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terça-feira, 14 de março de 2023

Afinal, quantos KC-390 poderão ser vendidos?

O KC-390 foi apresentado com as bandeiras dos 4 países participantes
A notícia está no mundo: cinco KC-390 devem ser vendidos para Portugal por 827 milhões de euros, com o negócio sendo fechado só depois de a Embraer dar um desconto não revelado. Com a primeira notícia de exportação, serão 28 aeronaves para a Força Aérea Brasileira, e cinco para Portugal. Mas o plano é não parar por aí.

Para começar, vale lembrar que não há só uma bandeira pintada na fuselagem dos protótipos do KC-390: além do Brasil, Argentina, Portugal e República Tcheca participam do projeto. A expectativa é de que pelo menos esses países façam encomendas.

A questão do preço parece ter sido preponderante para Portugal, com fontes do país afirmando que o C-130J e o A400M também estavam em análise. Mesmo assim, vale lembrar que as Oficinais Gerais de Material Aeronáutico (OGMA) participam do projeto, ainda que atualmente tenham capital essencialmente controlado pela Embraer, tendo como acionista minoritário a Empordef, estatal portuguesa. A empresa fabrica os estabilizadores, parte da fuselagem central, leme e sponson do KC-390, em parceria com os grupos locais Better Sky e Compass.

Embraer KC-390 junto ao Hangar do Zepelin na Base Aérea de Santa Cruz/RJ. Foto: Sgt Manfrim / Força Aérea Brasileira.

Um dos desafios para Portugal será adaptar o sistema de reabastecimento em voo: o KC-390 utiliza o sistema de probe-and-drogue, típico da Força Aérea Brasileira. Já os F-16M portugueses necessitam do flying boom, como o visto nos KC-135. Essa adaptação será fundamental para conquistar vendas para os mais de vinte países que utilizam caças F-35, F-16 e F-15.

No caso do parceiro mais próximo, a Fábrica Argentina de Aviones (FAdeA) foi convidada pela Embraer em 2010 para participar do projeto. A empresa fez investimentos de 35 milhões de dólares na unidade industrial de Córdoba para fabricar as portas de carga, o cone da cauda, as portas do trem de pouso dianteiro, o suporte para equipamentos eletrônicos, os spoilers e partes dos flaps.

Com 5 C-130H, 2 KC-130H e uma aeronave L-100-30, versão civil do Hércules, a Argentina necessita de aeronaves do porte do KC-390 para substituir os cargueiros já envelhecidos. Nos bastidores, fala-se em venda de seis unidades.

Dois KC-390 seguem na campanha de testes. Já há a certificação da ANAC e em 2019 deve ser entregue a primeira unidade para a Força Aérea Brasileira

A Aero Vodochody, empresa da República Tcheca, é responsável pela produção de partes da fuselagem traseira, rampa de carga, componentes das asas e portas e escotilhas. A empresa é conhecida por fabricar as aeronaves de treinamento L-159 e L-39.

A Força Aérea da República Tcheca, ainda que equipada com caças Gripen, é modesta em teros de avião de transporte. Não há nenhum C-130 Hércules operacional. Mesmo assim, a expectativa é a de que o país adquira duas unidades do KC-390, que devem ser também os primeiros reabastecedores tchecos.

O Brasil comprovar as capacidades do KC-390 é um dos pontos mais importantes para as exportações acontecerem Foto: Força Aérea Brasileira

Operar com as cores das forças aéreas de Portugal e da República Tcheca significará, também, ver o KC-390 atuar no âmbito da OTAN. Isso pode ser fundamental para o avião alcançar parte significativa do mercado previsto de 728 aeronaves até 2025, a ser dividido sobretudo com o norte-americano C-130J, o japonês C-2 Kawasaki, o ucraniano Antonov An-178, o russo Ilyushin Il-276 e o multinacional A400M, da Airbus.

O KC-390 foi prejudicado pelos atrasos de investimentos, o que deu tempo para seus concorrentes diretos avançarem

Tanto a diplomacia brasileira quanto a Embraer atuam para que a Suécia se torne o primeiro país comprador, o que seria uma espécie de troca para a compra de lotes adicionais de caças Gripen NG. Há também informações sobre prováveis interesses ou negociações com a Nova Zelândia, Itália, Colômbia, Chile, Emirados Árabes Unidos e Bolívia.

A exportação do KC-390 é também foco da parceria da Embraer com a Boeing. No futuro, o cargueiro pode até ser fabricado nos Estados Unidos e, de lá, ser exportado via o programa Foreign Military Sales (FMS), braço da diplomacia norte-americana. A partir daí, aliados de todo o mundo poderiam vir a receber o avião.

Ainda na prancheta, o Il-276 deve ser a substituição dos Antonov An-32 atualmente em uso

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