Produção do caça Gripen no Brasil poderá ser ampliada com a venda para Ucrânia.
A Suécia está considerando uma proposta inédita que pode redefinir o apoio militar europeu à Ucrânia: financiar a compra de mais de cem caças JAS 39 Gripen E usando ativos russos congelados. A ideia foi revelada pelo ministro da Defesa sueco, Pal Jonson, durante a visita do presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy a Linköping, sede da Saab, fabricante do caça. Produção do Gripen no Brasil pode ser ampliada com esta venda.
Segundo Jonson, o plano é “realista”, mas depende de uma complexa coordenação jurídica e política dentro da União Europeia. “Estamos explorando o potencial uso de ativos russos congelados”, declarou o ministro, destacando que a decisão final será tomada em conjunto com Bruxelas. O tema vem sendo debatido há meses entre os países do bloco, que buscam um caminho legal para canalizar recursos russos bloqueados em benefício da defesa ucraniana.
De acordo com informações divulgadas pela Reuters, o governo sueco analisa opções que poderiam viabilizar o financiamento parcial ou total da compra de caças Gripen E, avaliados em cerca de US$ 85 milhões por unidade. Um pacote de 100 aeronaves representaria um investimento estimado em US$ 8,5 bilhões, valor que poderia ser coberto em parte pelos fundos russos congelados na Europa.
No dia 22 de outubro de 2025, Suécia e Ucrânia assinaram uma carta de intenções de cooperação em defesa, prevendo o fornecimento de 100 a 150 caças Gripen E ao longo dos próximos dez a quinze anos. O acordo é visto como um passo estratégico para reconstruir a Força Aérea da Ucrânia com tecnologia compatível com os padrões da OTAN. Segundo estimativas, as primeiras entregas poderiam ocorrer em cerca de três anos, dependendo da aprovação europeia e da disponibilidade industrial.
A fabricante Saab já sinalizou disposição para ampliar sua capacidade produtiva caso o contrato avance. Entre as opções em estudo está a expansão da linha de montagem do Gripen não apenas na Suécia, mas também em outros países parceiros, como o Brasil, onde o caça é produzido sob licença pela Embraer. Essa possibilidade reforça a importância estratégica do programa Gripen e amplia o envolvimento da indústria aeroespacial brasileira no contexto europeu.
O Gripen E é a versão mais moderna do caça multifunção sueco, com radar AESA, sistemas avançados de guerra eletrônica e motor General Electric F414-GE-39E, que oferece maior alcance e desempenho. Projetado para operar em ambientes austeros, com baixo custo operacional e manutenção simplificada, o Gripen é considerado ideal para as necessidades da Ucrânia, que busca uma frota moderna e resiliente frente à guerra em curso.
Se aprovado, o plano sueco criará um precedente inédito: o uso de ativos de um país sancionado para financiar equipamentos militares de defesa. Essa medida pode influenciar futuras decisões da União Europeia sobre reconstrução pós-guerra e redefinir as regras do financiamento internacional de programas de segurança.
O acordo entre Estocolmo e Kiev representa mais do que um simples contrato de armamentos — é um símbolo da crescente integração da Ucrânia à estrutura de defesa europeia. A eventual adoção do Gripen E, aliado ao treinamento e suporte técnico oferecidos pela Saab, colocaria a Força Aérea Ucraniana em um novo patamar tecnológico, com aeronaves capazes de rivalizar com os principais caças russos.

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