História e Desenvolvimento.
No início da década de 1960, a Força Aérea Brasileira estava em pleno processo de integração nacional, empregando quase sua totalidade de sua frota de aeronaves Douglas C-47 e Beechcraft C-45 nas linhas do Correio Aéreo Nacional (CAN), e também em missões assistência nas regiões mais longínquas do pais. Apesar destes modelos oriundos de projetos da década de 1940, ainda atenderem a estas demandas, carregavam o peso da idade, desgaste das células e consequente obsolescência e necessitariam ser substituídas a curto prazo. Paralelamente neste mesmo período vislumbravam se possibilidades, mesmos que remotas se desenvolver uma indústria aeronáutica nacional. Desta maneira em 1964, o Ministério da Aeronáutica encomendou ao Centro e Tecnologia da Aeronáutica (CTA), estudos sobre a viabilidade para a possível criação de uma linha de produção para aeronaves de passageiros de médio porte. Este esforço culminaria em junho de 1965 na assinatura do documento básico de aprovação do projeto do IPD-6504, que tinha por finalidade o desenvolvimento de uma aeronave regional de transporte, adequada as necessidades brasileiras. Apesar de todas as dificuldades inerentes a esta empreitada inédita, o primeiro protótipo foi construído em três anos e quatro meses, realizando o primeiro voo de demonstração em 22 de outubro de 1968, a partir do aeroporto de São José dos Campos, quatro dias depois o agora já designado YC-95 fez seu segundo voo, considerado seu voo oficial de demonstração para um público de 15 mil pessoas. Este feito seria o alicerce do desenvolvimento da indústria aeronáutica brasileira de alta tecnologia.
O próximo passo seria prover os meios necessários para a produção em série desta nova aeronave, assim em 19 de agosto de 1969, o Ministério da Aeronáutica recebeu do presidente da republica a autorização para a criação de uma empresa aeronáutica de capital misto com controle estatal que receberia o nome de a Embraer – Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A. Esta nova empresa seria inicialmente destinada a fabricação seriada do avião C-95, agora batizado de Bandeirante. No dia 2 de janeiro de 1970 a Embraer começou a operar assumindo a produção da aeronave que seria designada como EMB-100 Bandeirante, neste contexto tanto o primeiro protótipo que fora produzido quase que artesanalmente, quanto a segunda célula que alçou voo em 19 de outubro de 1960, passaram a ser alvo de estudos a fim de se implementar melhorias e ajustes no projeto e processo de produção. Os resultados deste programa se materializariam no terceiro protótipo experimental, que receberia a matricula PP-ZCN, que realizaria seu primeiro voo no dia 29 de junho de 1970. Apesar do bom desempenho do EMB-100, verificou-se que as condições e parâmetros de mercado original com as quais o projeto fora baseado, haviam se modificado, ou seja, sua capacidade de transporte de até oito passageiros, já não eram mais necessárias as demandas do mercado comercial. Assim desta maneira a equipe de projetistas da Embraer decidiu, então, reformular o projeto, criando o EMB 110 Bandeirante, maior com 12 lugares, que ganharia também a versão militar e que contaria também com alguns avanços técnicos em relação aos primeiros protótipos.

O emprego operacional desta versão inicial, motivou a Embraer a estudar novas modificações no projeto, visando assim melhorar o a performance do modelo tanto no requisito de desempenho, quanto em capacidade de carga. O fruto deste estudo se concretizaria em 1975 no desenvolvimento da versão EMB 110K1 Bandeirante, que tinha como principal alvo mercado de transporte militar, esta aeronave teve sua fuselagem alongada em 0,87 cm, permitindo assim a inclusão de uma porta traseira de carga e uma porta extra para a tripulação e passageiros. Passou a contar com o novo modelo mais potente do motor Pratt & Whitney PT6A-34 com 750 shp e aprimoramentos na avionica, trens de pouso e sistemas elétricos e de combustível, esta versão receberia a designação de C-95A. Duas versões civis derivaram do modelo militar, sendo o EMB-110P1 para até 19 passageiros ou carga e o EMB-110P2 para transporte exclusivo de até 21 passageiros, que ao invés da porta de carga dispunha uma porta de serviço. Em fins da década de 1970, surgia a versão militar EMB 110P1(K) que passou a ser conhecida como C-95B, tratava-se de um modelo com aprimoramentos sobre seu antecessor, entre estes destaca-se a adoção de uma porta de serviço de 1,42 X 0,63m, embutida na porta de carga, que podia ser aberta em voo para o lançamento de cargas ou paraquedistas. Dispondo de uma capacidade de transporte de carga de até 1.700 kg o C-95B se tornaria o esteio das unidades de transporte da Força Aérea Brasileira que operaram o Bandeirante.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
Como o Ministério da Aeronáutica e o governo brasileiro foram os motivadores do desenvolvimento desta aeronave, nada mais logico que o primeiro contrato fosse celebrado com Força Aérea Brasileira, sendo este termo assinado em 1970, prevendo a encomenda de 80 unidades do EMB-110 Bandeirante C-95. As primeiras aeronaves começaram a ser entregues a partir de 9 de fevereiro de 1973, quando foram apresentados as aeronaves matriculadas como “FAB 2132 e 2134” sendo estas destinadas inicialmente ao 3º Esquadrão de Transporte Aéreo (3ºETA). A partir de meados do ano seguinte a Embraer passou a produzir quatro C-95 por mês, esta candência fez com o modelo se disseminasse rapidamente por demais unidades de transporte da FAB. Na sequência as aeronaves foram sendo distribuídas aos demais Esquadrões de Transporte Aéreo e ao Centro de Aplicações Táticas e Recompletamento de Equipagens (CATRE), unidade esta que fora criada em janeiro de 1974 na cidade de Natal. No início de 1976 o Ministério da Aeronáutica decidiu rever seu contrato inicial, optando por alterar o último lote de 20 células para a nova versão EMB 110K1 Bandeirante englobando as matriculas ”FAB 2280 á 2299”, este novo modelo receberia a designação de C-95A Bandeirante. A primeira unidade a receber o novo modelo foi o 5º Esquadrão de Transporte Aéreo (5º ETA) em outubro de 1977 na Base Aérea de Canoas. As entregas das demais unidades se estenderam até setembro de 1978, sendo as demais células alocadas nos cinco Esquadrões de Transporte Aéreo existentes naquela época.
Em fins de 1979, o Ministério da Aeronáutica fez uma nova encomenda, desta vez optando pelo mais recente modelo EMB110P1(K), compreendo agora a compra de 31 células que receberam a designação de C-95B e as matriculas “FAB 2300 a 2330”. As primeiras entregas ocorreram em fevereiro de 1980 se prolongando até outubro de 1984. As primeiras unidades operacionais da FAB a receberem o novo modelo, foram o 2º/2º Grupo de Transporte (2º/2º GT) e o 1º/15º Grupo de Aviação (1º/15º GAv) Esquadrão Onça, que substituiu seus De Havilland C-115 Bufalo, pela nova aeronave de transporte nacional. Gradualmente mais unidades receberam o C-95B Bandeirante e criou se uma divisão interna visando concentrar o modelo inicial C-95A nos 2º, 4º e 5º Esquadrões de Transporte Aéreo, deixando os novos modelos para os 1º, 3º, 6º e 7º Esquadrões de Transporte Aéreo e para o 2º/2º GT e 1º/15º GAv, unidades estas com papel militar tático. Em 1987 seriam encomendadas mais 12 aeronaves, desta vez do modelo EMB-110P1(A), que apresentavam com principal diferença visual a adoção de estabilizadores horizontais com 10° de diedro positivo. As primeiras células começaram a ser entregues em junho de 1988, sendo designadas C-95 com as matriculas FAB 2331 á 2342, sendo onze destinadas ao 6º ETA e uma alocada como aeronave orgânica na Base Aérea de Anápolis. A última aeronave deste contrato foi recebida em agosto de 1990.

No ano de 2007, o Embraer C-95B Bandeirante deixou de ser operado pelo 7º Esquadrão de Transporte Aéreo, e em 2008 começou a ser substituído no 1º/15º GAv Esquadrão Onça, pelos novos CASA C-105 Amazonas. O avançar do processo de desativação dos primeiros C-95 Bandeirante possibilitou a concentração dos C-95A remanescentes no 1º/5º Gav Esquadrão Rumba , onde passaram a realizar as missões de formação de pilotos multimotores. Ao longo de toda sua carreira houve o registro de diversos acidentes incluindo a perda de três C-95A, seis C-95B e um C-95C, ocorrências que podem ser consideradas aceitáveis devido ao intenso emprego. Também consideramos que seis células dos modelos C-95B e C-95C foram convertidas para o emprego em missões de calibragem e auxilio a navegação junto ao Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV), onde se mantem em operação, devendo ser substituídos em breve pelos novos Embraer 500 Legacy. No início do século 21 a Força Aérea Brasileira apesar da introdução de novas aeronaves de transporte como os CASA C-105 Amazonas, Embraer C-97 Brasília e Embraer C-99, ainda dependia muito do emprego dos veneráveis C-95B/C Bandeirante como vetores de transporte. Porém as células remanescente já encontravam ultrapassadas em termos de avionica e passavam a demonstrar evidentes sinais de desgaste estrutural nas células, muito em função do grande tempo de operação da aeronave.

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