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domingo, 26 de outubro de 2025

Saab Draken completa 70 anos do primeiro voo: o “dragão” sueco que desafiou a Guerra Fria

 


No dia 25 de outubro de 1955, há exatos 70 anos, o protótipo do Saab 35 Draken decolava pela primeira vez dos céus gelados da Suécia. Aquele voo histórico marcava o nascimento de um dos caças mais icônicos e inovadores da era da Guerra Fria, símbolo da engenhosidade sueca e precursor direto dos modernos aviões de combate da Saab, como o Viggen e o Gripen.

Projetado em plena tensão geopolítica entre Estados Unidos e União Soviética, o Draken foi criado para garantir a defesa aérea da Suécia, um país neutro que precisava se preparar para uma possível invasão. A Força Aérea Sueca (Flygvapnet) exigia um caça rápido, ágil e capaz de operar em pistas curtas — inclusive em rodovias reforçadas, parte da doutrina sueca de dispersão em caso de conflito.

A Saab respondeu ao desafio com uma ousadia sem precedentes: o desenho de asa em duplo delta, uma inovação aerodinâmica que combinava alta performance supersônica com excelente estabilidade em baixas velocidades. Antes do protótipo real, a empresa desenvolveu o miniavião de testes Saab 210 “Lilldraken”, usado para validar a nova configuração de asas. O resultado foi um caça elegante, veloz e eficiente — o verdadeiro “dragão da Escandinávia”.

Saab 210 Lilldraken (dragãozinho) na sua versão inicial e final.

O primeiro voo do Draken, conduzido pelo piloto de testes Bengt Olow, foi um sucesso absoluto. O avião ultrapassou Mach 1 logo nos primeiros meses de ensaio e rapidamente demonstrou sua capacidade de atingir velocidades próximas a Mach 2, desempenho notável para a época.

O Draken media cerca de 15,3 m de comprimento, tinha envergadura de 9,42 m e usava motor turbojato licenciado da Rolls-Royce (Avon/RM6C) com pós-combustão. O desenho do duplo delta permitia velocidades da ordem de Mach 2 (aproximadamente o dobro da velocidade do som) e alcance operacional suficiente para missões de interceptação ou patrulha aérea.

A versão de produção começou a ser entregue para a Força Aérea Sueca em 1960. Ao longo de sua carreira, foram produzidas cerca de 650 aeronaves, operadas não apenas pela Suécia, mas também por países como Dinamarca, Finlândia e Áustria.

O J-35 atendia missões de interceptação, patrulha e até ataque em algumas versões, o que demonstra sua adaptabilidade ao longo dos anos. O Draken também era projetado para operar de bases dispersas e até mesmo de estradas reforçadas — parte da doutrina sueca de dispersão em tempo de guerra.

O Draken permaneceu em serviço por décadas — uma marca de durabilidade, flexibilidade e adaptabilidade. Mesmo com o surgimento de caças mais modernos como o Saab 37 Viggen e o Gripen, ele permaneceu ativo até o fim dos anos 1990 (na Suécia) e até 2005 na Áustria, o último país a aposentar o modelo.

Mesmo assim, o Saab 35 Draken continua vivo em museus e coleções aéreas pelo mundo — inclusive em voos demonstrativos realizados por exemplares restaurados.

Seu legado vai além da história militar: o duplo delta do Draken inspirou gerações de engenheiros aeronáuticos e consolidou a reputação da Saab como uma das mais avançadas fabricantes de caças do planeta.

Setenta anos depois, o Draken permanece como um ícone do design sueco e um símbolo de independência tecnológica em tempos de polarização global. Para muitos entusiastas da aviação, o Draken não foi apenas um caça: foi uma obra-prima de engenharia e coragem — o verdadeiro dragão que dominou os céus do norte.

O Draken e a FAB

Nos anos 1960, a FAB buscava substituir suas aeronaves de combate mais antigas por modelos mais modernos e com melhor desempenho. Além do Mirage III, que foi escolhido e adquirido, outros caças da época também estavam em consideração.

O Saab 35 Draken, com seu design inovador de asa em duplo delta e capacidades supersônicas, certamente chamou a atenção de militares e especialistas brasileiros.

Há registros de que a FAB estudou e acompanhou o projeto, mas não existem registros oficiais confirmando que a Força Aérea Brasileira (FAB) tenha realizado uma avaliação formal do caça sueco Saab 35 Draken. Naquele período, a FAB estava em processo de modernização de sua frota de caças e avaliava diversas opções internacionais.

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