Com aplicações e produtos em constante evolução, a guerra eletrônica tem ganhado cada vez mais importância.
Nas últimas décadas, a história mostra que as inovações tecnológicas, de uma forma ou outra, sempre influenciaram o resultado de um combate, determinando seus vencedores e perdedores. Neste cenário, a guerra eletrônica (EW, do inglês Electronic Warfare) tem ganhado cada vez mais importância, tanto que recebeu mais investimentos dos fornecedores e evoluiu de forma significativa nos últimos anos.
Podendo ser utilizado em aeronaves, navios e sistemas terrestres, o recurso funciona como proteção para percorrer rotas perigosas, adotar medidas ofensivas durante um conflito militar, ou ainda para melhorar a consciência situacional. “Em resumo, a guerra eletrônica é, na verdade, sobre a capacidade de usar e controlar sinais, como o infravermelho, o de rádio ou o de radares”, explica Per Sjöstrand, gerente de Produto Técnico de Guerra Eletrônica na Saab.
A história do desenvolvimento de sistemas EW na Suécia remonta à era da Guerra Fria. A Suécia, por estar geograficamente situada entre os dois blocos militares da OTAN e o pacto de Varsóvia, percebeu a necessidade de ser autossuficiente em termos de desenvolvimento de capacidades EW. Desde então, a pesquisa e o desenvolvimento no domínio não pararam para a Saab.
Com mais de 50 anos de experiência em guerra eletrônica, a Saab possui uma posição sólida como fornecedora, resultado da necessidade de proteger aeronaves militares e da expertise sueca em tecnologia de ponta. Além disso, outro fator crucial para o sucesso da companhia no setor é o esforço de desenvolvimento relacionado ao Gripen E, que vem equipado com um sistema avançado de guerra eletrônica adaptado para ambientes hostis.
“O sistema de guerra eletrônica do Gripen fornece uma grande consciência situacional ao piloto, uma vez que ele tem a visão de todo o cenário à sua volta, o que faz com que tenha vantagem tática para ser o primeiro a atacar”, explicou o Coronel Aviador Luciano Barbosa Magalhães, diretor do Instituto de Coordenação e Fomento Industrial (IFI) da Força Aérea Brasileira (FAB).
O novo caça da FAB possui diversos sistemas de guerra eletrônica, que funcionam como um escudo eletrônico, reduzindo a capacidade do inimigo de operar de forma e caz (veja quais são os sistemas no box ao lado). Assim, ele é capaz de detectar, identificar e classificar inúmeras emissões eletromagnéticas a grandes distâncias, simultaneamente, além de ser altamente resistente a diversos tipos de interferências eletrônicas. Juntos, todos esses recursos ampliam a possibilidade de sobrevivência em ambiente hostil permeado por modernas ameaças, estejam elas no solo ou no ar.
Um dos aspectos mais importantes do sistema EW do Gripen E/F é que os caças usam sensores em rede, tanto a bordo quanto de outras plataformas. Isso dá ao piloto a capacidade de localizar as ameaças de maneira silenciosa e ser o primeiro a reagir. Os sensores em rede ajudam o piloto do Gripen a lidar com as ameaças mais avançadas, incluindo Su-57 e S-400. No geral, o pacote EW do Gripen tem os recursos para operar nos ambientes mais hostis, garantindo alta capacidade de sobrevivência.
Conheça os sistemas a bordo do Gripen E/F
Nos atuais cenários de combate, ser capaz de receber e ler informações de diversas fontes é fundamental para proporcionar uma ampla consciência situacional. Para transmitir os dados de maneira clara e objetiva ao piloto, o Gripen E/F vem com uma combinação de sensores passivos e de bloqueio ativo.
Sendo da categoria de varredura eletrônica ativa (AESA, do inglês Active Electronic Scanned Array), o radar Raven ES-05 possui uma antena composta de inúmeros pequenos módulos que permitem fazer a varredura eletrônica de alvos em diferentes direções, no ar ou no solo-mar, simultaneamente e em diferentes frequências, sem a necessidade de se movimentar mecanicamente. O equipamento, que é resistente às interferências eletrônicas, apresenta alto índice de disponibilidade e ainda possui abertura do campo visual de mais de 100°.
Em comparação com o semicondutor de arseneto de gálio usado com mais frequência, o AESA usa nitreto de gálio (GaN), que gera menos calor e tem a capacidade de operar em altas tensões, o que significa que quando a potência aumenta, o tamanho do componente também diminui, levando a um melhor alcance de interferência. Ele também oferece melhor largura de banda e maior potência de saída do que outros materiais.
O Gripen E/F também é equipado com o sensor de busca de alvos por infravermelho (IRST, do inglês Infrared Search and Track) Skyward-G. O IRST, por exemplo, não emite sinais e, portanto, pode rastrear e identificar alvos sem revelar a posição da aeronave. Localizado na frente do Gripen, o sensor está voltado para um amplo setor, registrando as emissões de calor de outras aeronaves, helicópteros e de objetos no solo e na superfície do mar.
Diferente do radar, esse sistema utiliza as emissões de calor do alvo para obter a sua localização, permitindo desta forma a atuação de maneira passiva, o que reduz as chances do Gripen ser detectado. O Skyward-G pode funcionar em conjunto com o Raven ES-05 ou ser usado de maneira independente.
Além desses dois equipamentos, confira abaixo outros sistemas táticos de missão do Gripen:
- IFF – Identification Friend or Foe: Sistema que permite a identi cação, por meio de interrogações por radar, entre aeronaves, como pertencentes a uma força amiga ou inimiga.
- ECM – Electronic Countermeasures: Antenas que fazem a interferência nos radares inimigos, seja confundindo, saturando ou impedindo que o Gripen possa ser marcado como alvo.
- LWS – Laser Warning System: Alerta a posição de alguma emissão de laser contra o Gripen.
- MAWS – Missile Approach Warning System: Alerta sobre a aproximação e direção de mísseis disparados contra o Gripen.
- RWR – Radar Warning Receiver: Alerta a posição de algum radar em solo, mar ou ar que esteja detectando o Gripen.
- CHAFF / FLARE: Dispositivos usados para despistar radares e mísseis guiados por radar.
A manutenção dos radares do Gripen no Brasil
Equipado com o que há de mais moderno em termos de radar e sensores de guerra eletrônica, o Brasil se preparou para dispor de uma estrutura completa para dar suporte aos sistemas do Gripen no País.
A Saab Sensores e Serviços é a empresa brasileira responsável por realizar a manutenção destes equipamentos de alta tecnologia. Dessa forma, não será necessário enviar os radares para serem reparados ou revisados no exterior, proporcionando agilidade nas manutenções e ampliando a disponibilidade da frota do caça na FAB
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