Turboélice de treinamento evoluiu para avião de ataque leve e hoje é utilizado em dezenas de países no mundo como as Filipinas, que acaba de receber seus exemplares
Quando o protótipo do Tucano decolou pela primeira vez em 16 de agosto de 1980, talvez nem mesmo o mais otimista funcionário da Embraer imaginaria que 40 anos depois a aeronave ainda teria um papel relevante no cenário militar mundial. Avião militar de maior sucesso da fabricante brasileira, o turboélice continua expandindo sua presença nas forças aéreas do globo.
Nesta semana, por exemplo, a Força Aérea das Filipinas concluiu o recebimento dos seis Super Tucanos encomendados em 2017 enquanto a Embraer enviou mais dois A-29 para o Chile, que agora possui 18 unidades da versão de treinamento avançado e ataque leve.
Aliás, é justamente o EMB-314 que tornou a família mais numerosa e versátil. Se o Tucano teve uma carreira emblemática como treinador em diversas forças aéreas do mundo como a Royal Air Force e a Armée de L’air, acumulando 624 unidades produzidas, o Super Tucano também tem sido bem sucedido no mercado internacional.
Atualmente, 18 países operam o A-29, como também é chamado, entre eles os EUA e o Afeganistão onde atuam em missões anti-terrorismo. Uma das próximas nações a receber a aeronave será a Nigéria cujos primeiros exemplares estão sendo finalizados pela Sierra Nevada, parceira da Embraer.
A presença do Tucano e do Super Tucano nos continentes é bastante evidente. Se o primeiro foi adotado por quase todas as forças aéreas sul-americanas, o segundo tem sido utilizado na África e na Ásia, além da América do Norte.
A lista de potenciais clientes do turboélice militar tem nomes como a Ucrânia e a própria USAF, que avalia o modelo juntamente com seu maior rival, o T-6 Texan II, para uma futura encomenda de grande volume. O projeto, no entanto, perdeu recursos e permanece na fase de testes de voo com alguns exemplares.
Baixas
Um dos mais importantes clientes da aeronave brasileira foi a Real Força Aérea. A seleção de um novo treinador avançado pelo Reino Unido motivou a Embraer a formar uma joint venture com a fabricante norte-irlandesa Short Brothers para oferecer uma versão bastante modificada do Tucano. Entre as diferenças estão a substituição do motor PT-6 pelo Garrett TPE331 e o uso de um conjunto de hélices Hartzell de quatro pás. O Shorts Tucano, como ficou conhecido, também recebeu um freio de ar ventral para reduzir sua velocidade de estol.
Os 130 treinadores foram recebidos a partir de 1988 e os últimos modelos acabaram aposentados no ano passado pela RAF. A Shorts chegou a exportar a versão para o Quênia e o Kuwait nos anos 90. Pouco antes disso, a empresa foi comprada pela Bombardier e passou a produzir apenas componentes para aeronaves.
A França foi outra famosa operadora do Tucano, mas ao contrário dos ingleses, decidiu aposentar o avião bem cedo. A encomenda de 80 unidades no início dos anos 90 fez parte de um acordo mútuo que incluiu helicópteros franceses para o Exército e Marinha do Brasil. No fim, o contrato foi reduzido para 48 aviões, que foram entregues a partir de 1994, substituindo os jatos Fouga Magister que estavam na função há 40 anos.
No entanto, em 2006, a Armée de L’Air decidiu retirar o Tucano de serviço, optando por realizar o treinamento de seus pilotos em aeronaves a pistão, mais simples. Os últimos exemplares acabaram sendo aposentados em 2009.
Um novo avião
Embora seja um derivado do T-27 (sigla da FAB), o Super Tucano pode ser considerado uma nova aeronave. Seu desenvolvimento foi influenciado pelas lições aprendidas com o Shorts Tucano e que ganhou impulso com as sondagens dos EUA a respeito de uma versão mais potente e equipada para ser usada pela USAF como treinador. Mais tarde, a Força Aérea Brasileira emitiu um requerimento para um avião de ataque leve (ALX) para fazer parte do projeto SIVAM, de vigilância na Amazônia e com isso o surgimento do Super Tucano ganhou o aval necessário.
O A-29 passou a contar com uma fuselagem reforçada, um nariz mais longo para acomodar o mais potente motor PT6A-68C, e aprimoramentos como cabine pressurizada, estrutura com vida útil maior, trem de pouso reforçado, além de capacidade para transportar armamentos sobre as asas e uma suíte de aviônicos mais capaz e moderna.
Futuro
Como um dos principais produtos da área de defesa da Embraer, o Super Tucano deve permanecer em produção por muitos anos ainda. Há atualmente poucos modelos especializados como ele e quase nenhum com tamanha confiabilidade. Sua plataforma, inclusive, poderia receber novos sistemas e equipamentos para mantê-lo relevante no mercado se assim a empresa brasileira desejar. Um grande mérito da engenharia aeronáutica brasileira que promete continuar sua história por muitos anos.
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