Descontinuado recentemente pela Boeing, o famoso “Jumbo” representou um ponto de inflexão que ajudou a popularizar as viagens aéreas ao redor do mundo
Jato comercial mais identificável do mundo, o Boeing 747 está em clima de despedida. A última das 1.574 unidades da aeronave produzida desde 1967 passa neste momento pela etapa final de testes antes de ser entregue ao cliente derradeiro, a companhia cargueira Atlas Air. Quando isso acontecer, será o fim de um dos capítulos mais gloriosos e importantes da história da aviação comercial.
Não fosse pelo 747, o mercado de aviação comercial não seria acessível ao público em geral. Quando chegou aos aeroportos em 1970, o quadrimotor da Boeing era um avião imbatível em alcance e capacidade de passageiros. Isso colaborou para reduzir os preços dos bilhetes e criou ligações rápidas entre todos os continentes.
A performance tão disruptiva do 747 só possível por conta de uma série de avanços em diferentes áreas que acompanharam o desenvolvimento da aeronave. Passados 54 anos do primeiro voo do “Jumbo”, os ensinamentos que tornaram realidade algo que parecia impensável hoje servem de referência para toda a indústria aeronáutica.
Conheça a seguir sete inovações que foram introduzidas pelo Boeing 747 na aviação.
Design widebody
Hoje tão comuns em voos de longo alcance, o conceito das chamadas aeronaves widebody (de fuselagem larga e corredor duplo) nasceu com o Boeing 747. A grande capacidade de passageiros que essa configuração permitia baixou o custo por assento e tornou as viagens aéreas mais acessíveis. Quando chegou ao mercado, o Jumbo tinha uma capacidade de passageiros duas vezes maior do que qualquer outro avião comercial da década de 1970.
Corcunda hemisférica
Como o 747 também foi projetado para ser um cargueiro, a maneira ideal de carregar a carga era pelo nariz. Os engenheiros então determinaram que o melhor lugar para a cabine de comando era em seu próprio segundo nível, permitindo que a porta do nariz se abrisse sem interferência, daí a icônica corcunda que torna a aeronave da Boeing tão reconhecível.
Transformação do mercado de carga
O carregamento pelo nariz permitiu o transporte de objetos enormes a bordo do 747. Como resultado, o avião da Boeing é até hoje – e ainda será por muitos anos – a principal referência entre os grandes cargueiros civis.
Sistemas com múltiplas redundâncias
O Boeing 747 foi o primeiro avião do mundo com redundância tripla em todos os sistemas principais e redundância quádrupla nos sistemas de controle e hidráulico, que melhoraram a segurança em voo.
Motores turbofan com alta taxa de derivação
Uma das principais tecnologias que permitiram o desenvolvimento de uma aeronave tão grande quanto o 747 foi o motor turbofan com alta taxa de derivação (high-bypass, no termo em inglês), conhecidos pelo diâmetro maior que os primeiros motores a jato. Novidade na década de 1970, esse tipo de motorização oferecia o dobro da potência dos turbojatos anteriores, consumindo um terço a menos de combustível. Os turbofans também eram mais silenciosos e ajudaram a melhorar a aceleração na corrida de decolagem.
Simuladores de voo
Um avião tão complexo como o 747 exigiu o desenvolvimento de novos métodos de treinamento de aviadores. Além do avião em si, as equipes
de engenheiros da Boeing que projetaram o Jumbo também foram responsáveis por projetar o primeiro simulador de voo “full-motion” (de movimento completo) para oferecer uma experiência imersiva aos pilotos. Esse tipo de equipamento hoje é padrão na indústria.
Treinamento comportamental
O surgimento do Boeing 747 também revolucionou a filosofia de treinamento de pilotos, passando do adestramento estritamente processual para provas comportamentais. Isso resultou no que ficou conhecido coloquialmente na aviação como treinamento “need-to-know” (necessário saber).
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