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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Conheça por dentro o novo e enorme hangar da Azul em Viracopos

 

Trazemos hoje a você imagens e informações exclusivas sobre o enorme hangar inaugurado pela Azul Linhas Aéreas no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas/SP, que abriga seu mais novo centro de manutenção de aeronaves




Acompanhados pelo Gerente Geral Heavy Maintenance de Viracopos, Antonio Eick, e pelo Gerente de Manutenção de Aeronaves, Jorge Marques, conhecemos o estágio atual da implantação do MRO (Centro de Manutenção, Reparo e Revisão) e as perspectivas futuras. Desde já, agradecemos pela atenção e disposição de ambos em mostrar os detalhes desse grande projeto da companhia.

Oficinas e back-offices

Com planos infelizmente bastante postergados pela chegada da pandemia de Covid-19, boa parte das oficinas gerais e de serviços especializados que integram o MRO, como as chamadas back-offices que cuidam de serviços de estruturas, interiores, pintura, limpeza, entre outros, estão com sua implantação ainda em andamento. Apesar disso, este é um fato que definitivamente não impediu que pudéssemos ver as ótimas perspectivas para o futuro próximo no segmento de manutenção da Azul.

Para que você tenha apenas uma breve noção do que estamos falando, veja a foto a seguir.

A imagem acima mostra um corredor localizado ao lado da área onde ficam as aeronaves em manutenção. Atrás da parede do lado esquerdo estão as aeronaves, e na parede direita, note a quantidade de portas. A maior parte delas são exatamente as diversas oficinas que integram o Centro.

São oficinas de manutenção e limpeza de QTU (reservatório de dejetos dos banheiros do avião), manutenção de QTA (reservatório de água), de reparo e reforma de componentes do interior dos aviões, de usinagem de peças, de banhos químicos para recobrir peças, de pintura de componentes, de reparos de materiais compósitos em ambiente com atmosfera controlada, etc.

E há, ainda, mais portas no segundo andar, onde estão salas de armazenagem e manutenção de aviônicos e de equipamentos de emergência de bordo, de testes não destrutivos de estruturas (NDT), e também as salas das equipes de engenharia, planejamento, registros de manutenção, gerência, entre outras.

Quando aeronaves Airbus A330 estiverem em manutenção, suas portas estarão a cerca de apenas 1,5 metro de altura do nível do segundo andar. Sendo assim, ao invés de componentes do interior das aeronaves serem removidos para o solo do hangar e então elevados até o segundo andar, uma esteira suspensa simplificará as coisas. Ele os levará diretamente da aeronave para o pequeno desnível do andar de cima, gerando ganhos em praticidade e tempo.

Entre os pontos mais relevantes apresentados, destacam-se:

  • a oficina de pintura de peças e componentes, que contará com um interessante sistema de circulação de ar e água inferior ao nível do solo. Ele permitirá que as partículas de tinta sejam constantemente sugadas para baixo da cabine de pintura, beneficiando a saúde do funcionário que executa o serviço, e fazendo com que elas caiam em um fluxo constante de água para sua captura. Essa água será trabalhada em um centro especial de tratamento, que eliminará de forma ambientalmente correta os resíduos, a ponto dessa água ser reutilizada para a lavagem das aeronaves;
  • a oficina de manutenção e reparo de rodas, que foi integrada ao almoxarifado da Azul em outro prédio fora do hangar, permitindo maior agilidade ao eliminar o tempo que seria perdido com processos de envio e recebimento das rodas;
  • a oficina de motores, que atenderá todos os propulsores das famílias A320 e A330 (os motores dos Embraer e ATR ficarão com os serviços concentrados no Centro de Manutenção da Pampulha, em Belo Horizonte). Ela contará com sistema de guindaste suspenso, permitindo a movimentação dos motores sem dificuldade e a colocação dos mesmos sobre suportes que facilitarão trabalhos de manutenção na parte inferior deles.

Uma área ao lado do hangar ainda será utilizada no futuro para a implantação de uma cabine de pintura completa de aeronave, ou para ampliação da própria área de manutenção.

A área do hangar



e a área de apoio já nos impressionou, não poderíamos esperar nada menos na área do hangar propriamente dito, onde ficam as aeronaves. E ele é, de fato, simplesmente gigante. Tanto que, apesar de uma única estrutura, é dividido virtualmente em dois hangares, denominados Alpha e Bravo.

Cada um pode abrigar um Airbus A330neo, permitindo a manutenção simultânea de dois dos maiores jatos da frota, ou quatro Airbus A320neo, levando à possibilidade de atender a oito deles de uma vez. Veja, na imagem abaixo, quatro deles em uma das áreas.



E essa capacidade diz respeito ao espaço para manutenção. Mas se o hangar for utilizado apenas para armazenamento dos jatos, mais próximos uns dos outros do que no padrão dos trabalhos de manutenção como ocorreu recentemente no pior momento da crise, é possível colocar 10 A320 ali dentro. Veja na imagem abaixo como os aviões ficam relativamente pequenos dentro do hangar.



E vale lembrar que ele não foi projetado apenas para o A330neo. Diante das encomendas prévias da Azul para o ainda maior A350 XWB, infelizmente não concretizadas, seria possível colocar dois deles no lugar dos dois A330.

Por sinal, a pintura no piso do hangar, definindo a posição em que cada modelo de aeronave deve ocupar para o correto espaçamento de segurança, apresenta as letras e números referentes aos XWB, curiosamente incluindo o maior da família, o A350-1000. Veja a seguir fotos das marcações dos diversos modelos.

Hangar Manutenção Azul
Hangar Manutenção Azul
Hangar Manutenção Azul
Hangar Manutenção Azul
Hangar Manutenção Azul

Diante de tanto espaço, a Azul conseguirá mesclar aeronaves em manutenções complexas, como o A320neo que foi liberado do Check C2 nesta semana, com aeronaves que farão paradas especiais por eventos não programados, os chamados “drop-in”, como trocas de motor não programadas, reparos de impactos com pássaros, reparos de incidentes de solo, entre outros.

Embora já preparado para o atendimento do maior modelo da frota, a Azul ainda trabalha nos requisitos técnicos para a certificação dos Checks da família A330 no hangar. A perspectiva é que até o final deste ano já seja obtida a aprovação regulamentar para começar a cumprir os serviços programados dos grandes jatos.

Um detalhe que chama muito a atenção é o tamanho dos macacos hidráulicos que serão utilizados para elevar os A330. Com vários metros de altura e capacidade de 120 toneladas cada um, eles permitirão que um A330 seja completamente tirado do chão para, por exemplo, realização de testes de recolhimento e extensão de trem de pouso.




Andando pelo hangar, Eick nos explicou que ali também existe o tradicional sistema de combate a incêndio que já vimos em diversas matérias aqui no AEROIN. Em caso de fumaça ou de aumento excessivo da temperatura, é liberado um fluxo de espuma que preenche todo o hangar para controlar as chamas.

Também no hangar, o Gerente de Aeronaves Jorge nos mostrou as chamadas “linhas de vida” junto à parte superior da estrutura. São cabos de aço que percorrem todo o espaço, para que os técnicos de manutenção possam sempre se prender quando vão executar trabalhos nas partes mais altas da aeronave, protegendo-os de quedas eventuais.

Hangar Manutenção Azul
Teto do hangar, com sistema de combate a incêndio e linhas de vida

Jorge e Eick ainda nos mostraram a ferramentaria do hangar, onde ficam guardadas todas as ferramentas e equipamentos de manutenção.

Ali também ficam armazenados os carrinhos comunitários, que podem ser levados até o meio do hangar para que os mecânicos tenham à mão as ferramentas de uso mais rotineiro, bem como as caixas individuais, para os casos em que um mecânico precisa se deslocar para o pátio ou para um atendimento em outro aeroporto.


E no almoxarifado, ainda foi possível ver que existe um sistema computadorizado que busca ou guarda peças a serem utilizadas ou armazenadas. Basta um comando na tela digital, e uma peça solicitada, como um parafuso, um selo de vedação, entre outros, é buscada em sua posição e disponibilizada ao solicitante, enquanto o sistema desconta automaticamente a peça do controle de nível de estoque.

lém de todas as agradáveis surpresas em relação à estrutura montada ou em implantação, ainda tivemos mais duas curiosidades interessantes não relacionadas à manutenção em si.

Em uma delas, Jorge chamou nossa atenção em relação ao A320neo de matrícula PR-YSC. Veja a seguir uma foto dele dentro do hangar, e veja se você nota algum detalhe diferenciado.




Perceba que a aeronave apresenta uma máscara preta ao redor das janelas do cockpit. Este é o terceiro A320 da Azul a utilizar a pintura que se tornou tradicional nos Airbus A330neo.

Além de um impacto visual diferenciado, isso também tem um benefício técnico: facilita o processo de troca do para-brisa, já que a estrutura de sustentação em metal está sempre com a cor preta, mais fácil de pintar e ser trocada. Jorge destacou que a cor ainda reduz o reflexo da luz do sol nos olhos dos pilotos.

Por fim, a outra curiosidade foi a presença de um motor Trent 7000 armazenado ao lado do hangar. Muitas vezes não temos a real noção da dimensão de um motor aeronáutico, pois sempre os vemos de longe, instalados em enormes aeronaves.

Nesse caso, pudemos ver o motor Rolls-Royce do A330neo bem de perto e sem carenagens. Enorme no tamanho, e uma verdadeira primazia do que há de mais moderno em engenharia de materiais e eficiência energética.

Com todas essas informações, acreditamos ter trazido a você o que de mais importante e interessante pudemos ver no novo hangar da Azul.

Eick e Jorge são categóricos em dizer que certamente terão ali um Centro de Manutenção de referência mundial, tanto em estrutura montada quanto em pessoal técnico devidamente capacitado e treinado para um serviço de excelência. E diante do que vimos, parece que eles têm razão.

Fique a seguir com mais algumas bonitas imagens feitas por lá!

















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