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sexta-feira, 21 de abril de 2023

Companhias aéreas low cost: como funcionam, onde encontrar tarifas super baratas e dicas para não cair em furada!

 



Na década de 1990, surgiu nos Estados Unidos e depois na Europa um novo conceito de companhia aérea. O modelo low cost (baixo custo) e low fare (baixa tarifa) revolucionou a indústria, democratizando o acesso ao transporte aéreo e transformando a experiência de viagem no mundo inteiro. Mas como funcionam essas empresas? Como conseguem oferecer tarifas tão baixas? É seguro viajar numa companhia aérea low cost? Vale a pena? Quais as principais empresas em operação hoje? Como encontrar tarifas super baratas? Respondemos essas e outras perguntas nesse post exclusivo, com dicas para você saber quando deve ou não optar por uma empresa de baixo custo e baixa tarifa em sua viagem.

O modelo low cost (para simplificar, vou chamá-las assim nesse post, mas considerando low cost empresas que não apenas operem com baixo custo, mas também ofereçam tarifas muito baixas) se expandiu em grande parte do mundo, especialmente na Europa, Estados Unidos e Ásia. No Brasil, infelizmente, ainda não decolou. Hoje não contamos com nenhuma verdadeira low cost operando voos dentro país.

Talvez você não lembre, mas já tivemos uma legítima low cost nacional. Era a Webjet! Ela não só vendia passagens baratas, mas obrigava as concorrentes a derrubarem suas tarifas nas rotas onde operava. A empresa operou durante alguns anos, mas em 2011 foi comprada pela GOL.

É bom lembrar que as principais companhias aéreas brasileiras adotam algumas, ou até muitas das práticas das companhias aéreas low cost, mas não praticam o modelo de baixa tarifa em larga escala. Por isso, a expectativa pela chegada de uma genuína low cost e low fare no Brasil é grande, especialmente após a desregulamentação da franquia de bagagens, a permissão de capital estrangeiro nas companhias aéreas, e a saída de operação da Avianca Brasil.

Em 2018, começaram a surgir empresas de baixo custo e tarifa interessadas em operar voos internacionais para o Brasil. É o caso das chilenas Sky Airline e JetSmart, a norueguesa Norwegian e a argentina Flybondi. Porém, nesses três casos, uma coisa em comum: as altas taxas de embarque no Brasil, Argentina, Chile e Inglaterra. São países que tem os maiores custos aeroportuários do mundo, um verdadeiro entrave para que os preços finais cheguem ao consumidor tão baixos como estamos acostumados a ver na União Européia, por exemplo.

Recentemente a companhia aérea espanhola Air Nostrum apresentou um pedido para operar voos domésticos no Brasil. Mas ainda é cedo para afirmar se o pedido vai ou não sair do papel, já que tivemos o caso do grupo Globalia, que em 2019 chegou a iniciar o processo de certificação, mas depois vendeu sua operação aérea para a Iberia.

Como as companhias aéreas low cost conseguem tarifas tão baixas?

Alguns fatores são decisivos para que as empresas low cost consigam oferecer tarifas muito baixas e, ainda assim, operar com lucro. Confira os dez principais:

1) Venda de tarifas que incluem apenas o direito de viajar

As empresas retiram do preço da passagem tudo o que possa ser cobrado separadamente, para chegar ao menor valor possível. Por conta disso, qualquer serviço adicional costuma ser cobrado. Qualquer mesmo! Por exemplo, quer marcar assento? Tem que pagar. Despachar bagagem? Tem que pagar! Fazer o check-in no balcão do aeroporto? Só pagando! Comer ou beber a bordo? Também! Levar mala como bagagem de mão ou com peso acima do permitido? Idem! Antecipar o voo ou remarcar passagem? Fones de ouvido? Já sabe a resposta… É a cultura do pague o que usar. Parece bem chato e inconveniente no início, mas aprendendo as regras e praticando o desapego dá para economizar, e muito!


2) Receita com a venda de serviços acessórios e com publicidade

É comum essas empresas terem receita extra oferecendo reserva de hotéis, aluguel de carros e ingressos para seus clientes durante ou depois da compra da passagem. Geralmente, o cliente fica com algum desconto e a empresa com a comissão do que foi vendido. Para se ter uma ideia, até raspadinha e bilhetes de loteria são comercializados nos voos da Ryanair, por exemplo.

Aviões adesivados com propagandas, comerciais e ações de marketing durante o voo também são comuns. Em algumas empresas, os comissários aproveitam para vender duty free (produtos livres de imposto) e descolar um complemento de salário com as comissões.

3) Frota padronizada e com alta densidade de assentos

As companhias aéreas low cost costumam ter aeronaves de um mesmo modelo, porque isso ajuda a reduzir os custos com manutenção e com o treinamento de pilotos, tripulantes e demais funcionários. Além disso, comprando mais aviões de um mesmo fabricante, negociam descontos maiores.

Na hora de configurar suas aeronaves, as companhias aéreas low cost optam pela maior densidade possível. Isso significa um espaço menor entre os assentos e em poltronas que não reclinam. Nos equipamentos mais novos, os fabricantes têm reduzido a quantidade de banheiros e o espaço das galleys (cozinha do avião) para colocar mais assentos e aumentar a capacidade das aeronaves. 

4) Maior aproveitamento das aeronaves

Avião parado é sinônimo de prejuízo para qualquer companhia aérea. Por isso, as empresas low cost trabalham com um planejamento de frota que maximiza o uso dos aviões. O resultado são voos durante toda a madrugada, no comecinho da manhã, e em qualquer hora do dia ou da noite. O tempo que as aeronaves ficam em solo também é reduzido. Tudo é feito para que o avião possa decolar novamente o mais rápido possível, e assim transportar mais passageiros no fim do dia.

5) Operação em aeroportos e terminais secundários

É comum as empresas low cost operarem em aeroportos secundários, nas cidades que possuem mais de uma opção, além de utilizar terminais e posições de estacionamento de aeronaves mais distantes. Tudo isso para reduzir as taxas que são cobradas pelos aeroportos para a operação dos voos.

Em alguns casos, cidades e até países se mobilizam para oferecer condições diferenciadas ou subsídios para companhias aéreas low cost, tamanho o impacto e o retorno dessas operações nos preços das passagens aéreas, no turismo e na economia.

No Brasil, essa dinâmica é um pouco mais complicada, já que boa parte dos aeroportos nas áreas metropolitanas e no interior não dispõem de ligações com transporte público de massa. Além disso, muitos terminais são administrados por estatais, como a Infraero, ou por órgãos estaduais, sendo bem engessados para negociar acordos agressivos com empresas privadas.

6) Menor despesa com combustível

Ligar o ar condicionado no máximo enquanto o avião estiver em solo? Nem pensar! Acelerar o avião para compensar algum atraso do voo? Esquece! Tudo que puder ser feito para poupar combustível ou reduzir custo, sem colocar em risco a segurança do voo, será feito! Isso inclui manter as aeronaves o mais leve possível. Até diminuir a quantidade de água nos reservatórios dos banheiros é uma medida adotada que ajuda a reduzir o peso do avião e, consequentemente, o consumo de combustível. Entendeu porque essas empresas são tão rigorosas com o peso das bagagens e dos volumes de mão?

7) Menor despesa com pessoal

As companhias aéreas low cost trabalham com uma equipe enxuta, especialmente nos aeroportos. Usam a tecnologia para reduzir custos com pessoal, automatizando todos os processos possíveis. Geralmente você consegue fazer quase tudo sem precisar de um funcionário humano, exceto dentro do avião, onde existem os comissários e o piloto para auxiliar (pelo menos por enquanto, pois no futuro é provável que automatizem tudo). Os funcionários também costumam receber salários-base abaixo da média de mercado e realizam tarefas diversas. Por exemplo, os comissários realizam a limpeza da aeronave entre uma etapa e outra. Já as equipes do check-in também costumam trabalhar nos portões de embarque, dando mais flexibilidade para a companhia e reduzindo o efetivo necessário.

8) Venda direta ao consumidor através da internet

A maioria das low cost trabalha apenas com venda direta de passagens em seus próprios sites, sem lojas físicas, ou central de atendimento. Também ignoram os sistemas globais de distribuição de passagens (GDS) utilizados pelas agências de viagem. Por isso, é comum não encontrar voos de algumas empresas low cost nas agências, mesmo as online.

9) Padronização e simplicidade

As poltronas são padronizadas, sem classe executiva, primeira classe ou qualquer diferenciação de cabine. Além disso, a tarifação das passagens é simplificada. Quem compra com antecedência vai conseguir as menores tarifas. Quem compra mais próximo da data do voo vai pagar mais caro, conforme a lotação do avião e a rota em questão.

10) Milhas? O que é isso?

A maioria das companhias aéreas low cost não possuem programa de fidelidade. Isso não é uma regra absoluta, mas não é comum voos de baixo custo acumularem milhas aéreas.

Talvez você tenha sentido falta de um item com tarifas não reembolsáveis e não remarcáveis. Mas hoje isso é tão comum nas companhias aéreas tradicionais que nem considero mais como um diferencial de uma companhia aérea low cost.

Quais as principais companhias aéreas low cost em operação no mundo?

Confira as principais companhias aéreas low cost e low fare do mundo:

Europa: Ryanair, Easyjet, Norwegian, Vueling, Volotea, Aer Lingus, Wizz Air, Eurowings, Level, airBaltic, Pobeda e Flybe.

Estados Unidos: Spirit, Frontier, Southwest Airlines, Westjet, Sun, Allegiant e Jetblue.

Ásia e Austrália: Air Asia, Tigerair, Scoot, Jetstar, Nok Air, Lion Air, Malindo, IndiGo, Peach, Citilink West Air, Spring.

América do Sul: Sky, Viva Colombia, Flybondi, Jetsmart ou Norwegian.

México: Volaris e Viva Aerobus.

África: FastJet, Mambo, Kulula e Jamojet.

Existem outras. As listas não são exaustivas e incluem apenas as maiores empresas. 

 

É seguro voar com companhias aéreas low cost?

É seguro. As empresas low cost utilizam as mesmas aeronaves que as companhias aéreas tradicionais. Além disso, são igualmente obrigadas a cumprir todas as normas de segurança, passando pelos mesmos processos de auditoria e certificação.

 

Vale a pena viajar em companhias aéreas low cost?

Depende! Para saber se vai valer a pena no seu caso, é importante comparar o preço da passagem incluindo todos os serviços que vai utilizar, como despacho de bagagem, marcação de assento, serviço de bordo etc. No processo competitivo, é possível que as companhias aéreas tradicionais ofereçam um pacote completo com uma tarifa final menor do que uma low cost, ou vice-versa, especialmente para quem tem benefícios dos programas de fidelidade para passageiros frequentes. Mas, para quem viaja apenas com bagagem e mão e não se importa com serviços adicionais, geralmente uma low cost oferece um preço imbatível.

Também é importante colocar na conta um eventual custo adicional de tempo e dinheiro que você terá com transporte até o aeroporto, se seu voo for por uma opção secundária. Antes de comprar, veja se há ônibus da companhia, ou transporte público no horário que você vai precisar. Se não tiver, confira quanto vai custar uma outra alternativa de transporte. A economia pode não ser real, ou não compensar o transtorno.

A dica é sempre pesquisar se alguma companhia aérea low cost opera o trecho que você precisa, especialmente dentro da Europa, Ásia e dos Estados Unidos, onde se concentram grande parte dessas empresas.

 

Onde pesquisar e encontrar tarifas de companhias aéreas low cost?

No Brasil, a agência online que pesquisa e vende passagens da grande maioria das low cost em operação no mundo é o Edreams. Assim você consegue comparar os preços das diferentes empresas low cost e tradicionais, escolhendo a melhor alternativa.

Outra opção é ir direto nos sites das companhias aéreas, especialmente se você deseja adicionar serviços adicionais. Porém, alguns cartões de crédito emitidos no brasil podem não aprovar as compras nesses sites, por serem cobradas na moeda do país de origem. Eu mesmo já tive dificuldades com isso.

 

Dicas para quem vai viajar em companhias aéreas low cost

  • Atenção redobrada ao tamanho, quantidade e ao peso de suas bagagens: as empresas costumam ser muito rigorosas com controle das malas despachadas e dos itens levados na cabine. Pese a bagagem e confira as dimensões antes de iniciar a viagem. Cada quilo ou volume adicional pode jogar no ralo toda a economia feita na compra da passagem. Custa muito caro e não tem conversa! Se precisar, vista um casaco mais pesado na hora de embarcar e coloque pequenas sacolas dentro da bolsa ou da mochila. Além disso, sacola de Dutty Free, bolsa pequena, casaco e qualquer outro penduricalho conta como item de mão. Se a regra for somente um item gratuito, não espere vista grossa dos funcionários.
  • Faça o check-in pela internet, com antecedência: muitas low cost hoje possuem apps que permitem salvar o cartão de embarque no celular. Se não for o caso, peça no hotel para imprimir o cartão de embarque e assim evitar cobranças adicionais (sim, tem empresas que cobram para imprimir o cartão de embarque). Fazer o check-in cedo também aumenta suas chances de pegar bons assentos, se a companhia designar as poltronas antes do embarque.
  • Chegue cedo ao aeroporto: não é raro as low cost ficarem nas áreas mais distantes dos terminais de passageiros. A fila para o despacho de bagagem também costuma ser maior do que o normal, já que as empresas operam com equipes reduzidas em solo. Fora isso, são grandes as chances do embarque ocorrer por portões longínquos, que podem demandar mais de 30 minutos de caminhada (especialmente em alguns aeroportos na Europa).
  • Entre logo na fila para o embarque: se a companhia aérea não designar assentos antes do embarque, essa é a maneira de garantir os melhores lugares no avião, aumentando as chances de viajar próximo de quem estiver com você, se for o caso. Quem fica no fim da fila acaba pegando os assentos do meio ou próximo do banheiro.
  • Não deixe para comprar a passagem em cima da hora: mesmo as companhias aéreas low cost podem cobrar preços altos nas passagens aéreas, especialmente próximo da data da viagem, quando os voos atingem uma ocupação alta. O ideal é garantir a passagem com pelo menos 4 meses de antecedência. Quanto mais cedo, melhor.
  • Não marque voos independentes muito próximos um do outro: low cost também atrasa e/ou muda horário de voo. Às vezes, em muitas horas. Por isso, se tiver usando um voo de uma low cost para conectar com seu próximo voo, fique atento. O ideal é ter pelo menos um dia de folga entre eles, ou pelo menos 6 horas. Ainda que o voo não atrase muito, a imigração e o deslocamento entre terminais pode tomar algumas horas. Lembre-se que qualquer problema com seu voo interno fará você perder o voo principal, com um prejuízo enorme!
  • Low cost é obrigada a cumprir a lei: na Europa, se houver atraso de mais de 2 horas em voos de até 1500 Km, ou 3 horas em voos com maior distância que essa, as companhias aéreas devem indenizar os passageiros. Por isso, fique atento e exija seus direitos na hora, já que essas empresas não possuem representação no Brasil (você não vai conseguir processá-las na justiça brasileira).
  • Verifique a reputação da companhia antes de comprar a passagem: somente em 2019 pelo menos nove companhias aéreas low cost e regionais faliram no mundo, como a indiana Jet Airways, ou as europeias WOW e Flybmi. As empresas que enfrentam dificuldades financeiras acabam cancelando dezenas de rotas antes de parar totalmente de operar, causando prejuízo e transtorno para os clientes.

E você, já viajou com companhias aéreas low cost? Como foi a experiência? Tem alguma outra dica? Comente e participe!

Veja também: Preço das passagens aéreas caiu até 33% nas rotas onde empresas low cost começaram a voar

Veja também nosso vídeo de como é voar com a Ryanair, a maior low cost do mundo.

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