No dia 25 de outubro de 1955, há exatos 70 anos, o protótipo do Saab 35 Draken decolava pela primeira vez dos céus gelados da Suécia. Aquele voo histórico marcava o nascimento de um dos caças mais icônicos e inovadores da era da Guerra Fria, símbolo da engenhosidade sueca e precursor direto dos modernos aviões de combate da Saab, como o Viggen e o Gripen.
Projetado em plena tensão geopolítica entre Estados Unidos e União Soviética, o Draken foi criado para garantir a defesa aérea da Suécia, um país neutro que precisava se preparar para uma possível invasão. A Força Aérea Sueca (Flygvapnet) exigia um caça rápido, ágil e capaz de operar em pistas curtas — inclusive em rodovias reforçadas, parte da doutrina sueca de dispersão em caso de conflito.
70 years since Draken’s first flight ??
?? On October 25 in 1955, Draken took of for the first time.
?? The aircraft served in Sweden, Finland, Denmark & Austria. pic.twitter.com/qrvRNy22TA— Saab (@Saab) October 25, 2025
A Saab respondeu ao desafio com uma ousadia sem precedentes: o desenho de asa em duplo delta, uma inovação aerodinâmica que combinava alta performance supersônica com excelente estabilidade em baixas velocidades. Antes do protótipo real, a empresa desenvolveu o miniavião de testes Saab 210 “Lilldraken”, usado para validar a nova configuração de asas. O resultado foi um caça elegante, veloz e eficiente — o verdadeiro “dragão da Escandinávia”.

O primeiro voo do Draken, conduzido pelo piloto de testes Bengt Olow, foi um sucesso absoluto. O avião ultrapassou Mach 1 logo nos primeiros meses de ensaio e rapidamente demonstrou sua capacidade de atingir velocidades próximas a Mach 2, desempenho notável para a época.
O Draken media cerca de 15,3 m de comprimento, tinha envergadura de 9,42 m e usava motor turbojato licenciado da Rolls-Royce (Avon/RM6C) com pós-combustão. O desenho do duplo delta permitia velocidades da ordem de Mach 2 (aproximadamente o dobro da velocidade do som) e alcance operacional suficiente para missões de interceptação ou patrulha aérea.
A versão de produção começou a ser entregue para a Força Aérea Sueca em 1960. Ao longo de sua carreira, foram produzidas cerca de 650 aeronaves, operadas não apenas pela Suécia, mas também por países como Dinamarca, Finlândia e Áustria.
O J-35 atendia missões de interceptação, patrulha e até ataque em algumas versões, o que demonstra sua adaptabilidade ao longo dos anos. O Draken também era projetado para operar de bases dispersas e até mesmo de estradas reforçadas — parte da doutrina sueca de dispersão em tempo de guerra.
O Draken permaneceu em serviço por décadas — uma marca de durabilidade, flexibilidade e adaptabilidade. Mesmo com o surgimento de caças mais modernos como o Saab 37 Viggen e o Gripen, ele permaneceu ativo até o fim dos anos 1990 (na Suécia) e até 2005 na Áustria, o último país a aposentar o modelo.
Mesmo assim, o Saab 35 Draken continua vivo em museus e coleções aéreas pelo mundo — inclusive em voos demonstrativos realizados por exemplares restaurados.
Seu legado vai além da história militar: o duplo delta do Draken inspirou gerações de engenheiros aeronáuticos e consolidou a reputação da Saab como uma das mais avançadas fabricantes de caças do planeta.
Setenta anos depois, o Draken permanece como um ícone do design sueco e um símbolo de independência tecnológica em tempos de polarização global. Para muitos entusiastas da aviação, o Draken não foi apenas um caça: foi uma obra-prima de engenharia e coragem — o verdadeiro dragão que dominou os céus do norte.
O Draken e a FAB
Nos anos 1960, a FAB buscava substituir suas aeronaves de combate mais antigas por modelos mais modernos e com melhor desempenho. Além do Mirage III, que foi escolhido e adquirido, outros caças da época também estavam em consideração.
O Saab 35 Draken, com seu design inovador de asa em duplo delta e capacidades supersônicas, certamente chamou a atenção de militares e especialistas brasileiros.
Há registros de que a FAB estudou e acompanhou o projeto, mas não existem registros oficiais confirmando que a Força Aérea Brasileira (FAB) tenha realizado uma avaliação formal do caça sueco Saab 35 Draken. Naquele período, a FAB estava em processo de modernização de sua frota de caças e avaliava diversas opções internacionais.




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