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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Conheça o Centro de Manutenção dos aviões da Azul em Belo Horizonte

 



É bastante comum escutar os amantes de aviação elogiando suas aeronaves preferidas e defendendo como são bonitas, modernas e confortáveis. Diante de tantos adjetivos positivos, é importante lembrar que há diversos procedimentos realizados para que o padrão de qualidade seja sempre mantido, zelando principalmente pela segurança com uma manutenção rigorosa. Você já parou para pensar em como estes cuidados são na prática? O Melhores Destinos esteve no Centro de Manutenção da Azul, localizado no hangar do Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, e conta como é estar em um espaço que funciona como um “hospital aéreo”, dedicado exclusivamente para cuidar das aeronaves. Confira todos os detalhes desta visita a seguir!

O relógio do meu celular marcava 3h da manhã quando o despertador tocou. Assim que a música começou, eu já sabia que era hora de acordar e iniciar mais um desafio: mostrar a vocês, leitores, como é estar no hangar de manutenção das aeronaves da companhia. Meu voo com destino a Belo Horizonte tinha decolagem marcada para as 6 horas. Como meu check-in já estava feito e não era necessário despachar bagagem, sabia que poderia ir com mais tranquilidade até o aeroporto. E assim foi feito. O Terminal 1 de Guarulhos, de onde saem os voos da Azul, estava vazio e o embarque foi realizado rapidamente.

Ao pousar em Confins, um transfer até o Aeroporto da Pampulha foi necessário. O que era para ser uma viagem de algo em torno de 30 minutos virou quase 1h30: por incrível que pareça, fomos surpreendidos com um grande tráfego de veículos em uma das avenidas principais, o que atrasou a chegada – e fazendo com que eu me sentisse novamente em São Paulo rs. Ainda assim, nada que atrapalhasse a experiência que estava por vir. Quando chegamos, foi necessário aguardar a liberação de acesso, porém em alguns minutos já estávamos todos com um crachá em mãos e a entrada liberada.

Centro de Manutenção da Azul na Pampulha

Dizem que a primeira impressão é a que fica, então vamos lá: obviamente o local é bem grande, porém achei tudo muito bem arquitetado. Enquanto do meu lado direito estava a pista de pousos e decolagens com diversas aeronaves particulares, do lado esquerdo era possível encontrar muito verde e um paisagismo belíssimo, fazendo jus ao nome da cidade. 🙂

Passei por uma porta, depois uma catraca, e em alguns segundos parecia que um portal tinha sido aberto: o que se via eram dezenas de homens divididos em grupos trabalhando em volta de uma aeronave. Nesta hora estava à minha frente um Embraer 195 recebendo sua devida manutenção. Num primeiro momento de impacto foi estranho observar um avião sem algumas partes. A única coisa que eu conseguia pensar era: “Que trabalho responsa!”

Antonio Eick, que é Gerente Geral de Manutenção da Azul, e Renan Dapena, que atua como Gerente de Planejamento e Controle de Produção, explicaram durante a visita que atualmente os “checks” de manutenção feitos em Belo Horizonte são tipo Heavy Maintenance, com Check C e Check D. Traduzindo: as aeronaves são praticamente desmontadas e remontadas.

No caso do Check C, a manutenção é realizada em média a cada dois anos e envolve reposição de peças e diversos outros testes. Vimos aeronaves sem piso e com os revestimentos completamente retirados, além de estarem suspensas com macacos – quando a equipe pode aproveitar para testar os trens de pouso, motores, entre outras verificações. Geralmente este tipo de manutenção dura uns 30 dias. No caso do Check D, que é ainda mais detalhado, pode durar até dois meses – isso porque a manutenção é feita quando a aeronave tem por volta de 15 anos de idade.

Obviamente não é apenas quem está com a “mão na massa” que faz tudo acontecer. Como em qualquer empresa, existe todo um planejamento e controle de qualidade, em que as reais necessidades do produto são avaliadas antes de efetivar qualquer ação. Em todos os cantos havia homens conferindo dados em folhas, checando informações no computador, andando de um lado para o outro… Tudo calculado para entender o que é necessário para cada aeronave e, aí sim, realizar os trabalhos práticos.

O espaço conta com um novo hangar que pode receber os ATRs e os Embraer E1 e E2, estes previstos para o ano que vem. Será possível, também, abrigar os A320neo num futuro não tão distante, quando pousarem na Pampulha para alguma manutenção programada. As instalações deste Centro de Manutenção contam com oficinas que reparam elementos fora da aeronave, além de realizar testes e recuperações. Em alguns casos, o hangar pode ser utilizado até mesmo para pintar os aviões.

Preciso registrar aqui que a energia do local era ótima e todos os funcionários pareciam trabalhar felizes. O clima era tranquilo e todo mundo ali realizava suas funções com bastante atenção e leveza. A simpatia por ali também era nítida, já que os funcionários estavam a todo o momento sorridentes e distribuindo gentis saudações de bom dia. Nítida, também, era a concentração e cautela diante de cada detalhe a ser observado. Afinal, quando falamos de vidas obviamente não podem existir erros – e eles sabem disso.

TIPOS DE CHECKS QUE OS HANGARES ATENDEM

Antes de começar essa parte, precisamos explicar primeiro as características da manutenção de uma aeronave.

Atualmente os aviões são regidos pelas regras do MSG-3, um critério estabelecido com a ICAO e em cooperação com as fabricantes e companhias aéreas. Ela basicamente descreve os processos de manutenção planejada de uma aeronave, isto é, componentes que precisam ser verificados de tempos em tempos para garantir que estejam de acordo com suas funcionalidades originais.

É assim que a manutenção de aviões melhorou bastante a sua qualidade ao longo dos anos, prevendo com bastante antecedência defeitos nas peças das aeronaves, evitando panes durante o voo, ou com a aeronave em solo.

Para as companhias aéreas isso significa mais tranquilidade em relação à segurança, e também menor gasto financeiro, pois podem programar quando precisam realizar os Checks da aeronave, e quanto tempo ela ficará fora da frota.

Você diminui a necessidade de aviões de reserva, e também o cancelamento de voos.

Com essa explicação podemos partir para a próxima parte, a revisão das aeronaves.

As aeronaves precisam passar por revisões, assim como os nossos carros. A grande semelhança é em questão das peças que precisam de revisão ou troca, a cada determinado período, confira comigo e pegue o manual do seu carro (se tiver).

Em um anexo na parte de manutenção podemos ver cada peça que será revisada ou trocada, de acordo com a quilometragem do carro, mas nos aviões geralmente medimos por hora, até mesmo para trocar os fluídos do motor, e algumas peças por ciclos de uso (Decolagem e Pouso).

É nesse ponto que o hangar da Azul no Aeroporto da Pampulha entra, ele não recebe as manutenções mais básicas, chamadas também de Check-A, essas podem ser realizadas durante um pernoite no aeroporto pela pouca duração, geralmente envolve uma análise de falhas (hoje é possível fazer isso eletronicamente) e a troca de fluídos, em seis horas com uma equipe de três mecânicos é possível fazer todo esse procedimento, ao menos que o avião tenha alguma falha.

Além disso os novos aviões também comunicam para os mecânicos a situação de uso de cada peça, através de uma análise de sensores, e os computadores analisam os dados para verificar se eles estão dentro dos padrões, em um Airbus A350 ou Boeing 787 é possível até mesmo prever em quantas horas tal peça precisará ser trocada, e já agendar uma visita ao hangar depois de uma quantidade X de voos.





 



Novo hangar da Azul em Campinas

A Azul pretende inaugurar em 2019 seu novo centro de manutenção no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas. A instalação será em uma área de 100 mil m² e terá capacidade para abrigar oito jatos Airbus A320 ou dois A330 simultaneamente. As obras devem ser concluídas em um ano, o que gera ansiedade neste meio da aviação. Isso porque o novo centro terá 35 mil m² de área construída em três andares e, de acordo com a companhia, será o maior hangar de manutenção da América Latina.

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