Chinesa COMAC pretende produzir ao menos 200 jatos de passageiros até 2028, quase o dobro da empresa brasileira
O nobre posto de 3º maior fabricante de aviões comerciais do mundo deve ser perdido pela Embraer dentro de alguns anos. Se tudo correr como pretende o governo chinês, a estatal COMAC irá superar a empresa brasileira em número de aviões produzidos.
Embora não tenha a mesma experiência e presença global da Embraer, a COMAC tem um trunfo imbatível na manga, a “preferência” de dezenas de companhias chinesas, que irão receber os jatos ARJ21 e C919, gostando ou não deles.
O Partido Comunista da China tem uma ambição clara, a de ser menos dependente de Boeing e Airbus. Embora a tarefa não seja fácil já que o país ainda está longe de produzir um jato widebody – há o projeto CR929 com os russos, mas que ainda está numa etapa preliminar -, a dupla de aviões da COMAC deve suprir o básico, ou seja, a faixa entre 90 e 170 assentos.
Mas o que leva a pensar que a fabricante chinesa pode superar a Embraer em volume de produção? Nada menos do que a meta de produzir anualmente 150 C919 dentro de cinco anos.
Somado ao pequeno ARJ21, que já possui duas linhas de montagem ativas com capacidade para 50 aviões por ano, a COMAC poderá entregar, portanto, 200 jatos anualmente até 2028.
É um patamar que não chega a fazer cócegas na Boeing e sobretudo a Airbus, mas que é praticamente o dobro dos melhores tempos da Embraer. Em 2018, por exemplo, a empresa sediada em São José dos Campos entregou 90 aviões comerciais, já no ano passado, ela pode ter entregado em torno de 54 jatos, segundo levantamento de AIRWAY.
Já a COMAC teve cerca de 33 aviões entregues, sendo 32 ARJ21 e um C919, o primeiro do modelo, recebido pela China Eastern Airlines.
1.200 pedidos de C919
Segundo Zhang Yujin, diretor geral da COMAC, há 1.200 pedidos pelo C919, que possui capacidade de passageiros semelhante ao Airbus A320neo e o Boeing 737 MAX 8.
Certamente, o trabalho da empresa chinesa será bem mais fácil que o da Embraer, que precisa negociar cada avião vendido, muitas vezes enfrentando a força da Airbus com o A220.
A COMAC, por sua vez, não tem qualquer necessidade de convencer seus potenciais clientes a levar o ARJ21 e o C919 – trata-se de uma determinação política.
Já a Embraer parece ter uma chance limitada de ampliar suas vendas enquanto depender apenas dos modelos E190-E2 e E195-E2, de maior capacidade. O que deveria ser a maior esperança da empresa, o modelo E175-E2, está com o desenvolvimento suspenso por não se encaixar nas restrições de operação das companhias aéreas regionais dos EUA, seu maior mercado.
Resta entender se os dois aviões cumprirão seus papeis em termos de confiabilidade, disponibilidade e performance. Se justificaram o alto investimento recebido, talvez aí ARJ21 e C919 possam demonstrar alguma ambição fora da China.
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