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sábado, 25 de fevereiro de 2023

Boeing e o número ‘7’ no início e fim de cada modelo comercial

 

Aviação

O Departamento de Marketing da Boeing decidiu que o modelo 707 seria mais atrativo, dando inicio a família 707 da aviação comercial.

Uma das perguntas mais frequentes feitas pelos historiadores da Boeing é: “Por que a Boeing utiliza o número 7 no inicio e fim de cada modelo?”

Há muitos mitos a volta do nome Boeing 7-7, uma das marcas mais famosas da história da aviação.

Muitos se inclinam para matemática e engenharia, acreditando que o 707 surgiu em razão ao seno do ângulo de enflechamento das asas (inclinação das asas para trás) da primeira aeronave da série 7X7 da Boeing.

Na verdade isso não poderia ser.

O ângulo de enflechamento do 707 é de 35 graus e não 45.

No entanto, alguns supersticiosos, acreditam que a conotação positiva do número sete terá sido a razão pela qual foi escolhido.

Também não foi.

A verdade é um pouco mais profana.

Ao longo de décadas, a Boeing atribuiu números sequenciais aos modelos de suas aeronaves, assim como a maioria dos fabricantes fizeram, e cada número de modelo se tornava popular: Modelo 40, Modelo 80, Modelo 247, Modelo 307 Stratoliner e Modelo 377 Stratocruiser são os exemplos mais claros.

Boeing Modelo 40 utilizado para serviços de correio (Boeing)

Os modelos militares construídos para as forças armadas ficaram mais conhecidos pelas suas designações militares, como por exemplo o B-17 Flying Fortress ou o B-52 Stratofortress. Tais aeronaves também tiveram os números de modelo atribuídos pela Boeing: o B-17 era o Boeing  modelo 299 e o B-52 era o modelo 454.

Boeing deixa de ser empresa militar

Após a Segunda Guerra Mundial, a Boeing era uma empresa militar.

William Allen, presidente da Boeing na altura, decidiu que a empresa precisava expandir também no mercado da aviação comercial e ao mesmo tempo desenvolver mísseis e naves espaciais.

Para assentar a estratégia de diversificação, o departamento de engenharia dividiu os número de modelos em blocos de 100 para cada área: 300 e 400 manteve-se para as aeronaves militares, 500 para motores a jato, 600 para foguetes e mísseis e 700 para aeronaves a jato de transporte ou comerciais.

Surge assim, o primeiro jato grande de asa enflechada, o bombardeiro estratégico B-47 Stratojet (modelo 450).

Em virtude do seu tamanho e velocidade, o B-47 despertou o interesse de várias companhias aéreas, em particular a Pan Am, que expôs a questão a Boeing, para determinar sua viabilidade para o transporte comercial.

Ao mesmo tempo, a Boeing iniciou os estudos sobre a hipótese de converter o quadrimotor a hélice 367 Stratotanker, mais conhecido com KC-97, para uma aeronave tanker a jato, capaz de reabastecer em voo o bombardeiro estratégico B-52.

Boeing Modelo 450 ou mais conhecido como B-47 foi o primeiro jato de asa enflechada. (U.S. Air Force)

Vários modelos do 367 foram desenvolvidos pela Boeing, e, finalmente, surge a versão numerada 367-80, que foi batizada “Dash 80”.

Para o desenvolvimento e construção do protótipo Dash 80, a Boeing assumiu todos os riscos de financiamento utilizando fundos da própria empresa.

A intenção era colocar em produção, tanto o cargueiro, com o tanker da força aérea ao mesmo tempo que o jato comercial.

Primeiro voo do 367-80 que mais tarde se tornou o 707 iniciando a nova era de aeronaves comerciais a jato. (Boeing)

Dado que o Dash 80 seria um jato de transporte, o sistema de numeração utilizado para identificar os novos aviões seria o 700.

Mas o departamento de marketing da Boeing não estava satisfeito, e alegou que o “Model 700” não se relacionava muito bem com o primeiro jato comercial da empresa.

Então ficou decidido que o Modelo 707 seria mais atrativo, dando inicio a família 707.

Seguindo o padrão estabelecido, o tanker da Força Aérea foi denominado como modelo 717, e como era uma versão militar, recebeu a designação KC-135 Stratotanker.

Boeing modelo 717 com designação militar de KC-135 Stratotanker (Wikimedia Commons)

Depois de o 717 ser designado como KC-135, o departamento de marketing decidiu que todos os  modelos que começassem ou terminassem com o número 7, seriam reservados exclusivamente para os jatos comerciais.

Após a fusão da Boeing com a McDonnell Douglas na década de 1990, o número de modelo 717 foi reutilizado para identificar o MD-95 como parte da família de jatos comerciais da Boeing.

Diferente do 717, o 720 foi um caso excepcional no sistema de numeração dos jatos comerciais da Boeing.

O 720 era uma versão menor do 707 e foi comercializado pela primeira vez para companhias aéreas com o modelo 707-020.

Desde que o primeiro modelo 7 surgir, todos os jatos comerciais da Boeing foram nomeados sucessivamente com base na fórmula 7-7: 727, 737, 747, até o atual 787.


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