Desde que entrou em serviço em 1973, o Dassault Mirage F1 nunca chegou a ser um avião de combate de grande destaque, embora sua carreira tenha sido bastante diversa. Substituído como principal interceptador na Armée de L´Air pelo Mirage 2000 em 1984, o F1 ainda assim teve mais unidades produzidas e mais operadores que seu sucessor.
Pois mais de 53 anos após o primeiro voo, o Mirage F1 está ganhando espaço, vejam só, na Força Aérea dos EUA. Mas num contexto completamente diferente, o de aeronave civil agressora, ou seja, utilizada por empresas contratadas pelas forças armadas do país para realizar treinamento de combate e assim preparar os pilotos na ativa.
A terceirização desses serviços tem ganhado força nos últimos anos com a disponibilidade de caças e aviões de treinamento usados no mercado, mas geralmente as aeronaves mais populares eram o israelense Kfir (derivado do projeto do Mirage III) e o treinador L-39 Albatros, entre outros.
No entanto, uma dessas empresas, a Draken International, decidiu adquirir 20 unidades do Mirage F1M que operavam na Força Aérea da Espanha e que hoje treinam pilotos de caça da USAF na base aérea de Nellis, no estado de Nevada.
Nesta semana, foi revelado que outras duas bases aéreas dos EUA passarão a contar com o caça supersônico da Dassault, Luke (Arizona) e Holloman (Novo México), isso porque outra empresa, a ATAC (Airborne Tactical Advantage Company), que pertence à Raytheon, foi selecionada para o programa CAS (Contracted Air Support) e oferecerá treinamento aéreo agressor para os esquadrões de caças F-16 e F-35.
Os exercícios deverão começar no quarto trimestre de 2020 e contarão com parte dos 63 caças Mirage F1 que a ATAC adquiriu junto à Força Aérea da França. Segundo a empresa, dez desses jatos já estão certificados pela FAA, ou seja, voam com matrículas civis.
Embora não tenham recebido nenhuma mudança estrutural, os caças Mirage F1 passaram por uma leve atualização em sistemas e aviônicos e a ATAC planeja substituir os radares franceses Thomson-CSF Cyrano IV no futuro.
Caça veloz
A boa aceitação do Mirage F1 como aeronave agressora envolve seu custo operacional baixo e desempenho. O caça é capaz de atingir Mach 2,2 e voar em altitude de até 20.000 metros. Curiosamente, ele é um raro jato de combate da Dassault a não utilizar asas delta, solução abraçada pelo fundador da empresa, Marcel Dassault.
Com boa capacidade de carga, o F1 também foi utilizado em missões de ataque e de reconhecimento. Hoje, no entanto, o caça só está operacional em três países – o Marrocos, Gabão e Irã, neste caso, aeronaves tomadas dos iraquianos na Guerra do Golfo. Na América do Sul, o único país a adotá-lo foi o Equador, que recebeu 18 aeronaves que operaram até 2011.
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