

Uma comparação entre o caça sueco e alguns dos modelos que disputam o mercado de aviões de combate
Além da Suécia, o Gripen (que significa Grifo, ser mitológico com corpo de leão e asas de águia) foi adquirido por mais cinco países e tem atraído bastante atenção internacional com o desempenho elogiado pelos operadores e, nos últimos anos, pelas vitórias nas concorrências de caças na Suíça e no Brasil.
Mas como o “Grifo” se sai contra seus adversários em termos de desempenho e capacidades? O quadro abaixo mostra alguns dos aviões que a nova geração do Gripen vem enfrentando em concorrências internacionais e o texto a seguir o compara com as principais referências do mercado, de ontem e do futuro: o F-16 e o F-35.

O Grifo e a Víbora
O F-16 Fighting Falcon, apelidado de “Viper” (Víbora) se consolidou ao longo de décadas como a aeronave de combate padrão em mais de 26 países, com mais de 4.500 unidades produzidas desde os anos 1970. O F-16 é considerado o “benchmark” dos caças modernos, ou seja, o padrão a ser superado, e ainda possui muitas vantagens sobre vários caças maiores e mais sofisticados. É mais leve, mais manobrável, mais barato de operar e pode realizar uma grande gama de missões, como reconhecimento, apoio aéreo aproximado e superioridade aérea.
Porém o caça, cujo projeto é bem mais antigo que o do Gripen, já está mostrando sua idade. Apesar das significativas melhorias das versões mais recentes e das modernizações, o F-16 não consegue acompanhar todos os avanços de caças projetados anos mais tarde, como a redução significativa da RCS (seção reta-radar), pois está no limite de desenvolvimento de sua fuselagem.
O Gripen, por outro lado, que usou a performance do F-16 como base para seu projeto, já nasceu com uma RCS muito pequena, de cerca de 10% da encontrada no caça americano. Isso dá uma vantagem ao caça sueco, pois ele é capaz de detectar o F-16 com antecedência e, conforme as circunstâncias de um combate, disparar primeiro.

O Gripen e o F-16 têm dimensões externas muito similares, mas o peso é bem diferente: o F-16 é 50% mais pesado que o Gripen, que usa muito material composto. O primeiro pesa cerca de 9 toneladas vazio, enquanto o último pesa 6,8 toneladas vazio (versão C) e se espera que a nova geração pese entre 7,2 e 7,5 toneladas. O peso máximo de decolagem é de cerda de 20 toneladas para o F-16 e 14 toneladas para o Gripen C/D, sendo que o NG poderá decolar com 16,5 toneladas de peso máximo. O F-16, por sua vez, consegue levar 7.700kg de cargas externas, enquanto o Gripen C leva 5,3 toneladas, e o Gripen E deverá ser da classe de 7 toneladas de carga máxima externa –embora tanto no F-16 quanto no Gripen (e na grande maioria dos caças) a soma do peso do combustível máximo interno com o máximo de cargas externas ultrapasse o peso máximo de decolagem, o que leva à redução em um ou outro (por exemplo, carga máxima externa de 6 toneladas entre armas e tanques externos, combinada ao máximo de combustível interno no Gripen NG).
Embora mais pesado, o F-16 é equipado com um motor Pratt and Whitney mais poderoso, que produz 50% a mais de empuxo que o Volvo RM12 do Gripen C/D, o que dá uma vantagem na razão empuxo/peso para o F-16. Esta razão no Gripen C/D fica pouco abaixo de 1 e no F-16 é de 1.1. Essa vantagem dá ao F-16 maior aceleração e razão de subida. Porém, e apesar do peso maior do Gripen NG, a potência extra do GE F414 da nova versão diminui e quase equilibra essa diferença, lembrando que o peso do F-16 continua a subir com novas variantes e modernizações.
Um outro fator-chave de comparação entre o Gripen e o F-16 é a carga alar. Geralmente, o caça com menor carga alar pode fazer curvas mais fechadas (taxa de curva maior) com menor perda de energia que um caça com maior carga alar. A carga alar do Gripen fica em torno de 60lb/ft2, enquanto a do F-16 fica em torno de 88lb/ft2. Isso significa que, mesmo que o Gripen tenha uma relação peso-potência pior, ele precisa de menos energia para restaurar a velocidade depois de uma curva. No quadro abaixo pode-se observar que o Gripen tem as melhores taxas de curva instantânea e sustentada em comparação com os atuais caças. Observar que o avião na parte mais baixa do quadro é o F-35A, com as piores taxas.
As características de performance do Gripen indicam que, em geral, ele é mais leve, menor e mais ágil que o F-16, podendo fazer curvas mais fechadas que este. As tecnologias de radar e a aviônica da nova geração do Gripen são superiores, principalmente na guerra em redes, devido ao avançado data-link do caça sueco. Resumindo: o Gripen e o F-16 são muito similares em capacidade e desempenho, mas o F-16 é um projeto mais antigo. Os equipamentos da nova versão NG podem torná-lo um substituto convincente para o envelhecido F-16.

O Grifo e o F-35
O projeto do Lockheed F-35 Lightning II representa talvez a ameaça mais significativa para o sucesso de exportação do Gripen. O chamado “Joint Strike Fighter” (JSF) foi financiado por muitas das nações que buscam substituir seus caças F-16 atualmente em serviço.
Nesse caso, o Gripen tem a desvantagem de seu projeto inicial ser mais antigo que o do F-35, e o caça sueco, embora tenha uma pequena RCS, carece de verdadeiras capacidades furtivas. No entanto, ainda há uma boa esperança para as perspectivas de exportação do Gripen frente ao F-35, pois as derrapagens de custos do JSF estão fazendo muitas das nações que financiam o desenvolvimento da aeronave pensar duas vezes antes de comprar a plataforma. Sérias preocupações sobre o desempenho também foram levantadas. Além disso, o JSF é uma aeronave maior e mais pesada que o Gripen (seu peso vazio é duas vezes maior, proporção que se repete com peso máximo de decolagem), e seus custos operacionais são desconhecidos, enquanto o Gripen já provou ser um avião confiável e capaz.
O F-35 também voa mais limpo que o Gripen, pois tem duas baias internas de armas, que aumentam suas capacidades furtivas e aerodinâmicas. Esses compartimentos podem transportar cerca de 3.000 libras (cerca de 1.362kg) de munições no total. Já quando os cabides externos são utilizados, o JSF pode transportar cerca de 9 toneladas de armas.

O JSF utiliza um único motor Pratt and Whitney com pós-combustão, o mais potente motor de caça da atualidade, mas ainda assim só consegue voar a uma velocidade máxima de cerca de Mach 1.6. Sua razão empuxo/peso é de apenas 0,87 – significativamente pior que a do Gripen.
A carga alar do JSF é de 90lb/ft2 – consideravelmente maior que a do Gripen e também maior do que a do F-16, que se destina a substituir. Na verdade, esse fator de carga alar é maior que dos aviões de combate de quarta geração, incluindo o F-15, SU-27 e Mirage 2000. Isto significa que o F-35 é menos manobrável que o Gripen. O JSF tem um teto de serviço maior, mas seu raio de combate é só um pouco melhor que o do Gripen de nova geração.
Conclusão
O Gripen mantém vantagens na manobrabilidade e custos. É mais leve, com uma célula menor e os custos de produção e de operação são comprovadamente baixos.
Em última análise, o JSF foi concebido primariamente para missões de ataque e secundariamente para combate aéreo. O Gripen é um caça leve multimissão, otimizado para combate aéreo. Diferentes caças com diferentes propósitos.
Conforme a necessidade da maioria das forças aéreas, o Gripen pode cumprir a maioria das missões por um preço menor

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