O general americano Billy Mitchell havia previsto que uma grande força de bombardeiros pesados poderia sozinha vencer uma guerra.
Suas ideias demoraram para se transformar em aeronaves, mas, afinal, novos e poderosos aviões de combate ocuparam os céus. Grandes batalhas se desenrolaram quando surgiu a oportunidade de destruir a máquina de sustentação de guerra inimiga.
Quando Hitler decidiu dominar a Europa, o papel da Luftwaffe limitava-se principalmente a fornecer apoio aéreo para o Exército alemão, com pouca ênfase na utilização de bombardeiros estratégicos — os planos para o incremento de uma força desse tipo foram abandonados em 1937. Assim, no momento em que a guerra irrompeu, em setembro de 1939, o efetivo da Luftwaffe compreendia apenas excelentes bombardeiros médios (o Dornier Do 17, o Heinkel He 111 e o Junkers Ju 88), considerados adequados e suficientes para vencer a Europa — tarefa que, segundo previsões alemãs, não deveria durar mais de três anos.
Por outro lado, a RAF (Royal Air Force, Força Aérea britânica) insistia na tradição dos bombardeiros, baseada no suposto potencial desse tipo de aeronave para vencer uma guerra. E entrou no conflito com três bombardeiros médios/pesados: o Vickers Wellington, o Armstrong Whitworth Whitley e o Handley Page Hampden. No projeto desses aviões, os britânicos enfatizaram o longo alcance, o que revelava a intenção de usá-los também em operações estratégicas.
O desenrolar da guerra não coincidiu com as previsões alemãs. O revés — que começou com sua incapacidade de derrotar a Grã-Bretanha durante o verão de 1940 — provocou uma reavaliação progressiva da capacidade da Luftwaffe de realizar a guerra aérea além do canal da Mancha. As blitz (ataques de surpresa) noturnas de 1940-41 representaram um uso inusitado de seus bombardeiros, relativamente pequenos para finalidades estratégicas.
Inicialmente, como as defesas dos britânicos eram ineficientes à noite, os alemães conseguiram atingir vários objetivos, em território inimigo, embora muito mais nos ataques aéreos noturnos do que fora possível à luz do dia. Mais tarde, no entanto, a proliferação das frentes de guerra forçou a dispersão dos bombardeiros alemães para longe do canal. Além disso, em consequência da demanda crescente de caças e aeronaves para apoio terrestre, a força de bombardeiros da Luftwaffe declinou tanto em força como em qualidade relativa.
Ainda em 1941, o Comando de Bombardeiros da RAF colhia os frutos de sementes lançadas em 1936 com a entrada em operação dos bombardeiros pesados Short Stirling e Handley Page Halifax, quadrimotores, aos quais se juntou mais tarde o Avro Lancaster. Todos esses aparelhos foram concebidos como bombardeiros pesados para missões estratégicas noturnas de longo alcance. Em função disso, a força da aviação de bombardeiros pesados britânicos aumentou de forma constante durante toda a guerra. Em 1942, juntou-se ao Comando de Bombardeiros a poderosa 8ª Força Aérea dos Estados Unidos, cujos Boeing B-17 e Consolidated B-24 iriam atacar a Alemanha à luz do dia, em parceria cada vez maior com a RAF.
Quando os aliados se sentiram prontos para ocupar a Europa continental, em meados de 1944, suas frotas de bombardeiros diurnos e noturnos estavam capacitadas a infligir golpes devastadores em regiões muito além daquelas onde ocorriam as batalhas terrestres. Podiam, portanto, causar danos à máquina de guerra do inimigo.
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