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sábado, 3 de junho de 2023

Convair F2Y Sea Dart: O primeiro hidroavião supersônic

Na eventualidade de uma guerra nuclear, os primeiros alvos seriam as bases aéreas e suas pistas, mas como destruir a maior de todas as pistas, o mar?

O Sea Dart era um hidroavião de caça. Voou apenas como protótipo e nunca entrou em produção. É até hoje o único hidroavião a ter excedido a velocidade do som.

No final da década de 1940, a Marinha dos EUA estava adquirindo jatos subsônicos. O alto comando da Marinha era cético quanto a perspectiva de usar aeronaves supersônicas nos exíguos porta-aviões, pois os equipamentos necessários para poder operar tais maquinas parecia estar a anos-luz de distância. Os especialistas da época diziam que a decolagem era impraticável, o pouso em alta velocidade impossível de parar e que problemas de instabilidade do navio afetariam diretamente a operação dos supersônicos.

Esses fatores problemáticos para um porta-aviões poderiam ser evitados se a aeronave pudesse decolar e pousar na água. Quando a Marinha realizou um concurso para um avião interceptor supersônico em 1948, a empresa Convair (Consolidad Vultee Aircraft Corporation) respondeu com o projeto Sea Dart. A Marinha ficou tão surpresa que se interessou pela proposta e a Convair recebeu um contrato para dois protótipos em janeiro de 1951.

Os protótipos foram designados XF2Y-1. O comanda da Marinha gostou tanto do projeto e estava tão confiante que doze aeronaves de produção foram encomendadas em agosto de 1952, antes mesmo do protótipo realizar o primeiro voo.

O Sea Dart foi projetado para levar quatro canhões de 20mm e foguetes não guiados, mas nenhum dos protótipos recebeu qualquer armamento. Quatro aviões foram considerados veículos de teste e designados YF2Y-1. Outros oito aviões foram encomendados, elevando o total para 22: dois protótipos XF2Y-1, quatro YF2Y-1 de teste de serviço e dezesseis F2Y-1 de produção.

O avião foi dotado de uma asa em delta, com um casco estanque. Para decolar e amerrissar, a Convair pôs dois esquis retráteis sob o ventre do avião, mas o protótipo acabou usando apenas um, que se provou mais útil e com melhores resultados. Quando parado ou movendo-se lentamente na água, a linha d´agua de flutuabilidade do Sea Dart era no bordo de fuga da asa. Os esquis só eram distendidos quando a aeronave atingia cerca de 16 km/h.

O avião foi projetado com dois motores, bem altos na fuselagem, com as tomadas de ar o mais alto possível sobre o bordo de ataque das asas para evitar a ingestão de água do mar, especialmente o spray resultante da corrida de decolagem. Inicialmente o motor seria o Westinghouse XJ46-WE-02 com pós-queimador, mas este não ficou pronto a tempo e os protótipos foram equipados com o motor Westinghouse J34-WE-32 sem pós-queimador, com a metade do empuxo previsto.

Curiosamente, a estabilidade aerodinâmica dada por um único e longo esqui, fez com que os engenheiros colocassem um freio aerodinâmico de configuração semelhante a do McDonnell Douglas F-15.

Nos anos 50, a Marinha dos EUA considerou um submarino que poderia carregar três Sea Dart. O avião seria armazenado em câmaras de pressão que seriam levantadas por um elevador atrás da vela. Se as condições fossem de mar calmo, o Sea Dart então decolaria por seu próprios meios, mas com mar grosso, o avião usaria então uma catapulta. Logo, a idéia acabou descartada.

Sem um motor potente, o Sea Dart não conseguia romper a velocidade do som. Nos testes, os pilotos descobriram que o avião vibrava e oscilava muito durante a corrida de decolagem. Um dos pilotos relatou que a vibração era tamanha que ele mal conseguia ver.

O XF2Y-1 voou pela primeira vez no dia 14 de janeiro de 1953, mas o voo foi acidental. Durante um teste de táxi de alta velocidade, o avião “saltou”, alcançando 300 metros de altitude. O primeiro voo oficial só aconteceu três meses depois, no dia 9 de abril.

Os EUA não foram o único país a considerar um hidroavião de caça. A empresa britânica Saunders-Roe, já havia construído o SR.A1, um projeto semelhante, mas de resultados pouco expressivos.

Em agosto do ano seguinte, o piloto de testes da Convair, Charlie Richbourg, voou o segundo Sea Dart, o YF2Y-1, propulsado por dois turbojatos Westinghouse J-46, mais forte, cada um gerando 2.700 kg de empuxo. O avião ultrapassou a velocidade do som durante um mergulho raso, tornando-se o primeiro e único hidroavião da história a vencer Mach 1, mas mesmo com os motores mais poderosos, nunca quebrou a barreira do som em voo nivelado. Uma característica do Sea Dart era o seu elevado ângulo de ataque no pouso.

A Convair estava confiante e os trabalhos foram acelerados, mas foi então que a Marinha dos EUA chegou a conclusão que o uso de supersônicos era mais viável a bordo dos porta-aviões.

No dia 4 de novembro de 1954, Richbourg fez um passe de alta velocidade para alguns repórteres e oficiais da Marinha ao longo da Baía de San Diego. Voando a 925 km/h. No momento em que o piloto acendeu os pós-queimadores, o coice resultante do empuxo extra apontou o nariz do avião para baixo. Richbourg puxou o manche para corrigir a atitude. A fuselagem estanque se rasgou como papel. O Sea Dart caiu no mar, matando seu piloto e o resto do pouco apoio para a continuidade do programa.

Embora a Marinha tenha concedido ao Sea Dart mais três anos de experiência, as encomendas foram canceladas. Após a reordenação das designações militares das Forças Armadas dos EUA, o Sea Dart recebeu a designação oficial de YF-7A.

O programa foi oficialmente encerrado em 1962.

https://www.youtube.com/watch?v=Tv76E2hqgag


Nome: Convair F2Y (YF-7A) Sea Dart

Tipo: Caça supersônico hidroavião

Dimensões: Comprimento: 16 m; Envergadura: 10,3 m; Área alar: 53m²

Propulsão: Dois turbojatos Westinghouse J46-WE-2 com pós-queimador, cada um gerando 2.700 kg de empuxo

Desempenho: Velocidade máxima: 1.325 km/h; Alcance: 826 km; Teto de serviço: 16.700 m

Armamento: Quatro canhões Colt Mk12 de 20mm, foguetes não guiados e dois mísseis ar-ar

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