A maioria das pessoas tem pelo menos alguma pequena familiaridade com o poderoso McDonnell Douglas (agora Boeing) F-15 Eagle.
Entrando em serviço em 1974, o Eagle foi a aeronave de superioridade aérea dos EUA por 40 anos. É uma bela nave. Tem um registro incomparável de combate – mais de 100 abates e nenhuma derrota (embora a qualidade dos opositores possa ofuscar um pouco suas ações). Mas o que poucos sabem é que o F-15 poderia ter sido radicalmente diferente, e de certa forma, ainda mais capaz.
Os militares (dos EUA) quase nunca produzem um sistema de armas sem uma competição dentro da indústria privada para tentar encontrar o melhor produto disponível. A competição que resultou no F-15 foi iniciada no final dos anos 60 e era conhecido como Fighter-Experimental (caça experimental – FX). A competição FX se desenvolveu aos trancos e barrancos ao longo da última metade da década de 60, com a USAF originalmente querendo um super interceptador, capaz de mach 2,7 e ainda ser capaz de missões de ataque ao solo. Uma espécie de F-4 Phantom muito mais capaz.
Mas o desempenho desastroso de aviões dos EUA no combate aéreo no Vietnã fez a USAF reconsiderar e reposicionar a concorrência FX para uma aeronave a supremacia aérea. Havia três principais concorrentes nos últimos estágios do FX:
- Fairchild Republic
- McDonnell Douglas
- North American Aviation.
O que poucos sabem é que o NA F-15 da North American quase venceu a competição, e para alguns especialistas, era o avião certo.
Ao longo da década de 1950, a North Amercian tinha sido, frequentemente, a contratante de defesa número um da USAF. Mas na década de 60 a empresa teve uma série de grandes projetos cancelados e até mesmo com o seu enorme papel no programa Apollo entrou em tempos difíceis. A NA precisava desesperadamente vencer o FX.
Não há dúvida de que o NA-335, como era conhecido, era aerodinamicamente muito avançado sobre o F-15, possuindo recursos que só seriam vistos em outras aeronaves muitos anos depois. Ele tinha asas fundidas à fuselagem, com instabilidade estática. Suas asas tinham um design elegante, curvando-se, fornecendo sustentação suficiente para manobras difíceis, mas foram concebidas de forma a não causar um enorme arrasto supersônico.
A Estabilidade Horizontal pode ter sido um problema por causa da unica cauda vertical, mas o resto do avião parecia de um vencedor. O pacote de aviônicos era muito avançado para sua época – ainda mais avançado do que o da McDonnell – mas era caro.
O F-15 da NA resultou num aparelho muito caro. Em épocas de déficits e aeronaves táticas militares com custos de unidades da ordem US$ 100 milhões é incrível que uma competição como o FX fosse decidido por um diferencial de US$ 200 milhões do custo esperado, mas que foi realmente o grande problema.
A proposta da NAA envolvia a construção de uma nova fábrica, e o custo dessa, mais a suíte de aviônicos complexos, levando a proposta da NA para um custo de vida de US$ 200 milhões a mais do que a proposta da McDonnell. Houve também um fator de conforto (ou segurança). O design da McDonnell era derivado de estudos da NASA que tinham sido extensivamente testados em túnel de vento, o que pode ter levado a USAF a ter tido mais confiança nas qualidades aerodinâmicas do projeto da McDonnell.
Infelizmente, naquela época, a USAF não realizou um concursos “fly-off” entre as aeronaves e julgou os méritos sobre os projetos de papel – alguns historiadores da aviação dizem que se um Fly-Off houvesse sido realizado (assim como foi com o YF-22 contra o YF-23), o projeto da NA teria sido o vencedor.
Hoje, quase ninguém se lembra disso. Quase não há fotos do NA-335 na web. A Nort American foi comprada pela Rockwell International durante a competição FX. Embora a Nort American Rockwell passasse a produzir o bombardeiro B-1 e algumas aeronaves de teste, a empresa foi gradualmente diminuindo de poder. A North American Rockwell foi absorvida pela Boeing na década de 90 e não existe mais.

Um comentário que se dizia na época que o Su-27 foi escolhido para ser produzido é que os soviéticos estavam felizes pela USAF ter escolhido o projeto da McDonnell, pois a Sukhoi sentia que poderia projetar uma aeronave superior em relação ao projeto da McDonnell, mas não sobre o projeto da Nort American. Na verdade, o Su-27 parece ter “traços” do NA-335.

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