Algumas marcas de empresas aéreas morrem para sempre. Outras, ao que parece, entram em hibernação, esperando um retorno quando chega a hora certa de voltar aos céus. Por isso, em 12 de janeiro, um Boeing 767-300ER aterrissou na pista do aeroporto de Nova York, trazendo consigo uma marca que desapareceu vários anos antes.
O voo inaugural da Eastern Airlines, com sede em Miami, mas com base operacional em Nova York, a partir da cidade equatoriana de Guayaquil, foi o primeiro voo a receber o outrora lendário nome da empresa aérea, que já faliu duas vezes antes. A primeira vez que a Eastern quebrou foi em 1991, enquanto que a segunda iteração, de curta duração, foi em 2017.
Retorno surpresa
Apesar das notícias sobre o retorno da empresa, o voo pegou alguns na indústria da aviação de surpresa, principalmente porque consideravam a Eastern uma marca improvável de voltar, dada falência recente da empresa e dívidas que tinha para acertar. A nova companhia aérea alegou que, agora, sua missão é fornecer voos para áreas que são consideradas “subatendidas” – como é o caso de Guayaquil, a segunda maior cidade do Equador, e Georgetown, capital da Guiana.
Steve Harfst, presidente e CEO da Eastern Airlines, está otimista sobre a companhia aérea e seu nome, dizendo que “as pessoas se lembram dela”. É “um nome poderoso”. Mas o que exatamente as pessoas se lembram? Seria a história de sucesso de décadas atrás ou dos dois fracassos mais recentes ?
Quem já ouviu falar
A verdade é que a maioria das pessoas ainda deverá encarar a atual Eastern como uma empresa totalmente nova e que presta serviços bem específicos. Além do mais, muitos viajantes latino-americanos, que são foco de sua operação atual, provavelmente nunca ouviram falar da companhia aérea – muito menos voaram em um de seus aviões. Sobre isso, Harfst insiste: “Não estamos tentando ser a velha Eastern”.
O companhia original ganhou vida em 1926 como Eastern Air Lines. Várias empresas menores se fundiram para criar uma operação que inicialmente voava rotas de correio, mas evoluiu para um serviço de passageiros antes do advento dos aviões a jato.
Depois, acabou se tornando um importante participante da aviação doméstica dos EUA. Em contraste com a pequena versão 2020, cresceu para comandar uma frota considerável de aeronaves e empregou milhares de pessoas. Em seu auge, que coincidiu com a era de ouro das viagens aéreas dos anos 40 e 50, a companhia talvez pudesse ser vista através do prisma das empresas inesquecíveis do passado. Do passado!
Os anos conturbados
Alguns analistas de mercado têm comentado que a empresa talvez deveria ter ido por outro caminho, um novo nome e um novo conceito. Eles entendem que os inúmeros problemas pelos quais a transportadora foi atormentada nos seus últimos 10 a 15 anos de existência (daquela que terminou em 1991) têm maior probabilidade de definir seu legado.
Eles citam problemas trabalhistas e uma série de questões administrativas que a empresa acabou sendo incapaz de resolver. E isso não deixa boas lembranças nas pessoas. Em termos de segurança, a companhia aérea estava bem. Mas, prejudicada por questões de lucratividade e liderança, começou a patinar, até fechar, por não conseguir competir com modelos de negócios mais agressivos, como o da Delta, por exemplo.
A segunda vinda da Eastern em 2015 foi um pouco melhor, terminando apenas 18 meses depois e liberando o nome para licenciamento njovamente.
Coisas novas
O voo inaugural da nova Eastern de Guayaquil para JFK, por outro lado, decolou sem problemas. No Equador, um corte de fita e um anúncio significaram o lançamento, mas cerimônia foi simples.
A abordagem aparentemente minimalista da publicidade mostra que o objetivo da empresa não é voltar com aquela força de décadas atrás, pelo menos agora. No entanto, até agora, a publicidade da nova companhia aérea tem sido negativa após um voo para Guayaquil ter tido alguns problemas.
Embora o voo inaugural tenha saído a tempo e chegado mais cedo, não se pode dizer o mesmo da rota inversa. Atraso de várias horas e a alegação de que os viajantes de língua espanhola tiveram dificuldade em encontrar membros da tripulação de voo de mesmo idioma estavam entre os assuntos discutidos em uma crítica do site de viagens The Points Guy .
A lista de queixas também incluía a ausência de um check-in on-line, falta de sinalização no aeroporto, pré-verificação da TSA, nenhum discurso comemorativo sobre o lançamento e falta de comunicação, uma cabine obsoleta e voo com comissários não-treinados.
Reconhecendo os atrasos e dizendo que há trabalho a ser feito, Harfst contesta a alegação de que os falantes de espanhol não foram encontrados em lugar algum. “Todos os nossos comissários de bordo são cidadãos dos mercados que atendemos”, disse ele.
Ele insistiu que o serviço da Eastern prosperaria por uma transportadora de baixo preço, no momento em que as companhias aéreas estão limitando a franquia de bagagem e / ou cobrando taxas altas por bagagem adicional. A Eastern não cobra taxas extras por sua franquia padrão de bagagem. “Estamos tentando dar uma razão convincente para os equatorianos visitarem Nova Iorque. Acreditamos que nossas aeronaves de longo alcance têm uma vantagem sobre as menores”, diz Harfst.
Nova identidade visual
Apesar da estreia conturbada, a gerente de marketing, Gabi Harfst – a filha do CEO – disse à CNN Travel que em breve criará uma identidade visual mais distinta. “A Eastern divulgará sua nova decoração dos aviões nos próximos meses”, disse. A companhia aérea também deve anunciar em breve novas conexões com os mercados sul-americanos.
Os preços em sua rota inicial são baratos. Uma busca revela que a Eastern está cobrando quase US$ 200 menos do que a rival JetBlue.
Vamos ver como a empresa se sai nesse terceiro retorno.
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