Tecnologias cada vez mais eficientes e confiáveis acabaram reduzindo a necessidade e a demanda por aeronaves com três motores.
Embora os jatos duplos (e em menor medida os quadrijatos) tenham sido atualizados e relançados através de versões mais recentes nas últimas décadas, os aviões com três motores não estão mais em produção desde 1997, quando o último trijato, o McDonnell Douglas MD-11, teve sua fabricação encerrada. Então, qual é a razão por trás disso?
Regulamentações ETOPS e o surgimento dos aviões com três motores
Os primeiros trijatos comerciais surgiram na década de 1960 através da Hawker Siddeley e da Boeing na forma do HS-121 Trident e do 727, respectivamente. Um grande motivador para a demanda inicial de aviões com três motores foi a implementação dos regulamentos ETOPS, um conjunto de certificações oficiais que passaram a regular aeronaves cujas rotas possuíssem trechos muito distantes de um aeroporto alternativo, especialmente sobre os oceanos.
Apesar dessas certificações abrangerem termos bastante técnicos, o que devemos ter em mente para a compreensão deste assunto é que, sob essas regras, as rotas de longa distância sobre os oceanos passaram a ser regularmente impossíveis de serem realizadas com jatos duplos, exigindo, portanto, aeronaves com mais de dois motores. Consequentemente isso abriu a porta para que os fabricantes desenvolvessem trijatos intercontinentais e de corpo largo.
Com o ETOPS abrindo espaço para os trijatos, esses aviões com três motores cresceram em popularidade para operações intercontinentais, muitas vezes sendo escolhidos em vez de aeronaves com quatro motores. Na prática, isso ocorria porque os aviões com três motores eram mais econômicos em termos de combustível.
Na verdade, nesta época, os aviões com três motores eram vistos como o “ponto ideal” entre as aeronaves com dois e quatro motores, apresentando maior alcance e capacidades de carga útil, mas sem o consumo excessivo de combustível dos quadrijatos.
O início da queda dos trijatos
Embora os regulamentos ETOPS tenham sido parcialmente responsáveis pelo surgimento de grandes trijatos, as atualizações posteriores dessas regras seriam parte de sua ruína. De acordo com o Simple Flying, conforme os motores das aeronaves ficavam cada vez mais confiáveis ao longo da década de 1980, não fazia mais sentido a utilização de aviões com três motores, pois aeronaves com dois já “davam conta do recado”.
Pela mesma razão que as companhias aéreas mudaram de aeronaves com quatro motores para aviões com três (custos mais baixos e maior eficiência), as mesmas empresas também mudaram de três motores para dois.
Vale destacar que, para os trijatos, os custos não eram apenas em termos de operação e manutenção, mas também em termos de fabricação. Na prática, esses aviões tinham um preço de compra mais alto devido ao motor adicional e à complexidade de montá-lo na cauda.
Nesse período, Boeing e Airbus já ofereciam aeronaves com dois motores mais eficientes e com um alcance comparável ao DC-10 (e posteriormente ao MD-11), o que fez com que as companhias aéreas fossem progressivamente atraídas por esses jatos mais novos que ofereciam economia de custos. De fato, é por isso que aeronaves como o Boeing 777 e o Airbus A310 se tornaram tão populares nessa época.
Estamos perdendo alguma coisa com o fim dos trijatos?
Na maior parte das coisas, não estamos perdendo praticamente nada com o desaparecimento dos aviões com três motores. Os jatos duplos modernos já oferecem os mesmos níveis de conforto, desempenho e, com as novas tecnologias que possuem, vemos ainda mais eficiência que os modelos antecessores.
Curiosamente, este é o mesmo motivo pelo qual estamos vendo agora o declínio dos aviões com quatro motores. Embora o processo de abandono dos quadrijatos seja bem mais lento que o dos trijatos, os argumentos usados são semelhantes: no fim das contas, os aviões com dois motores oferecem melhor economia de combustível e menores custos de manutenção, mantendo desempenho similar e mesmos níveis de seguranças.
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