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segunda-feira, 10 de abril de 2023

Airbus vai cruzar o oceano com aviões voando juntos para testar economia de combustível

 



Ao longo do ano, ouvimos muitas idéias inovadoras para reduzir a pegada de carbono da indústria da aviação comercial. Desde aviões elétricos, biocombustível, reciclagem de combustível, aumento de impostos, até optar por menos viagens aéreas. Mas há uma ideia diferente sendo visitada recentemente: o voo em formação.

Campanha de testes da Airbus

O voo em formação existe há muitos anos em contextos de guerra e demonstrações em shows aéreos. Mas agora essa técnica de voo poderia ser usada para mais do que isso.

A Airbus tem se debruçado em estudos para progredir rumo a voos mais limpos. Em 2020, um voo especial será realizado em data ainda a ser confirmada, quando um Airbus A350-1000 da fabricante voará atrás, a cerca de 1,5 milha náutica (~2,78 km) de distância, de outra aeronave comercial de um dos seus clientes, com objetivo de entender se é possível economizar combustível enquanto mantém a segurança do voo. Hoje, no espaço aéreo controlado em rota, o padrão de separação horizontal entre aeronaves que voam na mesma altitude é de 5 nm (9260 m). 

Como o voo de formação funciona?

Um estudo recente apresentado pelo Conselho Internacional de Coordenação das Associações das Indústrias Aeroespaciais e pela ICAO discutiu os princípios da formação em voo para a aviação comercial.

A estratégia consiste em replicar a mesma maneira como os pássaros voam em um bando. O avião atrás seguirá na corrente residual gerada pelo arrasto da aeronave principal, que voa na frente, o que significa que (em teoria) usará menos força para gerenciar o seu arrasto, portanto usando menos combustível.

O documento declara assim: “o princípio baseia-se em coletar uma parte da energia do vórtice de esteira gerado por uma aeronave líder, “surfando-a de verdade. Assim, posicionar uma aeronave de maneira correta na área em que o vórtice empurra o ar para cima permite que a aeronave de trás economize mais de 10% de combustível”.

Qual seria o ganho?



Na superfície, uma redução de 10% nas emissões de combustível parece ótima. Isso significa que menos gases nocivos são bombeados para a atmosfera e os voos de longo curso serão mais lucrativos para as companhias aéreas, operando com um custo reduzido de combustível.

No entanto, quanto de diferença é realmente 10%? De acordo com este artigo interativo do The Guardian, um voo transatlântico de Nova York para Londres produz cerca de 986 kg de CO2 por passageiro. É mais do que as pessoas produzem por ano em 56 países ao redor do mundo, incluindo a maioria dos países do continente africano.

Mas mesmo uma viagem de ida e volta relativamente curta de Londres a Roma despeja 234 kg de CO2 por passageiro – mais do que a média produzida por cidadãos de 17 países anualmente.

Os números são médias, levando em consideração quais modelos de aeronave são normalmente usados ​​nas rotas de voo e a ocupação estimada de assentos a bordo desses aviões. Os números incluem apenas o CO2 gerado pela queima de combustível de aviação.

É seguro voar em formação?

Pode levar algum tempo até que os serviços de voo de formação comercial avancem. Há muitas verificações que precisam ser feitas para garantir padronização, viabilidade e segurança. O documento de trabalho sugere que o voo de formação é realmente seguro. Dizia:

“Embora a turbulência gerada pela esteira de outras aeronaves seja comumente considerada uma ameaça para aviões comerciais, esse conceito visa tirar proveito da energia contida nos vórtices, sem comprometer a segurança (que é fundamental)”.

No entanto, há uma peça faltando na documentação, que falasse exatamente o que poderia dar errado, embora o ‘paper’ mencione que o controle da aeronave em cruzeiro não seria afetado pelo novo sistema de voo e que ajustes seriam necessários para que os sinais de alerta não ficassem tocando por horas ao perceber outra aeronave tão próxima.

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