Perto de completar quatro décadas na FAB, o Embraer C-97 Brasília desempenha um importante papel no transporte de passageiros e cargas para a FAB
Uma das aeronaves mais emblemáticas da FAB, o C-97 acaba de completar 38 anos de operações na Força Aérea Brasileira (FAB), tornando-se um dos aviões com maior presença operacional na FAB e um marco na aviação regional e militar brasileira.
Baseado no Embraer EMB-120 Brasília, que foi desenvolvido na década de 1980, a Força Aérea Brasileira (FAB) recebeu a primeira unidade do modelo em 3 de janeiro de 1987, sob a matrícula FAB 2001, com a designação VC-97.
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Em 1980, a necessidade de uma aeronave com características operacionais semelhantes às do VU-9 Xingu, porém com maior capacidade de passageiros e carga, levou o Ministério da Aeronáutica (MAer) a buscar uma solução no mercado. Com expressivos resultados positivos no mercado internacional, o Embraer EMB-120 Brasília foi escolhido para ampliar a capacidade de transporte de autoridades. O contrato inicial firmado entre o Ministério da Aeronáutica e a Embraer, no final de 1986, previa uma encomenda de cinco aviões EMB-120RT (Reduced Take-off Weight) Brasília, aeronaves desenvolvidas para realizar missões de transporte aeroterrestre e de carga.
Na FAB, o C-97 foi destinado, inicialmente, a ampliar a capacidade de transporte de autoridades VIP (Very Important Person) para até 12 passageiros. A aeronave operou pouco mais de um ano no Grupo de Transporte Especial (GTE).

Demandas internas do Ministério da Aeronáutica (MAer) fizeram com que a aeronave fosse transferida para o 6º Esquadrão de Transporte Aéreo (6º ETA). Atualmente, os C-97 Brasília ainda em operação integram a frota de alguns Esquadrões de Transporte Aéreo.
O Grupo de Transporte Especial (GTE) operou dois VC-97 Brasília (FAB 2001 e FAB 2002) por um curto período, pois, no dia 1º de janeiro de 1988, as aeronaves foram transferidas para o 6º Esquadrão de Transporte Aéreo (6º ETA) – Esquadrão Guará, sediado na Base Aérea de Brasília (BABR). Na tarde do dia 8 de julho de 1988, o FAB 2001 sofreu um acidente com perda total em São José dos Campos (SP), vitimando cinco dos nove ocupantes a bordo, tornando-se o primeiro acidente do modelo na Força Aérea Brasileira. O Esquadrão Guará recebeu ainda os VC-97 FAB 2004 e FAB 2003 em 9 de março de 1989 e 23 de maio de 1989, respectivamente.
Uma nova encomenda de 12 aeronaves foi realizada em 1988, mas dividida em dois lotes: o primeiro composto por três EMB-120RT, e o segundo lote por nove EMB-120ER (Extended Range), modelo equipado com motores mais potentes e maior alcance. As aeronaves adquiridas no segundo lote foram designadas como C-97 e configuradas para ampliar suas missões, podendo realizar transporte de pessoal, lançamento de cargas e paraquedistas, evacuação aeromédica, dentre outras. Operando inicialmente nas empresas Rio Sul Serviços Aéreos Regionais S/A e Nordeste Linhas Aéreas S/A, essas aeronaves foram destinadas à Força Aérea Brasileira após o não pagamento de empréstimos por parte das empresas privadas junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES).
Apresentando características voltadas para missões militares, os novos C-97 na versão cargo possuem a capacidade máxima de 3.500 kg (Single Cargo Net) e, na configuração combinada (Combi), transportavam dezenove passageiros e mais 1.500 quilos de carga. As novas aeronaves, com matrículas entre FAB 2005 e FAB 2016, foram destinadas a três Esquadrões de Transporte Aéreo: 3º ETA, 6º ETA e 7º ETA, sediados no Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF) e Manaus (AM), respectivamente. Integrante do segundo lote, um dos EMB-120ER, designado FAB 2010, recebeu a configuração para transporte VIP visando repor a perda do FAB 2001 junto ao 6º Esquadrão de Transporte Aéreo.
Em 2005, a aeronave YC-97 FAB 2000, antes destinada a voos de testes e ensaios, foi transferida para o Rio de Janeiro, tornando-se aeronave orgânica do Parque de Material dos Afonsos (PAMAAF) e recebendo a pintura em tom de cinza. Já sem características de aeronave “experimental”, em 2011 o FAB 2000 foi redesignado como C-97 Brasília, mesma designação das demais aeronaves em atividade.
Com a vida útil dos C-95 Bandeirante próxima do fim, entre 2009 e 2010, uma proposta de expansão da frota e modernização dos C-97 foi barrada pela falta de investimentos necessários. Na ocasião, foi escolhida a modernização de parte da frota dos C-95 Bandeirante. Outro estudo envolvendo o EMB-120RT deu-se durante a implementação do Projeto SIPAM (Sistema de Proteção da Amazônia), quando a aeronave foi avaliada para receber o radar Saab Electronic Defence Systems Erieye, tornando-se uma aeronave de sistema de alerta e controle aéreo antecipado - AEW&C. Com a entrada em operação dos EMB-145 no mercado e constantes atrasos no programa, o EMB-145 foi escolhido devido a melhores características estruturais e operacionais.
A sobrevida dos C-97 Brasília ocorreu em 2018, quando a Força Aérea Brasileira iniciou um processo de modernização das aeronaves. O programa contemplou a revisão estrutural, implementação e modernização de sistemas de comunicações e navegação e a adoção de novos sistemas de aviônica. Estima-se que o Embraer C-97 deve voar na FAB até meados de 2030.
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