O setor aeronáutico brasileiro escapou de sofrer um duro golpe econômico. A nova tarifa de 50% anunciada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos importados do Brasil não será aplicada às exportações de aeronaves civis, o que inclui aviões comerciais, executivos e seus respectivos componentes. A medida, que entra em vigor em 6 de agosto, mantém inalterada a atual alíquota de 10% sobre jatos fabricados pela Embraer e outros produtos do setor aeroespacial.
A decisão representa um importante alívio para a Embraer, que tem nos Estados Unidos seu maior mercado internacional. Dados atualizados indicam que 45% das vendas de jatos comerciais da fabricante brasileira são destinadas a empresas norte-americanas, além de 70% da sua linha de jatos executivos. Atualmente, 229 das 437 aeronaves encomendadas à Embraer são de clientes dos EUA, reforçando a importância estratégica do país para a empresa com sede em São José dos Campos.
A isenção foi resultado de negociações diplomáticas conduzidas por autoridades brasileiras após alertas da própria Embraer, que chegou a comparar o impacto potencial da nova tarifa ao colapso vivido durante a pandemia da COVID-19. A fabricante estimava um custo adicional de R$ 50 milhões por aeronave exportada, o que poderia gerar perdas superiores a R$ 20 bilhões até o fim da década.
Com a confirmação de que o setor aeronáutico ficará fora da sobretaxa, as ações da Embraer dispararam mais de 10% na B3. A valorização reflete o alívio do mercado diante da manutenção da competitividade da companhia brasileira frente aos gigantes Boeing e Airbus. Fontes ligadas à Embraer informaram que a empresa continuará monitorando os desdobramentos políticos e jurídicos da medida nos Estados Unidos.
O decreto presidencial assinado por Trump também excluiu outros produtos da nova tarifa, como suco de laranja, combustíveis, algumas peças automotivas e madeira. No entanto, as exportações brasileiras de aviões militares, caso ocorram, serão afetadas diretamente pela nova alíquota de 50%.

Segundo a Casa Branca, a ordem executiva é uma resposta a supostas violações de direitos civis e censura promovidas pelo governo brasileiro, com foco especial no ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. A decisão afirma que autoridades brasileiras estariam perseguindo apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro e ameaçando empresas americanas de tecnologia com multas e congelamento de ativos, além de interferência judicial sobre plataformas digitais. O comunicado menciona o caso do blogueiro Paulo Figueiredo, residente nos EUA, como exemplo de violação à liberdade de expressão.
Apesar da tensão diplomática, o governo brasileiro trabalha para mitigar os impactos sobre os setores ainda afetados pela tarifa, como o agronegócio. Entre as medidas em análise estão linhas de crédito e incentivos pontuais para exportadores prejudicados.
A permanência do setor aeronáutico entre as exceções do tarifaço de Trump reforça a relevância da indústria de aviação brasileira no cenário internacional. Para a Embraer, a decisão garante fôlego para manter sua estratégia de crescimento global, especialmente em um momento de intensa concorrência com players asiáticos e novas demandas do mercado por aeronaves regionais de última geração.
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