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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Conheça a nova geração dos E-Jets da Embraer

 


Em um megaevento no fim de fevereiro, a Embraer apresentou a segunda geração da sua família de jatos comerciais: os E-Jets. Ela mostrou o primeiro protótipo do E190-E2, que será a sua aeronave intermediária pelos próximos anos, a qual tem capacidade para levar até 106 passageiros e passou por algumas mudanças no design e na fabricação que a tornaram bem mais eficiente que seus antecessores.

Além desse avião, a Embraer ainda trabalha no E195-E2, o maior da família, com capacidade para até 132 pessoas, e no E175-E2, o menorzinho, para 88 passageiros. Essas três aeronaves são as apostas da fabricante para se manter na liderança global nos próximos anos, uma vez que já domina 50% do mercado de aviões de até 130 lugares.

O voo inaugural do E190-E2 deve acontecer em algum momento do segundo semestre deste ano nas instalações da Embraer em São José dos Campos (SP) com esse mesmo protótipo que a empresa mostrou na apresentação. Contudo, esse modelo só entra em serviço no começo de 2018. O maior avião dos três fica para 2019 e, por fim, o menor segue para o ar em 2020.

Mercado

A Embraer vê seus novos jatos como verdadeiros sucessos comerciais. Antes mesmo de um deles alçar o primeiro voo, a companhia já vendeu 267 unidades dos três modelos e tem mais 373 opções de compra, que são basicamente sinais de negócio para adquirir os aviões no futuro por um preço pré-fixado.

Considerando que o modelo mais básico começa em US$ 50,8 milhões para o E175-E2, valor que passa para US$ 58,2 milhões pelo E190-E2 e termina em US$ 65,6 milhões pelo E195-E2, a Embraer deve receber quase US$ 30 bilhões nos próximos anos só com as encomendas já feitas por sete empresas aéreas, o que inclui a brasileira Azul.

Até o fim do projeto de pesquisa e construção, a Embraer deve investir US$ 1,7 bilhão, majoritariamente de recursos próprios. Ou seja, mesmo não considerando os valores gastos na produção de cada aeronave, é possível imaginar que o retorno financeiro seja muito vantajoso.

Os maiores mercados da Embraer para essa segunda geração de aviões são os EUA, a China e o Brasil, que tinha um projeto federal para incentivar a aviação regional, mas que está paralisado por conta da crise econômica.

Economia

A grande vantagem que a Embraer comenta acerca dos novos E-Jets é a economia de combustível. Eles devem gastar 24% a menos por passageiro para voar a mesma distância que os modelos equivalentes da primeira geração. Fora isso, o alcance máximo dos três novos aviões foi aumentado em relação aos antecessores.

Com um único abastecimento, o E175-E2 poderá voar até 3.555 km, enquanto o E190-E2 faz 5.185 km com mesma condição. O E195-E2, apesar de ser maior, não consegue bater o modelo intermediário em alcance, ficando “apenas” com 3.704 km.

Segundo a fabricante, esses aviões ainda trarão uma economia de até 25% no custo de manutenção periódica, o que deve manter os preços das passagens aéreas estáveis mesmo com aumentos em outras frentes, como combustível e pessoal.

Engenharia

Foram destacados três pontos cruciais para a melhoria na eficiência dos novos jatos da Embraer. A companhia comentou na conferência de imprensa, na qual o TecMundo esteve presente, que trabalhou muito no formato da asa, que lembra um pouco a de uma gaivota.

Ela foi toda feita em metal, que é mais barato do que o composto utilizado em aviões maiores. Isso só pôde acontecer por conta do tamanho controlado das aeronaves, que ainda receberam uma envergadura 5 metros maior.

O novo formato de asa foi desenvolvido pelo fato de a turbina adotada nessa geração ser bem maior que aquelas encontradas na primeira. Como a Embraer não queria tornar os aviões muito altos — mais distantes do chão quando estacionados —, a asa ganhou uma curvatura especial. Com isso, a acessibilidade não foi comprometida.

Por fim, o centro de gravidade foi deslocado um pouco para trás, a fim de tornar os voos mais eficientes no geral. Isso e as duas outras mudanças mencionadas ajudaram na economia de combustível.


O E190-E2 será ainda mais automatizado: a aeronave terá controles ‘full fly-by-wire’. Ou seja, todos os comandos do avião serão realizados por controles eletrônicos. Aeronaves sem esse recursos movimentam seus flaps e ailerons por meio de componentes mecânicos ou hidráulicos. No E190 da primeira geração, os comandos mecânicos ainda estavam presentes no “profundor”, que controla o movimento horizontal do avião – na cauda do avião.

Mas o que mais vai agradar os pilotos dos E-Jets E2 é a nova cabine com visor ‘head-up display’, como em caças de combate. O painel digital permite que o piloto confira os instrumentos mais importantes sem precisar desviar os olhos do horizonte – esse item será opcional.

Mercado

Os E-Jets se tornaram uma espécie de proposta de “meio termo” para companhias aéreas, posicionados entre jatos comerciais pequenos e médios, permitindo uma ligação eficiente em rotas regionais, de curto e médio alcance. Regiões que não têm demanda suficiente para encher um Boeing 737 com quase 200 passageiros, podem ser atendidas com a mesma velocidade a jato dos modelos Embraer, de menor porte e capacidades mais adequadas.

Com esse perfil de operação, a Embraer conseguiu emplacar os E-Jets em 65 companhias aéreas de 47 países em todos os continentes. Até setembro deste ano, a fabricante entregou mais de 1.100 jatos dessa série e tem mais de 600 aparelhos encomendados. Os modelos da linha E2, que ainda nem voaram, já tem 267 unidades vendidas.

O primeiro grande cliente dos E-Jets E2 será a companhia norte-americana SkyWest, que já confirmou o pedido uma centena de aeronaves e manteve a opção de adquirir outra 100. Em seguida aparece a ILFC, empresa de leasing e revenda de aeronaves, com mais 50 pedidos.



A Embraer já tem mais 260 E-Jets E2 vendidos antes mesmo do lançamento (Embraer)

Com todo esse interesse, a Embraer se tornou líder na categoria de aeronaves para até 130 passageiros, detendo 40% deste mercado. A chegada dos E-Jets E2 deve coincidir com o lançamento do jato regional japonês Mitsubishi MRJ, que será a primeira família de aviões que concorrerá diretamente com os modelos desenvolvidos no Brasil.

O E190-E2, que será o principal modelo da nova série, é avaliado em cerca de US$ 53 milhões. O E175-E2 tem preço sugerido de US$ 46 milhões e o E195-E2 deve chegar ao mercado custando US$ 60 milhões. São valores aparentemente altos, mas competitivos quando comparados aos valores de aeronaves da Boeing ou Airbus, que custam o dobro ou mais.



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