A Força Aérea Real Marroquina (RMAF) está em processo avançado para substituir sua antiga frota de jatos Alpha Jet, que vem operando desde o final da década de 1970. A decisão final sobre a nova aeronave de treinamento deve ser anunciada ainda este ano, marcando um importante passo na modernização da aviação militar do país.
Entre 1979 e 1981, o Marrocos recebeu 24 unidades do Alpha Jet E, um jato franco-alemão desenvolvido pela Dassault e Dornier, utilizado tanto para o treinamento avançado de pilotos quanto para missões de ataque ao solo. A Base Aérea de Meknes é o principal polo de operação desses aviões, que tiveram papel ativo durante a Guerra do Saara Ocidental, apoiando operações contra a Frente Polisário.
Além do uso militar convencional, os Alpha Jets marroquinos também participaram de um projeto inovador de modificação climática iniciado em 1984, em parceria com pesquisadores americanos e com o apoio da USAID. Conhecido como programa AL GHAIT, o projeto adaptou um Alpha Jet para realizar semeadura de nuvens, liberando iodeto de prata para estimular a formação de chuva em nuvens cumulonimbus.
Essa técnica pioneira não apenas ajudou a mitigar os efeitos de severas secas que afetaram a economia marroquina na década de 1980, como também posicionou o país como referência em cloud seeding na África. O programa se expandiu para países vizinhos, como Mauritânia, Burkina Faso e Senegal, trazendo benefícios para a agricultura regional.

Atualmente, três modelos de jatos avançados estão concorrendo para substituir os Alpha Jets: o russo Yakovlev Yak-130 “Mitten”, o italiano Leonardo M-346 “Master” e o chinês Hongdu L-15 “Falcon”. Todos trazem tecnologias modernas de aviônica, simuladores embarcados e capacidade de ataque leve.

Segundo análises especializadas da Jane’s Defence, o L-15 chinês aparece como o favorito, influenciado por fatores políticos e econômicos. Marrocos tem estreitado laços diplomáticos e comerciais com a China, que oferece o L-15 a um preço estimado em US$ 10 milhões, significativamente mais competitivo que os US$ 15 milhões do Yak-130 e US$ 30 milhões do M-346 italiano.
Além do custo inicial, a disponibilidade rápida da aeronave e a relação custo-benefício no longo prazo também são pontos importantes para a decisão marroquina. O L-15 é um treinador avançado com cockpit digital, sistemas compatíveis com caças de última geração e capacidade para missões multifuncionais, alinhando-se com a estratégia do país de ampliar a versatilidade operacional de sua força aérea.

A escolha do Hongdu L-15 indicaria uma mudança estratégica nos rumos da Força Aérea Real Marroquina, refletindo tanto a busca por tecnologia de ponta quanto um reposicionamento geopolítico
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