Durante os últimos dias da Segunda Guerra Mundial, ambos os lados colocaram caças a jato, mas eram aviões experimentais. Os caças movidos a hélice ainda dominavam os céus. O primeiro embate entre jatos só iria ocorrer cinco anos depois nos céus da Coréia.
Jatos versus hélices
Em junho de 1950 estourou a guerra da Coréia. A nação já estava dividida entre a Coréia do Norte comunista e a Coréia do Sul capitalista. Os militares do Norte avançaram através da fronteira, na esperança de reunir a península sob seu domínio.
Diplomaticamente, a situação rapidamente se intensificou. As forças das Nações Unidas, principalmente formadas por tropas e equipamentos dos EUA, foram enviadas para apoiar o sul. As tropas chinesas cruzaram a fronteira para lutar por seus aliados norte-coreanos.
Em primeiro lugar, os caças a hélice, como o Lavochkin La-7 e o F-51 Mustang, foram para o ar em ambos os lados. A Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) levou o F-80 para o campo de batalha. Era um jato de asa reta que havia sido desenvolvido tarde demais para ser usado na Segunda Guerra Mundial. Cinco anos depois, estava virtualmente obsoleto para os padrões americanos, mas era poderoso o suficiente para dominar as aeronaves mais antigas.
Em julho de 1950, os jatos da Marinha dos EUA entraram em ação pela primeira vez, com os F9F-3 Panthers numa missão de escolta. Nos primeiros seis meses da guerra, a ONU tinha a vantagem nos céus. Até o final de outubro, eles governaram os céus sobre a Coréia.
Chega o MiG-15
No dia 1º de novembro de 1950, seis jatos de asas enflechadas atacaram um grupo de F-51 Mustangs da USAF. A aeronave foi posteriormente identificada como o MiG-15 de fabricação russa.
O Mikoyan-Gurevich MiG-15 era um caça formidável que utilizou a tecnologia de vários países diferentes. Suas asas foram baseadas em pesquisas capturadas dos alemães no final da Segunda Guerra Mundial. Seu motor RD-45 era uma cópia ilegal do turbojato Rolls-Royce Nene da Grã-Bretanha. Os soviéticos basearam seus aviões em bases na China, para evitar ataques da ONU às bases aéreas norte-coreanas.
Na época, Stalin fazia questão de não se envolver na guerra. A história oficial era que os conselheiros soviéticos estavam ajudando os comunistas, mas nenhum soldado estava na área. Conforme a guerra avançava, ficou claro que alguns aviões foram pilotados por pilotos russos, pois ele falavam na língua nativa pelo rádio. A Coreia do Sul e seus aliados escolheram não desafiar. O risco de trazer a Rússia completamente para a guerra era alto demais.
O primeiro dogfight entre jatos
O primeiro jato contra jato ocorreu no dia 8 de novembro de 1950.
Quatro MiGs voavam através do rio Yalu para o espaço aéreo sul-coreano. Lá, eles foram desafiados por um grupo de caças F-80C da USAF. O tenente Russel J. Brown obteve a primeira vitória ar-ar da Era do jato quando abateu um dos MiGs.
Para não ficar para trás, a Marinha dos EUA teve seu primeiro encontro de jato versus jato no dia seguinte. O tenente-comandante WT Amen abateu outro MiG-15.
Apesar de suas vitórias de alto status, as forças da ONU foram desafiadas pela presença dos jatos russos. O MiG era uma aeronave poderosa que poderia sobrepujar quase qualquer coisa que as potências ocidentais tivessem. Os bombardeiros B-29 da USAF, anteriormente capazes de voar impunemente, eram vulneráveis a ataques do MiG-15. Os MiGs também defenderam as bases norte-coreanas quando foram atacados.
A superioridade aérea da ONU estava ameaçada. Algo tinha que ser feito.
Em resposta aos eventos de 8 de novembro, a USAF ordenou que o 4th Fighter Group viajasse dos EUA para a Coréia. A unidade foi equipada com o North American F-86A Sabre, o caça mais avançado do arsenal americano. Logo foi seguido pelo esquadrão 27th Fighter-Escort Wing, voando caças Republic F-84 Thunderjet.
Individualmente, os MiGs tiveram um desempenho um pouco melhor do que o modelo específico de F-86. O Sabre tinha uma plataforma de arma estável, mas o MiG tinha armas mais pesadas.
Apesar da disparidade, os americanos costumavam ter melhor desempenho nos combates. Os comunistas voavam em formações de 20 ou mais aeronaves, enquanto as forças ocidentais usaram a estratégia dos quatro dedos.
A batalha pelos céus
Durante os três anos da Guerra da Coréia, as forças da ONU colocaram diferentes jatos em ação.
O Republic F-84 Thunderjet serviu como um caça-bombardeiro, mas seus pilotos derrubaram vários MiGs.
A Real Força Aérea Australiana (Royal Australian Air Force – RAAF) entrou na guerra com o F-51 Mustang movido a hélice de fabricação americana. Encontrando-se desafiados pelos MiGs, eles mudaram para o Gloster Meteor F.8; um caça a jato britânico descendente do único jato Aliado que viu a ação na Segunda Guerra Mundial. No entanto, o F.8 não foi páreo para o MiG-15.
Mais do que apenas jatos
Apesar da prevalência de caças a jato, aeronaves impulsionadas por hélices ainda desempenhavam um papel importante. O avião britânico de maior sucesso foi o Hawker Sea Fury, da Marinha Real Britânica. De todos os aviões não americanos, foi o que mais destruiu aviões comunistas, apesar de ser movido a hélice. Vários MiGs tombaram para o Sea Fury.
Ao longo do conflito, a USAF destruiu 757 aeronaves e perdeu 103. Boas táticas provaram ser tão importantes quanto a tecnologia avançada, dando aos EUA uma vantagem.
Não foi a única lição aprendida da guerra. A idade dos jatos de asas retas tinha desaparecido. O F-80, o F-84 e o Meteor estavam prestes a serem consignados à história, enquanto os aviões com asas enflechadas vieram à tona.
Os americanos provaram o poder da USAF e os russos provaram o poder do MiG. A Era do jato havia chegado
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