Atrasos na entrega dos Su-35 russos motivou a busca por outra solução.
O Irã está intensificando suas movimentações diplomáticas e estratégicas para modernizar sua envelhecida força aérea, diante de crescentes ameaças externas e incertezas nas entregas dos caças russos Su-35. A mais recente aposta de Teerã recai sobre os caças Chengdu J-10CE, de fabricação chinesa, modelo da geração 4++, que vem ganhando destaque na frota do Paquistão e agora é considerado uma opção real para reestruturar rapidamente o poder aéreo iraniano.
Durante visita oficial do Ministro da Defesa do Irã, brigadeiro-general Aziz Nasirzadeh, à China, foram discutidas possibilidades concretas de aquisição dos J-10CE, aeronave equipada com radar AESA KLJ-7A e mísseis ar-ar PL-15 de longo alcance. Essa configuração moderna já demonstrou eficiência operacional no Paquistão, sendo inclusive considerada superior aos Dassault Rafale F3Rs da Força Aérea Indiana em simulações recentes.
Para Teerã, essa aeronave representa uma solução estratégica para responder à vulnerabilidade aérea provocada por décadas de sanções e desgaste operacional, conforme divulgado pelo canal Russian Arms no Telegram.
Apesar de o Irã ter anunciado em anos anteriores um acordo com Moscou para adquirir até 24 caças Su-35S, o processo de entrega continua envolto em contradições. Enquanto autoridades como o comandante do IRGC, Ali Shadmani, afirmaram em janeiro de 2025 que o contrato foi concluído, nenhuma entrega foi confirmada oficialmente.
A guerra entre Rússia e Ucrânia tem priorizado a produção militar doméstica de Moscou, dificultando a exportação de plataformas avançadas como o Su-35 para parceiros como o Irã.
Mesmo com a impressionante manutenção autônoma dos F-14 sem suporte norte-americano por mais de quatro décadas, a capacidade de enfrentamento do Irã está cada vez mais comprometida diante de ameaças tecnológicas modernas. De acordo com o World Directory of Modern Military Warships, cerca de 58% da força aérea iraniana é composta por caças.
Muitos desses jatos têm décadas de uso, incluindo 63 F-4D/E/RF, 41 F-14A/AM, 35 F-5E, 23 Su-24MK, 18 MiG-29A, 17 F-7 e 12 Mirage F1EQ. O Irã também opera um número menor de jatos de fabricação nacional, como o Kowsar, o Azarakhsh e o Saeqeh, além de diversas aeronaves de treinamento, como o russo YAK-130.
De acordo com especialistas militares consultados por publicações como Military Watch e canais especializados chineses, a transição do Irã para caças como o J-10C poderia ocorrer de forma relativamente rápida, principalmente com assistência técnica da China. Exemplo disso é a rápida adoção do Su-30MKI pela Índia em substituição aos MiG-29, concluída em menos de dois anos.

Mesmo uma frota inicial limitada de J-10CE ou Su-35 poderia exercer efeito dissuasório sobre operações aéreas israelenses, especialmente ao operar em conjunto com os sofisticados sistemas de defesa aérea iranianos, como o Bavar-373 e o S-300.
Análises apontam que caças modernos equipados com mísseis de longo alcance, operando próximo ao espaço aéreo iraniano, poderiam ameaçar seriamente reabastecedores israelenses e comprometer a logística de ataques de longo alcance. Isso forçaria Israel a adaptar sua doutrina de emprego do F-35I, redirecionando a plataforma stealth para missões de combate ar-ar, reduzindo sua eficácia em missões de ataque ao solo.
Desde o fim do embargo de armas da ONU em 2020, o Irã tem liberdade legal para importar armamentos convencionais avançados. No entanto, passados quase cinco anos, não houve entregas significativas de caças de última geração.
A modernização da aviação militar iraniana tornou-se um imperativo estratégico, com custo estimado de US$ 3 a 5 bilhões — valor comparável ao contrato do Paquistão para os J-10C. Especialistas alertam que a hesitação em adquirir aeronaves modernas tem um custo muito maior em termos de segurança nacional e estabilidade regional do que o próprio investimento financeiro.
Para o Irã, a reconstrução de sua força aérea já não é apenas uma questão de atualização tecnológica, mas uma prioridade estratégica diante da intensificação de ameaças e da crescente atividade militar dos Estados Unidos e Israel na região. A aquisição de caças J-10CE pode ser o primeiro passo concreto de Teerã para restaurar seu poder aéreo e restabelecer uma postura de dissuasão efetiva no cenário geopolítico do Oriente Médio.
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