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domingo, 7 de novembro de 2021

“A” de ataque: North American A-5/RA-5 Vigilante


A June 1969 aerial view looking southwest at a beautiful North American RA-5C Vigilante of RVAH-14 in flight over NAS Albany.

Vigilante foi um bombardeiro nuclear médio, operado a partir de porta-aviões, desenvolvido devido à determinação da US Navy em ampliar sua capacidade de ataque com armas nucleares.

O desenvolvimento do Vigilante foi iniciado em novembro de 1953, sob a designação “NAGPAW – North American General Purpose Attack Weapon”. O objetivo era desenvolver uma aeronave que atingisse 2 vezes a velocidade do som e possuísse teto de serviço de 52.500 pés (16.000 metros).

O papel de bombardeiro nuclear embarcado já havia sido desempenhado por 2 outras aeronaves, também da North American, AJ Savage e o A-3 Skywarrior, que rapidamente se tornaram obsoletas para as missões as quais foram originalmente concebidas

Pelos requisitos, o novo bombardeiro deveria ser bimotor e possuir um inovador compartimento para transporte de uma arma nuclear, na parte traseira da fuselagem, sob a cauda e entre os exaustores dos motores, aumentando assim as hipóteses de sobrevivência à explosão atômica.

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Área em cinza é o compartimento para armamento. Atrás, a representação da bomba nuclear, além dos 2 tanques adicionais de combustível, descartáveis.

O projeto básico foi exposto para a US Navy em 1954, e depois de algumas alterações, ressubmetido e aprovado em abril de 1955, decorrendo daí a assinatura de uma carta de intenções, em 29 de junho de 1956, para a construção de dois protótipos (números de série 145157 e 145158), oficialmente designados YA3J-1, tendo a North American proposto o nome Vigilante para a nova aeronave.

North American A-5 Vigilante protótipo
1º protótipo do Vigilante, número de série 145157.
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2º protótipo do Vigilante, número de série 145158.

O primeiro voo foi realizado em 31 de agosto de 1958, com o chefe dos pilotos de teste da North American, Dick Wenzel, aos comandos.

Um dos protótipos em avaliação embarcada, note o estabilizador vertical dobrado (North American Aviation)
4ª aeronave de produção, número de série 146697, realizando testes a bordo do USS Saratoga (CVA-60), em 25 de julho de 1960. Foto: US Navy

Sua introdução no serviço ativo se deu em junho de 1961, na Estação Aeronaval de Stanford, na Flórida.

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Tripulante sendo ejetado em voo de teste. Foto: US Navy

Na US Navy, o Vigilante foi inicialmente designado A3J, mas essa denominação foi posteriormente alterada para A-5 em setembro de 1962, por conta da reorganização interna na nomenclatura das aeronaves operadas pela USAF e US Navy.

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Sob todos os aspectos, o Vigilante foi um avião inovador, introduzindo novas tecnologias no segmento aerodinâmico, estrutural e eletrônico, algumas das quais só foram novamente aplicadas em aeronaves de produção, passadas quase duas décadas.

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Era o segundo avião mais pesado a operar embarcado, perdendo apenas para o seu antecessor imediato, o Skywarrior.

North-American-VigilanteSuas estruturas principais eram construídas de titânio, e o revestimento das asas com lítio adicionado à liga de alumínio. Ambas, soluções para poupar massa, já que o avião era bem grande para os navios da US Navy, que haviam sido modificados anteriormente para acomodar e operar o A-3 Skywarrior.

RVAH-1 Smokin' Tigers RA-5C Vigilante AG-601 ready for launch from the USS Independence, circa 1965. Photographer unknown.

Numa sacada de mestre, a North American escolheu os mesmos propulsores do McDonnell Douglas F-4 Phantom II para a motorização do Vigilante, cujas entradas de ar dos motores possuíam geometria variável, ajustável à velocidade da aeronave. O General Electric J79 era um turbojato muito potente, tendo sido o primeiro motor de produção capaz de prover a uma aeronave duas vezes a velocidade do som.

RVAH-11 RA-5C escorted by a VF-213 F4 over the Gulf of Tonkin

Como o Phantom era a linha de frente dos caças embarcados, a adoção dos mesmos sistemas de propulsão facilitava a manutenção a bordo dos porta-aviões.

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A eletrônica embarcada era sofisticada e, em muitos aspectos, inédita. Características eletrônicas avançadas da aeronave:

  • Primeira utilização do sistema de controle de voo fly-by-wire em avião de produção não experimental.
  • Computador digital de navegação e bombardeamento.
  • Utilização operacional pela primeira vez do dispositivo HUD.
  • Sistema automático de bombardeamento por navegação inercial autoacoplado ao radar e câmara de televisão para verificação de coordenadas, previamente inseridas.
  • Primeira utilização de radar monopulso para seguimento do terreno, evitando obstáculos.

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Esse era um período em que capacidade de reação inimiga melhorara significativamente, com o aperfeiçoamento dos mísseis terra-ar. Havia uma preocupação legítima por parte dos comandantes militares americanos, ainda assustados por conta do abate do U-2 de Francis Gary Powers sobre a URSS, em 1960.

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A-5A_Vigilante_of_VAH-1_being_launched_c1964

Também em 1961, os primeiros submarinos armados com os mísseis Polaris tornavam-se operacionais, o que, ironicamente, contribuiu para que, no mesmo ano em que o Vigilante foi introduzido na força, o mesmo fosse retirado do serviço ativo como aeronave de ataque nuclear. Isso fez com que a aeronave passasse por um período de desprezo, relegada a missões de treinamento, até julho de 1963, com a apresentação da variante de reconhecimento tático RA-5C.

CVW-11 RVAH-6 Fleurs RA-5C Vigilante BuNo 156632, NH-602, aboard the USS Kitty Hawk (CVA-63) 7 April 1975. HS-8 SH-3G Sea King BuNo 154116 is at right.

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A-5C Vigilante

RVAH-6 Fleurs RA-5C Vigilante BuNo 151617, NG-603, trapping aboard the USS Enterprise, 1969. Photographer unknown.

RVAH-6 Fleurs RA-5C Vigilante NL-701 ready for launch from the USS Constellation, 1966. Photographer unknown. VA-153 Blue Tail Flies A-4C NL-314 at left.

O Vigilante era uma plataforma ideal para esta função, permitindo o reconhecimento à baixa altitude, pois a velocidade seria um grande fator de penetração rápida e surpreendente no território inimigo.

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Instalação das câmeras fotográficas e equipamentos eletrônicos, usados nas missões de reconhecimento tático.

Outro ponto positivo era o fato de que o compartimento interno de armas da aeronave servia perfeitamente à instalação das câmeras fotográficas, juntamente com toda parafernália eletrônica necessária às missões de reconhecimento.

North American A-5 Vigilante

North American A-5 Vigilante 3

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Em relação às versões anteriores, o RA-5C incorporava uma série de modificações, uma delas sendo o trem de pouso, que foi reforçado para suportar com mais durabilidade as pancadas enormes resultantes da severidade dos pousos em porta-aviões. Tanques de combustível internos foram adicionados, gerando a corcova acima da fuselagem.

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O RA-5C foi a mais eficiente versão do Vigilante. A aeronave possuía área alar um pouco maior, para compensar a maior massa transportada, cerca de cinco toneladas, proveniente das câmeras. Mesmo com o compartimento interno ocupado, uma adição abaixo da fuselagem foi feita para acomodar os sensores de infravermelho, luminosidade e outros.

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Havia também um radar de vigilância lateral e um scanner de infravermelho para detectar seres vivos. Os radares laterais são necessários para evitar ao máximo o sobrevoo de áreas inimigas, com o avião podendo passar nas bordas do perigo, e não diretamente sobre ele.

Em junho de 1964, o RA-5C foi introduzido no serviço ativo. Ao todo, foram formados 10 esquadrões com a aeronave, dos quais, 8, apenas 2 meses depois, já estavam no Vietnã.

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As primeiras missões eram fotografar alvos, antes e depois dos ataques, voando a cerca de 2.400 m de altitude, o que era considerado muito baixo, e de altíssimo risco. A única proteção existente para aeronave era a velocidade. Vários foram derrubados, o que o tornou a aeronave da US Navy com a maior taxa de atrito no conflito. Ao todo, 19 aeronaves foram perdidas em combate, de um total de 26 durante toda a guerra. A velocidade superior dos Vigilante, em relação às outras aeronaves, como os Vought F-8 Crusader, por exemplo, praticamente inviabilizada a possibilidade do envio de escoltas efetivas. Para se ter uma ideia, os Vigilante saíam depois dos aviões de ataque, e conseguiam ultrapassá-los.

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Numa das missões, em dezembro de 1967, foi determinado que a um RA-5C, número de série 149299, fosse verificar o centro de Hanói, em busca da localização do campo de prisioneiros onde estavam os americanos. Voando rápido e baixo, a prisão Hoa Lo, apelidada de Hanoi Hilton, foi fotografada pela 1ª vez. Com a localização exata, a pressão política contra o Vietnã aumentou, resultando na liberação gradativa de todos os presos.

A despeito de seus excelentes préstimos, o Vigilante era considerado caro e complexo de ser operado, além de ocupar um espaço  precioso a bordo dos porta-aviões americanos.

Vigilante - USS Constellation (CV-64)
A bordo do USS Constellation (CV-64). Nessa imagem é possível comparar o tamanho do Vigilante em relação a outras aeronaves.

Com o término da Guerra do Vietnã já dado como certo, a partir de 1974, os esquadrões de reconhecimento começaram a ser desativados. Sua última missão ocorreu em 1979, com a aeronave tendo sido aposentada no dia 20 de novembro do mesmo ano.

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Três lendas da aviação embarcada norte-americana: RA-5C Vigilante, A-7 Corsair II e A-6 Intruder, sobrevoando o USS Nimitz.

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North American A-5 Vigilante 1

A-5A Vigilante. Foto: Del Laughery


North American A-5 / RA-5 Vigilante

Variantes:

  • YA3J-1 / YA-5A: dois protótipos construídos, voou pela primeira vez a 31 de Agosto de 1958, com o chefe dos pilotos de teste da North American Dick Wenzel aos comandos.
  • A3J-1 / A-5A: bombardeiro de ataque nuclear, em todas as condições meteorológicas, dia e noite, baseado em porta-aviões, iniciou a atividade operacional a bordo do USS Enterprise (CVN-65) em Agosto de 1962.
  • A3J-2 / A-5B:  similar ao A3J-1 / A-5A, mas incorporando um depósito central de combustível maior, e FLAPS de bordo de ataque para aumentar a sustentação e estabilidade em baixas velocidades.
  • A3J-3 / RA-5C: versão embarcada de reconhecimento estratégico.

VIGILANTE - AERONAVES CONSTRUÍDAS

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VIGILANTE - CARACTERÍSTICAS

Quatro modelos do motor General Electric J79, foram utilizados nas diversas versões do Vigilante, com o seguinte escalonamento:

  • J79-GE-2: Nos dois protótipos e nos modelos de produção inicial do A3J-1/A-5A.
  • J79-GE-4: Nos A3J-1/A-5A de produção interina, na qual foi utilizado aço em substituição da liga de magnésio nos exaustores de escape e nas molduras frontais das tomadas de ar.
  • J79-GE-8: Nos últimos A3J-1/A-5A, em todos os A3J-21/A-5B e nos modelos de produção inicial da versão A3J-3/RA-5C.
  • J79-GE-10/10B – Nos últimos 36 exemplares produzidos do A3J-3/RA-5C.

ABViggie 00001 North American RA-5C Vigilante Official US Navy photo produced by Peter J Mancus-L

Armamento:

  • 1 bomba nuclear de queda livre do tipo Mark 27, B28 ou B43, no compartimento interno de armas.
  • 2 bombas nucleares de queda livre do tipo Mark 83, Mark 84 ou B43, nos pontos fixos sob as asas.

O projeto inicial também previa a ampla utilização de um mix de armamento convencional, juntamente com o nuclear, que seria transportado em 4 pontos fixos sob as asas, além do compartimento interno de armas.

VIGILANTE - ARMAS

Curiosidade:

Quando o Vigilante estava no estágio inicial do seu desenvolvimento, foi considerada uma configuração onde a aeronave teria cauda dupla, Um mockup chegou a ser construído, como pode ser visto abaixo:

Mock-up of the North American Aviation A3J (A-5A) Vigilante

North American Aviation A3J (A-5) Vigilante supersonic, carrier-based nuclear strike-bomber mock


FONTE/FOTOS:

  • North American Aircraft 1934-1999, Volume 2, Kevin Thompson, Narkiewicz//Thompson, 1999
  • American Combat Planes, 3rd Edition, Ray Wagner, Doubleday, 1982.
  • United States Navy Aircraft Since 1911, GordonSwanborough and Peter M. Bowers, Naval Institute Press, 1990.
  • North American Rockwell A3J (A-5) Vigilante, M. Hill Goodspeed, Wings of Fame, Vol 19, 2001.
  • US Navy.
  • Coleção particular do Editor, e internet.

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