A Força Aérea Brasileira definiu com a Embraer a modernização de 68 exemplares do A-29A/B Super Tucano, concretizando um estudo que estava em andamento e já havia sido anunciado em 2023 durante o 54º Paris International Airshow.
A encomenda inicial da FAB incluiu 33 A-29A (monoplace) e 66 A-29B (biplace), sendo o Brasil é o único operador da variante monoplace e aquele com a maior frota do mundo do A-29B.
Sendo a FAB o cliente lançador dessa aeronave, os primeiros exemplares entraram em serviço em 2004 com o 2º/5º GAV “Esquadrão Joker”, na Base Aérea de Natal, fazendo a formação dos pilotos de caça.
Na sequência, a partir de 2005, o tipo passou a ser usado pelos esquadrões voltados para o policiamento do espaço aéreo brasileiro e de especialização do piloto de caça que estão em Boa Vista, Porto Velho e Campo Grande. Por fim, desde 2012, o Super Tucano entrou em serviço no time de demonstrações aéreas da FAB, a popularmente conhecida Esquadrilha da Fumaça.
O projeto do Super Tucano passou por uma série de evoluções ao longo de todos esses anos, especialmente em cada exportação onde novos desenvolvimentos foram realizados para atender às demandas das demais Forças Aéreas.
Os detalhes do que a modernização deverá abranger ainda não foram revelados, porém, algumas já são conhecidas.
Melhorando um projeto de sucesso
O Super Tucano é operado em quase todos os continentes, em diferentes cenários e teatros de operação. Essas aeronaves têm cumprido com êxito as missões para as quais foram projetadas, ou seja, ataque ao solo, reconhecimento armado, escolta, interceptação e apoio aéreo aproximado. O envolvimento em combate ou emprego real foi alcançado em oito dos 16 operadores como Brasil, Colômbia, República Dominicana, Mali, Mauritânia, Burkina Faso, Afeganistão e Nigéria. Mais de 250 exemplares já foram encomendados no mundo.
No policiamento do espaço aéreo, são dezenas as notícias no Brasil de interceptações de aeronaves leves à serviço do narcotráfico e do contrabando de armas, materiais esses que, ao serem distribuídos, afetam toda a sociedade com o aumento da violência e da degradação social, da segurança e da saúde pública.
Já nas missões de formação e especialização dos pilotos de caça, são eles que, desde meados dos anos 2000, têm preparado os pilotos para assumir a chamada primeira linha da aviação de caça, que no Brasil compreendeu, ao longo desse período, o Mirage 2000C/B, F-5M e AMX A-1M. A transição foi feita sem percalços até agora, sendo assim até os dias de hoje, tendo em vista que o Super Tucano adapta o piloto à simbologia dos caças de 4ª geração, ao sistema HOTAS (hands on throttle-and-stick), ao datalink, HUD com UFCP, ao óculos de visão noturna e outros.
A preparação para essa filosofia, que é a mais complexa e que mais demanda horas de voo, é realizada numa plataforma que apresenta custos de aquisição e operação mais baixos comparado a um treinador a jato (LIFT), faltando para o piloto, apenas, a adaptação à performance do voo com elevada carga G e velocidades nas manobras.
Existem vertentes de pensamentos que afirmam a necessidade de um avião para a tarefa de LIFT e de caça de segunda linha, porém na FAB, a equação atual tem se mostrado um caso de sucesso.
A modernização do Super Tucano tem como objetivo agregar algumas tecnologias de caças de 5ª geração, aumentar a flexibilidade operacional e a modularidade dos sistemas. Na FAB, a modernização incluirá um pacote mais amplo para os A-29 que equipam os esquadrões do 3º Grupo de Aviação, aquele voltados para as missões operacionais, e um mais simples para aquele usados na formação dos pilotos de caça.



Isso pode incluir comunicação datalink de alta velocidade, novo head-up display digital, melhoria na capacidade ISR, ampliação do leque de armamentos guiados, integração de helmet-mounted display e outros. Durante a FIDAE 2018, a Rafael exibiu um vídeo com a possibilidade de integração das bombas guiadas por sistema eletro-óptico/GPS Spice 250 e pod designador laser Litening III. Em divulgação da própria Embraer, eram destacados mísseis ar-superfície leve, bomba de pequeno diâmetro tipo GBU-39, míssil ar-solo da classe do Hellfire e míssil ar-ar da classe do AIM-9 Sidewinder.
A modernização pode incluir ainda a instalação de lançadores de chaff/flare, de laser rangefinder e de uma terceira tela no cockpit, como nas versões de exportação. Entretanto, itens ainda mais fundamentais para a formação do piloto de caça e a transição para os F-39 Gripen pode estar no pacote sintético de treinamento e num painel remodelado do tipo wide-area display.

O primeiro, à semelhança do que é visto na frota de Super Tucano do Chile e do Equador, permite a simulação do uso de radar, de sistemas de guerra eletrônica, do emprego de mísseis ar-ar e ar-solo dentre outras funcionalidades. Dessa forma, o piloto treina táticas e tem contato com sistemas que só vai encontrar nos caças de 4ª geração, porém a um custo de operação mais baixo. O segundo, como já foi divulgado, seria a instalação de um wide-area display substituindo as atuais telas, aproximando do cockpit do F-39 Gripen.
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