Projetos muito inovadores, visão equivocada de mercado, custos elevados e acidentes condenaram muitos aviões
Alguns aviões nascem com a promessa de mudar o mercado, outros ambicionam disputar mercados competitivos, enquanto alguns buscam apenas atender as necessidades pontuais ou ambições de governo.
Enquanto modelos como o Boeing 737 mudou o mercado, acumulando mais de 10.000 pedidos, outros não conseguiram um lugar ao sol. Listamos abaixo alguns casos icônicos de aviões que nasceram e não conseguiram obter o sucesso planejado, com muitos deles sendo esquecidos, ou pior, nem mesmo são conhecidos pela maioria.
Lockheed L-188 Electra
Saab Scandia
Outro avião querido entre entusiastas brasileiros é o Scandia, construído pela Saab como potencial rival para o lendário DC-3. Com a frota de bimotores da Douglas dominando o mercado com excedentes de Guerra, a Saab percebeu o potencial para um avião com capacidade semelhante, mas com maior conforto e tecnologia mais avançada. Surgia o Scandia que fez seu primeiro voo em 1946. Basicamente aqui encerra a história do avião, que teve apenas 18 unidades produzidas, em um dos maiores fracassos da indústria. O destino quis que todos acabassem operando pela brasileira Vasp, e apenas um foi salvo de ser convertido em sucata. O exemplar remanescente faz parte do acervo do Museu de Bebedouro, no interior paulista.
Saab 2000
Os suecos ainda tiveram seus momentos na aviação comercial com o Saab 340, um turbo-hélice regional paraa té 34 passageiros e que rivalizava com o brasileiro EMB-120 Brasília. Aliás, o Saab 340 teve 459 unidades produzidas entre 1983 e 1999, enquanto foram produzidos 357 Brasília entre 1983 e 2001. O sucesso do Saab 340 somado ao crescimento da aviação regional em todo o mundo levou ao desenvolvimento do Saab 2000. O nome uma referencia ao então mágico segundo milênio previa um avião para até 58 passageiros, capaz de rivalizar com o então novato ATR 42. Assim como a maioria dos projetos da Saab o novo avião foi projetado usando o máximo de tecnologia disponível e fez seu primeiro voo em 1992. Todavia, a concorrência com a ATR, somado ao surgimento dos jatos regionais como a família CRJ da Bombardier e ERJ da Embraer, inviabilizaram o sucesso do avião. A produção foi cancelada em 1999, com apenas 63 unidades produzidas.
Fairchild Dornier 328Jet
Dassault Mercure
O final da década de 1960 deixava claro que o crescimento da aviação comercial em rotas curtas e médias era uma realidade, com crescimento projetado que prometia triplicar o volume de passageiros em uma década. A Boeing e Douglas saíram na frente com o 737 e o DC-9, respectivamente. A Dassault, famosa por exemplo pelos caças Mirage, optou por ingressar na aviação comercial com o Mercure. O avião trazia uma série de inovações típicas da Dassault, que apostava na tecnologia embarcada e nos materiais leves usados na construção para conseguir ao menos 300 vendas em dez anos. Porém, o fabricante francês não foi capaz de rivalizar com os norte-americanos e nem com o surgimento da Airbus, que na época consumia todos os esforços franceses para a aviação comercial. O resultado, apenas doze aviões construídos e operados apenas pela Air Inter.
Convair CV-990 Coronado
A ambição por um mercado promissor pode ser a receita para o sucesso ou completo fracasso de um avião. Caso essa pretensão venha acompanhada de uma gestão ruim, problemas de engenharia em todas as fases de desenvolvimento, e uma dose de audácia, a chance de errar é enorme. Foi assim que a Convair teve uma participação quase simbólica na aviação comercial a jato. O surgimento do Comet no Reino Unido causou uma mudança de paradigmas na indústria aeronáutica, incluindo o aprendizado com os acidentes. A Boeing e a Douglas novamente tomaram a dianteira com os 707 e DC-8, respectivamente. A Convair, que tinha boa participação no mercado de aviões com motor radial e uma ampla experiência em caças a jato, ingressou na briga com o CV-880, um quadrimotor que se diferenciava por sua maior velocidade, em detrimento da capacidade e alcance. Com 110 passageiros o avião voava por até 4.500 quilômetros, com velocidade na ordem de 900 km/h. A tentativa de vender o avião para a American Airlines, que já usava o 707, levou a Convair a criar uma versão aperfeiçoada do CV-880, mais rápido e com refinamentos aerodinâmicos importantes. Surgia assim o CV-990 Coronado. Ciente que estava atrasada no cronograma de desenvolvimento e diante do mercado, a diretoria da Convair optou por partir para a produção em série em meio aos ensaios em voo. Uma aposta arriscada e que se mostrou um terrível erro. A aeronave tinha uma série de problemas que obrigou uma revisão dos aviões já construídos, novos atrasos e um desempenho pouco atrativo. Embora fosse o quadrimotor comeria mais rápido de seu tempo, podendo atingir Mach 0.91, o CV-990 Coronado tinha um alcance de apenas 6.000 km e um custo operacional extremamente elevado. O resultado, apenas 37 aviões produzidos. Três deles voaram por um curto período no Brasil, nas cores da Varig. Já o CV-880 teve míseros 65 aviões entregues. O prejuízo afastou a Convair da aviação comercial para sempre.
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