História
No inicio dos anos 70 a Armée de l'Air liberou uma requisição para o desenvolvimento de um novo caça para substituir os caças Mirage 3 e Mirage F1, este programa foi denominado ACF (Avion de Combat Futur) e seria baseado no exótico caça com asas de geometria variável Dassault Mirage G8 A (Super Mirage), porem em 1975 quando o primeiro protótipo do ACF estava quase terminado a força aérea francesa viu que este vetor seria demasiadamente grande e caro,o que levou a mesma a negar a continuação do desenvolvimento deste vetor. Como alternativa a Dassault ofereceu o projeto de seu caça monoreator Mirage 2000, que era baseado no consagrado caça Mirage 3, o que tornava o programa mais confiável. Outro ponto que ia a favor do Mirage 2000 era que o mesmo seria um concorrente direto do caça americano F-16 Fighting Falcon no mercado internacional, como consequência o governo Frances autorizou o desenvolvimento do vetor em 18 de Dezembro de 1975. Foi autorizado o desenvolvimento de 5 protótipos, sendo que um destes (C-04) seria custeado pela Dassault para uso interno da mesma. O primeiro protótipo do Mirage 2000 C-01 voou pela primeira vez em 10 de março de 1978, o 2º protótipo C-02 em 18 de setembro de 1978, o 3º em 26 de setembro de 1979, o primeiro Mirage biposto 2000 B-01 voou pela primeira vez em 11 de outubro de 1980. Apos 400 horas de vôo os protótipos foram enviados para o CEV (Centre d'Essais en Vol – Centro de Testes de Vôo) para completar os cronogramas de testes.
Protótipo Mirage 2000 C-01
A primeira versão a entrar em serviço foi o Mirage 2000C que foi desenvolvido para missões de Interdição, superioridade aérea, interceptação e ataque a superfície como missão secundaria. Esta versão possuía a capacidade de ser equipada com uma sonda de reabastecimento aéreo (REVO). O maior empecilho no desenvolvimento do Mirage 2000 foi o desenvolvimento do radar Thomson-CSF RDI de pulso Doppler , o que obrigou as primeiras 37 unidades do Mirage 2000C a serem equipadas com o radar Thomson-CSF RDM. O Thomson-CSF RDI possuía um alcance máximo de 100 km.
O Mirage 2000 é uma aeronave aerodinamicamente instável, o que juntamente com o sistema fly by wire proporciona ao vetor a capacidade de executar manobras de 9Gs, podendo em manobras criticas chegar a 11Gs. A estrutura do Mirage 2000 foi desenvolvida para suportar 13,5Gs de carga antes de entrar em colapso.
O Mirage 2000 foi construído com uma grande utilização de materiais compostos que alem de reduzir o peso da aeronave auxiliou na redução da assinatura de radar do vetor, que também contou com outras soluções como entradas de ar laterais que escondem a face do motor (uma das maiores fontes de eco de radar) e asas em delta (que defletem as emissões magnéticas para outra direção que não a de origem quando quando o vetor é iluminado frontalmente). Graças a estas medidas o RCS do Mirage 2000 é de 3,3m2.
O Mirage 2000B foi a versão biposto concebida para ser um treinador de conversão capaz de executar missões de combate, sendo equipado com a avionica e os armamentos da versão C. Com o acréscimo de um assento perdeu se um pouco do espaço para combustível (74 litros), armamento interno (Canhão interno) e avionicos, como consequência foi acrescentado uma “carenagem†sobre a parte central do dorso da aeronave para acomodar o sistema de Jammer e também foram retirados os dois canhões.
Mirage 2000B da Força Aérea Brasileira
O Mirage 2000 é propulsado por um motor Snecma M53-P2 que gera 64,7kn de empuxo a seco e 95,1 kN com pós combustão, o que confere ao vetor uma excelente potencia de 0.91. Este motor é construído modularmente e graças a esta característica sua manutenção é bastante simplificada, sendo que os módulos e/ou subconjuntos não necessitam de calibração quando substituídos, reduzindo os custos e o período de manutenção.
Lotes
O Mirage 2000C foi construído em cinco lotes principais (S1 a S5), e algumas subvariantes (como S4-1, S4-2 e S5-2C). Os primeiros 15 exemplares de produção pertenciam ao lote S1 e as 22 aeronaves subsequentes (da 16 até a 37) pertenciam aos lotes S2 e S3. A principal diferença entre estes lotes estava no estágio de evolução do radar.
Dentre os principais itens do Mirage 2000 o desenvolvimento do radar foi o que sofreu mais atrasos. Mesmo assim a Força Aérea Francesa resolveu colocar a aeronave em serviço e neste caso optou-se por um radar mais antigo, baseado no modelo Cyrano 5, que recebeu a designação “Radar Doppler Multfuncional†ou simplesmente RDM.
Além do radar RDM os caças desses três primeiros lotes receberam o motor turbofan SNECMA M53-5 de 19.400 libras de empuxo com pós combustor (ou 8.800 kg). Este era mais potente que o M53-2 empregado nos protótipos, mas não seria o motor definitivo do Mirage 2000C. Da 38º aeronave em diante (lotes S4 e S5) os Mirage 2000C passaram a sair de linha com o motor M53-P2. Além disso, o radar definitivo passou a ser o tão esperado RDI.
Portanto, dos 124 Mirage 2000C construídos para a Força Aérea Francesa, apenas 37 possuíam radar RDM (em diferentes estágios evolutivos) e motor M53-5. Para resolver questões logísticas e atualizar as aeronaves dos três primeiros lotes, todas elas foram elevadas ao padrão S3.
Quando a Força Aérea Francesa resolveu modificar 37 de seus Mirage 2000C (lotes S4 e S5) para o padrão 2000-5F, o radar RDI desses aviões foi substituído pelo modelo RDY e ao invés de descartar o radar antigo eles foram reaproveitados nos Mirage 2000C dos primeiros lotes. O processo de conversão ocorreu ao longo da segunda metade da década de 1990, conforme os radares eram retirados dos aviões a serem elevados para o padrão 2000-5F.
Em relação ao motor, nada foi feito e os 37 caças dos três lotes iniciais continuaram a voar com o M53-5 originalmente instalados.
No Brasil
No dia 15 de julho de 2005, o presidente Luis Inácio Lula da Silva e o seu colega francês Jacques Chirac encontraram-se em Paris e assinaram um contrato para a transferência de 12 caças Dassault Mirage 2000 (dez “C†e dois “Bâ€), provenientes dos estoques do Armée de l’Air (Força Aérea Francesa) para a Força Aérea Brasileira (FAB).
O contrato, no valor de 80 milhões de Euros (sendo 20 milhões relacionados ao pacote de suprimentos), incluía o treinamento das tripulações e o suporte técnico. As entregas foram feitas em três lotes distintos de quatro aeronaves cada, sendo os primeiros entregues em 2006, outros quatro em 2007 e os últimos em 2008.
O armamento incluído no pacote compreendia 10 mísseis Matra Super 530D (mais 4 de treinamento) e 22 Matra Magic 2 (mais 6 de treinamento), além de 3.750 cartuchos de 30mm, 288 chaffs e 64 flares. Apenas o custo do armamento foi de 6,8 milhões de euros. Como parte dos equipamentos de apoio foram recebidos 10 tanques externos de combustível ventrais de 1.300 l e seis de 2.000 l (nos pontos internos de cada asa).
As aeronaves passaram por um processo de inspeção antes da transferência para o Brasil. Sendo assim, na época da aquisição os Mirage 2000C/B possuíam mil horas de voo disponíveis. Esta marca foi atingida em 2011 e, para continuar a voá-los até o final de 2013 a FAB fez esforços enormes. Entre eles estava a extensão do contrato de suporte logístico (CLS) e encostar metade da frota no último ano de operação para que as demais pudessem voar.
O Mirage 2000 C/B foi a solução intermediária encontrada para substituir os velhos Mirage IIIBR até que o país recebesse o seu caça definitivo, que seria escolhido através do programa F-X2. Como o processo de definição do programa sofreu diversos atrasos os Mirage 2000 deram baixa antes que um novo caça entrasse em operação.
Os Mirage 2000 que foram transferidos para o Brasil eram aeronaves que pertenciam aos primeiros lotes produzidos pela Dassault e foram construídos entre 1984 e 1987. Para entender o que isso significa é preciso conhecer a evolução do programa.
O Fim
Em dezembro de 2013 ocorreu a despedida da aeronave Mirage 2000C/B do 1º Grupo de Defesa Aérea (1º GDA ou Esquadrão Jaguar) da Força Aérea Brasileira em Anápolis-GO. Na cerimônia estiveram presentes autoridades civis e militares, incluindo o Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro-do-Ar Juniti Saito. O alerta da base será feito em rodízio por 3 esquadrões equipados com caças F-5EM, sediados no Rio de Janeiro-RJ, Manaus-AM e Canoas-RS.
Em abril de 2016, o Comando da Aeronáutica, através a da sua Comissão Aeronáutica Brasileira na Europa (CABE) colocou à venda oito dos seus 12 caças Dassault Mirage 2000, todos monopostos modelo C, com lance mínimo de US$ 2,5 milhões por unidade. Apenas as companhias autorizadas pela Diretoria Geral de Armamento (DGA) do Ministério da França serão designadas como habilitadas. O motivo desta aprovação se deve ao artigo 10 do decreto 5.625 de 22 de dezembro de 2005.
Outros quatro Mirage 2000 não serão vendidos, incluindo dois monopostos (FAB 4948 e FAB 4949) e dois bipostos (FAB 4932 e FAB 4933). Sabe-se que pelo menos um deles seguiu para o MUSAL (Museu Aeroespacial). Trata-se do FAB 4948, um Mirage 2000 monoposto, que realizou seu último voo em 31 de dezembro de 2013. Oficialmente o 4948 foi incorporado à coleção do MUSAL em 25 de abril de 2014.
O mais intrigante é o caso dos bipostos, pois um número reduzido de unidades foi fabricado (dos cerca de 600 Mirage 2000 construídos, perto de 10% foram bipostos) e poucas dessas aeronaves continuam voando. Portanto, são aeronaves mais valiosas no mercado e um dos principais usuários de Mirage 2000 no mundo (a Ãndia) está com um número reduzido de bipostos.
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