O primeiro jato de passageiros a quebrar a barreira do som não foi o Tupolev Tu-144, como muitos pensam, e muito menos o franco-britânico Concorde. Enquanto o soviético Tu-144 vencia o som em 1969, oito anos antes um DC-8 já havia feito isso. Naturalmente, as condições para que isso fosse possível foram muito especiais.
O feito foi registrado em 21 de agosto de 1961, quando um protótipo do DC-8 realizava um voo de teste para coletar dados sobre um novo projeto de ponta para a asa. A máquina de quatro motores voava acompanhada por uma aeronave de perseguição pilotada por Chuck Yeager, o célebre aviador que se tornou conhecido como o primeiro piloto a quebrar a barreira do som em 1947 (a bordo de uma aeronave experimental).
Naquele dia, o comandante William Magruder, o copiloto Paul Patten e o engenheiro de voo Richard H. Edwards foram até uma altitude de 52.000 pés (cerca de 15.000 metros), acima do teto operacional padrão da aeronave, antes de incliná-la para baixo e colocá-la a prova, quebrando a barreira do som por 16 segundos, antes de voltar a um voo nivelado, desta vez a 45.000 pés (cerca de 13.00 metros).
Após o voo bem-sucedido, os pilotos foram recebidos com um almoço pelo presidente da Douglas, Jackson McGowen, e ganharam um bônus de US$ 1.000 cada um.
Uma matéria sobre esse caso, feita pela revista do Instituto Smithsonian conversou com o engenheiro daquele voo, que detalhou um pouco mais de como foi o planejamento para aquele dia: “Eles tiveram que determinar o fator de carga e o o ângulo de mergulho para ter certeza de que chegariam a Mach 1.01 em uma altitude bastante alta, a fim de que a velocidade no ar não fosse tão alta lá em cima. O departamento de aerodinâmica preparou um conjunto de gráficos, então, a cada mil pés, eu lia a velocidade no ar na próxima altitude. Enquanto descíamos, eu falava quase o tempo todo”.
Edwards também citou qual foi o sentimento de quando chegaram a Mach 1 (velocidade do som), dizendo que a aeronave tremeu por um tempo, até que eles voltassem ao padrão de voo.
A campanha de testes do DC-8 foi intensiva, com a fabricante usando dez aviões de testes, muitos dos quais foram depois repassados a empresas aéreas. O primeiro cliente foi a Pan American World Airways, ou apenas Pan Am, que em 1955 fez uma encomenda de 25 unidades.
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