Quem acompanha aviação sabe que existe um grande embate entre os entusiastas. Muitos afirmam que o jato da Northrop era superior ao jato da General Dynamics. O tempo passou, o F-20 não entrou em produção, e o F-16 entrou para o hall dos maiores aviões da história militar.
Designado F-20 Tigershark, o F-5G era uma atualização do bem-sucedido F-5 Freedom Fighter/Tiger II.
A Northrop apostou e desenvolveu com capital próprio o avião, tendo em vista que nações aliadas dos EUA com menor poder econômico não poderiam operar os grandes e super-caças da USAF/USN. Além disso, nem todos os aliados eram politicamente estáveis. Portanto, um poderoso caça poderia cair em mãos de um potencial inimigo dos EUA, exatamente como aconteceu com o Irã, que de grande aliado passou a grande inimigo e com caças Grumman F-14A em sua Força Aérea.
Ciente disso, os engenheiros da Northrop dotaram a nova versão do F-5 com recursos tecnológicos que elevaram o desempenho do jato ao nível do F-16A, então um caça desenvolvido para suplementar o poderoso McDonnell Douglas F-15A.
O F-5, apesar de supersônico, é um caça muito simples de manter e operar. Daí o seu sucesso com as nações aliadas dos EUA de menor poder econômico. Sendo assim, o jato pôde ser adquirido em grandes quantidades.
O F-5 compartilha a estrutura com o T-38 Talon que ainda é o principal treinador supersônico para pilotos de caças dos EUA. Tem boa velocidade, manobrabilidade e é um excelente dogfighter. Embora a USAF jamais o tenha utilizado como um caça de linha de frente, serviu como aeronave agressora nos exercícios Red Flag e um esquadrão de F-5A Freedom Fighter chegou a combater no Vietnã por um curto período.
Nas mãos de pilotos experientes, os F-5 “agressores” venceram centenas de pilotos de F-16, F-15 e F-14.
O Tigershark foi planejado para ser a próxima geração do F-5 – um caça barato, fácil de operar, manter e letal.
Ao contrário do F-5, o F-20 era propulsado por apenas um motor, porém maior e mais potente. Mas o que realmente a Northrop melhorou no F-20 foram os aviônicos, muito superiores aos rudimentares do F-5.
O motor General Eletric F404 (o mesmo do Hornet) permitia velocidade Mach 2 e uma excepcional taxa de subida. Embora não fosse tão manobrável como o F-16, teria sido um grande oponente na arena ar-ar. E, ao contrário do F-16A, o radar do F-20 podia engajar alvos no combate BVR, guiando mísseis AIM-7 Sparrow. Sua aviônica atualizada permitia ao F-20 estar no ar 60 segundos após o alarme! Algo jamais igualado por qualquer caça do seu tempo. Essa rapidez e a melhor taxa de subida permitia ao F-20 que ele reagisse a um ataque surpresa, subisse rapidamente para a altitude e lutasse enquanto um F-16 ainda estaria se preparando para o lançamento. Esta foi uma característica que teria sido muito importante para países como a Coréia do Sul e Alemanha Ocidental, que precisavam reagir rapidamente a um possível ataque surpresa nos dias da Guerra Fria.
Mas havia um ponto onde o F-20 era realmente inferior ao F-16A, era a sua carga de armas e alcance. Como o F-5, o F-20 poderia carregar apenas 4.000 kg de bombas e mísseis, enquanto o modelo A do F-16 poderia carregar 7 toneladas. Os engenheiros da Northop mantiveram a incapacidade do F-5 no F-20, que não podia carregar muito combustível interno, tendo de fazer uso de tanques externos. Com isso, quando totalmente carregado, o raio de combate do F-20 era cerca de apenas 482 km. A Northrop não viu nisso um problema, pois muitos dos usuários alvos da companhia já estavam voando o F-5 com alcance similar.
O F-20A custava pouco menos* que o F-16A e seus custos operacionais foram projetados para ser pouquíssima coisa maior da metade do F-16A. Assim como o F-5, a Northrop pretendia que o F-20A fosse um caça Mach 2 que os aliados dos EUA pudessem pagar e operar em grandes números.
Um cliente sério para o F-20 foi Taiwan. O F-20 acabaria sendo visto como uma atualização da frota de F-5 da Força Aérea taiwanesa (ROCAF), e foi considerada não letal o suficiente para complicar as relações dos EUA com a China. A Northrop lançou o F-20 tendo em vista a ROCAF desde o início. No entanto, embora as negociações estivessem bem encaminhadas, a venda acabou por ser bloqueada pelo governo dos EUA.
Infelizmente para Northrop, o governo dos EUA tornou-se inflexível quanto aos controles de exportação sobre tecnologia militar, depois da invasão soviética do Afeganistão. A maioria dos aliados dos EUA queria o F-16, o mesmo caça da Força Aérea dos EUA. O F-20 ainda era um concorrente sério na Coréia do Sul. Em 1984, um dos protótipos do F-20 caiu em um show aéreo na Coréia do Sul, e a força aérea sul-coreana acabou comprando o F-16 depois que a General Dynamics ofereceu off-sets muito mais vantajosos. A investigação do acidente isentou o F-20A de qualquer falha mecânica ou de projeto. Verificou-se que o piloto havia desmaiado devido ao excesso de Gs na rotina de demonstração acrobática.
No final dos anos 1990 a USAF admitiu que foi um erro não comprar o F-20 para suas unidades agressoras. O F-5E ficou velho e, tanto a USAF quanto a USN, se viam obrigados a voar F-16, F/A-18 e F-15 emulando ameaças adversárias contra F-16, F/A-18 e F-15 nos exercícios simulados de combates ar-ar, enquanto o F-20 poderia emular todas as ameaças adversárias e com um perfil de voo diferente!
Analistas militares afirmam que o F-20A Tigershark era rápido, manobrável, letal, fácil de voar e fácil de manter, mas o jato da Northrop nunca foi verdadeiramente capaz de competir com o F-16 em custo e o Tigershark falhou, em última análise, porque tentou ser muitas coisas. Pesado demais para se manter na classe de um caça leve, sem as propriedades stealth que estavam sendo desenvolvidas em programas supersecretos, o F-20A também era leve demais para ser um avião de combate robusto. Foi um excelente lutador, mas no final o Northrop F-20A Tigershark foi o avião certo na hora errada.
Nunca saberemos se o F-20 teria sido um grande avião. Eu – como entusiasta e detentor de um certo conhecimento aeronáutico – acredito que sim, pois é só ver a quantidade de F-5E modernizado, que deixaram o Tiger II ainda um oponente de respeito na arena ar-ar, mas com desempenho inferior ao F-20! Se o F-20A tivesse a chance de ter evoluído, imagine que belo, barato e letal avião seria com a aviônica de hoje.
FONTES de pesquisas: Defense Media Network; Mtlin550
NOTA DO EDITOR: *Em um último esforço, em de abril de 1985, a Northrop ofereceu à Força Aérea dos Estados Unidos, 396 F-20A a inacreditáveis US$ 15 milhões por unidade, contra US$ 18 milhões para um F-16. Era tarde demais. A política industrial norte-americana e a USAF deixaram o avião morrer.
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