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segunda-feira, 7 de julho de 2025

Depois de 50 anos, Força Aérea de Taiwan aposenta seus caças F-5 Tiger II

 


A Força Aérea de Taiwan realizou uma cerimônia emocionante na Base Aérea de Hualien para marcar a aposentadoria oficial de seus lendários jatos Northrop F-5 Tiger II, após mais de 50 anos de serviço dedicados à defesa do espaço aéreo da ilha.

O evento contou com a presença de autoridades militares, veteranos e entusiastas da aviação, que acompanharam um voo simbólico da 5ª Ala de Caça Tático, reunindo três aeronaves de reconhecimento RF-5E e dois caças biplace F-5F. Após uma patrulha de despedida sobre a costa leste de Taiwan, os aviões foram recebidos com o tradicional banho de água, encerrando definitivamente sua carreira operacional.

O coronel Hsu Chun-jung, que participou da última missão, destacou que a surtida final foi executada com perfeição, simbolizando a confiabilidade e o legado do F-5 até o último dia em serviço. O vice-ministro da Defesa Nacional de Taiwan, Po Horng-huei, afirmou que a desativação dos últimos F-5F e RF-5E encerra de forma oficial a era Tiger II na Força Aérea, ressaltando que as missões de reconhecimento aéreo passam agora a ser desempenhadas pelos modernos RF-16, versões adaptadas do F-16 Fighting Falcon, muito mais avançadas em termos de sensores e comunicação.

O F-5 teve uma presença marcante na aviação de Taiwan graças ao projeto Tiger Peace, firmado em 1973 em cooperação com a Northrop, que possibilitou a fabricação local de 308 aeronaves — sendo 242 monopostos F-5E e 66 biplace F-5F — entregues entre 1974 e 1986. Por décadas, esses jatos foram a espinha dorsal da defesa aérea do país, realizando patrulhas de dissuasão próximas ao litoral da China continental e sobre as ilhas de Kinmen e Matsu, sobretudo antes da Crise do Estreito de Taiwan em 1995.

De acordo com o coronel aposentado Sung Wen-hsi, o F-5 Tiger II foi um caça supersônico de excelente desempenho e fácil manutenção, muito à frente de seu tempo quando entrou em operação. O coronel Huang Yang-te, também veterano, relembrou que alguns exemplares F-5E chegaram a ser adaptados para operar mísseis AGM-65 Maverick, o que elevou significativamente sua capacidade de ataque ao solo e prolongou sua utilidade operacional.

Após migrarem progressivamente para funções de treinamento e reconhecimento nos últimos anos, os F-5 taiwaneses agora cedem lugar aos novos jatos de treinamento Brave Eagle, desenvolvidos em Taiwan, fortalecendo a autonomia tecnológica da indústria local e garantindo maior capacidade de resposta às tensões regionais.

Embora aposentado em Taiwan, o icônico F-5 Tiger II continua voando em várias forças aéreas ao redor do mundo. Países como Brasil, Irã, Tunísia, Marrocos, México, Chile e Tailândia ainda operam variantes do F-5 em missões de defesa aérea, treinamento avançado e ataque leve, comprovando a longevidade e a robustez do projeto criado pela Northrop. Muitos destes países, como o Brasil, modernizaram seus F-5 com novos aviônicos, sistemas de armas e radares, mantendo a relevância do caça mesmo em ambientes de combate contemporâneos.

O fim do F-5 em Taiwan encerra uma era de enorme importância histórica, celebrando um legado de cinco décadas em um dos espaços aéreos mais disputados do Pacífico, e reforça o simbolismo global de uma aeronave que continua servindo com dignidade em diversas nações.

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