Veja quais as capacidades do avião frente seu maior rival na região, o Sukhoi Su-30 venezuelano
Desenvolvimento do Gripen E/F está sendo conduzido entre a Suécia e o Brasil
Após quase sete anos do Gripen ser escolhido como o vencedor do programa F-X2, o primeiro exemplar destinado a Força Aérea Brasileira decolou pela primeira vez no território nacional, partindo de Navegantes, em Santa Catarina, para as instalações da Saab/Embraer, em Gavião Peixoto, no interior paulista.
O voo inaugural do Gripen E no Brasil marca uma importante fase na evolução do programa de desenvolvimento do caça, assim como para a própria FAB. O novo caça representa um grande avanço tecnológico e operacional ainda maior do que o apresentado pelos Mirage III, na década de 1970, quando pela primeira vez a força aérea rompeu a barreira do som.
O JAS-39 Gripen NG (Next Generation) é uma evolução da família Gripen que, mesmo contando com uma plataforma básica, apresenta um enorme salto tecnológico em comparação com as versões anteriores. As melhorias são tão abrangentes que fazem do Gripen NG uma aeronave praticamente nova, em um avanço similar ao que ocorreu entre o F/A-18 Hornet e o Super Hornet ou entre os F-16C/D e F-16E/F.
Cockpit do Gripen E/F conta com display único com funções sensíveis ao toque, similar ao adotado pelo F-35
Uma das virtudes da aeronave, dentro do conceito NCW, é o fato de o avião radar E-99, projetado pela Embraer, contar com uma série de soluções desenvolvidas pela Saab. Além disso, toda a atual frota de Super Tucano A-29, Northrop F-5M e AMX A-1M foi desenvolvida para operar dentro do conceito de guerra centrada em rede, permitindo, assim, que as aeronaves de combate da FAB possam atuar em conjunto e de forma eficaz via datalink.
O projeto prevê a integração de um conjunto completo de sensores, com flexibilidade na integração de armas, o que permitirá a utilização de armamentos desenvolvidos por diversos fornecedores ao redor do mundo. Um dos destaques é a capacidade de disparar, ainda durante a fase de desenvolvimento, os mísseis R-Darter e A-Darter, desenvolvidos pela África do Sul, em parceria com o Brasil, assim como os MAA-1 Piranha, Derby, Amraam, Asraam, Meteor, Iris-T e Sidewinder, Python IV e Python V.
A aeronave poderá receber novos sistemas de armas em desenvolvimento, já que o acordo com Brasil prevê não apenas acesso aos códigos-fonte, mas também alterações, conforme as necessidades. Tal capacidade permitirá que a Força Aérea opere uma vasta gama de armamentos. Qualquer sistema bélico deverá ser compatível com a plataforma NCW.
Imagem com os principais sistemas e armamentos já disponíveis para o Gripen E
Um caça de nova geração
Mesmo sendo um caça geração 4++ o Gripen E dispõe de uma série de avanços que o colocam um nível acima de seus congêneres e logo abaixo dos modelos de 5ª geração. Os requisitos para um caça ser considerado de 5ª geração são capacidade furtiva (stealth), dispor de redes para ambientação de combate, aviônica integrada aos sensores a bordo, fuselagens de alto desempenho, supercruise, integração com armamentos de 5ª geração e capacidade de multiemprego.
Embora o Gripen E não tenha capacidade stealth pura, seu design e os materiais compostos empregados na fuselagem reduziram significativamente sua assinatura nos espectros visível, infravermelho e eletromagnético (radar), quando comparado aos modelos rivais. Além disso, conta com sistemas de guerra eletrônica e de autoproteção similares aos de 5ª geração, incluindo um dos mais poderosos radares AESA (Active Electronically Scanned Array), o ES-05 Raven. Outra característica interessante é que o ES-05 Raven pode ser instalado também no F-5 e no A-1, o que permitiria ampliar ainda mais a capacidade da FAB e a integração entre os modelos. Por ora, não existem planos para tal modernização.
O ES-05 Raven é o único radar da categoria com uma placa oscilante móvel (swash plate). Basicamente, a antena do radar foi construída a partir de pequenos elementos que, unidos, formam uma antena. A vantagem é que cada um dos elementos pode ser controlado individualmente, permitindo ao sistema trabalhar simultaneamente em diversas funções e cobrindo ângulos de mais de 100°. Combinado aos sensores de busca e rastreamento Skyward-G IRST (Infra Red Search & Track), aos sistemas de comunicações via satélite e ao conjunto de guerra eletrônica, o Gripen E garante uma elevada taxa de sobrevivência e probabilidade de vitória em qualquer tipo de cenário.
Manobrabilidade
Uma virtude apontada por pilotos militares brasileiros no relatório da Aeronáutica é o layout e a ergonomia do cockpit, que combina uma suíte aviônica totalmente digital com grandes displays coloridos e informações exibidas de forma clara e nítida, com um controle HOTAS (Hands-On-Throttle-And-Stick) e capacete com visor acoplado HMDS (Helmet Mounted Display System). Outro destaque é a agilidade em ação. De acordo com especialistas, atualmente o Gripen é um dos caças mais ágeis em combates dogfight, característica proporcionada pelo sistema triplex de controle de voo fly-by-wire, podendo enfrentar em termos de manobrabilidade até os Su-35 russos com empuxo vetorado.
Supercruise
Ao contrário das primeiras versões, a nova geração não utiliza mais o motor Volvo RM12, derivado do GE 404. A atual geração emprega o F414-GE-39E, um motor modular, com pós-combustão de baixa razão de diluição (bypass ratio) e elevada eficiência no consumo de combustível. A taxa de empuxo anunciada pelo fabricante é superior a 22.000 lbf, o que representa 20% mais empuxo do que o RM12, permitindo ao Gripen E manter supercruise de Mach 1.2 (aproximadamente 1.480 km/h), mesmo com o arrasto aerodinâmico provocado por armamentos em seus cabides alares.
Aliás, o Gripen E é um dos poucos caças que pode manter regime supercruise, ou seja, é capaz de voar acima da velocidade do som (Mach 1) sem o uso de pós-combustores. Além de reduzir drásticamente o consumo, o regime supersônico permite ampliar a capacidade de resposta do avião as eventuais ameaças.
O raio de ação, obtido graças aos grandes tanques de combustível na configuração CAP (Combat Air Patrol) permite um raio de combate de 1.300 km, com mais 30 minutos sobre a área. Comparativamente, o Sukhoi Su-30, visto por muitos como um dos exemplos de grande capacidade, tem um raio de ação de 1.500 km.
Já o alcance de traslado do Gripen E é de aproximadamente 4.000 km, considerando apenas o uso de tanques externos.
Saab JAS-39 Gripen E | |
Origem: Suécia Dimensões Motorização Operadores: Brasil e Suécia |
Gripen E versus Su-30MKV
Embora o Brasil não tenha nenhum problema político ou diplomático com demais países da região, uma eventual ameaça provavelmente viria de um dos vizinhos. Daí a oportunidade de traçar um comparativo do poder do Gripen E contra seu maior rival em termos tecnológicos na região, o Sukhoi Su-30MKV, da Venezuela, considerado o mais poderoso avião de caça sul-americano. Trata-se de uma contraposição que se restringe a dados referentes a alcance, raio de ação e poder bélico. A análise de qual caça venceria um duelo depende de um sem fim de fatores, passando do treinamento e habilidade do piloto, até estratégia de cada país em um combate. A conta é tão complexa que o uso de um avião de alerta aéreo antecipado, por exemplo, mudaria completamente a balança para um dos lados.
Alcance máximo e raio de ação
O comparativo entre o raio de ação do Sukhoi Su-30MKV e do Gripen NG é baseado nos dados fornecidos pelos fabricantes e leva em consideração o raio de combate real.
O raio de ação leva em consideração a capacidade de uma aeronave de decolar com determinada carga de armamentos mais o combustível necessário para decolar, voar até o alvo, atacar e retornar à base, sem reabastecimento em voo. Um raio de ação de 1.000 km significa que a aeronave tem condições de atacar um alvo distante, no máximo, 500 km de distância.
O alcance máximo é baseado na distância máxima que uma aeronave pode voar entre a origem e o ponto aonde chegará apenas com o combustível a bordo. Tanto o raio de ação quanto o alcance máximo são baseados no nível do mar e em condição ISA, portanto, é um dado teórico, que pode variar significativamente em condições reais.
O raio de ação fornecido pela Sukhoi é de 1.500 km, voando numa altitude de 56.000 pés, com 5.270 kg de combustível e armado com dois mísseis R-27R1 e dois mísseis R-73E. Com dois reabastecimentos em voo, chega a 8.000 km.
Já o Gripen E, segundo dados preliminares divulgados pela Saab, tem raio de ação de 1.300 km (mais 30 minutos on station) armado com quatro MRAMS e dois SRAMS e com tanque externo.
Vale destacar que um hipotético conflito entre Brasil e Venezuela traria ao país vizinho um problema adicional, toda sua logística teria de ser realizada sobre o território brasileiro, com poucas opções de alvos primários, ou seja, cidades ou instalações que pudessem comprometer a capacidade de resposta brasileira. Por fim, até o momento nenhum dos dois países tem qualquer pretensão de quebrar seus longos e duradouros laços de amizade.
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