
Pela posição geográfica, as nações do Pacto de Varsóvia formavam uma barreira entre a URSS e a Europa ocidental.
A consolidação do poderio soviético nos territórios recém libertados do nazismo ocorreu não apenas por motivos ideológicos, mas também militares. A Europa oriental representava uma “zona tampão” entre o Ocidente e a União Soviética de vital importância defensiva em caso de eventuais invasões.
Ligada aos governos do leste europeu pela aliança militar do Pacto de Varsóvia, a URSS manteve poderosas forças na região central do continente. Das mais de trinta divisões baseadas na Europa oriental, vinte faziam parte do Grupo de Forças soviéticas na Alemanha. As demais se distribuíam entre o Grupo Norte na Polônia, o Grupo Central na Tchecoslováquia e o Grupo Sul na Hungria. Cada grupo contava com o apoio aéreo da Aviação de Frente da Força Aérea soviética. O maior efetivo pertencia ao 16° Exército Aéreo, na Alemanha Oriental, com cerca de 1.200 aviões, e as forças locais também contribuem com suas unidades aéreas, terrestres e marítimas para o Pacto de Varsóvia.
Da mesma forma que na OTAN, o Pacto tem seus vários comitês de direção; mas o Kremlin era a autoridade final. O comandante-em-chefe e o chefe do estado-maior eram oficiais soviéticos. Em caso de mobilização, as ordens viriam de Moscou.
A principal força do Pacto de Varsóvia concentrava-se na República Democrática da Alemanha, ou Alemanha Oriental, em virtude de sua posição estratégica. Considerada a quarta maior Força Aérea do Pacto, a aviação do país tinha cerca de 350 aviões de linha de frente, dos quais menos de 10% eram de última geração. Entre eles estavam os Mikoyan-Gurevich MiG-23MF “Flogger-B”, de interceptação, e os MiG-21 de vários tipos, mas os soviéticos não forneceram nenhum dos MiG-21bis de terceira geração. Os 270 MiG-21 em serviço atuavam como interceptadores e para ataques ao solo, em conjunto com alguns poucos MiG-17 “Fresco”; o reconhecimento tático era feito por uma esquadrilha de MiG-21R “Fishbed-H”. Pelo menos cinco regimentos eram equipados com mísseis de defesa superfície-ar SA-2 e SA-3, com trinta bases de lançamento. A força de transporte baseava-se em seis Antonov An-26 “Curl”, embora a frota de helicópteros depende-se de quarenta Mil Mi-8 “Hip.’ e 24 Mi-24 “Hind” equipados com canhões, que conferiam um razoável poder de fogo para apoio do Exército.
A Polônia mantinha a segunda maior força aérea do Pacto de Varsóvia, depois da URSS, mas já não fabricava aviões de combate sob licença. O país serve de base para o 37.º Exército Aéreo de Frente soviético, com cerca de trezentas aeronaves, e contribui com quase setecentos aviões para o Pacto de Varsóvia. Como na Alemanha Oriental, o equipamento aéreo polonês não se destaca pela qualidade. O corpo de defesa compreende cerca de trezentos MiG-21 de primeira e segunda geração, alguns poucos MiG-23 “Flogger” e cinqüenta bases de lançamento de mísseis SA-2 e SA-3.
Situação semelhante ocorria no setor tático, estruturado sobre uma obsoleta força de aproximadamente duzentos Sukhoi Su-7 “Fitter-A”, caças atacantes de curto alcance e armamentos insatisfatórios. Alguns regimentos contavam com um pequeno número de LIM-6 (MiG-17 fabricados na Polônia sob licença). Um único regimento de três esquadrilhas dispunha de capacidade de ataque semi moderna, proporcionada por quarenta Sukhoi Su-20 “Fitter-C”, embora esses aviões já não estivessem à altura dos padrões soviéticos. Apesar de alguns poucos Antonov An-26 “Curl”, os transportes ficavam a cargo de helicópteros Mi-2, Mi-8 “Hip” e uns poucos Mi-4 “Hound”, em parceria com alguns Mi-24 “Hind”.
Por sua posição geográfica — defronte à região sul da Alemanha Ocidental — a Tchecoslováquia deveria proporcionar uma força de linha de frente para garantir a defesa em profundidade. Era o único país do Pacto de Varsóvia a ter fronteiras com uma nação da OTAN e com a URSS.
Defesa aérea e apoio tático
As forças de defesa aérea da Tchecoslováquia estavam nominalmente sob o controle nacional e compreendiam uma esquadrilha de MiG-23MF “Flogger-B”, três regimentos com 220 MiG-21 e trinta bases de lançamento de mísseis SA-2 e SA-3. O apoio tático era fornecido pelo 10.° Exército Aéreo, que tinha setenta Su-7 “Fitter-A”, quarenta MiG-17, quarenta MiG-21 e cerca de quarenta Su-20 “Fitter-C”.
A Hungria contava com a menor aviação do Pacto de Varsóvia. Acredita-se que a força de ataque de Su-7 e MiG-17 “Fresco” tenha sido dissolvida no início dos anos 80, restando apenas dois regimentos de interceptação, compostos por 120 MiG-21 e vinte MiG-23MF “Flogger-B” na linha de frente, além de vinte bases de lançamento de mísseis SA-2 e SA-3. O Grupo Sul soviético mantinha duzentos aviões de combate no país, apoiados pelo pequeno corpo local de transporte aéreo, que tinha trinta helicópteros Mi-8, vinte Mi-20 e 25 Kamov Ka-26 “Hoodlum”. A análise quantitativa e qualitativa das forças revela que a prioridade recaía na defesa aérea, embora os equipamentos disponíveis estivessem pelo menos uma geração atrás daqueles existentes na URSS. O potencial de ataque era bastante restrito, com a exceção dos Su-20, apesar de pouco numerosos; a força de transporte, por sua vez, apresentava-se extremamente reduzida.

Bulgária e Romênia, embora integrantes do Pacto de Varsóvia, enquadravam-se numa categoria diferente. Desempenhando também o papel de isolar a URSS, esses dois países defrontavam-se com a região sul da OTAN — menos armada —, e aparentavam ter maior liberdade de ação. A Bulgária era leal aos soviéticos, e sua força aérea tinha a responsabilidade de apoiar o 15º Exército Aéreo de Frente no Distrito Militar de Odessa em caso de mobilização. As cem unidades do caça-bombardeiro MiG-17 “Fresco” contavam com o apoio de setenta MiG-21 e cerca de vinte MiG-23 “Flogger”. Contudo, o país que assegurou para si maior autonomia foi a Romênia.
Desde a retirada das tropas soviéticas, em 1958, o governo romeno reduziu seus gastos militares e chegou a congelar por quatro anos, a partir de 1982, seu orçamento de defesa. Desenvolveu sua própria indústria aeronáutica, e pregou o fim das armas nucleares, numa iniciativa sem precedentes no bloco oriental.
A Força Aérea da Romênia contava com duzentos MiG-21 e 25 MiG-23 para defesa, mais uma força de ataque de setenta MiG-17 e um crescente número (185 requeridos) de Soko/CNIAR IAR-93 Orao. Tratava-se de um avião construído em conjunto com a Iugoslávia, país comunista que não era membro do Pacto de Varsóvia. Cerca de cem MiG-21 integravam o corpo de caças de defesa da Força Aérea iugoslava.
Cooperação dos países do Leste
O Soko J-1 Jastreb de produção local foi o principal modelo de ataque, apoiado pelos Orao. A Iugoslávia manteve relações com a URSS e com os Estados Unidos e chegou a receber aviões North American F-86 Sabre do governo americano, na década de 50. Pode-se supor que o país tentou ficar neutro em caso de conflito na Europa.
Ao sul da Iugoslávia, encontra-se a Albânia. Excluída do Pacto de Varsóvia em 1968, a Albânia seguiu uma linha comunista independente, pró-China. Por isso, seus poucos MiG-15, 17, 19 e 21 em serviço eram de fabricação chinesa, e os mísseis SA-2 (em cinco bases de lançamento) superfície-ar, cópias do CSA-1. Indiferente aos assuntos europeus, a Albânia pode ser excluída de qualquer estudo estratégico sobre o continente.

Os países da Europa oriental não constituíam, como muitas pessoas acreditavam, simples “protetorados” da URSS armados até os dentes”. Numa visão global, pode-se admitir que suas forças aéreas eram de segunda ou terceira categoria, compensando com quantidade o que faltava de qualidade no equipamento. Com exceção da Albânia e da Iugoslávia, a importância de todos para o Pacto de Varsóvia estava na capacidade de cada um em absorver o ímpeto de um ataque do Ocidente em direção ao leste. Inversamente, no caso de uma invasão soviética à Europa ocidental, eles poderiam funcionar como uma área de retaguarda segura. Em tal situação, esses países contribuiriam com algumas forças militares para fortalecer o poderio da URSS, em cumprimento à aliança do Pacto. Porém, em qualquer direção que ocorresse um ataque, as nações do leste da Europa seriam as que mais sofreriam no campo de batalha
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