![](https://www.edrotacultural.com.br/wp-content/uploads/2023/10/EMB-145-Roll-out.jpg)
Se o Embraer 110 Bandeirante é um avião histórico para a empresa brasileira por ter sido a própria razão da sua existência, outra aeronave também deve ter o seu nome escrito com destaque na trajetória da Embraer. Trata-se do ERJ 145, um avião regional que começou a ser desenvolvido ainda no fim dos anos 80, quando a companhia estava à beira da falência, e fez o elo com uma nova era da empresa, destaque internacional pelos seus jatos de alta qualidade e bom retorno financeiro.
Com a certeza de que não poderiam errar, os engenheiros da Embraer precisaram tomar decisões arriscadas durante a fase de desenvolvimento, de forma a gerar um produto realmente competitivo e sem grandes riscos. Era necessário ser simples e audaz: ter um jato com custos de turboélice e simples o bastante para ser bem aceito no mercado. Deu certo: foram mais de mil unidades comercializadas e seus desenvolvimentos posteriores fortaleceram a Embraer na aviação regional, aviação executiva e até aviação militar.
Detalhes da criação do ERJ 145 foram contados à Revista ASAS em uma entrevista exclusiva com Luís Carlos Affonso, atual VP de Engenharia e Desenvolvimento Tecnológico da empresa brasileira. Mais que uma entrevista, o vídeo com Claudio Lucchesi é uma conversa exclusiva, aberta e descontraída com um dos maiores nomes da indústria aeronáutica brasileira moderna!
![O ERJ-145 foi o primeiro jato comercial desenvolvido pela Embraer (Divulgação)](https://www.airway.com.br/wp-content/uploads/2017/04/ERJ_145_01-960x640.jpg)
Os anos 1990 foram cruciais para a Embraer. Nessa época a empresa ainda era uma estatal e enfrentava graves dificuldades por conta dos efeitos da crise econômica e política desse tempo no Brasil, quando o então presidente Fernando Collor teve seu mandato cassado. A salvação da fabricante, que corria o risco de ir à falência, veio com sua privatização, iniciada em 1991, um movimento acertadíssimo e repleto de bons frutos, como foi o caso dos jatos ERJ (Embraer Regional Jets), que acabam de completar 20 anos de serviços.
O desenvolvimento da linha ERJ foi iniciado ainda sob administração estatal, em 1989, mas, devido a crise, logo foi paralisado. O projeto seria retomado somente em 1993, quando a Embraer já era uma empresa independente, e o ERJ-145 realizou seu voo inaugural em 11 de agosto de 1995. Dois anos depois, no dia 6 de abril, a companhia aérea Continental Express, dos Estados Unidos, realizou o voo comercial de lançamento do primeiro jato de passageiros projetado e fabricado no Brasil.
A entrada do avião da Embraer no mercado foi muito importante para o avanço da aviação regional no mundo todo, uma vez que esse segmento era operado somente por aviões de pequeno porte e mais lentos, com motores turbo-hélice, como o EMB-120 Brasília, produzido até 2001. O ERJ-145, o primeiro modelo da família, era projetado para transportar 50 passageiros e realizar viagens de até 3.700 km, capacidades então inéditas na aviação.
Em pouco tempo a lista de encomendas pelo ERJ já era enorme, a maioria vinda dos EUA. A Continental Express, por exemplo, fez um pedido por 270 aeronaves, figurando até hoje como o maior operador do modelo – a frota atual da empresa conta com cerca de 170 aeronaves.
Outros grandes clientes do jato da Embraer são as companhias Envoy Air e Trans States Airlines, que até hoje operam dezenas de unidades do jato fabricado em São José dos Campos (SP). Já no Brasil, a aeronave voou somente na extinta Rio-Sul e na Passaredo, entre 2008 e 2015.
![A Passaredo foi a único companhia brasileira que voou com o ERJ (Divulgação)](https://www.airway.com.br/wp-content/uploads/2017/04/erj_145_passaredo-960x640.jpg)
Família aumenta
Desde o seu inicio, o projeto ERJ previa uma família composta por três aeronaves com tamanhos diferentes. Depois do ERJ-145, a família cresceu em 1998 com o ERJ-135, o “caçula” da série, com espaço para 37 passageiros e autonomia para cerca de 3.200 km. Já o terceiro e último modelo da série foi o ERJ-140, projetado para transportar 44 ocupantes e capaz de realizar voos de até 3.000 km.
Em cerca de 10 anos, centenas dos Embraer Regional Jets estavam espalhados pelo mundo todo, voando para onde jatos tradicionais, como o Airbus A320 e Boeing 737, superavam a demanda de ocupação de passageiros, o que tornava suas operações inviáveis economicamente. As aeronaves brasileiras, por outro lado, tinham a medida certa que o mercado pedia naquele momento.
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