esquadrões da FAB: o Pampa, em Canoas, o (agora desativado) esquadrão Pacau (1º/14º GAv) de Manaus, o esquadrão Jaguar (1º GDA) de Anápolis e o 1º Grupo de Aviação de Caça (1º GAvCa), com sede na Base Aérea de Santa Cruz, zona oeste do Rio de Janeiro.
E é nesta unidade que o ‘Cinco-Meia’ segue operando. Depois de usar as estrelas do Pampa, o jaguar estilizado e os naipes de cartas do Pacau, o jato agora ostenta a ‘Blue Ribbon’ no topo de sua cauda, marca registrada do esquadrão carioca famoso por ter lutado na Segunda Guerra Mundial.
Assim como outros seis F-5 modernizados já retirados de serviço, o 4856 também deve ter logo seu tão esperado descanso, à medida que os novos F-39 Gripen vão chegando e entrando em serviço.
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