Conhecida pelos voos cargueiros que realiza para os Correios durante as madrugadas, a Total Linhas Aéreas viveu uma importante fase como empresa aérea regional, antes de transferir esses serviços à Trip. Mas ela mantém seu expertise nos voos que ainda realiza transportando funcionários da Petrobras na Amazônia.
Esperamos que gostem, confiram!
A Total foi fundada em dois de maio de 1988 usando a razão social Total Aero-Táxi Ltda e iniciou suas atividades em junho do mesmo ano, prestando serviços não-regulares. Pertencia a um grupo de empresários do Rio de Janeiro e sua sede administrativa ficava em Nova Iguaçu (RJ). Sua frota ainda era modesta, composta apenas por um EMB-110 Bandeirante. O nome Total Linhas Aéreas, utilizado para batizar a empresa, consolidou-se, junto com a história da empresa, como sinônimo de segurança e qualidade na prestação de serviços. A palavra “Total” possui significado de fácil entendimento, sendo utilizada comumente para se referir ao “todo”, à “soma”. Quanto à marca Total, quando a empresa foi criada, limitava-se à palavra escrita em fontes de linhas retas.
Em função da necessidade de diversificação de atividades, logo percebida pela sua administração, a Total assinou junto com a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), em junho do ano seguinte, um contrato de prestação de serviços, iniciando, assim, sua história como empresa cargueira, e logo o transporte de malas postais se tornou seu principal negócio. Anos depois, em junho de 1992, ela foi oficializada como em empresa de transporte não regular de carga.
O Comandante Deilson Cunha Matoso, que era tenente-coronel da reserva na FAB, ingressou no transporte aéreo civil justamente ao ser admitido na Total como copiloto. O ano era 1993, e ele se recorda da época em que a empresa voava apenas carga de correio. A empresa tinha só 11 pilotos e sua frota se resumia a um EMB-120 Brasília (PT-STN (sn 241), recebido novo em 14 de maio de 1993) e cinco EMB-110 Bandeirantes: PT-GJP (modelo “E”, sn 65, recebido em 1988); PT-JHG (modelo “C”, sn 12, recebido em 1989); PT-ODK (modelo “P”, sn 02, ou seja, o segundo da linha de produção da Embraer, recebido em 1991), PT-GKN (modelo “P”, sn 116, recebido em 1992) e o PT-GKQ (modelo “P”, sn 125, recebido no final de 1991). Ainda em 1993 seria recebido um quinto Bandeirante, o PT-GKD (também do modelo “P”, sn 98, recebido em 24 de agosto de 1993, diretamente da empresa Rio Sul).
Em 1994 seus proprietários decidiram colocar a Total à venda e atraiu o interesse de um empresário que, até então, nunca havia trabalhado com aviação. Alfredo Meister liderava a Transportadora Sulista S.A., fundada em 1983, uma das maiores organizações de transporte rodoviário do País, com sede em Curitiba, no Paraná. O Grupo Sulista havia sido fundado 20 anos antes com o nome Brucor Transportes e Representações Comerciais. E com a aquisição da Total Linhas Aéreas, naquele ano, o Grupo inovou, por meio da oferta de transporte multimodal aos seus clientes, o que o destacou no mercado.
Havia algo em comum entre a Sulista e a Total: ambas trabalhavam com a ECT. “Eu já prestava serviço rodoviário para os Correios há 15 anos e daí surgiu a oportunidade da venda da Total, cuja única atividade na época era justamente prestação de serviços aos Correios” lembra Alfredo Meister. “O então proprietário da Total, que já me conhecia, me procurou diretamente e disse: ‘Quero vender, para você, de preferência’. Pensei: ‘Eu, que não entendo muito de caminhão, mas estou administrando uma empresa rodoviária, por que não tentar trabalhar também com uma de aviação?” Alfredo sabia que, já tendo um bom relacionamento com os Correios, poderia tirar proveito disso e de seu conhecimento em transportes – além de malas postais, transportava muito material bancário, documentos, cereais e cargas em geral, tendo, o Grupo Sulista, também participação no ramo agropecuário. A compra da empresa aérea, então já radicada em Minas Gerais, foi concretizada em dezembro de 1994, quando a Transportadora Sulista comprou 100% das ações da já renomada Total Linhas Aéreas.
Nova fase
Em primeiro de janeiro de 1995, ao mesmo tempo em que Fernando Henrique Cardoso assumia como presidente do Brasil, Alfredo Meister assumiu a direção da Total Linhas Aéreas – por isso, Alfredo diz jamais esquecer da data. Sob nova direção, a Total passou por uma profunda reestruturação e saneamento considerando como prioridade a segurança, a revitalização e reaparelhamento da frota de oito aeronaves – seis Bandeirantes, um Brasília EMB-120QC e um Beech 99, matriculado PT-LUW, recebido em 1994. A empresa ainda não pensava em se tornar uma companhia aérea regional, para o transporte de passageiros, ela ainda se dedicava a transportar cargas com seus aviões. Inclusive tinha uma linha entre o Rio de Janeiro e São Paulo, chamada Sedex VIP. Voava correios e fazia fretamentos de cargas inclusive em linhas internacionais como entre Porto Alegre a Montevidéu e Curitiba a Assunção, com escala em Foz do Iguaçu.
Após a aquisição pelo grupo Sulista, sua marca também sofreu a primeira intervenção, de maneira que o Grupo Sulista tivesse uma identidade comum. Dessa forma, o símbolo que formava o “S” de Sulista, se transformou no “O” de Total.
Meister aplicou um vigoroso programa de completa remodelação da companhia que se organizou como uma empresa moderna, ágil e baseada sempre em uma estratégia de crescimento “pausado e sólido” para torná-la capaz de operar no segmento de transporte regular – pois crescer era preciso! “Sendo, então, a Total exclusivamente cargueira, na sequência, e operando os voos de correio e raros fretamentos, pensamos ‘por que não fazer alguma rota com passageiros durante o dia?’” recorda-se Alfredo Meister. O Brasília começou com fretamentos de passageiros para clubes esportivos, times de futebol, conjuntos musicais. “O avião ficava baseado em Goiânia. Levávamos passageiros todo final de semana, nessa época, inclusive, tínhamos convênios entre a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e clubes esportivos.”
Falando em reaparelhamento da frota, ainda em 1995 ela recebeu seu primeiro ATR 42-310, o PP-ATV (msn 298). Sendo ele Quick Change, ou seja, podendo ser rapidamente reconfigurado, operava com o correio somente à noite e estava disponível durante o dia para passageiros.
Em janeiro de 1996, concretizou-se o processo que levaria a Total a outro patamar de serviços, com o recebimento do “Cheta” (Certificado de Homologação de Empresa de Transporte Aéreo) vindo do Departamento de Aviação Civil, DAC, o antecessor da ANAC, assim a Total passou à categoria de companhia aérea regular, transformando-se em empresa homologada segundo o RBHA-121 (Regulamento Brasileiro de Homologação Aeronáutica) e podendo operar aeronaves de qualquer categoria.
Nessa época a Total começou a voar na “Ponte Aérea Regional – PAR”, um acordo entre as empresas regionais Pantanal, Passaredo, Interbrasil Star e Total, ligando os aeroportos Santos Dumont (Rio de Janeiro) e Pampulha (Belo Horizonte).
Em 26 de agosto de 1996 chegaria à empresa o ATR 42-320 PT-TTL (msn 380), ampliando, assim, sua frota para 10 aeronaves. Durante os primeiros nove meses de 1996 a Total transportou 8.800 passageiros. E além da PAR ela também já voava sob fretamento para outras cidades em Minas Gerais e Bahia e planejava ir para Goiás e outras localidades da região centro-sul do País. Em 1996 a Total transportou 16.804 passageiros.
Segundo Matoso, dentro da PAR, inicialmente a Pantanal operava com ATR 42, depois a Interbrasil Star chegou a operar por um curtíssimo tempo com EMB-120, mas a Total foi a operadora da ponte pela grande maioria do período em que o acordo perdurou. Assim, desde 24 de fevereiro de 1997, o serviço PAR passou ser operado pela Total, que o realizava com um dos seus ATR 42-300. A Interbrasil Star ficou responsável pelas vendas e reservas de passagens e a Total, a responsável pelo transporte de passageiros com os ATR 42.
Dois novos aviões ATR foram recebidos pela empresa em 1997: o PT-MFE, um ATR 42-300 (msn 295) e o PT-MFG, o ATR42-300 msn 388. Dois novos Brasílias também chegaram: o PP-PTA (sn 61, entregue em julho e que ficaria na empresa só até o final de novembro de 1998) e o PP-PTB (sn 80, que ficaria na empresa até fevereiro de 1999). Ela ainda contava com quatro Bandeirantes e realizava alguns voos regulares para os destinos Teófilo Otoni, Nanuque, Caravelas, Goiânia, Rio de Janeiro, Furnas, Itumbiara e Minaçu – sendo estes quatro últimos destinos especialmente voltados ao atendimento das necessidades da Companhia Hidrelétrica de Furnas. Em 1997 a empresa transportou 92.216 passageiros, com índice de ocupação em torno de 41%. Além dos voos regulares a Total vinha realizando um intenso trabalho de voos charters para Fernando de Noronha, com saídas diárias de Natal, Recife e Fortaleza. A Total registrava bons resultados nessa linha com o ATR-42 e já visualizava, no futuro, uma forte atuação em todo o Mercosul com cargas e passageiros. Sua frota, até abril de 1998, era de três ATR 42, dois EMB-120 e dois EMB-110 e pretendia introduzir aviões a jato. Trabalhavam para a Total cerca de 150 funcionários, alocados especialmente em Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Ela transportou naquele ano 112.409 passageiros com aproveitamento de 53%.
Em 1999 a empresa mineira reduziu sua frota em um Brasília e transportava passageiros e cargas entre Belo Horizonte, Brasília, Vitória, São Paulo e Londrina. Mas grande parte dos passageiros eram transportados por conta da PAR entre as capitais do Rio de Janeiro e Minas Gerais em parceria agora apenas com a Interbrasil Star. Um dos ATR 42 era mantido exclusivamente em contrato com a Petrobras entre Santarém, Coari, Tefé, Carauari e Urucu, e Manaus. Naquele ano, porém, ela deixou de operar entre Natal e Fernando de Noronha, onde realizava voos fretados principalmente nos finais de semana. Como 1999 foi marcado por grave crise cambial no país, a compra de jatos de curto e médio alcance foi, por momento, descartada. Naquele ano a Total transportou 114.265 passageiros, com aproveitamento de 57%.
Fim da ponte regional e novos voos regulares
O pool da Ponte Aérea Regional seria desfeito em dezembro de 2000 e a Total deixou de operar voos regionais regulares para passageiros. Mas a empresa de Belo Horizonte manteve-se em crescimento no mercado de carga aérea, contando com a confiança da Petrobras no transporte dos funcionários da petrolífera normalmente entre Santarém, Tefé, Carauari, Parintins, Porto Ucuru Manaus, como o ATR 42. E ainda destacando-se também em fretamentos para bandas de diversos gêneros musicais, times de futebol e corporações. Além disso, a Total vinha explorando o comércio entre Brasil e Argentina, tendo registrado mais de 200 voos fretados cargueiros entre os dois países. Sem perder esta estratégia, a empresa planejava para os próximos anos o incremento de suas operações regionais, ao mesmo tempo que uma presença cada vez mais marcante no mercado de fretamentos. Por isso que realizou estudos para aquisição quase certa de dois Boeing 727-200 para fretamentos em voos noturnos (cargas). Em 2000 ela transportou 86.774 pessoas, com taxa de ocupação de 61% – na PAR foi de 55%.
Com o fim do contrato com a Interbrasil Star para a operação conjunta na PAR, a Total, voando apenas com fretamentos, passou a buscar novas parcerias para atuar como feeder-liner de outras companhias aéreas. Com 168 funcionários, no primeiro semestre de 2001 foram transportados pela Total 34.264 passageiros com 65% de aproveitamento, quatro ATR 42 e um Brasília, além de dois Boeing 727-200 cargueiros. Mas, como já estava homologada para a operação regional, e as aeronaves ficavam disponíveis durante o dia, a empresa voltou, em dezembro, ao transporte de passageiros em linhas regulares. A primeira linha ligava o Aeroporto da Pampulha (MG) com Montes Claros (MG), em duas frequências diárias, ida e volta, de segunda à sexta-feira.
Foi o maior salto evolutivo da companhia. Ao começar a preencher uma lacuna deixada por grandes empresas, ela levou o conceito de aviação regional no Brasil a um outro patamar. Da rota ligando Belo Horizonte e Montes Claros, em dezembro de 2001, a companhia chegaria, em dezembro de 2007, à marca de 29 cidades brasileiras atendidas, transportando passageiros por oito estados brasileiros e computando uma média de 450 mil passageiros/ano. O Comantante Matoso recorda que era um período em que só o Nordeste e Rio Sul (com o Jetclass ERJ 145) atendiam o interior de Minas, entre Montes Claros, Uberlândia e Ipatinga, a partir de Belo Horizonte, mas sem a regularidade e a pontualidade necessárias para um bom atendimento. “Então vimos nisso uma oportunidade porque voávamos o ATR 42 no Correio durante a noite e ficávamos parados de dia e resolvemos abrir uma linha para Montes Claros duas vezes por dia, partindo pela manhã e à tardinha e rapidamente a população respondeu bem porque tínhamos a qualidade que não estavam tendo mais, embora o nosso avião ainda fosse desconhecido. Havia casos interessantes de pessoas que, na hora do embarque, olhavam o ATR e diziam: ‘Ah, não, mas eu vou nesse avião de hélice?’ Para se ver como os tempos mudaram: hoje as pessoas voam muito no ATR. Realizamos um serviço muito bom, em regularidade e pontualidade, nossas comissárias eram as melhores do país, sem dúvidas, tínhamos a confiança do usuário, e logo em seguida abrimos uma linha para Ipatinga”. Matoso recorda que os executivos de Minas Gerais, que normalmente vinham de Belo Horizonte e grande parte ia para São Paulo, passaram a gostar muito da Total e praticamente faziam seu happy hour no voo de volta para casa. “Então era uma outra época e a gente precisava fazer isso, caprichar no atendimento, porque nosso avião era desconhecido e era, sem dúvida, menos confortável que o JetClass.” Matoso acrescenta que foi numa época em que a Nordeste e a Rio Sul já estavam em decadência e ao invés delas entrarem para fazer frente à Total, pelo contrário, começaram a abandonar linhas e despachar muitos passageiros para a Total: ‘Vou cancelar o voo, você leva…’ “Chegou a um ponto em que éramos procurados pelo DAC justamente para cobrir alguma rota cancelada e para a população não ficar desatendida. Honramos os bilhetes que eles tinham vendido.” Naquele ano de 2001 a empresa sediada em Minas Gerais recebeu o ATR 42-320 PT-MTO (msn 115), entregue em fevereiro e o ATR 42-312 PT-MTS (msn 26), entregue à Total em setembro e acidentando durante voo cargueiro em 14 de setembro de 2002, em Paranapanema (SP), com perda total. Ela também recebeu mais duas aeronaves Boeing 727-200 para o transporte de cargas e atendimento aos Correios.
A Total iniciou 2002 operando cinco ATR 42 e um Brasília. O voo para Ipatinga, com duas frequências diárias, foi inaugurado em fevereiro do mesmo ano. E pouco depois, diante do sucesso inicial, foi a vez de inaugurar o voo, com duas frequências diárias, para Governador Valadares e a linha para Uberaba, num único voo diário de ida e volta. Ainda no primeiro semestre de 2002 os planos eram de inaugurar ligações entre Pampulha e Uberaba e também entre Manaus, Tefé e Parintins, no Amazonas. A empresa avançava sobre as rotas abandonadas por outras empresas. Alfredo Meister recorda: “A Rio Sul/Varig parou na ligação Uberlândia-Brasília, aí nós pulamos para Brasília, e foi curioso porque nessa mesma época nós colocamos uma aeronave em Manaus, onde já trabalhávamos para Petrobras, para também transportar outros passageiros, entre Manaus e Santarém (PA) e entre Manaus e Belém, também no Pará. Também formamos uma grande rota na época, uma linha diária Manaus-Belo Horizonte, então saía uma aeronave ATR 42, de manhã, um de BH e uma de Manaus, eles se cruzavam, voavam o dia inteiro, e à noite estavam na outra ponta. Continuamos depois expandindo, com linhas para Uberaba, depois Rio de Janeiro, via Juiz de Fora. Aí estávamos só com aeronaves ATR, pois o único Brasília foi vendido à Puma Air e não voávamos mais Bandeirante”.
Seguiu-se a inauguração do voo de Manaus a Parintins, uma frequência diária quatro vezes por semana, e a linha entre Manaus e Tefé, três vezes por semana. Uberaba também passou a ter voos em duas frequências diárias a Poços de Caldas e Araxá que passaram a fazer parte das rotas da Total no estado de Minas Gerais.
Com as novas linhas, a Total já contava com 250 funcionários e transportava mais de 11 mil passageiros mensais. O contrato com a Petrobras, em Manaus, para o transporte de pessoal, participava com 15% do total da receita, as linhas regulares de passageiros com 10% e o fretamento com 5%. O PR-TTA, um ATR 42-310 (msn 15) foi entregue à Total em agosto, assim como o PR-TTC, um ATR 42-300 (msn 28). Durante 2002 ela transportou 169.458 passageiros com aproveitamento de 62%.
Novas parcerias e instalações
A Total começou 2003 com nove ATR 42. No primeiro semestre daquele ano foram transportados 94.675 passageiros, com aproveitamento de 62%. Empregando pouco mais de 300 funcionários, possuía uma das melhores infraestruturas montadas para a manutenção das aeronaves ATR. No período noturno os ATR 42 eram rapidamente transformados em cargueiros, com a remoção dos assentos, para cumprir algumas linhas dos Correios e Banco Central do Brasil, junto com os 727. Além de realizar sua própria manutenção, a empresa estava homologada para prestar serviços a terceiros, tanto nacionais quanto estrangeiros, e diversas empresas foram atendidas em suas instalações. Possuía hangar próprio em Manaus, onde um dos ATR estava baseado para atendimento à Petrobras. À noite, realizava com ele o voo Manaus-Parintins-Manaus. Até 2005 ela esperava ter 50% de sua receita gerada através do segmento regional. Para isso, já pretendia incorporar mais aeronaves à frota, e aumentar a oferta e voar para outros destinos, de preferência no sudeste. Naquele ano a Total recebeu o PR-TTD, um ATR 42-300 (msn 38) e transportou 247.703 passageiros com taxa de ocupação de 63%.
Sem descuidar dos voos cargueiros para os Correios, a Total mantinha em 2004 seu principal foco no mercado regional, atendendo as seguintes cidades a partir da capital mineira: Montes Claros, Ipatinga, Brasília, Governador Valadares, Uberaba, Uberlândia, Vitória, Manaus e Parintins. Nos primeiros seis meses de 2004 foram 127.874 passageiros transportados, com 66% de aproveitamento.
Ela já enfrentava concorrência mais acirrada, especialmente pela criação de outras empresas regionais, mas o destaque naquele ano 2004 era a conclusão da construção de um moderno hangar no aeroporto de Pampulha, totalmente equipado para realizar grandes inspeções no ATR 42-300, além de abrigar toda a parte administrativa da empresa. A inauguração do novo espaço ia de encontro com a homologação dada pela ATR para a Total como único centro de serviços de manutenção na América Latina para esse tipo de aeronave, inclusive, como já citado, para prestar serviços a terceiros. Ela recebeu mais três aeronaves naquele ano, o PR-TTE ATR 42-320 (msn 400), o PR-TTF ATR42-320 (msn 21) e o PR-TTG ATR 42-312 (msn 20).
Em agosto de 2004 ela iniciou um acordo de codeshare com a TAM Linhas Aéreas em algumas cidades brasileiras. Por exemplo, a TAM voava entre Campinas e Belo Horizonte e a Total distribuía os passageiros para Ipatinga, Governador Valadares e Montes Claros.
Outro ponto em destaque em 2004 foi a implantação do conceito CRM (Complete Resource Management) na companhia, envolvendo não só a empresa mas também a comunidade/fatores que se relacionam com a Total, sendo o primeiro no Brasil nesses moldes. A empresa empregava 348 funcionários. Mantendo estudo sobre futuras novas rotas, em 2004 a Total transportou 176.800 em linha regular e 123 mil em fretamentos (incluindo a Petrobras). A linha regular obteve taxa média de ocupação de 52% e os fretamentos, 97%.
Já bastante conhecida do grande público, a Total atualizou sua marca utilizando nova fonte, estilizada, dando mais leveza ao nome da empresa. Os traços curvos foram inseridos para lembrar o voo de uma aeronave, e o posicionamento, em itálico foi utilizado para reforçar modernidade. Nesse ano ela também mantinha parceria com a CVC e Valetur para fretamentos turísticos a Caldas Novas (GO), entre outros destinos.
A Total chegou a 2005 atendendo 21 cidades entre os estados de Minas Gerais, Pará, Amazonas e Distrito Federal. Até maio daquele ano, havia registrado o transporte de aproximadamente 190 mil pessoas com 82% de aproveitamento. A empresa mineira ainda estava se beneficiado do abandono das rotas de média demanda por parte das empresas maiores, bem como da política, desde 2003, do DAC, de limitar a oferta, o que propiciou o fortalecimento das regionais para desempenharem seu papel, pois normalmente as rotas regionais não permitiam muita competição. Tudo isso trouxe um significativo crescimento para a Total, que então operava dez aeronaves ATR 42-300, dois ATR 72 (o PR-TTI, msn 454 e o PR-TTJ, msn 463, ambos do modelo -212) dois ATR 42-500, além de três B727 cargueiros. Para os voos regionais ela recebeu naquele ano o ATR 42-512 PR-TTH (msn 506), ainda operando hoje na empresa e o ATR 42-512 PR-TTK (msn 504). Aliás, naquele ano, dois marcos de pioneirismo: a empresa foi a primeira brasileira a operar tanto com o ATR 42-500 quanto com o ATR 72-200. Empregando já 428 funcionários, a Total tinha entre seus planos ampliar a parceria com a TAM. Em 2005 ela atingiu 365.500 passageiros no transporte regular, com taxa média de ocupação de 59%.
Com hangares próprios em Manaus e dois em Belo Horizonte (Pampulha), em 2006 a Total voava para 22 cidades dos estados de Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Distrito Federal, Tocantins, Pará e Amazonas. No primeiro semestre daquele mesmo ano, foram transportados 191.881 passageiros, com 60% de aproveitamento. A frota da Total naquele ano era de sete ATR 42-300, dois ATR 42-500, dois ATR 72 e três B727F e ela empregava cerca de 640 funcionários. Ela transportou em 2006 408.923 passageiros, com aproveitamento de 61%.
No primeiro semestre de 2007 a Total tinha transportado 194.500 pessoas, com aproveitamento de 57%. Ela já tinha iniciado sua expansão para Goiás, São Paulo e Rio de Janeiro, ligando a capital carioca e Ribeirão Preto ao Triângulo Mineiro e Belo Horizonte e ainda oferecendo aos passageiros que vinham do Rio a opção de visitar São João Del Rei e Tiradentes, importantes cidades históricas mineiras. A ligação permitia que o passageiro proveniente da própria capital dos estados de Minas Gerais ou do Rio pudesse circular entre os dois aeroportos centrais (Pampulha e Santos Dumont) fazendo somente uma escala em São João Del Rei. Só em Minas Gerais eram atendidas pela Total 10 cidades. Ela também iniciou operações entre o Aeroporto Santos Dumont e Macaé, no mesmo estado fluminense. Tendo já recebido o último ATR 42-500 de encomenda anterior (o PR-TTM, msn 551, modelo ATR 42-512 ainda operando pela empresa) a empresa acertou naquele ano a compra de outras 10 aeronaves ATR sendo seis 42-500 para 50 passageiros e quatro 72-500 para 70 passageiros, um investimento de US$ 150 milhões, com primeiras aeronaves para serem entregues a partir de 2008. Entre funcionários e estagiários a Total já empregava 695 colaboradores.
O fim das operações regulares com passageiros
Em 2007 a total já atendia 33 cidades brasileiras, tinha cinco voos diários para Ipatinga e já ocupava várias cidades antes servidas por outras empresas. Um acordo com o governo de Minas Gerais havia garantido a redução do ICMS de 25% para 4% nos preços dos combustíveis beneficiando as rotas da empresa pelo estado, mas quem se beneficiou de fato com tudo isso foi a Trip, pois esta herdaria todas as rotas regionais da empresa de propriedade da Sulista.
Tudo começou quando o grupo Águia Branca, de transportes rodoviários, havia resolvido investir na companhia aérea Trip e comprou 50% da empresa regional baseada em Campinas. Fortalecida, era natural que a concorrência seria gigantesca. Dado o recado, a Total aceitou a fusão que lhe foi oferecida. No final de 2007 a parte da empresa que transportava passageiros foi vendida para a Trip, dando origem à maior regional da América do Sul. No início de 2008 a Total passou a deter parte do capital societário da Trip Linhas Aéreas, transferindo a esta seu ativo referente à linha regular de passageiros. No início, as empresas operaram juntas, mas, aos poucos, ao longo de 2008, a operação de passageiros da Total foi sendo absorvida pela Trip. O foco da Total linhas Aéreas se voltou para o transporte de cargas, especialmente para os Correios (Rede Postal Noturna) e Banco Central, além de fretamentos para clientes corporativos, no transporte de passageiros, como o contrato com a Petrobras na Amazônia, que consistia em um fretamento regular e voos extras eventuais.
“Então, nossa história de transporte de passageiros foi uma história de sucesso” comenta Alfredo Meister. “Eu poderia ter continuado como estávamos e acho que teria sucesso mas aí entra a história de você começar a pensar inclusive na sua idade e na sucessão.” Além disso, com o natural e inevitável crescimento da empresa o fôlego financeiro precisaria ser muito grande. E foi justamente nesse momento, após a encomenda de dez novos ATR, que surgiu a possibilidade de fusão com a Trip. “Se eu for contar para você de onde eu saí, como empresário, como realização pessoal, eu tenho consciência que fiz 10 mil vezes mais do que eu podia imaginar” finaliza Alfredo Meister. Considerando que o Brasil nunca antes esteve, como hoje está, carente de companhias aéreas regionais, especialmente com o serviço de qualidade que os passageiros da empresa aérea mineira sempre experimentaram, é óbvio que a Total deixa muita saudade nesse mercado, como uma empresa das mais simpáticas e queridas pelos passageiros e seus amigos, que jamais a esquecerão.
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