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terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

“A” de ataque: McDonnell Douglas A-4 Skyhawk

 

Um pequeno e simples jato com asa delta e cauda, foi originalmente concebido para ataque nuclear à partir de porta-aviões. Teve uma longa e exitosa carreira.

O A-4 foi mantido em produção por 22 anos e ainda está em uso em algumas forças aéreas.

Missão

A missão do A-4 é atacar e destruir alvos de superfície em apoio a força de desembarque, escolta de helicópteros e outras operações. Desenvolvido no início dos anos 1950, o A-4 Skyhawk foi inicialmente designado como A-4D, um caça-bombardeiro diurno capaz de levar até o inimigo uma arma nuclear leve a partir do convés de voo de um porta-aviões.

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História

fc65e4eaa80db4315dcf1bbd5b98cdc6O Skyhawk foi projetado por Douglas ‘Ed’ Heinemann, em resposta a uma consulta da Marinha dos EUA para uma aeronave de ataque a jato para substituir o A-1 Skyraider. Heinemann optou por um projeto que minimizava o tamanho, peso e complexidade. O resultado foi um avião que pesava apenas metade das especificações da Marinha e tinha uma asa tão compacta que não precisava ser dobrada quando a bordo do porta-aviões.

O diminutivo Skyhawk logo recebeu o apelido de “Scooter” (patinete, por causa do seu trem de pouso, de aparência frágil, estreito e simples) e por causa de seu ágil desempenho de “Hot-Rod do Heinemann”.

A Marinha emitiu um contrato para o modelo em 12 de junho de 1952, e o primeiro protótipo voou pela primeira vez em 22 de junho de 1954.

Em 1955 um acidente vitimou o piloto. Ao longo da carreira, vários aviadores perderam a vida.
Em 1955 um acidente vitimou o piloto. Ao longo da carreira, vários aviadores perderam a vida.

As entregas aos esquadrões da Marinha e Corpo de Fuzileiros Navais começaram no final de 1956. O Skyhawk permaneceu em produção até 1975, com um total de 2.960 aeronaves construídas, incluindo 555 treinadores de dois lugares. A Marinha dos EUA começou a remover a aeronave de seus esquadrões de linha de frente em 1967, com o último sendo aposentado em 1975. Os fuzileiros, ao contrário da Marinha que substituiu o A-4 pelo Vought A-7 Corsair II, manteve o Skyhawk em serviço e encomendou o novo A-4M.

O última Skyhawk do USMC foi entregue em 1979, e foram utilizados até meados da década de 1990, quando foram substituídos pelo igualmente pequeno AV-8 Harrier.

O último OA-4M foi retirado de serviço em junho de 1994, porém a versão de instrução do Skyhawk permaneceu em serviço da Marinha com os esquadrões Agressores, aonde o ágil A-4 foi usado para simular as características de voo do MiG-17 em treinamento de combate aéreo dissimilar (DACT). Ele serviu nessa função até 1999, quando o último foi substituído pelo T-45 Goshawk.

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Seu desempenho ágil também o fez adequado para substituir o F-4 Phantom na equipe de demonstração Blue Angels, popularizada em um vídeo rock dos anos 80, até que o F/A-18 Hornet se tornou disponível na década de 1980. Os últimos Skyhawks da Marinha dos EUA, o modelo TA-4J pertencentes ao esquadrão VC-8, permaneceu em uso militar para-reboque de alvo e como aeronave adversária para treinamento de combate na estação aeronaval de Roosevelt Roads. Eles foram oficialmente aposentados em maio de 2003.

O Skyhawk provou ser um sucesso de exportação de aeronaves da Marinha dos Estados Unidos do pós-guerra. Devido ao seu pequeno tamanho, pode ser operado a partir dos porta-aviões mais velhos, como porta-aviões da Segunda Guerra Mundial que eram usados por muitas marinhas durante os anos 1960. Estes navios mais antigos eram frequentemente incapazes de acomodar aeronaves melhores como o F-4 Phantom II e o F-8 Crusader, que eram mais rápidos e mais capazes do que o A-4, mas significativamente maiores e mais pesados.

Projeto

A aeronave é um projeto convencional do pós-guerra, com uma asa delta baixa, trem de pouso triciclo e um único propulsor turbojato na fuselagem traseira, com entradas nas laterais da fuselagem. A cauda é de desenho em forma de cruz, com o estabilizador horizontal montado acima da fuselagem. O armamento consistia de dois canhões Colt Mk 12 de 20mm, um em cada raiz da asa, com 200 tiros cada, além de uma grande variedade de bombas, foguetes e mísseis transportados numa ponto duro sob a fuselagem central e pontos duros sob cada asa (originalmente um por asa, depois dois).

O design do A-4 é um bom exemplo das virtudes da simplicidade.

A escolha de uma asa delta, por exemplo, permite velocidade e capacidade de manobra combinada com uma grande capacidade de combustível com tamanho pequeno e, portanto, não requer asas dobráveis, embora à custa da eficiência de cruzeiro. Os slats de ponta são notavelmente projetados para cair automaticamente na velocidade apropriada por gravidade e pressão do ar, sem precisar da intervenção do piloto ou piloto-automatico.

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Da mesma forma o trem de pouso principal não penetrou na principal longarina da asa, sendo montado de modo que, quando retraído apenas à roda em si fica dentro da asa e os suportes de material das rodas foram alojados em uma carenagem abaixo da superfície da asa inferior. Isto permitiu que a própria estrutura de asa fosse mais leve e resistente, livrando-a do peso morto do mecanismo de dobra de asa. Isto é o inverso exato do que muitas vezes acontece no design de aeronaves, aonde um pequeno aumento de peso, em uma área leva a um aumento no peso em outras áreas, forçando a longarinas e cavernas mais resistentes e a motores mais potentes num perigoso efeito cascata.

O A-4 foi pioneiro no conceito “Buddy”, ou seja, reabastecimento ar-ar de um A-4 por outro A-4. Isto permitiu que a aeronave fosse utilizada como um avião-tanque para os outros aparelhos. Isso foi uma vantagem especial para os pequenos jatos quando operando em locais remotos. Um A-4 era lançado sem armas antes do avião de ataque. O avião de ataque, então completamente armado, decolava apenas com combustível suficiente para decolar com o peso máximo de decolagem. Uma vez no ar, era reabastecido, podendo assim prosseguir para o alvo com a carga máxima de bombas e combustível suficiente.

A-4F do esquadrão VF-55 em missão de bombardeio no Vietnã. A foto é de 1970.
A-4F do esquadrão VF-55 em missão de bombardeio no Vietnã. A foto é de 1970.

O A-4, também foi concebido para ser capaz de fazer uma aterragem de emergência, em caso de uma falha hidráulica, sobre os dois tanques subalares que quase sempre eram transportados. Tais aterragens resultaram em apenas danos menores para o nariz da aeronave, que poderiam ser reparado em menos de uma hora. As asas tinham slats automáticos de ponta, operados por pressão aerodinâmica, novamente um recurso simples, mas eficaz na redução de peso.

Combate

O Skyhawk atuou como bombardeiro leve primário da Marinha durante os primeiros anos da Guerra do Vietnã, enquanto a USAF estava voando o supersônico F-105 Thunderchief. Eles seriam suplantados pelos A-7 Corsair II no papel de ataque diurno da marinha. Os Skyhawks realizara alguns dos primeiros ataques aéreos dos EUA durante o conflito e a um Skyhawk da Marinha é creditado ter sido o ultimo avião a bombardear um alvo do Vietnã do Norte. Em uma ocasião, um A-4C Skyhawk do esquadrão de ataque VA-76, abateu um MiG-17 com um foguete não guiado. Em maio de 1970, um Skyhawk israelense também abateu um MiG-17 com foguetes não-guiados sobre o sul do Líbano.

O Skyhawk a serviço da Força Aérea de Israel foi a principal aeronave de ataque ao solo na Guerra de Atrito e na Guerra do Yom Kippur. Eles custavam apenas 1/4 do que um F-4 Phantom e levaram mais bombas e tiveram maior alcance do que os caças de superioridade aérea. Os Skyhawk suportaram o peso de perdas para as sofisticadas baterias SAM SA-6. Eles foram substituídos pelo F-16.

Dramático instante em que um Skyhawk mergulha sobre o alvo no Vietnã.
Dramático instante em que um Skyhawk mergulha sobre o alvo no Vietnã.

Durante o conflito das Falklands/Malvinas, apesar de ser armados com apenas bombas de ferro e sem qualquer sistema de defesa eletrônica ou de mísseis, os Skyhawks da Argentina Força Aérea afundaram o HMS Coventry, o HMS Antelope e o Sir Galahad, além de produzir danos pesados a vários outros como o HMS Glasgow e o HMS Argonaut. Os A-4Q da Marinha argentina (primeiro cliente internacional do Skyhawk) também desempenharam um papel nos ataques contra os navios britânicos, destruindo o HMS Ardent.

A-4B da força aérea argentina que tanto trabalho deram aos britânicos em 1982.
A-4B da força aérea argentina que tanto trabalho deram aos britânicos em 1982.

Ao todo, 22 Skyhawk foram perdidos ou abatidos durante a guerra.

Mais recentemente, a força aérea do Kuwait lutou na primeira Guerra do Golfo. Dos 36 que foram entregues ao Kuwait em 1970, 23 sobreviveram à guerra e a invasão do Iraque, com um único sendo perdido em combate.

A-4KU Skyhawk 160186 que foi transferido para a Marinha do Brasil.
A-4KU Skyhawk 160186 que foi transferido para a Marinha do Brasil.

O Skyhawk era amado por suas tripulações. Era ágil e resistente. Estes atributos, juntamente com o seu baixo custo de aquisição e de operação e fácil manutenção, contribuíram para a popularidade do A-4.

A 'corcunda' é causada pela falta de espaço para os novos aviônicos.
A ‘corcunda’ é causada pela falta de espaço para os novos aviônicos.

McDonnell Douglas A-4 Skyhawk

Primeiro voo: 22 de junho de 1954.

Tipo: Bombardeiro de ataque leve baseado em porta-aviões.

Tripulação: 1

Propulsão: Um turbojato Pratt & Whitney J52-P-408A gerando 5 080 kg de empuxo seco.

Dimensões: Envergadura: 8,38m; comprimento (excluindo sonda de reabastecimento), 12 m; altura 4,57m; área alar: 24 m².

Pesos: Vazio: 4 750 kg; máximo: 11 113 kg.

Desempenho: Velocidade máxima: 1 080 km/h ao nível do mar; taxa inicial de subida, 2 572/min; raio tático com carga de bombas de 1 815 kg: 547 km.

Armamento: Dois canhões Colt Mk 12 de 20 mm e até 4 150 kg em cinco pontos

Quantidade produzida: 2 960 unidades

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